Claquete – 19 de janeiro de 2007

Newton Ramalho – colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Chuva, enchentes, crateras e deslizamentos. Ninguém lembrou à Natureza que é verão? Neste final de semana, as estréias são exclusivas. No Cinemark, entram em cartaz o suspense “Déjà Vu”, com Denzel Washington, e, o terror chinês “Silk – O Primeiro Espírito Capturado”. No Moviecom, por sua vez, estréiam o musical “Ela Dança, Eu Danço” e o drama nacional “O Ano Que Meus Pais Saíram de Férias”. Nas continuações, temos a divertida comédia “Uma Noite no Museu”, com Ben Stiller, a animação “O Mar Não Está Para Peixe”, com a voz de Tom Cavalcante, o drama de ação “Diamante de Sangue”, com Leonardo DiCaprio, a fantasia “Eragon”, a comédia nacional “O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili”, com Renato Aragão, “007 – Cassino Royale”, ação, com o novo James Bond, “Xuxa Gêmeas”. Nas programações exclusivas, no Cinemark, tem o romance “O Amor Não Tira Férias”, com Cameron Diaz, Jude Law e Kate Winslet e a animação “Por Água Abaixo”. E, no Moviecom, o drama futurista “Os Filhos da Esperança”, com Clive Owen (veja em Filme da Semana), e o infantil “A Menina e o Porquinho”.

Estréia 1: “Déjà Vu”

Doug Carlin (Denzel Washington) trabalha para a Agência do Tabaco, Álcool e Armas de Fogo. Chamado para recuperar provas após a explosão de uma bomba em uma balsa localizada em Nova Orleans, Carlin descobre que aquilo que a maioria das pessoas acredita estar apenas em sua mente é bem mais poderoso do que se imagina. Com a ajuda de Denny (Adam Goldberg), um cientista, Carlin e seu parceiro Pryzwarra (Val Kilmer) voltam no tempo para tentar impedir um terrorista (Jim Caviezel) de explodir um embarcadouro. Déjà vu é a sensação que se tem de já ter vivido uma determinada situação anteriormente. A direção é de Tony Scott (“Top Gun – Ases Indomáveis”). “Déjà Vu” estréia nesta sexta-feira, na Sala 1 do Cinemark. Para maiores de 14 anos.

Estréia 2: “Silk – O Primeiro Espírito Capturado”

Um grupo de cientistas liderado por Hashimoto (Yosuke Eguchi) conseguiu capturar a energia de um fantasma infantil graças a uma nova invenção. O espírito, isolado num apartamento vazio, fala um linguajar que ninguém entende. Hashimoto convoca um agente especialista em leitura de lábios para descobrir o que o menino fala. Mais um exemplar do terror oriental, dirigido pelo diretor chinês Chao-Bin Su. “Silk – O Primeiro Espírito Capturado” estréia nesta sexta-feira, na Sala 7 do Cinemark. Para maiores de 14 anos.

Estréia 3: “Ela Dança, Eu Danço”

O rebelde Tyler Gage (Channing Tatum) vive aprontando nas ruas de Baltimore, enquanto sonha ser alguém na vida. Quando é pego depredando uma escola, ele é sentenciado a prestar serviço comunitário no próprio colégio. O prédio é a sede da escola de Artes, onde ele conhece Nora (Jenna Dewan) a primeira bailarina da escola. Nora está procurando desesperadamente por alguém para substituir seu parceiro, que havia se machucado antes do mais importante show da escola. Quando se encontram, ela vê um potencial enorme no garoto. Quando ela decide tentar substituir seu ex-parceiro por Tyler, a tensão entre eles e as pessoas à sua volta e todo o seu passado começa a se tornar um grande problema. Os dois terão que enfrentar vários obstáculos para conseguir realizar o futuro que cada um deseja para si. Tyler terá somente uma chance de mostrar e provar para Nora e para si mesmo que pode ir além de sua vida vazia. “Ela Dança, Eu Danço” estréia nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.

Estréia 4: “O Ano Que Meus Pais Saíram de Férias”

1970. Mauro (Michel Joelsas) é um garoto mineiro de 12 anos, que adora futebol e jogo de botão. Um dia sua vida muda completamente, já que seus pais saem de férias de forma inesperada e sem motivo aparente para ele. Na verdade os pais de Mauro foram obrigados a fugir por serem de esquerda e serem perseguidos pela ditadura, tendo que deixá-lo com o avô paterno (Paulo Autran). Porém o avô enfrenta problemas, o que faz com que Mauro tenha que ficar com Shlomo (Germano Haiut), um velho judeu solitário que é seu vizinho. Enquanto aguarda um telefonema dos pais, Mauro precisa lidar com sua nova realidade, que tem momentos de tristeza pela situação em que vive e também de alegria, ao acompanhar o desempenho da seleção brasileira na Copa do Mundo. A direção é de Cao Hamburger. “O Ano Que Meus Pais Saíram de Férias” estréia nesta sexta-feira, no Cine 7 do Moviecom. Para maiores de dez anos.

Novidades

“Táxi 3”, em DVD

Não confunda este filme com aquele que Gisele Bundchen participou, ao lado de Queen Latifah. O filme em questão é uma produção francesa, que mistura ação policial e muito humor, sob a direção de ninguém menos que Luc Besson. Quem está acostumado a filmes tensos como “O Profissional” ou “Joana DArc” irá se surpreender com “Táxi 3”. Um policial atrapalhado terá que contar com um alienado motorista de táxi para capturar uma misteriosa quadrilha que age disfarçada de Papai Noel. Pena que a imagem seja em tela cheia, mas, o som original em francês está em Dolby Digital 5.1 impecável. Nas locadoras.

Para os novos autores – I

Lembro aos novos escritores e poetas de Natal que estão abertas as inscrições para os concursos literários Câmara Cascudo (prosa) e Othoniel Menezes (poesia), promovidos pela prefeitura de Natal. As inscrições vão até o dia 9 de fevereiro. Mais informações e regulamento, na sede da Funcart, e no site da Prefeitura do Natal (http://www.natal.rn.gov.br/).

Para os novos autores – II

Estão abertas as inscrições para o Prêmio de Literatura Juvenil Ferreira de Castro, destinado a jovens brasileiros. Promovido pela associação portuguesa do mesmo nome, o prêmio revela e divulga valores literários em países de língua portuguesa. Podem concorrer estudantes brasileiros e portugueses residentes no Brasil, nas faixas de 12 a 15 anos (Escalão A) e de 16 a 20 anos (Escalão B). As modalidades são prosa e poesia, com tema livre. Mais informações no site www.prof2000.pt/users/apnljfc.

Filme da Semana: “Filhos da Esperança”

Cinzas do futuro

Já imaginaram como seria um mundo sem crianças? Mesmo o Herodes mais ranzinza seria obrigado a encarar o fato de que este seria um mundo fadado à extinção, já que uma criança representa a continuidade da Vida. Esta realidade amarga e cruel é apresentada no filme “Filhos da Esperança”, do diretor mexicano Alfredo Cuarón.

A trama se passa duas décadas no futuro, no ano de 2027. Algo aconteceu, arma biológica ou algum outro desastre, que provocou a infertilidade da população. As pragas, a poluição e outros malefícios causados pelo próprio homem provocaram mortes em massa – e as crianças, mais frágeis, foram as principais vítimas. Neste mundo de adultos, o ser humano mais jovem tem dezoito anos.

Tantos acontecimentos ruins levaram o mundo ao caos. Guerras fraticidas arruinaram a ordem mundial. A Inglaterra, onde se passa a história, fechou suas fronteiras para o resto do mundo, e, agora, o governo caça os imigrantes ilegais, para expulsa-los do país. Como cada ação causa reação, grupos clandestinos surgem em todo lugar, reagindo através de atentados terroristas.

É neste universo conturbado que vive Theodore Faron (Clive Owen), um antigo ativista político, hoje cumprindo o expediente de funcionário público. No dia em escapa, por um triz, de uma explosão em uma cafeteria, recebe a notícia de que o homem mais jovem do mundo, um argentino de dezoito anos, fora morto por um fanático.

Como se fossem poucas as surpresas para um mesmo dia, ele é seqüestrado pelos Peixes, um dos mais poderosos grupos aliados dos imigrantes. Ao tirarem a venda de seus olhos, é surpreendido pela visão de sua ex-mulher, que não via a mais de vinte anos. Julian (Julianne Moore) pede sua ajuda para conduzir uma pessoa através do país.

Theo não entende a urgência do pedido, principalmente porque, na situação atual, ninguém viajava, a não ser por algum motivo extremamente grave. Mas, para atender Julian, ele vai até um parente que ocupa um cargo de ministro, para conseguir o documento.

Ao iniciar a viagem, junto com Julian, outros ativistas e a misteriosa Kee (Claire-Hope Ashitey), eles são emboscados por atacantes fanáticos. Conseguindo refugiar-se em uma fazenda, Theo descobre porque Kee é tão importante. A garota está grávida, e, é a primeira pessoa a ficar neste estado em dezoito anos.

A partir daí, a vida de Theo vira um inferno, pois ele descobre que todos, governo e terroristas, querem usar Kee e seu bebê como arma política. Ele terá que enfrentar milhares de inimigos, muito fanatismo e toda sorte de dificuldades para conduzir a moça e sua preciosa carga em segurança, até o Projeto Humano, uma misteriosa organização que tenta reconstruir a Humanidade.

O tom sombrio do filme parece ser uma característica de Alfredo Cuarón, este mexicano que tem em seu currículo títulos tão díspares quanto “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban” e o road-movie “E Sua Mãe Também”. O clima do filme é proporcionado, principalmente, pela maravilhosa fotografia de Emmanuel Lubezki, companheiro de Cuarón em vários filmes. O elenco todo está perfeito, destacando-se a figura do eterno hippie Jasper (Michael Caine), impecável como sempre.

O filme é baseado no livro “Children of Men”, da escritora inglesa P.D. James. O tema apocalíptico do fim da humanidade não é novo, tendo sido usado por outros autores, como Brian Aldiss, em “Jornada da Esperança” e Arthur C. Clarke, em “O Fim da Infância”.

É claro que uma obra de ficção usa o exagero para expressar a sua mensagem, e “Filhos da Esperança” não foge à regra. Contudo, não é difícil imaginar um futuro sombrio quando os valores mais importantes são o sucesso a qualquer preço, a riqueza, o prazer egoísta, o indivíduo prevalecendo sobre o grupo. Se pararmos para pensar no aumento do aquecimento global, nas infindáveis guerras motivadas por petróleo e outras riquezas, em doenças como a gripe aviária e AIDS, será que um mundo como o do filme realmente é exagerado?

A esperança, do título nacional, é expressada em uma tocante cena do filme, quando a simples visão de um bebê é capaz de cessar toda hostilidade, lembrando a todos da importância da continuidade da vida. Assista e tire as suas próprias conclusões.