Claquete 13 de agosto de 2004

Newton Ramalho – colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Sexta-feira 13, para quem não é supersticioso, e, não tem medo de cruzar com gato preto, pode ir ao cinema. Aliás, não é gato, mas sim a gatíssima Halle Berry, que estréia o seu novo filme, “Mulher-Gato”. A outra estréia da semana é “O Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”, comédia romântica, com o careteiro Jim Carrey, e, a ótima Kate Winslet. Continuam em cartaz: “Eu, Robô”, ótimo ficção-científica, estrelada pelo rapper Will Smith, o romance “Diário de Uma Paixão”, com os veteranos James Garner e Gena Rowlands, “Hellboy”, mais uma adaptação de um herói de quadrinhos, com muita ação e efeitos especiais, “Garfield”, com o gato mais folgado do mundo, “Homem Aranha 2”, dublado e legendado, o nacional “Didi Quer Ser Criança”, com Renato Aragão, e, a comédia romântica “Um Príncipe em Minha Vida”. O Filme de Arte do Cine Natal 1 traz a produção espanhola, “Minha Vida Sem Mim”. Lamentavelmente, ainda não foi desta vez que o documentário “Fahrenheit11 de Setembro” chegou em Natal.

Mulher-Gato

Mais uma personagem dos quadrinhos chega às telas de cinema, e, por sinal, é a segunda interpretada por Halle Berry, que encarnou Tempestade, em “X-Men”. A bola da vez é “Mulher-Gato”, heroína que já aparecera (como vilã) no filme “Batman – O Retorno”, vivida por Michelle Pfeiffer. Patience Phillips (Halle Berry) é uma tímida artista plástica, que trabalha em uma empresa de cosméticos. A empresa é comandada pelo tirânico George Hedare (Lambert Wilson), e, sua mulher, a fria supermodelo Laurel (Sharon Stone). Quando Patience, acidentalmente, descobre um segredo da empresa em que trabalha, se vê envolvida em uma conspiração corporativa que sequer imaginara até então. Nesta confusão, Patience é assassinada. Após um estranho fenômeno, ela é ressuscitada pelo Deus-Gato egípcio Mao, que a torna uma heroína superpoderosa, dotada dos sentidos aguçados dos felinos. Assim, ela assume a identidade secreta da Mulher-Gato para combater os malignos planos de seus antigos empregadores, Laurel e Georges. “Mulher-Gato” estréia, nesta sexta-feira, no Cine Natal 2, e, no Cine 6, do Moviecom. Para maiores de dez anos.

O Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças

Joel (Jim Carrey), e, Clementine (Kate Winslet), formavam um casal que, durante anos, tentou fazer com que o relacionamento entre ambos desse certo. Desiludida com o fracasso, Clementine decide esquecer Joel para sempre, e, para tanto, aceita submeter-se a um tratamento experimental, que retira, de sua memória, os momentos vividos com ele. Após saber de sua atitude, Joel entra em depressão, frustrado, por ainda estar apaixonado por alguém que quer esquecê-lo. Decidido a superar a questão, Joel também se submete ao tratamento experimental. Porém, ele acaba invertendo a situação, encaixando a ex-namorada em situações de sua vida, nas quais ela nunca esteve presente. Mais para os fãs de Carrey. Estréia, nesta sexta-feira, no Cine 1 do Moviecom. Censura 14 anos.

Filme de Arte: Minha Vida Sem Mim

Ann (Sarah Polley) é a jovem mãe de duas garotinhas, com um marido, que passa mais tempo procurando emprego, do que trabalhando, uma mãe com um coração partido, que a transformou numa mulher amargurada, e, um pai que está há dez anos na cadeia. Enquanto qualquer garota de sua idade está se divertindo, Ann trabalha todas as noites, na limpeza de uma universidade, onde nunca terá condições de estudar. Após passar mal, um dia, ela descobre que tem uma doença grave. Sem contar a ninguém, começa a fazer uma lista de tudo o que sempre quis fazer, mas nunca teve tempo, ou, oportunidade. E, começa uma trajetória, em busca de todos os seus sonhos, desejos, e, fantasias, mas, sempre imaginando como será a vida sem ela. Sessão única, às 21h10 da próxima terça-feira, no Cine Natal 1. Censura 12 anos.

Abertas as inscrições para Mostra de Vídeo

Estão abertas as inscrições para a Mostra de Vídeos do X Seminário de Pesquisa do CCSA – “A Universidade e os desafios contemporâneos”. Os interessados devem inscrever-se no período de 10 a 20 de agosto, na Oficina de Tecnologia Educacional, no Centro de Convivência da UFRN, no horário das 8 às 11h30, ou, das 14 às 16h30. Maiores informações pelos telefones 215-3533 e 215-3465. A inscrição é gratuita, devendo a cópia ser entregue em VHS, ou, DVD, no ato da inscrição.

Paixão de Cristo, em DVD

Já está em pré-venda, em diversos sites da internet, o filme “Paixão de Cristo”, em DVD e VHS. Projeto pessoal de Mel Gibson, que escreveu, produziu, e, dirigiu o filme, investindo 25 milhões de dólares de seu patrimônio pessoal, “Paixão de Cristo” narra uma visão do que teriam sido as últimas doze horas de Cristo, com uma crueza que beira o sadismo. Assim como no cinema, o áudio será mantido em aramaico e latim, trazendo legendas em português. No DVD, o som original trará versões em Dolby Digital e DTS, com formato de tela widescreen. Para os interessados.

Gravador de DVD

Uma pergunta constante que me fazem é sobre gravadores de DVD. Apesar de existirem no mercado alguns modelos de gravadores de mesa, da Philips, Panasonic, e, outros, os preços ainda estão muito altos, e, os recursos, limitados. Por enquanto, a melhor opção ainda é o gravador para uso em computador, aliado a uma boa placa de captura. Fique atento, porém aos formatos de gravação. O mercado ainda não adotou um formato específico, existindo pelo menos três competidores (DVD-R/RW, DVD+R/RW e DVD-RAM). Se não pretende ficar horas na frente de um computador, brigando com editores de imagens, é melhor esperar um pouco mais.

Morre a musa de King Kong

No domingo passado, morreu a atriz Fay Wray, que, apesar de ter participado de centenas de filmes, ficou famosa por sua atuação em “King Kong”, de 1933. No filme, a atriz é carregada pelo macacão para o topo do Empire State Building, na época o mais alto edifício do mundo. O filme seria reprisado em 1976, numa produção caríssima, de Dino de Laurentis, que teve como maior mérito revelar ao mundo a talentosa Jéssica Lange. Um nova versão está em andamento, desta vez sob a batuta de Peter Jackson, diretor da trilogia “Senhor dos Anéis”. Resta saber quem será a nova namorada do gorilão.

Filme recomendado: “Eu, Robô”

A rave do robô doidão

O fã dos livros de Isaac Asimov, que for assistir “Eu, Robô”, em cartaz, nos cinemas, certamente irá decepcionar-se um pouco, já que o filme não seguiu nenhum dos livros e contos do autor. Contudo, como se tivesse aberto as páginas do livro homônimo, ao acaso, podemos reconhecer várias idéias, pinçadas de diferentes contos, num deja vu que serve para enriquecer o que seria apenas mais um filme de ação.

No ano de 2035, os robôs são eletrodomésticos usuais, com a fabricação monopolizada por uma única corporação, a US Robots (será que Asimov, em 1950, já vislumbrava o monopólio que a Microsoft teria?). Embora a maioria da população aceite, de bom grado, os robôs, principalmente para os trabalhos braçais, o policial Spooner (Will Smith) continua avesso aos seres mecanizados.

A maior virtude dos robôs, além óbvio trabalho escravo, é a presença de três diretrizes, implantadas diretamente em seus cérebros positrônicos (não perguntem o que é, o próprio Asimov não fazia idéia…), denominadas Leis da Robótica:

1a Lei : Um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que um ser humano sofra algum mal.
2a Lei: Um robô deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos que em tais ordens contrariem a Primeira Lei.
3a Lei: Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira e a Segunda Leis.

Devido a uma experiência traumática, no passado, Spooner rejeita essa confiança nos robôs, fazendo questão de demonstrar seu preconceito em relação a eles. Um certo dia, um dos maiores cientistas da US Robots suicida-se, deixando uma misteriosa mensagem para o detetive.

Intrigado, Spooner começa a investigar o caso, auxiliado por uma psicóloga de robôs, Susan Calvin (Bridget Monayhan), que surpreende-se, ao descobrir que todos os indícios apontam para Sonny, um robô da novíssima série Nestor, prestes a ser lançada no mercado.

Os novos robôs fazem parte de um ambicioso projeto de distribuição da US Robots, que irá proporcionar um autômato, para cada cinco humanos. Enquanto isso, fatos estranhos, sempre envolvendo robôs, acontecem com Spooner, que escapa de uma demolição e de virar sanduíche de caminhões.

Desacreditado por todos, Spooner corre contra o tempo e os acontecimentos, para provar que não está louco, e, que suas suspeitas de conspiração são verdadeiras. Ponto. Para saber mais, assista o filme.

Aqueles que conviveram com os livros de Asimov, “Eu, Robô”, em especial, irão encontrar muitos pontos familiares. A psicóloga Susan Calvin, personagem central da maioria dos contos, foi relegada a um segundo plano, no filme. Sua personalidade cáustica e amarga, já que só sentia amor pelos robôs, foi bastante suavizada, além de ganhar um rostinho bonito. Outros personagens, como o Dr. Lanning e o burocrata Robertson, também estão presentes nos vários livros sobre robôs, de Asimov.

O conto que parece ter servido de principal inspiração é “O Pequeno Robô Perdido”, onde um robô da série Nestor, utilizado em estações espaciais, fugira e precisava ser identificado entre 62 réplicas idênticas. Esta cena foi magnificamente ampliada, no filme, com mil robôs criados em computação gráfica.

Outra idéia de Asimov, presente no filme, é a do “Complexo de Frankenstein”, definido pelo autor, como no livro de Mary Shelley, a do monstro que se volta contra o seu criador. É perceptível, também, uma certa semelhança com “Matrix”, cuja revolução das Máquinas foi iniciada após um robô ter assassinado seus patrões.

O elenco está muito bem, em especial Will Smith, que descobriu que atuar bem não é só fazer caretas. Além disso, em muitas cenas ele deve ter contracenado com o vazio, já que os robôs foram preenchidos por computação gráfica na fase de montagem do filme.

O ponto desagradável do filme é o merchandising gritante, com cenas tipo “que tal este modelo 2004 de tênis?”, além de exposições de marca de carro, de som, empresa de entregas, etc..

Um aspecto curioso, intencional, ou não, é a forte semelhança dos robôs do filme com os estrangeiros nos Estados Unidos. Apesar do desprezo em geral, e, do forte preconceito, eles são desejados, para o trabalho sujo, ou braçal, que o americano “verdadeiro” não gosta de fazer.

Cinematograficamente falando, “Eu, Robô” não deixa nada a desejar, em relação a qualquer outra produção do gênero, atual ou passada. Os efeitos especiais, elaboradíssimos, complementam a história, ao invés de tomar os lugar dos atores. Considerando-se a atual onda de filmes vazios, onde os efeitos especiais ocupam os papéis principais, “Eu, Robô” mantém o equilíbrio correto, sendo um ótimo entretenimento para os amantes de filmes de ação, mesmo os que não são chegados a ficção-científica. A trilha sonora está fantástica, e, os efeitos sonoros, muito bem feitos. Se o som no seu cinema não estiver bom, reclame do gerente. Se estiver assistindo disco pirata, azar o seu, não tem idéia do que está perdendo…

ROBÔS NO CINEMA E NA LITERATURA

A palavra “robot”, é de origem tcheca, e, significa servo, ou, escravo. Foi inventada pelo escritor tcheco Karel Capek (1890-1938), em sua peça teatral “R.U.R.”( Rossum’s Universal Robots), encenada na Europa em 1920. O conceito de máquinas automatizadas vem desde à Antiguidade, com mitos de seres mecânicos vivos, como o que Ulisses enfrentou, em sua odisséia. Os autômatos, ou máquinas semelhantes a pessoas, já apareciam em relógios das igrejas medievais, além de engenhocas produzidas pelos relojoeiros, para deleite de seus clientes abastados.

O escritor que, seguramente, mais publicou livros e contos sobre robôs, foi Isaac Asimov, que iniciou suas histórias na década de 50, com “Eu, Robô”, seguido por dezenas de outros. Outros autores também experimentaram o tema, sempre presente nas histórias de ficção-científica.

No cinema, além dos robôs “bonzinhos”, como R2D2 e C3PO, de “Guerra nas Estrelas”, vieram os “malvados” da série “Exterminador do Futuro”. Outros famosos são a robô de “Metropolis”, o HAL, de “2001, Uma Odisséia no Espaço”, “O Homem Bicentenário”, e, os andróides de “Blade Runner” e “Alien”.