Super 8

 

Uma câmera na mão e um alien nas redondezas

 

O gênero ficção-científica é tão amplo que abriga muitos subgêneros e mesmo abordagens diferentes de um mesmo tema. Contudo, poucos filmes que conseguiram atingir um público mais amplo como “Super 8” (EUA, 2011), dirigido pelo criador de “Lost”, J. J. Abrams. Ao ler a sinopse deste filme, não pude deixar de sentir uma sensação de déjà vu, imaginando se seria um cruzamento de “Os Goonies” (“The Goonies”, EUA, 1985) com “E.T.: o Extraterrestre” (“E.T. the Extra-Terrestrial”, EUA, 1982). Bem, a resposta é sim, mas não há prejuízo algum com isso.

Tudo é visto pela ótica de Joe Lamb (Joel Courtney) um garotinho que recentemente havia perdido a mãe em um acidente de trabalho na siderúrgica local. A morte dela apenas piorou a já difícil relação de Joe com seu pai, Jackson (Kyle Chandler), um policial dedicado e rigoroso.

No verão de 1979, apenas quatro meses após a morte da mãe, Joe se fechava cada vez mais para o mundo, e as únicas atividades que gostava de fazer era montar miniaturas e ajudar o amigo Charles (Riley Griffiths) num filme amador que este pretendia levar a um festival. Joe adorava cinema, principalmente filmes de terror, e demonstrava grande habilidade em maquiagem e efeitos.

Na calada da noite, Joe, Charles, Martin (Gabriel Basso) e Cary (Ryan Lee) saíram escondidos de suas casas, para filmar algumas cenas na estação de trens da cidade. O que deixou Joe mais entusiasmado foi saber que Alice Dainard (Elle Fanning) também participaria do filme.

Tudo ia bem, todos ensaiando para a cena que seria filmada quando o trem passasse. O que eles não podiam esperar era uma caminhoneta aparecer do nada e se chocar de frente com a composição, causando um tremendo desastre.

Duas coisas ainda surpreenderiam mais os meninos. Primeiro, é que o causador do acidente era um conhecido deles, o professor de ciências do colégio, o senhor Woodward (Glynn Turman). A outra coisa, absolutamente inexplicável, era a coisa monstruosa que fugira de dentro de um vagão.

No dia seguinte, a pequena cidade estava repleta de soldados da Força Aérea Americana. Sem dar explicações, nem mesmo à polícia local, eles investigavam minuciosamente toda a cidade, recolhendo todo o material que se espalhara no acidente.

Para completar o mistério, todos os cães da cidade fugiam aterrorizados, e algumas pessoas também haviam desaparecido sem deixar vestígios, inclusive o próprio xerife!

Para Joe, entretanto, toda aquela confusão trouxe-lhe a oportunidade de uma amizade com Alice que ele mesmo consideraria improvável. O problema é que os seus respectivos pais pareciam se odiar, e ambos proibiram os jovens de se encontrarem.

Quando Joe e Charles revelaram o filme super-8 que haviam usado na noite do acidente, percebem que havia alguma coisa extremamente assustadora ali. Uma criatura misteriosa aparecia no filme fugindo do vagão e não se assemelhava a nada que tivessem visto antes.

Os soldados, comandados pelo implacável coronel Nelec (Noah Emmerich), apertam o cerco cada vez mais, e não hesitam em provocar um incêndio de grandes proporções só para obrigar os moradores a ficar isolados em um quartel, enquanto eles procuram o misterioso ser.

Quando Joe descobre que Alice havia sido sequestrada pelo monstro, ele e seus amigos decidem voltar para a cidade, agora transformada numa verdadeira zona de guerra, para encontrar a amiga e desvendar o mistério. Nesse momento será revelada a verdadeira intenção do alienígena.

Como tudo que tem a participação de Steven Spielberg, que participou como produtor, os efeitos especiais são fenomenais, principalmente na cena do desastre do trem. Contudo, o que dá a este filme um sabor todo especial é o resgate do espírito dos filmes dos anos 80, onde os pequenos aventureiros enfrentavam perigos e resolviam mistérios, como os já citados “Goonies” e “E.T.: O Extraterrestre”.

O filme inteiro transpira saudosismo, com as bikes BMX, walkman, e as próprias câmeras Super 8, todos ícones de consumo da época. Para os desavisados, Super 8 era um filme em película, com bitola de 8 mm, destinado ao mercado amador, e que permitia a gravação de som junto com a imagem. Assim como o velho slide, ao ser revelado em um laboratório próprio, o filme já estava pronto para ser exibido em um projetor.

“Super 8” é um filme delicioso, apropriado para toda a família, e certamente deverá agradar tanto as crianças de hoje quanto aquelas dos anos 80. Um detalhe importante a ser lembrado: não desligue o filme ao começarem os créditos finais, pois ainda haverá a exibição de um filme inteiro, com final surpresa!