Claquete 07 de janeiro de 2005

Newton Ramalho – colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Começa o ano, ainda sob a ressaca das festas natalinas. Enquanto Natal é invadida pelos turistas, quem pode, corre para as praias, para curtir o veraneio, já que ninguém é de ferro… Enquanto isso, nos cinemas, as estréias são tímidas. De novo, só o suspense “O Grito”, “O Filho de Chucky”, o Brinquedo Assassino na segunda geração, e, a produção nacional “Tainá 2 – A Aventura Continua”. Continuam em cartaz, “A Lenda do Tesouro Perdido”, com Nicolas Cage, e, grande elenco, numa aventura no estilo Indiana Jones, “Blade – Trinity”, com Wesley Snipes retomando seu papel do meio-homem, meio-vampiro, combatendo o próprio Drácula, George Clooney e sua turma agitam com “Doze Homens e Outro Segredo”, Lázaro Ramos e Deborah Secco vivem suas agruras, em “Meu Tio Matou um Cara”, e, Richard Gere, Jennifer Lopez e Susan Sarandon rodopiam para valer, na comédia romântica “Dança Comigo”. Para a criançada, além da maravilhosa animação “Os Incríveis”, parceria da Disney com a Pixar, campeão de audiência nos cinemas americanos, tem também o desenho animado “Bob Esponja”, da Nickelodeon, além da aventura nacional “Xuxa e o Tesouro da Cidade Perdida”.

Estréia 1: “Tainá 2”

Uma indiazinha desaparece na selva, preocupada em defender os animais e o meio-ambiente. Se o enredo parece familiar, é porque “Tainá 2 – A Aventura Continua” é a seqüência de “Tainá”, filmado em 2000. Agora, uma pré-adolescente, a indiazinha Tainá (Eunice Baía) divide-se entre enfrentar piratas da biodiversidade, que capturam animais raros da fauna amazônica, e, a atenção para com a pequenina Catiti, de seis anos, que foge da aldeia querendo imitar Tainá como protetora do meio ambiente. A protagonista também tem problemas com Carlito (Vitor Morosini), menino que veio da cidade para passar as férias com o pai, um biólogo. Ele trouxe Boris, um pequeno cão que se perde na mata, resgatado por Catiti. Com direção de Mauro Lima, o filme conta com a presença de Kadu Moliterno e Chris Couto. “Tainá 2 – A Aventura Continua” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 7 do Moviecom. Censura livre.

Estréia 2: “O Filho de Chucky”

Parece brincadeira, mas não é. Chucky, o brinquedo assassino que toda criança deseja, chega agora, nos cinemas, em sua quinta versão. Glen, filho de Chucky e Tiffany, descobre que está sendo feito um filme sobre os dois. Ele consegue, então, acordá-los, iniciando uma nova contagem de mortos. Mas isso o desagrada, já que é bem mais tranqüilo que seus pais, o que pode criar problemas familiares. Enquanto isso, em Hollywood, a atriz Jennifer Tilly é escolhida para interpretar Tiffany, o que coloca a pequena homicida em seu encalço. Mais para os fãs da série. Jennifer Tilly é a garota de voz rouca e sensual de “Procura-se Amy” e “Ligadas Pelo Desejo”. A direção é de Don Mancini. “O Filho de Chcky” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 2 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.

Estréia 3: “O Grito”

Uma casa modesta em Tóquio disfarça o terror que nela se oculta. A casa está possuída por uma maldição violenta que destrói a vida de todos que nela entram. Esta maldição faz com que suas vítimas morram nas garras de uma poderosa raiva. Karen (SARAH MICHELLE GELLAR) é uma estudante em regime de intercâmbio que está fazendo faculdade de Serviço Social no Japão. Ela, inocentemente, aceita substituir uma enfermeira que não apareceu para trabalhar. Quando entra na casa para a qual havia sido designada, ela descobre uma americana idosa, Emma (GRACE ZABRISKIE), que se encontra perdida em estado catatônico, e nota que a casa está deserta e abandonada. Enquanto cuida da mulher, Karen ouve ruídos como de arranhões no andar de cima. Ao investigar, ela se depara com o terror sobrenatural mais assustador que jamais poderia imaginar. Dentro desta casa, uma corrente de terror é posta em movimento, fruto de um terrível mal nascido anos antes. Enquanto morrem outras pessoas, Karen é tragada por este ciclo de terror e aprende o segredo da maldição vingativa que se enraizou nesta casa. Refilmagem de um filme japonês, com o mesmo roteiro, diretor e alguns atores. “O Grito” estréia nesta sexta-feira, no Cine Natal 2, e, no Cine 6 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.

O que está nas locadoras

O mês de janeiro traz uma série de títulos que fizeram sucesso nos cinemas. O mais badalado é “A Vila”, de M. Night Shyamalan, que dirigiu “Sexto Sentido” e “Sinais”. Chegam também “Colateral”, com Tom Cruise e Jamie Foxx, “Hellboy”, o ótimo “O Terminal”, de Spielberg, estrelado por Tom Hanks, “Rios Vermelhos 2 – Anjos do Apocalipse”, com o excelente Jean Reno, “Mulher-Gato”, com a gatíssima Halle Berry, o drama “Mar Aberto”, e, as comédias “De Repente 30”, “Show de Vizinha”, e, “Igual a Tudo na Vida”, esta última, do diretor Woody Allen. Vale à pena conferir.

“Shrek 2”, em DVD

Os atores de carne e osso devem estar se roendo de inveja. O grande campeão das bilheterias americanas, em 2004, foi o simpático ogro verde, Shrek, no segundo filme da série, que amealhou mais de 440 milhões de dólares. “Shrek 2” chega agora, em DVD, com muitos extras. Após se casar com a Princesa Fiona (Cameron Diaz), Shrek (Mike Myers) vive feliz em seu pântano. Ao retornar de sua lua-de-mel Fiona recebe uma carta de seus pais, que não sabem que ela agora é um ogro, convidando-a para um jantar juntamente com seu grande amor, na intenção de conhecê-lo. Além do filme, o disco traz Comentários do Diretor, A Música de “Shrek 2”, Videoclipe de “Accidentaly in Love”, Conheça o Gato de Botas, Conheça o Elenco, A Técnica de “Shrek 2”, A Casa de Jogo do Homem-Biscoito, DVD-ROM, Cante com a Fada Madrinha, O Idolo de um Reino Tão Tão Distante. Além do áudio original, o filme também tem a ótima dublagem em português (com Bussunda, dublando Shrek), além do formato de tela em widescreen anamórfico.

Nova guerra de formatos: Blue-Ray, HD-DVD, DMD

Nem bem o DVD chegou na sala da classe operária, e, começa uma guerra pelo seu sucessor. Enquanto um DVD oferece 4,7 Gigabytes para armazenar os filmes e arquivos, o HD-DVD, patrocinado pela NEC e Toshiba acenam com 15 Gb, o Blue-Ray, da SONY, Matsushita e outros, chega com 50 Gb, ambos com a tecnologia do laser azul. Correndo por fora, a Ddata introduz o seu DMD, com novas utilizações do laser vermelho tradicional. Resta saber quem os estúdios de cinema irão apoiar, o que significará vida ou morte para o sistema vencedor. Mas, esses “brinquedos” só irão entrar no mercado no final deste ano, ou, início de 2006. Até lá, muita briga ainda vai acontecer, nos bastidores.

Rede TV! Investe em filmes de arte

A Rede TV!, que tem um programação popular, parece dar mostras de querer abocanhar uma audiência mais diversificada. A emissora comprou, da Europa Filmes, um pacote de 58 filmes de arte, que serão inseridos na programação de 2005. Os filmes serão exibidos em uma sessão de arte, provavelmente no sábado ou domingo à noite. Entre os títulos, algumas preciosidades, como o belíssimo desenho japonês “A Viagem de Chihiro”, “O Escorpião de Jade”, de Woody Allen, “Kedma” e “O Dia do Perdão”, de Amos Gittai. Outros são filmes nebulosos, como “Cidade dos Sonhos”, ou “Pi”, que algumas legiões amam, e, outras, detestam. Mas, quanto maior o leque de opções disponíveis ao espectador, melhor!

O que vem por aí

Nos próximos dias, três novas estréias deverão agitar os cinemas. A primeira é “Alexandre”, de Oliver Stone, sobre a vida de Alexandre, o Grande. O filme despertou muita polêmica sobre uma suposta bissexualidade do biografado. O outro título é “A Volta ao Mundo em 80 Dias”, baseado no famoso livro de Alexandre Dumas, que já rendeu vários filmes, o mais famoso, de 1956, estrelado por David Niven e Cantinflas. A nova versão traz Jackie Chan, no papel de Passepartout. O filme conta, ainda com participações de Arnold Schwarzenegger, Luke e Owen Wilson, Rob Schneider, Kathy Bates, e, John Cleese. Finalmente, a apresentadora infantil Eliana vive uma aventura no Caribe, enfrentando um predador ecológico em “Eliana em O Segredo dos Golfinhos”.

Filme recomendado: “Malditas Aranhas!”

De volta à Sessão da Tarde

Os monstros são parte permanente do imaginário popular, desde o começo dos tempos, e, como não poderia deixar de ser, desde os primórdios do cinema, também. Em seu filme de 1902, “Viagem à Lua”, George Méliès trazia alguns simpáticos selenitas com cabeça de peixe, para atormentar os astronautas. O auge do cinema fantástico e de terror foi nas décadas de 50 e 60, quando a tensão paranóica da Guerra Fria fornecia um pano de fundo perfeito para invasores, monstros, e, outras criaturas. Muitas produções baratas foram feitas, geralmente classificadas como filmes B, já que fugiam à escala de custo e qualidade dos grandes estúdios. Numa grande homenagem aos filmes B, “Malditas aranhas!” resgata, com muito bom humor, todos os clichês desse gênero, hoje clássico, numa produção divertida e agradável.

Produção relativamente barata, pelo menos para os padrões hollywoodianos, “Malditas aranhas!” custou 30 milhões de dólares, graças a um elenco de segundo escalão, locações simples, efeitos especiais sem grande sofisticação, e, muitas, muitas aranhas feitas através de computação gráfica. O enredo segue o padrão dos filmes B da década de 50: cidade pequena, no meio do deserto, os poucos habitantes dominados por um político corrupto. Devido ao acidente, com um tambor de lixo tóxico, centenas de aranhas exóticas crescem monstruosamente, e, começam a aterrorizar os habitantes do lugar.

Em meio à situação de catástrofe, os personagens do filme também preenchem os padrões de arquétipos: o herói quixotesco e bem intencionado, sua amada, a corajosa xerife da cidade, a filha rebelde adolescente, que vive se metendo em encrencas, o cientista maluco, que involuntariamente provoca a catástrofe, a tia velha, simpática e mordaz, o assistente gordo e trapalhão, e, o menino-gênio, no qual ninguém acredita, mas que acaba salvando todo mundo.

Enquanto os aracnídeos se divertem devorando os figurantes, uma simpática love story é revelada. Chris McCormack (David Arquette, da trilogia “Pânico”), era apaixonado por Sam Parker (Kari Wuhrer), a atual xerife da cidade. Ao descobrir que o marido de Sam a traía, Chris quebra-lhe a cara, e, some da cidade, só retornando dez anos depois, quando seu pai morre. Nessas alturas, Sam é uma mãe divorciada, lutando para controlar a rebelde Ashley e o precoce Mike. Nosso herói tem todas as qualidades do herói romântico, tendo como único defeito uma barbicha, que segundo a sua tia, “parece a genitália de uma vadia”.

Assim como “Independence Day” e “Godzilla”, “Malditas aranhas!” não nega sua inspiração nos filmes de ficção-científica dos anos 50. A diferença é que, neste último, observa-se uma irreverente homenagem àqueles filmes B que, no auge da paranóia nuclear, eram exibidos nos cinema drive-in americanos, e que, quase sempre, mostravam gigantescos animais, deformados pela radiação nuclear. Observam-se claras referências a “Tarântula”, de 1955, e “O mundo em perigo”, de 1954, que é visto sendo exibido em uma TV no quarto do garoto.

Em plena Guerra Fria, é como se os monstros e alienígenas fossem uma materialização da ameaça comunista, sempre à espreita para devorar criancinhas, e, dominar os inocentes americanos incautos. Talvez por isso mesmo, aqueles filmes se levassem a sério, embora fossem poucos os que tivessem algum valor científico real. A era de “2001, Uma Odisséia no Espaço” ainda demoraria a chegar.

Se os elementos do filme B são evidentes, não há problema algum. Como funciona um típico filme B? É estabelecida uma situação básica (a criação acidental das aranhas gigantes, por exemplo). O espectador experiente logo associa aquela situação com um monte de outras em que já viu coisa parecida. Pode-se dizer que, com quinze minutos de filme, já se sabe exatamente o que vai acontecer. Resta ao roteirista não ser absolutamente previsível, e, ao cineasta, achar soluções criativas, para que o espectador permaneça com a atenção ligada no resto do filme. E, acima de tudo, jamais levar a trama tanto a sério, para não insultar a inteligência do espectador.

“Malditas aranhas!” é uma reciclagem muito bem-humorada, que reúne todos os clichês do gênero – a cidadezinha, o herói relutante, o xerife, o menino prodígio e, é claro, aranhas gigantes, desde as saltadeiras até uma enorme tarântula, que trabalha como tanque de guerra. Só que os bichos, todos produzidos em computador, provocam mais risos do que sustos, em seqüências como a perseguição aos motoqueiros no deserto, e, na invasão do shopping. Sem nenhum ator conhecido no elenco, além de Arquete, “Malditas aranhas!” consegue ser muito mais divertido do que o milionário “Godzilla”.

A edição em DVD de “Malditas aranhas!” só peca pelo formato de tela cheia, que sempre irrita os cinéfilos, e, agrada a turma da TV. O disco traz trilhas em Inglês, Espanhol e Português, assim como as legendas. O som original em inglês é Dolby Digital, muito bem masterizado, trazendo o envolvimento necessário para as cenas de ação. Como extras, 13 minutos de cenas deletadas, como legendas em português, trailer de cinema e trilha de comentário em áudio. A distribuição é da Warner Home Vídeo. Alugue, reúna a família toda, faça muita pipoca, e bom divertimento!