Coluna Claquete – 29/03/2016 – Filme da Semana: “Os Cinco Sentidos”
Fugindo da apresentação tradicional, “Os Cinco Sentidos” não se resume a uma única história, mas seis, num entrelaçado de vidas durante um período de três dias. O que serve de ligação entre todos é o desaparecimento de uma garotinha de três anos, perdida durante um passeio no parque.
Os outros personagens têm suas personalidades, e, expressões, associadas aos sentidos – daí o título. Rachel (Nadia Litz), uma adolescente introvertida, sente-se culpada pela morte do pai. É a única personagem que usa óculos, e, que assume o papel de observadora do mundo, embora viva à parte dele. Por ter deixado de olhar a garotinha, Rachel é responsável por sua perda. Em compensação, consegue perceber, em um novo amigo, sentimentos e emoções, que nem mesmo ele percebia.
Ruth (Gabrielle Rose), a mãe de Ruth, é massagista profissional, e, ganha a vida aliviando as dores dos outros, com o toque de suas mãos. Apesar deste talento, após a morte do marido, não consegue tocar ou ser tocada por ninguém. Até mesmo a filha é mantida à distância, numa relação fria e formal. Quando é obrigada a manter um contato estreito com a mãe da garotinha perdida, é forçada a tocar o mundo real.
Robert (Daniel MacIvor), é um faxineiro que adora o seu trabalho. Nos últimos tempos, encontra-se com todos os ex-amantes, homens, e, mulheres, para comprovar a sua teoria de que o amor proporciona um cheiro especial. Decepcionado, por não encontrar o cheiro que procura entre eles, descobre ser amado por outras pessoas.
Por fim, Rona (Mary Louise-Parker), a doceira que faz belíssimos bolos e doces, mas não se importa com o sabor que tenham. Apesar do paladar aguçado, ela acha que só o aspecto externo é suficiente para atender as pessoas, assim como nas suas próprias relações, que nunca vão além do superficial. Quando resssurge, na sua vida, Roberto, um chef italiano que conhecera na Europa, Rona deixa-se envolver por emoções que sempre controlara. Para complicar, sua mãe é doente terminal de câncer, o que lhe causa um sentimento de culpa pela distância que mantém da mesma.
Os principais personagens – todos com nomes iniciados em “r” – são contidos e introvertidos, cheios de problemas, e, presos em seus próprios mundos. O elo entre todos é a garotinha Amy, que fez parte da vida de cada um, de alguma forma, até pela lembrança que inspira. O elenco é multinacional: Mary Louise-Parker é americana, Gabrielle Rose, Nadia Litz e Daniel MacIvor são canadenses, Philippe Volter é francês e Marco Leonardi é australiano. Todos são atores experientes e conseguem dar aos seus personagens a carga emocional necessária.