Claquete – 12 de janeiro de 2007
Newton Ramalho – colunaclaquete@gmail.com
O que está em cartaz
Para ocupar a criançada nas férias de verão, o cinema ainda é a melhor diversão. Para sorte dos pais, há uma variedade de bons títulos em cartaz. Nas estréias da semana, a divertida comédia “Uma Noite no Museu” (veja em Filmes da Semana), com Ben Stiller, a animação “O Mar Não Está Para Peixe”, com a voz de Tom Cavalcante e o drama futurista “Os Filhos da Esperança”, com Clive Owen (só no Moviecom). Nas continuações, o infantil “A Menina e o Porquinho”, o drama de ação “Diamante de Sangue” (veja em Filmes da Semana), com Leonardo DiCaprio, a fantasia “Eragon”, a comédia nacional “O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili”, com Renato Aragão, “007 – Cassino Royale”, ação, com o novo James Bond, “Xuxa Gêmeas” e a animação “Por Água Abaixo”. Nas programações exclusivas, no Cinemark, tem a comédia “O Dono da Festa 2” e o romance “O Amor Não Tira Férias”, com Cameron Diaz, Jude Law e Kate Winslet.
Estréia 1: “Uma Noite no Museu”
O idealista e sonhador Larry Daley (Ben Stiller) aceita trabalhar no turno da madrugada no Museu de História Natural de Nova York. Durante seu trabalho, porém, coisas estranhas começam a acontecer, já que tudo no museu ganha vida à noite – guerreiros maias, gladiadores romanos e cowboys saem de suas maquetes e travam batalhas épicas; em sua busca por fogo, um homem das cavernas queima sua vitrine; Átila – O Huno começa a pilhar a sua ala do museu e um Tiranossauro lembra a todos os motivos pelos quais ele é considerado o maior predador de todos os tempos. Em meio ao caos, a única pessoa que pode ajudar Larry é a figura de cera do presidente Teddy Roosevelt (Robin Williams). A direção é de Shawn Levy. “Uma Noite no Museu” estréia nesta sexta-feira, nos Cines 4 (dublado) e 6 (legendado) do Moviecom e nas Salas 2 (dublado), 5 e 6 (legendado) do Cinemark. Censura livre.
Estréia 2: “Filhos da Esperança”
Num futuro apocalíptico, a população cai em anarquia, quando se descobre que nenhuma mulher consegue mais engravidar. O mais novo cidadão do mundo acaba de falecer, aos 18 anos, e a humanidade está enfrentando a possibilidade de extinção. Numa Londres arrasada pela violência e por seitas nacionalistas em guerra, Theo (Clive Owen), um burocrata desiludido, se torna um sobrevivente. Procurado por sua ex-esposa Julian (Julianne Moore), Theodore é apresentado a uma jovem que, misteriosamente, está grávida. Eles passam a protegê-la a qualquer custo, por acreditar que a criança por vir seja a salvação da humanidade. O filme, dirigido pelo mexicano Alfonso Cuarón, é baseado no clássico da ficção científica escrito por P. D. James. O elenco conta ainda com Michael Caine. “Filhos da Esperança” estréia nesta sexta-feira, no Cine 1 do Moviecom. Para maiores de 16 anos.
Estréia 3: “O Mar Não Está Para Peixe”
Pê (Felipe Dylon) é um simpático peixinho órfão, que chegou recentemente a um belo recife e está em busca de sua tia Pérola. Logo ele começa a se enturmar com os moradores locais e se apaixona por Cordélia (Grazielli Massafera), uma peixinha cor-de-rosa que atrai as atenções de todos os peixes. Troy (Tom Cavalcante), um perigoso tubarão, também está interessado em Cordélia. Para proteger Cordélia, Pê decide enfrentar Troy e fazer com que o recife fique livre de uma vez por todas de sua ameaça. “O Mar Não Está Para Peixe” estréia nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom, e, na Sala 5 do Cinemark. Censura livre. Cópia dublada.
Novidades
Campeões de bilheteria em 2006
Como era de se esperar, os blockbusters foram as maiores bilheterias nacionais em 2006. O campeão foi “A Era do Gelo 2” e o vice, o polêmico “Código Da Vinci”. Vale comemorar o terceiro lugar de “Se Eu Fosse Você”, deliciosa comédia nacional de Daniel Filho, que bateu “X-Men” e “Piratas do Caribe”, quarto e quinto colocados. O público infanto-juvenil foi que ditou o mercado, com “Carros”, “As Crônicas de Nárnia”, “Superman – O Retorno”, “Os Sem-Floresta” e “Click”, do sexto ao décimo lugar.
Divulgada cota de tela nacional para 2007
Na última semana de 2006 saíram as regras para a cota de tela dos filmes brasileiros nos cinemas em 2007. Para quem não sabe, a cota de tela estipula o número mínimo de dias em que as salas precisam exibir filmes nacionais ao longo do ano, sendo calculado de acordo com a participação do próprio cinema nacional no mercado no ano anterior. Para este ano houve uma redução no número de dias para cinemas que tenham até quatro salas. Os cinemas de apenas uma sala deverão exibir filmes nacionais por 28 dias em 2007. Os de duas salas têm a cota de 70 dias, os de três, 126 dias e os de quatro, 196 dias. Para cinemas entre cinco e oito salas, as cotas são as mesmas de 2006: 280, 378, 441 e 448, respectivamente.
“Cassino Royale” – a trilha sonora
Se você gostou do último filme de James Bond, “007 – Cassino Royale”, saiba que já está disponível, em CD, a trilha sonora do filme. Ao todo, são 25 faixas que traduzem momentos de tensão, romance e ação do filme, incluindo “African Rundown”, “The Bitch Is Dead” e “The Bad Die Young”, alguns dos destaques. O disco é da Sony & BMG.
Filmes da Semana: “Uma Noite no Museu” e “Diamante de Sangue”
Valores e Missão, do Museu até a África
Depois de uma entressafra de lançamentos mornos, chegam aos cinemas dois filmes para lá de interessantes, embora cada um com uma temática e públicos bem diferenciados. Os filmes são a comédia de família “Uma Noite no Museu” e o drama “Diamante de Sangue”. Além de terem todos os elementos para os seus públicos, os dois filmes ainda conseguem mostrar algumas mensagens nas entrelinhas, para quem quiser enxergá-las.
“Uma Noite no Museu” é o típico filme para assistir num domingo à tarde, com a família toda, dando muitas risadas. A história gira em torno de Larry Daley (Ben Stiller), um idealista e frustrado inventor, que luta com as dificuldades financeiras, enquanto tenta manter uma boa relação com o filho, que vive com a mãe e o novo marido. Para não ser despejado, e, perder a guarda compartilhada, ele é obrigado a pegar o primeiro emprego que aparece, o de guarda noturno do Museu de História Natural de Nova York.
O que parecia ser apenas um trabalho monótono logo vira um pesadelo, pois, à noite, tudo no museu ganha vida. Durante a noite, Larry tem que fugir de um Tiranossauro Rex, de leões selvagens, os hunos de Átila, de minúsculos e briguentos caubóis e até mesmo de um macaquinho sacana, que o inferniza, com suas estripulias. A única ajuda vem da imagem de Theodore Roosevelt (Robin Williams), que tenta explicar como as coisas funcionam por ali.
Decidido a enfrentar seus medos, Larry mergulha fundo na História, para entender e encontrar uma forma de lidar com os incontroláveis habitantes do museu. Ao mesmo tempo, ele descobre que o dá vida a tudo é um misterioso amuleto egípcio, que chegou no museu há cinqüenta anos, junto com a múmia de um faraó.
Sob ameaça de perder o emprego, Larry convida o filho para ficar com ele à noite, para conhecer as maravilhas do museu. O que ele não contava é que um grupo de assaltantes escolheu justo aquela noite para roubar os objetos valiosos. Além de combater os bandidos, ele ainda terá que trazer de volta vários personagens e animais que fugiram do museu. E, tudo isto antes do amanhecer, pois quem estiver fora será transformado em pó…
“Diamante de Sangue” não poderia ser mais oposto, principalmente pelo tema focalizado, o contrabando de diamantes que alimenta as guerras civis na África. A história se passa no final da década de 90, em Serra Leoa, país do noroeste da África, dominado por uma sangrenta guerra civil, onde o que menos importa é a ideologia do governo ou dos rebeldes. O grande combustível da guerra é a exploração de diamantes, que, além do enriquecimento ilícito dos dirigentes de ambos os lados, é utilizado para a compra de armas.
No fogo cruzado, a população civil é que sofre, tornando-se não apenas vítimas indefesas, mas, sendo obrigadas a participar do conflito, seja como soldados ou como operários das minas.
Esta era a situação de Solomon Vandy (Djimon Hounsou), um humilde pescador, extremamente dedicado à família, e, que sonhava com um futuro melhor para os três filhos. Durante o ataque à sua aldeia, Solomon é capturado pelos rebeldes, para o trabalho escravo em uma das minas de diamante dominada pelo grupo.
É lá que Solomon encontra um enorme e precioso diamante, de valor incalculável, que pode significar a salvação de sua família. Mas, o simples fato de esconde-lo implica em uma sentença de morte. O acaso, na forma de um ataque das forças do governo, ajuda Solomon, que esconde o diamante em um buraco, pensando em recupera-lo depois.
Todos são levados para a prisão, onde também se encontra Danny Archer (Leonardo DiCaprio), um ex-mercenário e contrabandista de diamantes. Ele escuta os impropérios do líder dos rebeldes, mencionando Solomon e o diamante, e, resolve investigar melhor a história.
Ao sair da prisão ele conhece Maddy Bowen (Jennifer Connely), uma jornalista americana idealista que está em Serra Leoa para desvendar a verdade por trás dos diamantes de sangue, expondo a cumplicidade dos chefes da indústria das pedras, que optaram pelo lucro no lugar dos princípios. Os interesses mútuos unem os três aventureiros, que seguem para o interior do país, Solomon em busca de sua família, Maddy, de uma história e Danny, do diamante, que poderá assegurar a sua saída da África.
Mas, outras pessoas também procuram o diamante. Um deles é o Coronel Coetzee (Arnold Vosloo), chefe de um grupo mercenário, que lucra com a guerra, a venda de armas e com o contrabando de diamantes.
O conflito será decidido na mina de diamantes onde Solomon encontrou a pedra. Lá está um bem mais precioso do que ela, o seu filho, capturado e doutrinado pelos rebeldes. Danny precisará usar toda a sua astúcia para enfrentar os rebeldes e os seus ex-colegas mercenários, para conseguir a sua tão sonhada passagem de fuga.
Além da história envolvente, roteiro bem amarrado e uma direção segura, a fotografia reproduz com fidelidade as belíssimas paisagens das estepes e montanhas africanas. E, tudo isso embalado por uma trilha sonora eclética, que vai da tradicional orquestra ao rock pesado dos ataques rebeldes.
Muito bem, dirão os meus queridos leitores, mas, o que, afinal de contas, têm em comum uma comédia de família e um drama turbulento? A princípio, nada, além do fato de serem filmes acima do nível comum, ambos em seus gêneros. Mas, os meus colegas administradores certamente irão identificar, em ambos os filmes, a firmeza de valores e o senso de missão dos personagens.
Em “Uma Noite no Museu”, o tímido Larry, mesmo sofrendo o choque da irrealidade, ao defrontar com objetos ganhando vida, não foge às suas responsabilidades e busca a melhor maneira de administrar o caos. Aliás, falando-se em caos, não é difícil encontrar semelhanças entre o museu com os bichos vivos, e, uma empresa, ou, um governo. São equipes lutam entre si, dificuldade de comunicação, equipes isoladas e mal treinadas, etc..
Larry consegue se aproximar mais de seus pupilos quando observa as suas necessidades, cria canais de comunicação, consegue os consultores apropriados e, o mais importante, convence todos a se unir em torno de um objetivo comum. Estão duvidando? Assistam ao filme e me contem a sua percepção.
Em “Diamante de Sangue”, além de se expor como os objetivos de grandes corporações e governos podem ser extremamente anti-éticos, ao ignorar e mesmo sacrificar as pessoas, a história mostra como os valores mais fundamentais são exatamente a base de tudo. Para Solomon, a família era o bem mais valioso, e, mesmo em meio ao caos em que viviam, mantinha padrões de comportamento éticos, pensando estrategicamente no futuro da família, buscando compensar a pobreza com a educação dos filhos. Em meio à crise, não perdeu o foco principal, que era salvar a família, mesmo que tivesse de se expor a riscos extremos.
Bem, e mesmo quem não conseguir enxergar nada dessas coisas que me chamaram a atenção, certamente o espectador não ficará desapontado, pois, qualquer um dos filmes é diversão na certa, cada um para seu público.