Claquete 31 de dezembro de 2004
Newton Ramalho – colunaclaquete@gmail.com
Chegou o Ano Novo, e, mais importante do que preocupar-se com os excessos nestas Festas, é melhor preocupar-se com o que fazer, entre este Ano Novo, e, o próximo Natal. Mas, como ninguém é de ferro, que tal conferir a estréia de “A Lenda do Tesouro Perdido”, com Nicolas Cage, e, grande elenco, numa aventura no estilo Indiana Jones, enquanto Wesley Snipes retoma seu papel do meio-homem, meio-vampiro, em “Blade 3”, com direito a muitas cenas de ação. Nas continuações, George Clooney e sua turma agitam com “Doze Homens e Outro Segredo”, Lázaro Ramos e Deborah Secco vivem suas agruras, em “Meu Tio Matou um Cara”, Richard Gere, Jennifer Lopez e Susan Sarandon rodopiam para valer, na comédia romântica “Dança Comigo”, a incansável Xuxa busca do ouro dos baixinhos, na aventura “Xuxa e o Tesouro da Cidade Perdida”. Continuam, também, a maravilhosa animação “Os Incríveis”, parceria da Disney com a Pixar, campeão de audiência nos cinemas americanos, a comédia “Bridget Jones, No Limite da Razão”, com Renée Zellweger, e, o desenho animado “Bob Esponja”, da Nickelodeon. Em pré-estréia, “O Grito”, suspense ambientado no Japão.
Estréia 1: “Blade 3”
Wesley Snipes retorna ao seu papel de Blade, o renegado caçador de vampiros, personagem de quadrinhos da Marvel, criado por Marv Wolfman e Gene Colan. Em uma base localizada no deserto, os vampiros dão a cartada decisiva, em seus planos para conquistar o mundo: ressuscitam Drácula (Dominic Purcell), que deu origem à raça, e, que possui poderes, que lhe permitem sobreviver à luz do dia. Em paralelo, os vampiros iniciam uma campanha difamatória contra Blade (Wesley Snipes), colocando o FBI em seu encalço. Após alguns confrontos com agentes federais, Blade e Whistler (Kris Kristofferson) percebem que precisam de ajuda. Eles se aliam aos Nightstalkers, um grupo de humanos que se dedica a caçar vampiros, e, que é liderado por Abigail (Jessica Biel), que é também a filha de Whistler. Juntamente com Hannibal King (Ryan Reynolds), e, a cientista Sommerfield (Natasha Lyonne), que possui uma deficiência visual, Blade e os Nightstalkers iniciam uma série de batalhas contra Dranica Talos (Parker Posey), a atual líder dos vampiros, sem saber que terão que enfrentar o próprio Drácula. Do diretor David S. Goyer. “Blade 3” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 4 do Moviecom.
Estréia 2: “A Lenda do Tesouro Perdido”
Depois de “Piratas do Caribe”, os estúdios Disney voltam a emplacar um blockbuster, com esta aventura a la Indiana Jones. Benjamin Franklin Gates (Nicolas Cage) é um caçador de tesouros, função que já está na terceira geração, em sua família. Durante toda sua vida, Benjamin procurou um tesouro, que ninguém acredita existir, tendo sido acumulado durante séculos, e, transportado por vários continentes, para evitar que fosse roubado. As investigações de Benjamin sobre a localização deste tesouro fazem com que ele descubra que existe um mapa codificado, escondido na Declaração de Independência dos Estados Unidos. Só que, para conseguir lê-lo, Benjamin terá que enganar o FBI, e, roubar um dos documentos mais vigiados do país. Primeiro lugar nas bilheterias americanas durante várias semanas, “A Lenda do Tesouro Perdido”, do diretor Jon Turteltaub, traz, além de Cage, Harvey Keitel, Sean Bean, Jon Voight, Christopher Plummer e Diane Kruger, no elenco. “A Lenda do Tesouro Perdido” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom. Censura livre e legendado (viva!).
Pré-Estréia: “O Grito”
Uma casa modesta em Tóquio disfarça o terror que nela se oculta. A casa está possuída por uma maldição violenta que destrói a vida de todos que nela entram. Esta maldição faz com que suas vítimas morram nas garras de uma poderosa raiva. Karen (SARAH MICHELLE GELLAR) é uma estudante em regime de intercâmbio que está fazendo faculdade de Serviço Social no Japão. Ela, inocentemente, aceita substituir uma enfermeira que não apareceu para trabalhar. Quando entra na casa para a qual havia sido designada, ela descobre uma americana idosa, Emma (GRACE ZABRISKIE), que se encontra perdida em estado catatônico, e nota que a casa está deserta e abandonada. Enquanto cuida da mulher, Karen ouve ruídos como de arranhões no andar de cima. Ao investigar, ela se depara com o terror sobrenatural mais assustador que jamais poderia imaginar. Dentro desta casa, uma corrente de terror é posta em movimento, fruto de um terrível mal nascido anos antes. Enquanto morrem outras pessoas, Karen é tragada por este ciclo de terror e aprende o segredo da maldição vingativa que se enraizou nesta casa. Refilmagem de um filme japonês, com o mesmo roteiro, diretor e alguns atores. A pré-estréia de “O Grito” acontece nos dias 1 e 2, no Cine Natal 1 (21h), e, no Cine 2 do Moviecom (21h40 e 23h40).
“Professor Aloprado”, o original
Graças à mídia DVD, as novas gerações podem, agora, assistir uma das mais versáteis atuações de um comediante. Estou falando de Jerry Lewis, em “Professor Aloprado”, que provocou uma refilmagem, em 1996, com Eddie Murphy. O filme original, de 1963, apóia-se unicamente nas habilidades de Jerry Lewis, já que, na época, nem se sonhava com os efeitos computadorizados e a maquiagem que se utiliza hoje. Um professor feio e desajeitado (Jerry Lewis) é ridicularizado por diversas pessoas, mas, só após ele ser humilhado pelo treinador, na frente de sua turma, e, de uma bela estudante, é que ele decide criar uma poção, que o transforma em um indivíduo atraente. Mas, como os efeitos não são permanentes, ele se vê metido em situações complicadas, quando sua real aparência toma conta do seu corpo. O DVD, além de trazer o formato de tela widescreen anamórfico, áudio DD 5.1 em inglês, e, as dublagens originais, em inglês e portugues, mono. Como extras, comentários (legendados) do próprio Lewis, “O Professor Aloprado: Aperfeiçoando A Fórmula”, “Jerry Lewis no Trabalho”, Material de Arquivo (Cenas Inéditas, Material Promocional, Erros de Gravação, Jerry no Museu de Cera Movieland com Comentários de Chris Lewis), Testes, Outras Cenas, e, Trailer de Cinema. Esta pode ser chamada, realmente, Edição Especial.
Coleção Harry Potter, em promoção
Para os fanáticos pelo bruxinho, que estão rangendo os dentes, já que terão que esperar até julho do próximo ano pelo sexto livro da série, pelo menos tem a chance de rechear a sua prateleira, com os três filmes já produzidos. As lojas online estão vendendo a coleção Harry Potter, com seis discos, por preços em torno de cem reais. Além dos filmes, os discos trazem material extra, voltado, principalmente para o público infantil. Apesar da imagem em tela cheia, o áudio, mesmo em portugues, está excelente, masterizado em Dolby Digital 5.1.
Dona Flor, em DVD
“Dona Flor e Seus Dois Maridos”, filme recordista de bilheterias no Brasil, com uma marca de 12 milhões de espectadores, chega agora, em DVD, sem os cortes impostos pela Censura Oficial, nos anos 70. Com notável fidelidade, o diretor Bruno Barreto transformou o fabuloso romance de Jorge Amado em um dos mais belos filmes nacionais, de todos os tempos. O filme conta a história de Flor (Sonia Braga), uma deliciosa baiana, que, após enviuvar de Vadinho (José Wilker, fantástico), casa-se Teodoro (Mauro Mendonça), mas, é atormentada pelo espírito do primeiro marido. O DVD, além das cenas cortadas, traz também, Making Of, Galeria de Fotos, Filmografias e Biografias, trailer de cinema, prêmiações, e, até a famosa receita da moqueca de siri mole…
Érico Veríssimo e Dias Gomes, em DVD
Comprovando que o lançamento de antigos sucessos em DVD é um excelente negócio, a Rede Globo já está programando, para 2005, alguns de seus títulos mais importantes. Em 2005, quando o escritor Erico Verissimo (1905-1975) completaria cem anos, a Globo lançará, em DVD, duas minisséries baseadas em suas obras, “Incidente em Antares” e “O Tempo e o Vento”. Está programado, também, o inesquecível “O Bem Amado”, de Dias Gomes. Ainda não se sabe se será uma reedição da novela, levada ao ar em 1973, ou do seriado, exibido de 1980 a 84. Seja como for, será um prazer rever estes personagens marcantes!
Filme recomendado: “Cowboys do Espaço”
Idosos do barulho
Um dos problemas que, um dia, todos irão enfrentar, é a idade avançada. O que fazer, e, principalmente, o que se pode, ou não, fazer, torna-se a maior incógnita. Esse assunto é tratado, de forma divertida e bem-humorada, no filme “Cowboys do Espaço”, dirigido, produzido, e, estrelado por Clint Eastwood.
A história inicia em 1958, quando quatro jovens oficiais da força aérea americana, que integram o Grupo Dédalus, testa os inovadores aviões-foguetes X-1 e X-2, nos primórdios da exploração espacial. Em virtude de disputas pessoais, influências políticas, e, outros azares, o grupo é desfeito, e, a recém-criada Nasa, um consórcio civil, passa a administrar o programa espacial americano.
Quatro décadas depois, já no clima de cooperação pós-Guerra Fria, os russos pedem ajuda aos americanos, para resgatar o único satélite de comunicações do país, que entrou numa perigosa rota de colisão com a Terra.
Fruto da espionagem científica, este satélite é uma cópia do Skylab, artefato americano lançado ao espaço no início dos anos 70. Para desgosto de Bob Gerson, a única pessoa que entende do sistema utilizado no satélite é Frank Corvin (Eastwood), seu ex-subordinado do Projeto Dédalus. Venda a chance de fazer o que sempre sonhou, ir ao espaço, Corvin usa um pouco de chantagem, convencendo a NASA a enviar sua equipe original, de quarenta anos atrás.
Nessa altura do campeonato, Hawk Hawkins (Tommy Lee Jones) fazia acrobacias aéreas para viver, Jerry O’Neil (Donald Sutherland) testava montanhas-russas, e, Tank Sullivan (James Garner), virara pastor protestante. Não foi preciso muita coisa para convencê-los a voltar.
Com muito bom-humor, o filme mostra o treinamento dos “novos” astronautas, suas rivalidades com os jovens profissionais, além dos conflitos do grupo, não resolvidos em quarenta anos…
Como todo bom filme de ação, o clímax desenrola-se no terço final, numa sucessão de acontecimentos surpreendentes, em plena órbita da Terra. Não é preciso dizer que os efeitos especiais, e, as imagens, são absolutamente estonteantes. O final é apoteótico, com uma belíssima paisagem lunar, e, a imagem de um astronauta, ao som de “Fly me into the moon”, entoada por Frank Sinatra.
Como foi mencionado, no início, o filme toca em um tema delicado, que começa a tomar uma importância cada vez maior, nos dias de hoje. Além da média de idade da população crescer continuamente, os idosos passam a ter uma importância cada vez maior, no sustento das famílias. Em recente pesquisa do IBGE, mostrou-se que quase um terço das famílias dependem de aposentados para sobreviver.
No filme, apesar de serem quatro pessoas diferentes, Eastwood mostrou uma visão otimista, da terceira idade, com facetas diferentes, como se fossem faces de um único cubo. Corvin, engenheiro produtivo, mantinha-se ativo e sempre a par dos avanços da profissão; Hawk, piloto arrojado, só mudara o tipo de aeronave, usando velhos monomotores para manter a adrenalina alta; O’Neil, dividia o tempo entre os testes nas montanhas-russas e os galanteios às mulheres; Tank, voltara-se para a espiritualidade oferecida pela religião.
Certa vez, escutei um palestrante afirmar que, a diferença entre um velho, e, um idoso, é que o último tem a idade, mas não perdeu a capacidade de aprender e se adaptar. Eastwood acredita nisso, bem como este escrevinhador, que virou jornalista, e, começou a praticar Aikidô, aos 47 anos… “Cowboys do Espaço” mostra isso, com galhardia e bom-humor, mesmo que tenha que recorrer a chavões, e, algumas situações inverossímeis.
A edição latina, em DVD, se por um lado, trouxe o filme com imagem impecável, além do som Dolby Digital 5.1, por outro lado, prejudicou os espectadores, pois apesar de trazer, nos extras, 54 minutos de excelentes documentários, não legendou nenhum deles, tornando-os inúteis, para quem não é versado na linguagem do tio Bush.
Mesmo assim, é um filme interessante, para assistir com a família, os amigos, ou, mesmo sozinho, principalmente para pensar na própria existência, e, nos dias que virão. É um bom programa, para este final de ano, quando se faz o balanço do que (não) se fez, e, se faz promessas (que não serão cumpridas), para o próximo ano. O importante é manter-se em movimento! Feliz Ano Novo, para todos!