Claquete – 04 de maio de 2007
O que está em cartaz
As aranhas invadem os cinemas do Brasil. Não, não precisam chamar a dedetizadora. É a esperada estréia de “Homem-Aranha 3”, com novas aventuras do simpático e confuso aracnídeo. Em Natal, sete das 14 salas disponíveis serão ocupadas por essa estréia. Continuam em cartaz “Apocalypto”, de Mel Gibson, “O Bom Pastor”, de Robert de Niro, (vejam em Filmes da Semana), o épico “300” e a animação “A Família do Futuro”. Nas programações exclusivas, o Cinemark exibe a comédia romântica “Minha Mãe Quer Que Eu Case” e “As Férias de Mr. Bean”. Já o Moviecom mantém em cartaz o documentário “O Segredo”, os suspenses “Hannibal – A Origem do Mal”, sobre a origem do famoso vilão, “A Colheita do Mal”, com Hilary Swank, o divertido road-movie “Motoqueiros Selvagens”, e “As Tartarugas Ninja – O Retorno”.
Estréia 1: “Homem Aranha 3”
Novidades
“A Grande Família”, em DVD
Depois de fazer um exame, Lineu (Marco Nanini) tem certeza de que irá morrer e de que a família Silva não sobreviverá. Ele experimenta, então, três chances de refazer suas relações com todos, de forma que eles não sintam a sua partida. Sem entender o porquê, a família é atingida em cheio por estas atitudes, ora cômicas, ora trágicas. Não há informações técnicas sobre o disco. Nas locadoras.
“Anjos do Sol”, em DVD
Maria, uma menina de 12 anos, é vendida pela família no interior do nordeste brasileiro, a um recrutador de prostitutas, que a envia para um prostíbulo em um garimpo na selva amazônica. Após meses sofrendo abusos, Maria consegue fugir e atravessa o Brasil na carona de caminhões. Mas, a prostituição coloca-se novamente no seu caminho. Fortíssimo filme de Rudi Lagemann, inspirado em histórias reais relatadas na imprensa, foi o grande vencedor do Festival de Gramado. Lamentavelmente, a edição em DVD vem em tela cheia e sem nenhum extra. Mas, o filme vale à pena ser assistido. Nas locadoras.
Museu virtual do som
Está no ar o primeiro museu virtual brasileiro sobre a história da gravação, o Odisséia do Som. Nele, é possível ter acesso a mais de 250 músicas em mp3 para download gratuito e cerca de 1300 para serem ouvidas em streaming, gravadas com as principais bandas, intérpretes e orquestras do início do século 20. O site oferece ainda, para download, quase 300 partituras e apresenta os primeiros registros sonoros da humanidade, inclusive dos experimentos de Thomas Alva Edison, o criador da indústria fonográfica. O endereço é www.odisseiadosom.com.br.
Cassino Royale: Argentina 1 x 0 Brasil
Pois é, pelo menos em edição decente do filme “007 – Cassino Royale”, os argentinos estão ganhando de nós. Enquanto a edição para locação no Brasil saiu só com o filme, sem nenhum extra, a versão argentina vem traz um segundo disco repleto de documentários, clipes e trailers. Agora, o irônico é que este disco dos hermanos foi produzido aqui no Brasil! Dá para acreditar?
Homem-Aranha pra todo lado
Bem, não serve para presente de dia das mães, mas, com a estréia de “Homem Aranha 3”, as lojas online e de tijolo estão vendendo tudo com a imagem do aracnídeo, desde os DVDs dos filmes anteriores, CDs de trilhas sonoras, roupas, brinquedos, material escolar, fantasias e até pantufas do Homem Aranha! Pelo jeito, nos próximos dias teremos overdose de aranhas na cidade…
Cinema na internet
Está procurando informações sobre algum filme em particular? Aqui vão algumas dicas. Um ótimo site, ali de Pernambuco, é o http://www.cinemacomrapadura.com.br/, aberto inclusive para participações dos espectadores. Tem também o http://www.adorocinema.com.br/, que tem uma seção exclusiva para filmes nacionais, o http://www.omelete.com.br/, onde é possível obter informações de futuros lançamentos e o http://www.falhanossa.com.br/, um divertido site que armazena as gafes e erros dos filmes. Para quem domina a língua-pai, tem o http://www.imdb.com/, o mais completo sobre a sétima arte.
Filmes da Semana: “O Bom Pastor”, “Apocalypto” e “O Segredo”
Para fugir do Homem-Aranha…
Neste final de semana, os cinemas foram invadidos pelo “Homem-Aranha 3”, que vai fazer a festa da galera adolescente. Mas, o público adulto tem algumas opções interessantes, que estrearam no final de semana passado. Os filmes são “O Bom Pastor”, de Robert de Niro, “Apocalypto”, de Mel Gibson, e o documentário “O Segredo”.
“O Bom Pastor” conta a tumultuada história da CIA, a famosa agência de contra-espionagem americana, através da ótica de Edward Bell Wilson (Matt Damon). Wilson, filho de um almirante que se suicidara no auge da carreira, é recrutado ainda na universidade, primeiro para uma aristocrática sociedade secreta chamada “Skull and Bones” (não confundam com a Maçonaria, por favor) que se propunha a formar os futuros líderes da nação. Logo, ele é enviado para a Europa, em plena Segunda Guerra Mundial, para aprender com os ingleses os meandros da contra-espionagem, e estruturar um órgão americano, inicialmente denominado OSS (Office of Strategic Services). Segundo o seu criador, o general Bill Sullivan (de Niro), seria uma organização composta por pessoas selecionadas, “sem nenhum judeu, negro e poucos católicos”.
Terminada a guerra com os nazistas, começaria um jogo de gato e rato com os russos, que se estenderia nas próximas décadas. Dedicando-se de corpo e alma à nova agência, a CIA (Central Inteligence Agency), Wilson relega a família a um segundo plano, embora se ressinta disso. O pior é que é obrigado a conviver, 24 horas por dia, com um ambiente onde nunca se possa confiar em ninguém. O fundo do poço é alcançado com o desastrado ataque a Cuba, na Baía dos Porcos, em 1961. Wilson vê-se numa enrascada, onde até a sua família pode ser comprometida com este fracasso.
“O Bom Pastor” é um filme muito interessante, sobre a Guerra Fria e a CIA, mas, não é um filme fácil. Ao contrário dos filmes de 007, este é um filme com pouca ação, muitos diálogos cifrados e personagens confusos, onde o espectador fica tão perplexo quanto os envolvidos. Mas, se o espectador tiver interesse no assunto, certamente irá gostar da forma como os temas são tratados. Prepare-se, quem for assistir, para uma forte cena da execução de uma espiã, num momento absolutamente inesperado.
“Apocalypto”, do ator e diretor Mel Gibson, vendeu uma coisa e entregou outra. Quem foi assistir ao filme esperando ver muito sobre a civilização maia, certamente decepcionou-se. Contudo, a história conduzia muito mais ao personagem Mad Max, do início da carreira de Gibson, do que outra coisa. O que não quer dizer que o filme é ruim, muito pelo contrário.
O herói da história é Pata-de-Jaguar (Rudy Youngblood), um indígena do México pré-colonial. Ele vivia feliz da vida, com a sua tribo no meio da floresta, caçando e pescando, no estilo de vida de uma cultura da pedra polida. A paz da tribo é quebrada com a súbita aparição de guerreiros maias, de uma cultura bem mais avançada, que vinha em busca de escravos, para serem vendidos, ou, oferecidos em sacrifício aos seus deuses.
Aturdidos, eles são arrastados, ao longo da floresta, até uma metrópole construída pela nação maia, que sofria de escassez de colheitas devido a problemas climáticos. Lá, os homens são levados para uma pirâmide, onde seriam sacrificados, para aplacar a fúria dos deuses. Na hora em que iria ser morto, Pata-de-Jaguar é salvo pelo acaso (sempre o acaso, no cinema) devido a um eclipse do sol.
Embora ferido, ele consegue fugir, embrenhando-se na mata, pois precisa salvar a mulher e o filho, que ficaram escondidos em um poço. Ele é perseguido por um grupo de guerreiros sedentos de vingança, que não descansarão enquanto não o matarem. Mas, Pata-de-Jaguar, agora, está em seu próprio território, e irá enfrentar os seus caçadores de igual para igual.
Embora tenha uma boa seqüência de cenas em locações maravilhosas, que retrataria o brilho e a decadência da cultura maia, “Apocalypto” é um filme de ação, com perseguições espetaculares e ótimas cenas de lutas. Para isso, contribui o ótimo elenco, de atores desconhecidos e de origem índia, que dão mais credibilidade ao filme.
Não deixa de ser visível um certo olhar de colonizador, de Gibson, diretor e co-autor do roteiro. Afinal de contas, ele é um católico dos mais conservadores, e não deve ser difícil imaginar que queria mostrar a barbárie dos índios pagãos, antes da chegada dos colonizadores espanhóis. Na verdade, os sacrifícios, muitas vezes, era considerado uma honra, destinando-se, aos voluntários, muitos prazeres, antes da morte.
O filme é considerado violento, embora não chegue aos pés de “Paixão de Cristo”, do próprio Gibson. Contudo, qualquer coisa mostrada no filme é muito pouco se considerarmos o que os soldados e padres espanhóis fizeram a este povo, levando-os à escravidão, à tortura e muitas vezes, a serem queimados vivos simplesmente por não entenderem a confusa doutrina dos colonizadores.
“O Segredo” é totalmente diferente dos filmes comentados acima. Este documentário, de 90 minutos, O “segredo” mencionado no título está relacionado com uma certa “Lei da Atração”, que afirma que tudo o que acontece conosco está diretamente ligado ao que pensamos e sentimos.
De acordo com o documentário, o Universo é uma espécie de gênio da lâmpada de Aladim, que favorece, em maior ou menor grau, o atendimento dos nossos desejos – bons ou ruins. Grosseiramente falando, quando nos concentramos em uma determinada coisa, o Universo interpreta que é aquilo que queremos, e isso pode ser um carro novo ou dívidas e dívidas. O grande lance, então, é modificar os nosso pensamentos e sentimentos, de maneira a conseguir só as coisas boas.
O desejo de alguma coisa não pode ser apoiado em pensamentos ou sentimentos ruins ou mesquinhos. O objeto de desejo deve ser imaginado (visualizado é o termo utilizado), como se já estivéssemos utilizando-o e curtindo. O processo passa por pedir, acreditar e receber.
O que todos os entrevistados reforçam é quanto à forma de desejar algo. Uma coisa é querer que aconteça algo. Outra bem diferente é desejar que não aconteça. É citada uma frase de Madre Teresa de Calcutá, que dizia que nunca iria participar de uma manifestação contra a guerra, mas que iria a todas que fossem a favor da paz. É uma diferença sutil, mas, sólida.
No fim do programa surge uma pergunta: e se todos conseguirem tudo o que estão desejando, não vai “faltar”? A resposta é que existe bem para todo mundo, principalmente porque cada um tem uma necessidade. O maior problema parece ser a escolha daquilo que queremos. Muitos confundem a necessidade de bens, dinheiro ou um parceiro, quando a necessidade básica é ser feliz, o que pode não implicar necessariamente nos itens citados. Antes de qualquer desejo, a pessoa deve buscar um autoconhecimento, para entender qual é a sua verdadeira necessidade. Se você está bem, todo o resto será mais fácil.
Apesar de haver algum interesse comercial por trás, seja em livros de auto-ajuda, palestra ou cursos, o que o programa fala é o óbvio ululante, citado por várias personalidades, filosofias e religiões, mas que ninguém presta atenção.
O documentário é bem-feito e dinâmico, mas, só deve ir quem se interesse pelo assunto, já que pode ser maçante para quem espera algo mais “secreto”.