Claquete – 05 de janeiro de 2007

Newton Ramalho – colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Entre a ressaca do Ano Novo e a festa de Reis, surge um sopro de vida nos cinemas de Natal. Nas estréias da semana, teremos a refilmagem de “A Menina e o Porquinho”, a comédia “O Dono da Festa 2” e “Diamante de Sangue”, com Leonardo DiCaprio (este, apenas no Moviecom). Nas continuações, a fantasia “Eragon”, mistura de “Star Wars” com “Senhor dos Anéis”, a comédia nacional “O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili”, com Renato Aragão, o romance “O Amor Não Tira Férias” (veja em Filme da Semana), com Cameron Diaz, Jude Law e Kate Winslet, “007 – Cassino Royale”, ação, com o novo James Bond, “Xuxa Gêmeas”, as animações “Por Água Abaixo” e “Happy Feet – O Pinguim”. Nas programações exclusivas, no Cinemark, “O Ilusionista”, drama com tons de mistério. Neste final de semana acontece a pré-estréia de “Uma Noite no Museu”, com Ben Stiller.

Estréia 1: “A Menina e o Porquinho”

Fern é uma das poucas pessoas a perceber que o porquinho Wilbur é um animal muito especial. Com seu carinho e atenção, ela ajuda a tornar Wilbur, que era o menor dos irmãos, em um porco vistoso e radiante. Quando se muda para um novo celeiro, Wilbur faz amizade com a aranha Charlotte. Os laços de amizade dos dois fazem com que os demais animais vivam como se fossem parte de uma família. Porém, quando surge a notícia de que Wilbur, em breve, será morto, Charlotte busca um meio de convencer o fazendeiro que ele merece ser salvo. Segunda adaptação para o cinema da história “Charlotte’s Webb”, escrita por E.B. White em 1952, que se tornou o livro infantil mais vendido em todos os tempos. “A Menina e o Porquinho” estréia nesta sexta-feira, no Cine 7 do Moviecom, e, na Sala 3 do Cinemark. Censura livre. Atenção, cópias dubladas.

Estréia 2: “O Dono da Festa 2”

Taj Mahal Badalandabad (Kal Penn) foi assistente do lendário Van Wilder, mas isto agora é passado. Taj partiu para a Inglaterra, onde pretende garantir seu diploma e a entrada na irmandade que sempre sonhou. Porém ao chegar tudo dá errado, o que faz com que monte sua própria irmandade. Mas os únicos integrantes que consegue atrair são justamente os rejeitados pelas demais irmandades. Seqüência de “O Dono da Festa”, de 2002, é uma mistura de “Picardias Estudantis” com “A Vingança dos Nerds”. A direção é de Mort Nathan. “O Dono da Festa 2” estréia nesta sexta-feira, na Sala 7 do Cinemark. Para maiores de 12 anos.

Estréia 3: “Diamante de Sangue”

Serra Leoa, final da década de 90. O país está em plena guerra civil, com conflitos constantes entre o governo e a Força Unida Revolucionária (FUR). Quando uma tropa da FUR invade uma aldeia da etnia Mende, o pescador Solomon Vandy (Djimon Hounson) é separado de sua família. Solomon é levado a um campo de mineração de diamantes, onde é obrigado a trabalhar. Lá, ele encontra um diamante cor-de-rosa, que tem cerca de 100 quilates. Solomon consegue escondê-lo, mas, é descoberto por um integrante da FUR. Neste exato momento ocorre um ataque do governo, que faz com que Solomon e vários dos presentes sejam presos. Ao chegar na cadeia conhece Danny Archer (Leonardo DiCaprio), um ex-mercenário nascido no Zimbábue, que se dedica a contrabandear diamantes para a Libéria. Danny ouve um integrante da FUR acusar Solomon de ter escondido o diamante e se interessa pela história. Ao deixar a prisão, Danny faz com que Solomon também saia, propondo-lhe um trato: que ele mostre onde o diamante está escondido, em troca de ajuda para que possa encontrar sua família. Solomon não acredita em Danny, mas, sem saída, aceita o acordo. Então, surge Maddy Bowen (Jennifer Connelly), uma jornalista americana idealista que está em Serra Leoa para desvendar a verdade por trás dos diamantes. A direção é de Edward Zwick. “Diamante de Sangue” estréia nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.

Pré-Estréia: “Uma Noite no Museu”

Larry Daley (Ben Stiller), homem ingênuo e de bom coração, aceita trabalhar no turno da madrugada no Museu de História Natural de Nova York. Durante seu trabalho, porém, coisas estranhas começam a acontecer, já que tudo no museu ganha vida à noite – guerreiros maias, gladiadores romanos e cowboys saem de suas maquetes e travam batalhas épicas; em sua busca por fogo, um neandertal queima sua vitrine; Átila – O Huno começa a pilhar a sua ala do museu e um Tiranossauro lembra a todos os motivos pelos quais ele é considerado o maior predador de todos os tempos. Em meio ao caos, a única pessoa que pode ajudar Larry é a figura de cera do presidente Teddy Roosevelt (Robin Williams). “Uma Noite no Museu” terá pré-estréia neste final de semana, no Cine 4 do Moviecom e na Sala 3 do Cinemark. Censura livre.

Novidades

“Click”, em DVD

Uma das bilheterias mais surpreendentes de 2006, “Click” chega agora em formato digital. Michael Newman (Adam Sandler) é um arquiteto workaholic que descobre um controle remoto universal . Em vez de controlar objetos eletrônicos, o objeto é capaz de controlar as situações em sua própria vida. Os problemas acontecem quando o objeto começa a controlar as escolhas de Michael. Curiosa fábula moderna sobre a importância das decisões pessoais. O disco traz o filme com formato de tela widescreen anamórfico, e, como extras, cenas excluídas e comentários do elenco e equipe de realizadores.

Caravana Cultural Petrobras

A Petrobras convida para a Caravana Cultural Petrobras, no dia 10 de janeiro, às 14 h, no Teatro de Cultura Popular, em Natal. No evento, haverá uma apresentação sobre a Edição 2006/2007 do Programa Petrobras Cultural, que abre nova seleção pública para patrocínio de projetos. A coordenadora de Artes Cênicas da gerência de Patrocínios, Taís Reis estará disponível para entrevistas e esclarecimentos sobre a seleção pública após a apresentação. Mais informações com a Assessoria de Imprensa da Petrobras no RN, através dos fones 3235-3636 e 9134-4534.

Música no Cinema

Se você é interessado em música de cinema, não deixe de conferir o site http://www.scoretrack.net/. Lá é possível encontrar, também, informações sobre filmes, CDs, DVDs, biografia de compositores, chats, livros, links, loja virtual e tudo o que diga respeito á simbiose de música e cinema.

Filme da Semana: “O Amor Não Tira Férias”

Viagens e descobertas

Nos livros de administração existe uma parábola sobre um sapo que é colocado em uma panela, que é aquecida lentamente. Ele não percebe o que acontece e morre cozinhado. Essa história ilustra o que acontece com governos, empresas e pessoas que vivem uma situação ruim sem perceber – ou pior, sem querer perceber. O filme “O Amor Não Tira Férias”, uma comédia romântica legítima, fala de pessoas que vivem assim, mas, que conseguem dar a volta por cima.

A época do final de ano sempre consegue balançar o emocional das pessoas, seja pelo espírito de confraternização, seja pelas lembranças que evoca. É para aproveitar esse ambiente emocional propício que muitos filmes românticos usam a época como pano de fundo. “O Amor Não Tira Férias” não foge à regra, e, consegue se sair bem.

A trama envolve duas personagens que vivem em lados opostos do mundo. A executiva Amanda Woods (Cameron Diaz) é um exemplo da americana bem sucedida. Dona de uma empresa produtora de trailers de filmes em Los Angeles, tem todo o conforto que uma sociedade de consumo pode oferecer. O problema é que ela descobre ter sido traída pelo namorado, um músico produtor de trilhas sonoras para o cinema. Ela o expulsa de casa, pondo fim à relação, descobrindo que, por mais que sinta falta dele, não consegue derramar uma lágrima.

Do outro lado do Atlântico, Iris Simpkins (Kate Winslet), uma inglesa romântica, trabalha no jornal Daily Telegraph, de Londres, escrevendo uma coluna sobre casamentos. Íris é apaixonada por um colega de trabalho, Jasper (Rufus Sewell), com quem mantém uma relação subserviente, às escondidas. Seu frágil mundo vem abaixo quando descobre que Jasper vai se casar com outra mulher, e, cinicamente, propõe que mantenham a relação como está.

O desencanto com suas realidades faz com que as duas mulheres entrem em um programa de troca de casas durante as férias. Esse programa, apesar de, no filme, parecer produto da internet, já é utilizado há décadas, mundo à fora. Como sempre acontece nos filmes, as duas se conhecem casualmente e decidem trocar de casa – no dia seguinte, já que, no primeiro mundo, ninguém tem problemas para tirar visto, conseguir passagens, etc..

Para Íris, o mundo de Los Angeles parece deslumbrante, com a confortável mansão de Amanda repleta de tudo o que a tecnologia pode oferecer. Para completar, ela conhece duas pessoas fascinantes. O primeiro é Arthur Abbott (Eli Wallach), um renomado roteirista de cinema aposentado, com uma vida reclusa, piorada pela dificuldade de locomoção. O outro é Miles (Jack Black), um jovem compositor de músicas para cinema. Para Miles, tudo é música, e, o filme, através dele, presta uma singela homenagem aos grandes compositores do cinema, como Ennio Morriconi (“Cinema Paradiso”), John Williams (“Tubarão”) e Max Steiner (“E o Vento Levou”). Nesta cena, acontece uma ponta de Dustin Hoffman, exatamente quando falavam do filme “A Primeira Noite de um Homem”, estrelado por ele.

Para Amanda, acostumada ao total conforto, é um choque descobrir que o lindo chalé de Íris é uma habitação rústica, em uma zona rural nas proximidades de Londres. Poucas horas após a chegada, já está de malas prontas para voltar à civilização, quando o acaso (sempre o acaso) faz com que Graham (Jude Law), o irmão de Íris, bata à sua porta. Não é difícil imaginar que aconteça o envolvimento entre os dois, embora os dois sejam muito diferentes. Mas, como diz o clichê, os opostos se atraem…

Aliás, falando-se em clichês, o filme está repleto deles. Isso não desmerece o filme, pois não há comédia romântica sem clichês. O roteiro muito bem amarrado, a ótima trilha sonora e a direção segura de Nancy Meyers, que já brilhara com “Alguém Tem Que Ceder”, tornam “O Amor Não Tira Férias” uma experiência agradável e divertida, mesmo para quem não embarque no romantismo e emotividade do enredo.

Quase sem alarde, o filme lembra que cada um de nós é o dono do próprio destino e responsável direto pela sua felicidade. São as escolhas que fazemos, alicerçadas pela coragem de enfrentar o imobilismo, é que farão toda a diferença sobre o que queremos ser quando crescer. Se der para perceber isso, já estará pago o ingresso. Como disse o pensador americano William Jennings Bryan, “O destino não é uma questão de oportunidade. É uma questão de escolha. Não é algo para se ficar esperando, é algo a ser conquistado.”

Analisando friamente, “O Amor Não Tira Férias” é um romance bobinho, água-com-açúcar e com final bem previsível. Mas, todo mundo tem, pelo menos, um dia na vida que só se tem vontade de ficar assistindo um filme bobinho, água-com-açúcar e final previsível. Se for o caso, minha primeira recomendação é “O Amor Não Tira Férias”.