Claquete – 06/10/2006

Newton Ramalho – claquete@interjato.com.br

O que está em cartaz

Na ressaca das eleições, fica a expectativa pelos embates e debates dos candidatos a presidente, e, governador de nosso estado. E, como ninguém é de ferro, vamos conferir as estréias. As novidades do final de semana são o policial noir “Dália Negra”, de Brian de Palma, a comédia nacional “Muito Gelo e Dois Dedos de Água”, de Daniel Filho, e, a primeira animação da Sony, “O Bicho Vai Pegar”. Nas continuações, o romance “A Casa do Lago”, com Keanu Reeves e Sandra Bullock, o drama “As Torres Gêmeas”, com Nicolas Cage, o terror “Maldição” (os dois últimos apenas no Cinemark), as comédias “Minha Super Ex-Namorada”, com Uma Thurman (só no Moviecom), “O Pequenino”, com os irmãos Wayans, “Seus Problemas Acabaram”, com a trupe do Casseta e Planeta, e, “Click”, com Adam Sandler e Kate Beckinsale, o drama “O Diabo Veste Prada”, com Meryl Streep e Anne Hathaway, o policial “Xeque-Mate”, com Bruce Willis, Morgan Freeman e Josh Hartnett, e, as animações “Lucas, um Intruso no Formigueiro” e “A Casa-Monstro”.

Estréia 1: “Dália Negra”

Elizabeth Short (Mia Kirshner) era uma jovem bonita, que estava determinada em ser famosa e era conhecida como a “Dália Negra”. Após seu corpo ser encontrado, torturado e retalhado, em um terreno baldio de Los Angeles, tem início uma busca pelo assassino. Os detetives e ex-boxeadores Lee Blanchard (Aaron Eckhart) e Bucky Bleichert (Josh Hartnett) são encarregados da investigação do caso, mas a obsessão que os dois desenvolvem por ela acaba por arruinar suas vidas. A direção é do genial Brian de Palma. “Dália Negra” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 7 do Moviecom, e, na Sala 7 do Cinemark. Para maiores de 16 anos.

Estréia 2: “Muito Gelo e Dois Dedos D’Água”

Roberta (Mariana Ximenes) e Suzana (Paloma Duarte) são irmãs, e, nutrem um desejo de vingança em relação à avó (Laura Cardoso), que durante a infância delas as atormentava com conceitos rígidos sobre etiqueta e educação. Agora, em torno dos 30 anos, elas decidem seqüestrar a avó e levá-la para a casa de praia da família. Com elas viaja Renato (Ângelo Paes Leme), um advogado que é amigo de Roberta, e, não sabe que no porta-malas está a avó dela. Ainda há Francisco (Thiago Lacerda), médico e marido de Suzana, que estranha a repentina viagem da esposa, e, ao notar que alguns de seus medicamentos desapareceram, passa a crer que ela está usando entorpecentes. A direção é de Daniel Filho. “Muito Gelo e Dois Dedos D’Água” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 4 do Moviecom, e, na Sala 4 do Cinemark. Para maiores de 16 anos.

Estréia 3: “O Bicho Vai Pegar”

Boog é um urso pardo domesticado, que vive na pacata cidade de Timberline. Ele é a grande estrela dos shows ecológicos de sua cidade, sendo que à noite desfruta das acomodações da garagem de Beth, uma guarda florestal que o criou desde que era filhote. Porém, nem todos gostam de Boog. Shaw é um deles, pois acredita que os animais estão conspirando contra os humanos. Em uma de suas caçadas, ele traz à cidade Elliot, um cervo de um único chifre, que ainda está vivo. Após vários pedidos, Boog decide ajudá-lo, e, solta Elliot. Querendo retribuir o favor, Elliot segue Boog até sua casa, e, decide libertá-lo, o que vai provocar muitas confusões. “O Bicho Vai Pegar” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom, e, na Sala 2 do Cinemark. Censura livre. Atenção: cópias dubladas.

Cineclube Natal exibe “Dolls”

O Cineclube Natal, em parceria com o Teatro de Cultura Popular (TCP), programou para o próximo domingo, dia 8, o filme “Dolls”, do diretor japonês Takeshi Kitano (“Zatoichi”). O filme é um drama romântico, inspirado em histórias tradicionais do teatro japonês de bonecos, o Bunraku. São três histórias entrelaçadas: a de um rapaz que decide cuidar da ex-namorada que ficou louca; a de um homem que larga a namorada para iniciar a carreira do crime e a de uma cantora pop que sofre um acidente e que não se aproxima de ninguém, exceto de um fã que ficou cego só para falar com ela. Também serão exibidos os curtas-metragens “Matéria”, de Juca Mencacci, “92”, de Felipe Vian e “Kant Como Le Gusta”, de Paulo Poft. A sessão começa às 19h, no TCP, ao lado da Fundação José Augusto. Depois haverá debate com a platéia e sorteio de um DVD. Os ingressos custam R$ 2,00. Para maiores de 14 anos.


Filmes da Semana: “Minha Super Ex-Namorada” e “A Casa do Lago”

Heroína também tem TPM

Embora seja bom encontrar, nos filmes, bons pontos de discussão sobre temas importantes, não podemos esquecer que cinema, antes de tudo, é entretenimento. Dois bons exemplos disso, cada um em seu gênero, são “Minha Super Ex-Namorada”, e, “A Casa do Lago”, que estrearam no último final de semana.

Jenny Johnson (Uma Thurman) vive discretamente exercendo suas funções em uma galeria de arte, até o dia em que conhece Matt Saunders (Luke Wilson), que a protege durante um assalto no metrô. O que ele não tinha idéia é que, a aparência tranqüila de Jenny, era, na verdade, a identidade secreta da G-Girl, uma super-heroína capaz de voar, provocar furacões, e, muitos outros poderes.

Encantada com a idéia de que Matt arriscara-se para salvá-la, ela aceita encontrá-lo, e, começam um namoro firme. Um dia, ela revela o seu segredo, e, Matt fica fascinado com a idéia de estar namorando a mulher mais poderosa do mundo.

O que ele não contava era com o superciúme dela. Ao observar a intimidade de Matt com uma colega de trabalho, Hannah (Anna Faris), Jenny fica enciumada, a ponto de ignorar um míssil atômico desgovernado, vindo em direção a Nova York, para não deixar o namorado sozinho com a outra!

O pior é quando Matt decide romper o namoro. Jenny, completamente transtornada, transforma a vida de Matt num inferno, fazendo-o perder o emprego, jogando o carro dele em órbita, colocando um tubarão (!) dentro do apartamento de Hannah. Para complicar as coisas, o supervilão Professor Bedlam procura Matt, para roubar os poderes de Jenny, por conta de assuntos não resolvidos no passado dos dois.

O filme é uma comédia besteirol acima da média, com vários momentos engraçados, sendo o aspecto mais interessante a absoluta falta de compromisso com a imagem certinha dos heróis tradicionais. Mais próximo da realidade do que se possa imaginar, o filme mostra que, por mais poderosa que uma mulher seja, ela sempre será, em primeiro lugar, uma mulher.

Arquitetura, romance e tempo

Aparentemente, “A Casa do Lago” é um romance meloso, juntando dois ícones do cinema hollywoodiano, Sandra Bullock e Keanu Reeves. Mas, o filme traz, além de um romance inusitado, traços de ficção científica, e, uma declaração de amor a Chicago, conhecida apenas por ser a cidade do mafioso Al Capone.

Kate Foster (Sandra Bullock) é médica, e, enquanto fazia sua residência em uma pacata cidade no interior de Illinois, morava em uma belíssima casa à beira de um lago. Após completar a residência, ela se muda para Chicago, onde irá trabalhar em um movimentado hospital de urgências.

Quando Alex Wyler chega à casa do lago, a situação é desoladora. A casa está abandonada, precisando de reformas. A casa fora projetada pelo pai de Alex, Simon (Christopher Plummer), arquiteto muito famoso, mas, os dois haviam se desentendido após a morte da mãe do rapaz.

Ao abrir caixa do correio, Alex encontra um bilhete de Kate, pedindo para mandar a correspondência para o endereço atual. Alex estranha, pois as coisas que a moça escreve não condizem com a realidade, até que, descobrem que os dois estavam separados exatamente por dois anos, só conseguindo se comunicar através das cartas deixadas na caixa de correio da casa do lago.

Aos poucos, os dois vão trocando informações e confidências, e, criando uma intimidade que pareceria impossível, dada a situação dos dois. Quando resolvem se encontrar, Alex não aparece, o que leva Kate a acreditar que seria impossível os dois terem algum futuro juntos.

Quando o acaso leva Kate ao escritório de arquitetura do irmão de Alex, é que ela descobre o porquê de ele não ter comparecido ao encontro. Correndo, literalmente, contra o tempo, ela tenta desesperadamente uma solução para salvar a vida do amado.

Bem, dirão os leitores, com uma história inverossímil e previsível como essa, ainda vale à pena assistir? Claro, meus amigos. A história é bobinha, com impossibilidades científicas e tudo o mais, mas, com um belo romance, e, uma excelente atuação do elenco, além das belas locações da cidade de Chicago, pouco conhecida por nós.

Como disse no início, cinema, antes de tudo é diversão, e, precisamos, de vez em quando, simplesmente desligar o cérebro, e, curtir uma comédia ou aquele romance pipoca-com-açúcar. Quem se enquadrar, fica aí a sugestão.