Claquete 17 de junho de 2005

Newton Ramalho – colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

São Pedro parece ter dado uma trégua aos natalenses, quem sabe, por se aproximar o seu dia de festejo. Quem não está no ensaio das quadrilhas (juninas, claro, as outras estão em Brasília…), pode conferir o mais esperado lançamento do mês: “Batman Begins”. Desta vez, o Morcegão é recriado por Christopher Nolan, o diretor de “Amnésia”, com Christian Bale, no papel-título. A outra estréia é “A Casa de Cera”, refilmagem de um clássico de terror, no estilo mata-mata de adolescentes. Continuam em cartaz “Sr. e Sra. Smith”, com Brad Pitt e Angelina Jolie, “Operação Babá”, com o durão Vin Diesel bancando a ama-seca, o épico, estrelado por Orlando Bloom, o terceiro episódio de “Guerra nas Estrelas”, “A Vingança dos Sith”, de George Lucas, “A Intérprete”, suspense com a gatíssima Nicole Kidman, e, a produção nacional “A Selva”, com Maitê Proença. Apenas no final de semana, pré-estréia do desenho “Madagascar”, da Dreamworks. Na sessão Filme de Arte, do Cine Natal 1, a produção italiana “Para Sempre na Minha Vida”.

Estréia 1: “Batman Begins”

Marcado pelo assassinato de seus pais, quando ainda era criança, o milionário Bruce Wayne (Christian Bale) decide viajar pelo mundo, em busca de meios que lhe permitam combater a injustiça, e, provocar medo, em seus adversários. Após retornar a Gotham City, sua cidade-natal, ele idealiza seu alter-ego: Batman, um justiceiro mascarado, que usa força, inteligência, e, um arsenal tecnológico, para combater o crime. Para isto, conta com a ajuda do mordomo e mentor Alfred (o excelente Michael Caine). Este será o sexto filme sobre o personagem, nos cinemas, iniciando com “Batman – O Homem-Morcego”, em 1966, e, indo até “Batman e Robin”, com George looney, em 1997. O novo filme, porém, não terá nenhuma ligação com os anteriores, e, é baseado na história “Batman: Ano Um”, lançada nos quadrinhos, que narra o primeiro ano de existência do personagem. A direção é de Christopher Nolan, o mesmo do impressionante “Amnésia”. “Batman Begins” estréia nesta sexta-feira, no Cine Natal 2, e, nos Cines 6, e, 7, do Moviecom. Para maiores de 10 anos.

Estréia 2: “A Casa de Cera”

Carly (Elisha Cuthbert), Paige (Paris Hilton), Wade (Jared Padalecki), Nick (Chad Michael Murray), e, mais dois amigos, decidem viajar, de carro, para o maior campeonato universitário de futebol americano a ser realizado no ano. Durante a viagem, eles decidem acampar, planejando seguir adiante, pela manhã. Um acidente com um motorista de caminhão assusta o grupo, que, no dia seguinte, descobre que o carro em que estavam foi danificado. Sem saída, eles aceitam uma carona até Ambrose, a cidade mais perto de onde estavam. Ao chegar, uma atração turística chama a atenção do grupo: a Casa de Cera de Trudy, que possui várias estátuas de cera, muito parecidas com pessoas de verdade. Porém, o que eles não sabem é o motivo pelo qual as estátuas parecem tão reais. Refilmagem de “Os Crimes do Museu” (1933), e, “Museu de Cera” (1953), este último, estrelado por Vincent Price. A direção é de Jaume Collet-Serra, “A Casa de Cera” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 1 do Moviecom. Para maiores de 18 anos, que apreciam o gênero.

Pré-Estréia: “Madagascar”

O leão Alex é a grande atração do zoológico do Central Park, em Nova York. Ele e seus melhores amigos, a zebra Marty, a girafa Melman e a hipopótamo Glória (Heloisa Perissé, que também fez a adaptação do roteiro), sempre passaram a vida em cativeiro e desconhecem o que é morar na selva. Curioso em saber o que há por trás dos muros do zoológico, Marty decide fugir, para explorar o mundo. Ao perceber a fuga do amigo, Alex, Gloria e Melman decidem partir à sua procura. O trio encontra Marty na estação Grand Central do metrô, mas, antes que consigam voltar para casa, são atingidos por dardos tranqüilizantes, e, capturados. Eles são embarcados em um navio rumo à África, onde serão colocados em liberdade, por um grupo de humanos que quer tirar os animais da vida estressante em cativeiro. Após um grupo de pingüins, que também está no navio, sabotá-lo, o grupo vai parar na ilha de Madagascar, onde precisa encontrar meios de sobrevivência em uma selva verdadeira. “Madagascar” tem pré-estréia, neste final de semana, no Cine 3 do Moviecom. Livre. Cópia dublada.

Filme de Arte: “Para Sempre na Minha Vida”

A sessão Filme de Arte, do Cine Natal 1, traz, esta semana, a produção italiana “Para Sempre na Minha Vida”, do diretor Gabriele Muccino. Após saber que o Estado pretende privatizar o colégio em que estudam, um grupo de estudantes decide entrar em greve, e, ocupá-lo, mesmo tendo que enfrentar a polícia. Entre eles, está Silvio (Silvio Muccino), que está mais interessado em garotas do que nos comitês de política estudantil. Apesar das confusões decorrentes da ocupação da escola, e, também, da interferência de seus pais em sua vida, Silvio se esforça para encontrar o grande amor de sua vida. “Um Coração Para Sonhar” terá sessão única, às 21h do dia 21 de junho, terça-feira, no Cine Natal 1. Para maiores de 12 anos.

UFRN exibe vídeos do Festival Mundial do Minuto

A Oficina de Tecnologia Educacional, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte inicia um ciclo de exibições dos vídeos selecionados para o XI Festival Mundial do Minuto. Como o nome do Festival indica, são curtas-metragens com duração máxima de um minuto, créditos inclusive. A primeira exibição ocorrerá dia 21 de junho, próxima terça-feira, no auditório da Oficina de Tecnologia, no Centro de Convivência do Campus da UFRN, iniciando às 19h30. Maiores detalhes com a comissão organizadora: Sandra Mara (9419-6500), Emilia (9921-4718) e Edileusa (8809-9084). Prestigiem, não temos isso todo dia, por aqui!


“Capitão Sky e o Mundo de Amanhã”, em DVD

Nova York, final dos anos 1930. A repórter Polly Perkins (Gwyneth Paltrow) descobre que os cientistas mais famosos do mundo estão desaparecendo. Quando a cidade é atacada por imensos robôs voadores, ela resolve pedir ajuda ao piloto, aventureiro, e, seu antigo namorado, Joseph “Capitão Sky” Sullivan (Jude Law), e, Dex (Giovanni Ribisi), o fiel ajudante dele. A missão principal do grupo é localizar o megalomaníaco doutor Totenkopf (Laurence Olivier), que está escondido em algum lugar do Nepal, de onde, obviamente, planeja destruir o mundo. Angelina Jolie, numa ponta fantástica, dá uma força aos heróis, e, reconstruído digitalmente, o saudoso Sir Laurence Olivier, falecido em 1989. O curioso é que, inicialmente, o filme seria apenas um curta-metragem, de seis minutos, que mostraria o ataque dos robôs gigantes voadores à cidade de Nova York. Após a entrada de Jon Avnet, como um dos produtores, é que se decidiu por transformar o projeto em um longa-metragem. O curta original está incluído nos extras, além de comentários do diretor, produtor e equipe de efeitos especiais, cenas adicionais, erros de filmagem, trailer de cinema, e, os documentários “Admirável Mundo Novo” e “A arte do Mundo de Amanhã”. Nas locadoras.

“Desventuras em Série”, em DVD

Os fãs da série Harry Potter, certamente já terão ouvido falar desta grife, “Desventuras em Série”, do escritor Daniel Handler. Como as aventuras do bruxinho, “Desventuras” também narra histórias cheias de aventuras e mistérios. Klaus (Liam Aiken), Violet (Emily Browning), e, Sunny (Kara Hoffman e Shelby Hoffman) são três irmãos que, repentinamente, recebem a notícia de que seus pais morreram em um incêndio. Como são menores de idade, eles não podem ainda herdar a fortuna de seus pais, o que apenas ocorrerá quando a irmã mais velha completar 18 anos. O trio passa, então, a morar com o Conde Olaf (Jim Carrey), um parente distante bastante ganancioso, que deseja tomar a fortuna das crianças para si. Para atingir sua meta, Olaf não medirá conseqüências, com opções que vão do casamento forçado até o assassinato das crianças. Para escapar das trapaças e planos maquiavélicos do conde Olaf, elas contam apenas com a ajuda da tia Josephine (Meryl Streep). Embora sombrio, o filme, que cobre os três primeiros livros, é bem direcionado para o público infantil. A direção é de Brad Silberling (“Cidade dos Anjos”). O formato de tela é widescreen anamórfico e o som Dolby Digital 5.1. Como extras, comentários do diretor, “Criando um mau ator”, “Escolhendo as crianças infelizes de Baudelaire”, “Olaf” interativo, Cenas “Órfãs”, e, o comentário oficial de “Desventuras em Série”. Nas locadoras.

Filme recomendado: “Dança Comigo”

Dançando, para não dançar…

Hollywood é cheia de modismos, e, nos últimos tempos, têm sido feitas várias refilmagens de filmes japoneses, geralmente de terror. É curioso que se faça isso, já que as culturas, e, os gostos dos públicos são totalmente diferentes. Uma destas refilmagens, “Dança Comigo”, apesar de seguir a mesma estória, conseguiu apresentar um enfoque diferente, levantando questionamentos que são mais comuns à sociedade ocidental.

O filme inicia com uma belíssima cena de abertura, que passa para o espectador a massacrante rotina em que se transformou a vida de John Clark (Richard Gere). John tem tudo o que qualquer homem poderia desejar: uma carreira bem-sucedida, como advogado especializado em testamentos, uma família sem problemas, com um filho na universidade e a outra adolescente, uma mulher amorosa e atraente, Beverly (Susan Sarandon), situação financeira tranqüila, etc.. Contudo, John sentia-se inquieto, estagnado, sem horizontes, nem desafios, temendo, até mesmo, admitir que sentia-se assim, pois lhe parecia uma heresia.

Todos os dias, após o trabalho, tomava o trem para casa, passando pelo mesmo trajeto. Um dia, sua atenção foi despertada pela imagem de uma jovem, na janela de uma escola de dança. Poderia ser qualquer uma entre as milhares de jovens nas janelas, que poderia ver em seu trajeto diário, mas, aquela lhe chamou a atenção, não apenas pela beleza, mas, principalmente, pelo ar melancólico e enfastiado, como se também não esperasse muito da vida.

Dia após dia, a cena breve e fulgaz se repetia, perante os olhos cansados de John. Um dia, num ímpeto, ele resolve descer e entrar na escola, sem saber direito porque fazia aquilo. Antes que se dê conta, está matriculado em um curso de dança de salão, com mais dois companheiros, Vern, um jovem negro, cuja obesidade iguala a simpatia, e, Chic, metido a machão, que declara estar mais interessado nas garotas da escola do que na dança em si. Uma outra freqüentadora da escola é Bobbie, uma extrovertida quarentona, cuja frase mais freqüente é “tire os olhos do meu traseiro”.

Apenas curioso, a princípio, John começa a interessar-se pelas aulas, principalmente após conhecer Paulina (Jennifer Lopez), a jovem que via pela janela. Longe de ser uma lolita inexperiente, Paulina declara para John que se o interesse dele for ela, é melhor sair da escola. Colocado em cheque, o homem descobre que o seu interesse é mesmo pela dança, que trouxe um novo desafio para a sua vida.

Em meio a tudo isso, dois fatos novos acontecem. John descobre, embaixo de uma enorme peruca, trajes de lantejoulas, e, um rebolado digno de Sidney Magal, um dos seus colegas de trabalho, “careta” a ponto de só conversar sobre futebol americano. Flagrado, Link (Stanley Tucci, o gerente do aeroporto que infernizava Tom Hanks, em “Terminal”), confessa serem as danças latinas a sua grande paixão. Enquanto isso, Beverly, a mulher de John, começa a desconfiar dos horários que o marido chega em casa, chegando a contratar um detetive, pois suspeita que ele está tendo um caso.

À medida que as aulas avançam, o envolvimento do grupo também acontece, principalmente quando eles se inscrevem num concurso de dança de salão para iniciantes. Em um dos momentos mais bonitos do filme, Paulina dança com John, num momento intimista e sensual.

Quando o concurso chega, todos estão em polvorosa. Link concorre, junto com a espevitada Bobbie, nas danças latinas, enquanto John a terá, como para, na valsa e outras danças de salão. Um acidente praticamente destrói as esperanças do grupo, e, John vê-se descoberto, pela mulher e pela filha.

A desastrada noite termina sendo um recomeço para todos. John recebe um delicado convite de Paulina, informando-o de sua iminente partida, e, convidando-o para dançar uma última vez. Ainda inconformado com os acontecimentos do concurso, John fica sem saber se aceite, pois ainda não conseguiu chegar a um entendimento com a esposa. Um presente dela fará com que ele se decida.

Na sua tradução, para o Ocidente, “Dança Comigo” ficou com alguns furos no roteiro. Na sociedade japonesa, é compreensível que um homem tenha vergonha de dançar, pois é visto, no Japão, como uma atividade fútil, para um homem de negócios sério. Além disso, a cultura japonesa é patriarcal e dominada pelo homem, o que justificaria esconder essa atividade da própria mulher. No caso do filme americano, fica difícil imaginar essa situação, a não ser que o cidadão realmente estivesse tendo um caso com a professora.

Mas, o filme trouxe à tona uma realidade comum, em nossa sociedade, mais conhecida como a “crise dos quarenta”, ou, “idade do lobo”, quando as insatisfações afloram, e, o homem, principalmente, procura uma atividade que o livre da asfixia. Muitos, simplesmente relaxam e convivem com isso, outros arranjam namoradas, outros buscam coisas diferentes para fazer, como pilotar jipes na lama, praticar Aikido, ou, aprender dança de salão.

Este não é um musical, no estilo “Chicago”, estrelado pelo próprio Gere. As músicas e as danças são meros coadjuvantes, cenário para expressar os sentimentos dos personagens. Enquanto as danças com Link eram engraçadas, e, sempre com algum final extravagante, o pas-de-deux de John e Paulina deixa entrever toda a atração, não concretizada, que havia entre os dois, pois, certamente, nunca passariam de uma relação platônica.

“Dança Comigo” traz uma bela mensagem, sobre aceitação da maturidade, e, busca de novos desafios, pois ninguém foi feito para morrer, mas, sim, para viver, com intensidade, paixão, e, esperança.

O DVD, distribuído pela Disney, traz formato de tela widescreen anamórfico, som Dolby Digital, Cenas Inéditas, documentários “Por trás das Câmeras”, e, “Música do “Shall We Dance?””, e, Comentários do diretor Peter Chelson. Vale à pena dar uma conferida, com a vantagem de ser um filme para a família inteira. Divirtam-se.