Claquete 20 de maio de 2005
Newton Ramalho – colunaclaquete@gmail.com
Que a Força esteja com vocês! Bem, é bom ter também paciência, pois a ansiedade dos fãs, pela estréia do terceiro episódio de “Guerra nas Estrelas”, é muito grande. Afinal de contas, são quase três décadas entre o primeiro e o último episódio. Discretamente, estréia também “Sahara”, aventura no estilo Indiana Jones, com Matthew McConaughey e Penélope Cruz. Como o lançamento do filme de Lucas ocupará várias salas, as continuações são poucas. Permanecem em cartaz o épico “Cruzada”, de Ridley Scott, estrelado pelo ex-elfo Orlando Bloom, o ótimo suspense “A Intéprete”, com a linda Nicole Kidman às voltas com uma trama de assassinato em plena ONU, o terror sino-tailandês “Visões”, com Eugenia Yuan e Philip Kwok, e, o suspense “Refém”, com Bruce Willys, de volta à sua seara. Ainda resistindo, com apenas uma sessão no final de semana, “O Filho do Máskara”. Na sessão Filme de Arte, do Cine Natal 1, a produção européia “Eu Não Tenho Medo”.
Estréia 1: “STAR WARS: EPISÓDIO III – A VINGANÇA DOS SITH”
Depois de amealhar mais de três e meio bilhões de dólares, entre bilheterias, vendas de fitas, LDs, DVDs, e, outras bugingangas, a saga “Guerra nas Estrelas” chega ao seu capítulo final, que na verdade é o terceiro, embora seja o sexto filme… Confuso? Saiba mais em “Filme Recomendado”. O filme “Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith” é o terceiro da trilogia que conta a história do jovem Anakin Skywalker, destinado a tornar-se o mais famoso vilão da história do cinema. As Guerras Clônicas estão em pleno andamento, e, as diferenças entre o Conselho Jedi, e, o Chanceler Palpatine (Ian McDiarmid), aumentam cada vez mais. Anakin (Hayden Christensen) mantém um elo de lealdade com Palpatine, ao mesmo tempo em que luta para que seu casamento com Padmé Amidala (Natalie Portman) não seja afetado por esta situação. Seduzido por promessas de poder, Anakin se aproxima cada vez mais do Lado Negro da Força, até tornar-se o temível Darth Vader. Aliado ao pérfido Darth Sidious, tramam um plano para aniquilar, de uma vez por todas, com os outrora poderosos Cavaleiros Jedi. Este episódio faz o elo entre a nova série com a antiga, que causou furor, nos anos 70. O filme, que custou “apenas” 115 milhões de dólares, conta com mais de 2000 efeitos especiais, e, todas as cenas foram filmadas em estúdio, sem nenhuma locação externa. “A Vingança dos Sith” estréia, pra valer, nesta sexta-feira, no Cine Natal 2, e, nos Cines 4, 6, e, 7, do Moviecom. Para maiores de 14 anos.
Estréia 2: “Sahara”
Um pouco perdido, em meio à agitação de Star Wars, estréia, nessa sexta-feira, uma aventura no melhor estilo Indiana Jones, com o herói, Dirk Pitt, vivido por Matthew McConaughey. Pitt e seu parceiro Al Giordino (Steve Zahn) partem em busca de um tesouro no oeste africano, onde acreditam estar o ‘Navio da Morte’, uma lendária embarcação da época da Guerra Civil, que sumiu, carregada de ouro. Mas, quando descobrem que o navio pode estar ligado a mortes misteriosas, eles têm que ajudar uma bela cientista das Nações Unidas, nada menos que a lindinha Penélope Cruz. Logo se vêem no meio de um fogo cruzado entre um bilionário industrial francês e um ditador sedento de sangue. O podre da história é um depósito de dejetos nucleares, que está afetando o ecossistema africano, e, já causou a morte de milhares de pessoas inocentes. Aventura despretenciosa, com todos os clichês do gênero, dirigida por Breck Eisner, com o simpático canastrão McConaughey, e, a beleza espanhola de Penélope. “Sahara” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.
“Jornada nas Estrelas”, a série, em DVD
Se você é das antigas, que torce o nariz para George Lucas, e, ainda insiste em manter as velhas fitas mofadas com a série original de “Jornada nas Estrelas”, aproveite para joga-las no lixo. Já está em pré-venda, em DVD, a primeira temporada do seriado criado por Gene Roddenberry, veiculada em 1966. São oito discos, com todos os capítulos exibidos na TV e mais o piloto do seriado. Estão disponíveis também vários extras, como documentários e trilhas de comentários em alguns episódios. Entre as precariedades dos efeitos especiais da época, e, a busca por algo que fosse de uma aparência mais científica, “Star Trek” gerou milhões de fãs – trekkers – ao redor do mundo, que certamente gostarão desta versão digital. Ao todo, são 1458 minutos, com som Dolby Digital 5.1 (inglês) e 2.0 (português e espanhol). O preço é meio salgado, cerca de 190 reais, mas, para os fãs, pode valer à pena.
Filme de Arte: “Eu Não Tenho Medo”
A sessão Filme de Arte, do Cine Natal 1, traz esta semana a produção européia “Eu Não Tenho Medo”. Michele (Giuseppe Cristiano) é um garoto de nove anos, que vive no sul da Itália, em meio aos campos de trigo. Um dia, ele encontra, em um buraco, um garoto escondido, que estava bastante maltratado. Sem contar a ninguém sobre sua descoberta, Michele passa a visitá-lo freqüentemente, e, logo, eles tornam-se amigos. Não tarda muito para que Michele descubra que todos os adultos de sua cidade, incluindo os seus próprios pais, estão envolvidos no seqüestro do garoto. O filme, dirigido por Gabriele Salvatores, é baseado em livro de Niccolò Ammaniti, que co-assina o roteiro. “Eu Não Tenho Medo” terá sessão única, às 21h10 do dia 24, terça-feira, no Cine Natal 1. Para maiores de 12 anos.
Abertas inscrições para Programa Olhar Brasil
Alô, alô, produtores audiovisuais! Estão abertas as inscrições para o Programa Olhar Brasil, do Ministério da Cultura. O objetivo é estimular e desenvolver a produção independente, e, a formação técnica, e, artística, dos produtores de audiovisual no país. Programas semelhantes, sempre buscando a regionalização da produção cultural, que vem sendo desenvolvidos pelo Ministério da Cultura, já renderam frutos, como os projetos “DocTV”, e, “Revelando os Brasis”. As inscrições serão feitas com o preenchimento do Requerimento de Inscrição, que estará disponível no site www.cultura.gov.br, no link “Apoio a Projetos/Editais”, a partir de 16 de maio, e, devem ser enviadas, até 20 de agosto, para o Ministério da Cultura/Secretaria do Audiovisual, Esplanada dos Ministérios, Bloco B, Brasília-DF, Cep-70068-900. Outras informações: concursos.sav@minc.gov.br ou (61) 3901-3843.
Filme recomendado: “STAR WARS: Episódio III – A Vingança dos Sith”
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Fiquei surpreso, quando uma de minhas leitoras mandou um email, pedindo informações sobre este novo filme “Guerra nas Estrelas”, sobre o qual estavam falando tanto. Sacrilégio! Como pode alguém, a menos que tenha nascido nos séculos 19 ou 21, não conhecer as peripécias da família Skywalker, as naves que fazem barulho espaço, e, os poderosos sabres de luz?… Bem, isso me fez lembrar que o primeiro filme, “Star Wars”, data do longínquo 1977, o que significa quase três décadas entre o início e o final da série. Ou entre o início e o meio? Vamos devagar.
“Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante…” Tudo começou, mesmo, em meados da década de 70. George Lucas, embalado pelo relativo sucesso de “Loucuras de Verão” (American Graffiti), conseguiu convencer a 20th Century Fox a bancar um filme de ficção científica, onde havia inúmeras referências ao faroeste, filmes da Segunda Guerra, e, à indiscutível figura do samurai japonês, transfigurado no Cavaleiro Jedi.
Neste filme, o jovem Luke Skywalker (Mark Hammil), cujo maior sonho é tornar-se piloto espacial, vê-se envolvido em uma trama política intergaláctica, quando, ao comprar dois robôs, descobre uma mensagem de socorro da Princesa Leia Organa (Carrie Fisher). Logo depois, descobre que um velho esquisitão, Ben Kenobi (Alec Guinnes), é um Cavaleiro Jedi, que passa os primeiros ensinamentos ao rapaz. Logo, depara-se com o poderoso vilão Darth Vader, capaz de destruir um planeta apenas por prazer. Como aliado, além de Kenobi, o cínico mercenário Han Solo (Harrison Ford) é quem irá ajuda-los numa desigual luta contra o Império. Neste primeiro round, o jovem Luke consegue a façanha de destruir a Estrela da Morte, uma poderosa estação espacial, com poder incalculável.
O filme fez um sucesso imenso, gerando legiões de fãs. Foi indicado a onze Oscars, ganhando sete, incluindo o de melhor trilha sonora. Lucas conseguiu os direitos das seqüências, e, melhor ainda, dos produtos criados a partir dos personagens dos filmes – o que deve ter deixado os executivos dos estúdios amargamente arrependidos. Pois foi com os milhões de dólares a partir de fantasias de Darth Vader, bonecos, naves, e, outras bugingangas, que deixaram o jovem diretor senhor de uma fortuna pessoal que lhe permitiram, entre outras coisas, fundar a empresa de efeitos especiais ILM – Industrial Light & Magic, e, bancar a continuação da série.
O segundo filme da série, “O Império Contra-Ataca”, foi feito em 1980. Devido a um grave acidente, ocorrido com Mark Hamill, pouco antes do início das filmagens, que afetou o rosto do ator, George Lucas teve que modificar o início da história, fazendo com que Luke fosse atacado por um monstro, do planeta gelado Hoth, e, tivesse seu rosto desfigurado e reconstruído plasticamente. As forças imperiais, comandadas por Darth Vader (David Prowse), lançam um ataque contra os membros da resistência, que são obrigados a fugir. Enquanto isso, Luke Skywalker (Mark Hamill) tenta encontrar o Mestre Yoda, que poderá ensiná-lo a dominar a “Força”, e, torná-lo um Cavaleiro Jedi. No entanto, Darth Vader planeja levá-lo para o lado negro da “Força”. O filme tem um final indefinido, com Han Solo capturado pelos caçadores de recompensa.
Em 1983, para alívio dos impacientes fãs, chegou “O Retorno de Jedi”, trazendo o desfecho da trilogia. O imperador (Ian McDiarmid) está supervisionando a construção de uma nova Estrela da Morte. Enquanto isso Luke Skywalker (Mark Hamill) liberta Hans Solo (Harrison Ford), e, a Princesa Leia (Carrie Fisher) das mãos de Jaba, o pior bandido das galáxias. Luke só se tornará um Cavaleiro Jedi quando destruir Darth Vader, que ainda pretende atraí-lo para o lado negro da “Força”. No entanto a luta entre os dois vai revelar um inesperado segredo: Darth Vader, é Anakin Skywalker, o pai de Luke.
Muitos anos se passaram, com vários relançamentos da série original, e, milhões de boatos sobre quando e como seria lançada a segunda trilogia, que traria os acontecimentos anteriores aos da primeira. Só em 1999, dezesseis anos após “O Retorno de Jedi”, foi que Lucas voltou à carga, com o “Star Wars: Episódio I – A Ameaça-Fantasma”.
Quando a maquiavélica Federação Comercial planeja invadir o pacífico planeta Naboo, o Cavaleiro Jedi Qui-Gon Jinn (Liam Neeson), e, seu aprendiz, Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor) vão em seu auxílio. Com eles, viaja a jovem Rainha Amidala (Natalie Portman), que é visada pela Federação, pois querem forçá-la a assinar um tratado que é para eles muito importante. Eles têm de viajar para os distantes planetas Tatooine e Coruscant em uma desesperada tentativa de salvar o mundo de Darth Sidious (Ian McDiarmid), o demoníaco líder da Federação que sempre surge em imagens tridimensionais (a ameaça fantasma). Durante a viagem Qui-Gon Jinn conhece um garoto de nove anos, que tem as qualidades inatas para tornar-se um Jedi. O garoto é Anakin Skywalker.
A segunda trilogia já mostra monumentais mudanças, em relação à primeira. Foram-se os dias dos efeitos primários, onde os observadores mais atentos eram capazes de perceber os arames que seguravam as maquetes. Agora, os efeitos são extremamente sofisticados, embora este mesmo esmero não tenha se refletido na atuação do elenco. A trama, bem mais simplificada, parece ter perdido a aura de mistério do Cavaleiro Jedi. Ao invés do intenso treinamento, que capacitava o candidato a tornar-se um Jedi, o que conta, agora, é um potencial genético.
O segundo filme da nova trilogia, chega em 2002, com o título “Star Wars: Episódio II – Ataque dos Clones”. Dez anos após a tentativa frustrada de invasão do planeta Naboo, Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor), Anakin Skywalker (Hayden Christensen), e, Padmé Amidala (Natalie Portman) estão juntos novamente. Neste período de tempo Obi-Wan passou de aprendiz a professor dos ensinamentos Jedi para Anakin, sendo que ambos foram destacados para proteger a agora senadora Amídala. A moça, que não parece ter envelhecido um único dia desde o filme anterior, tem sua vida ameaçada por facções separatistas da República, prestes a desencadear uma guerra civil intergalática. Com o passar do tempo, surge um romance entre Anakin e Amidala, proibido, pois os Cavaleiros Jedi não têm permissão para se apaixonar.
Neste filme, também, Anakin mostra os primeiros sinais de rebeldia, e, a fúria, após a morte da mãe, que o levou a massacrar uma aldeia de um povo do deserto. Era o início do seu caminho em direção ao Lado Negro da “Força”.
O filme que chega aos cinemas, agora, traz o desfecho desta trilogia. Mais do que isto, será o encadeamento dos acontecimentos da primeira com a segunda trilogia. A senadora Padmé Amídala (Natalie Portman) não sobrevive ao nascimento dos gêmeos Luke e Leia. O Jedi Obi Wan Kenobi (Ewan McGregor) corre perigos tremendos, capazes de lhe custar a vida, mas, escapa ileso, para conduzir Luke na sua saga, para redimir o pai do mal, e, levá-lo a cumprir a profecia de restaurar o equilíbrio da força.
Após o extermínio dos Cavaleiros Jedi, sobram apenas Obi Wan e o mestre Yoda. O primeiro se exila no planeta Tatooine, sob o nome de Ben Kenobi, para ficar como guardião de Luke, adotado pelo casal de fazendeiros Owen (Joel Edgerton) e Beru Lars (Bonnie Piesse). Yoda será derrotado, numa batalha no planeta Kashyyyk, lar do gigante Chewbacca (Peter Mayhew), personagem da primeira trilogia, e, parte para um auto-exílio, no inóspito planeta Dagoba. Leia será entregue ao vice-rei da casa real de Organa, Bail Organa (Jimmy Smits), e, levada para o planeta Alderaan, onde crescerá como princesa, e, mais tarde, parlamentar no Senado imperial, além de líder rebelde.
Uma das coisas que mais intriga os fãs, a razão da famosa armadura negra de Vader, será revelada agora. No planeta vulcânico Mustafar, Anakin, já dominado pela influência maléfia de Darth Sidious, fere Padmé, e, enfrenta seu antigo mentor, Obi Wan Kenobi. Após uma luta ensandecida,cai em um poço de lava, de onde é salvo por Sidious, que lhe devolve a vida com a estranha figura de Darth Vader.
Curiosamente, depois de quase trinta anos despertando fãs no mundo inteiro, Lucas vem sendo questionado se seu filme não traria uma mensagem política, mostrando como uma república se transforma em um império, influenciada por um líder militarista. Embora o cineasta negue ter feito qualquer alusão à política atual, é sempre bom ver o cinema despertando este tipo de reação nas pessoas. De qualquer forma, é sempre bom conferir e tirar as suas próprias conclusões.