Claquete – 16 de março de 2007
O que está em cartaz
Depois de causar polêmica e ameaça de boicote dos espectadores, chega em Natal o filme “Turistas”, que estréia só no Moviecom. Além dele, temos também “O Último Rei da Escócia” (só no Cinemark), que deu o Oscar para Forest Whitaker, “Ponte Para Terabítia”, produção da Disney, e “Mais Estranho Que a Ficção” (só no Moviecom). Continuam em cartaz “A Rainha” (veja em Filme da Semana), que deu o prêmio de Melhor Atriz a Helen Mirren, a comédia “Norbit”, onde Eddie Murphy interpreta diversos personagens, a ação “Motoqueiro Fantasma”, com Nicolas Cage, “Letra e Música”, comédia romântica com Hugh Grant e Drew Barrymore, o drama “À Procura Da Felicidade”, o desenho de Mauricio de Sousa “Turma da Mônica – Uma Aventura no Tempo”, e “Uma Noite no Museu”. Nas programações exclusivas, no Moviecom, tem a comédia escatológica “Borat”, enquanto que o Cinemark oferece “Dreamgirls – Em Busca de um Sonho” e a comédia nacional “A Grande Família! O Filme”,
Estréia 1: “O Último Rei da Escócia”
Nicholas Garrigan (James McAvoy) é um elegante médico escocês, que deixou recentemente a faculdade. Ele parte para Uganda em busca de aventura, romance e alegria, e para ajudar um país que precisa muito de suas habilidades médicas. Logo após sua chegada, Nicholas é levado ao local de um acidente bizarro, onde o líder recém-empossado do país, Idi Amin (Forest Whitaker), atropelara uma vaca com seu Maserati. Nicholas consegue dominar a situação, o que impressiona Amin. Obcecado com a cultura e a história da Escócia, Amin se afeiçoa a Nicholas e lhe oferece a oportunidade de ser seu médico particular. Ele aceita a oferta, o que faz com que passe a freqüentar o círculo interno de um dos mais temíveis ditadores da África. Primeiro, Garrigan é seduzido pela famosa e cativante personalidade de Amin e seus planos ambiciosos para Uganda, sem mencionar a paixão do ditador por carros de corrida, mulheres bonitas e festas glamourosas. Com o passar do tempo, seduzido por seu próprio desejo de poder, Garrigan se torna o confidente do ditador, seu conselheiro e braço direito, sendo testemunha de eventos cada vez mais violentos. Mas, quando ele finalmente ousa parar com a insanidade, ingressa em uma luta desesperada para sobreviver. Este filme garantiu o Oscar de Melhor Ator para Forest Whitaker. A direção é de Kevin MacDonald. “O Último Rei da Escócia” estréia nesta sexta-feira, na Sala 7 do Cinemark. Para maiores de 16 anos.
Estréia 2: “Ponte Para Terabítia”
Certa manhã Harold Crick (Will Ferrell), um funcionário da Receita Federal, passa a ouvir seus pensamentos como se fossem narrados por uma voz feminina. A voz narra não apenas suas idéias, mas também seus sentimentos e atos com grande precisão. Apenas Harold consegue ouvir esta voz, o que o faz ficar agoniado. Esta sensação aumenta ainda mais quando descobre pela voz que está prestes a morrer, o que o faz desesperadamente tentar descobrir quem está falando em sua cabeça e como impedir sua própria morte. Dirigido por Marc Forster (“Em Busca da Terra do Nunca”), o elenco conta, também, com Emma Thompson, Queen Latifah e Tom Hulce. “Mais Estranho Que a Ficção” estréia nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom. Para maiores de dez anos.
Estréia 4: “Turistas”
Novidades
“Deu a Louca na Chapeuzinho”, em DVD
Esta interessante reinterpretação da clássica história de chapeuzinho chega em versão digital. A bicharada está assustada depois que policiais do reino animal recebem denúncias de uma confusão na floresta. A bagunça envolve nada menos do que a Chapeuzinho Vermelho, o Lobo Mau, o Lenhador e a Vovozinha. Nesta confusão, quem será que conta a verdade? E quem roubou as receitas de doces da Vovó? O filme traz formato de tela widescreen anamórfico e som Dolby Digital. Nas locadoras.
“DOA: Vivo ou Morto”, em DVD
Oficina de Vídeo Digital de Bolso
Entre os vários eventos da programação da sexta edição do Festival Curta Natal de Cinema e Vídeo, está a 1ª Mostra Curta Celular, para filmes de até dois minutos, feitos com aparelho celular. Além da mostra, o festival irá promover uma oficina sobre o tema, de 26 a 30 de março, ministrada pelo fotógrafo Henrique José da Ong ZooN Fotografia. Mais informações no site http://www.curtanatal.com.br/.
Cineclube Natal exibe “Luzes da Cidade”
Filme da Semana: “A Rainha”
O lado pouco nobre da nobreza
Se alguém fizesse uma enquête sobre um acontecimento que poderia ter gerado uma crise na Inglaterra, muitos falariam da Guerra do Iraque, os mais antigos das greves da Margaret Tatcher ou mesmo da Guerra das Malvinas. Mas, o que abalou a estrutura tradicional do governo britânico nos últimos anos foi a morte da princesa Diana, apresentado brilhantemente no filme “A Rainha”, em cartaz nos nossos cinemas.
A história do filme passa-se em agosto de 1997, iniciando com a vitória estrondosa do trabalhista Tony Blair sobre o conservador John Major. Com uma mensagem reformista, prometia mudanças na educação e saúde, contrapondo-se aos pavorosos anos de Margaret Tatcher e suas privatizações a qualquer custo.
Simples e informal, o primeiro contato de Blair com a rainha mostra as gritantes diferenças entre um pobre mortal e a mais alta representante de uma aristocracia cuja linhagem tem mil anos de história.
Alguns dias depois, o mundo é sacudido pela notícia do acidente em Paris, onde morrem a Princesa Diana, o então namorado Dodi Al-Fayed e o motorista do veículo. A comoção é geral, pois, mesmo divorciada do príncipe Charles, Diana nunca saíra da mídia, não apenas pelo glamour dos meios que freqüentava, mas, também, pelos importantes trabalhos sociais que participava.
Na Inglaterra, a reação não foi diferente. Espontaneamente, milhares de pessoas dirigiam-se ao Palácio de Buckinhan, a residência oficial da família real inglesa, depositando flores, cartões e outras homenagens. Sem perder tempo, a equipe de Blair declarou o pesar, usando a expressão “princesa do povo”, que foi aceita e integrada ao imaginário dos emocionados britânicos.
Já da família real, nenhuma reação. Ainda ressentidos dos embates que levaram à separação com o príncipe Charles, os Windsor recusavam-se a prestar homenagens públicas ou manifestar-se de qualquer forma, considerando Diana uma pessoa “que não mais fazia parte da família real”.
Aos poucos, essa atitude começou a despertar uma reação no público, que, instintivamente, culpava a família real pela morte de Diana. Percebendo os sinais, Blair e sua equipe tentavam convencer a rainha a quebrar as tradições e prestar satisfações à população. Só quando informam que, de acordo com uma pesquisa, uma em cada quatro pessoas achava que a monarquia deveria acabar, é que resolvem submeter-se ao inevitável.
O caso terminou sendo uma vitória política do primeiro-ministro, que soube usar a crise a seu favor. Principalmente por ter, o próprio Blair, passar a assumir um papel de paladino da família real e do seu way of life. Ainda demorariam alguns anos, e, muitas trapalhadas militares ao lado dos Bush para tirar o brilho de Blair.
Embora trate de fatos bem conhecidos da história recente, o filme aborda-os através da ótica de um não-ingles, mostrando o anacronismo de uma nação moderna, envolvida com os principais problemas do mundo, tendo como chefe da nação uma representante de uma nobreza que cultiva valores que nada tem a ver com o mundo moderno.
Embora o título enfoque a rainha Elizabeth, a atenção pendula entre ela, o primeiro-ministro, o povo, que assume uma entidade própria, e, a falecida Diana, presente em todos os momentos do filme, com imagens reais, obtidas da imprensa, que a idolatrava.
Além da atuação impressionante de Helen Mirren, no papel-título, que lhe rendeu um merecido Oscar de Melhor Atriz, o roteiro bem amarrado, a direção segura de Stephen Frears, a fotografia do brasileiro Affonso Beato é um show à parte.
No mundo imediatista em que vivemos, onde a memória se resume a fatos recentes, é interessante observar as diferenças entre o tradicional e o moderno, os objetivos pessoais e os de uma nação, e, principalmente, dos valores de cada um. Vale à pena conferir e formar a sua própria opinião.