Claquete – 17 de agosto de 2007
O que está em cartaz
Uma estréia para morrer de medo, outra para morrer de rir. Estas são as apostas do final de semana, com a estréia da animação “Os Simpsons – O Filme” e do suspense “A Morte Pede Carona”. Continuam em cartaz o sensível drama “Primo Basílio” (veja em Filmes da Semana), baseado na obra de Eça de Queiroz, o delicioso romance “Sem Reservas” (também em Filmes da Semana), com Catherine Zeta-Jones, a ação “Duro de Matar 4.0”, a comédia “A Volta do Todo Poderoso”, o ótimo drama “Ela é a Poderosa”, os blockbusters “Transformers”, “Harry Potter e a Ordem da Fênix”, e a animação “Ratatouille”. Nas programações exclusivas, o Moviecom exibe o terror “Extermínio 2”. Nesta sexta-feira e sábado, acontece a pré-estréia de “Ultimato Bourne”.
Estréia 1: “Os Simpsons – O Filme”
Devido ao seu novo bicho de estimação, um porco, Homer Simpson provoca um desastre de grandes proporções em Springfield. Isto faz com que uma multidão sedenta por vingança se reúna diante da casa dos Simpsons. Eles conseguem escapar, mas, a partir de então, os Simpsons passam a discutir e se dividir sobre o ocorrido. Paralelamente, o ocorrido chama a atenção do presidente dos Estados Unidos, Arnold Schwazenegger, e do chefe da Agência de Proteção Ambiental, Russ Cargill, que pretende realizar um plano diabólico para conter o desastre ocorrido. O longa-metragem é baseado no desenho “Os Simpsons”, com mais de 400 capítulos exibidos ao longo de 18 anos. “Os Simpsons – O Filme” estréia nesta sexta-feira, nas Salas 2 e 6 do Cinemark, e no Cine 6 do Moviecom. Para maiores de 12 anos. Atenção, todas as cópias são dubladas.
Estréia 2: “A Morte Pede Carona”
Grace Andrews (Sophia Bush) e Jim Halsey (Zachary Knighton) estão viajando a bordo de um carro antigo, dispostos a aproveitar o feriado da primavera. No trajeto, eles encontram John Ryder (Sean Bean), que está pedindo carona à beira da estrada. O primeiro contato de Ryder com Grace e Jim não é dos melhores, mas, eles conseguem se defender de seu ataque. A partir desse momento, Ryder passa a persegui-los, fazendo da estrada seu campo de batalha. Refilmagem de um dos mais fortes filmes de suspense dos anos 80, estrelado por Rutger Hauer. A direção é de Dave Meyers. “A Morte Pede Carona” estréia nesta sexta-feira, na Sala 4 do Cinemark, e no Cine 4 do Moviecom. Para maiores de 16 anos.
Pré-Estréia: “Ultimato Bourne”
Jason Bourne (Matt Damon) é um homem sem passado, que, após ter sido submetido a um treinamento brutal, tornou-se uma sofisticada arma humana, perseguido incessantemente pela CIA. Após sua última aparição, ele decidiu sumir para sempre e esquecer a vida que lhe foi roubada. Mas, uma matéria em um jornal de Londres, que especula sobre sua existência, faz com que ele torne-se mais uma vez um alvo. O programa Treadstone, que criou Bourne, já não existe mais, mas serviu de base para o programa Blackbriar, desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos. O Blackbriar desenvolve uma geração de novos matadores treinados secretamente pelo governo, que acredita que Bourne é uma ameaça, e que deve ser eliminado de uma vez por todas. “Ultimato Bourne” terá pré-estréia nesta sexta-feira e sábado, em sessões únicas, após 21h30, no Cinemark, e no Moviecom. Para maiores de 14 anos.
Lançamentos em DVD
“A Pele”, em DVD
Este filme trabalha subjetivamente a vida de Diane Arbus (Nicole Kidman), uma das fotógrafas mais festejadas do século 20. O longa-metragem mostra como ela encontrou, dentro de si mesma, as características que a transformaram da tímida mãe de família na artista famosa. Baseado em biografia escrita por Patricia Bosworth, o filme mostra a relação de Diane com o enigmático vizinho Lionel Sweeney (Robert Downey Jr.), marco do envolvimento com a até então marginalizada categoria de fotógrafos. O disco traz o filme com formato de tela widescreen e som Dolby Digital. Nas locadoras.
“Clube da Lua”, em DVD
O diretor argentino Juan José Campanella, de “O Filho da Noiva”, volta ao passado em “Clube da Lua”, focalizando os dias de glória de um clube de dança de Buenos Aires na década de 40. Porém, em 1990, a crise financeira fez com que essas agremiações começassem a fechar as portas. Ameaçado pela falta de clientes, o Avellaneda enfrenta a decadência. À beira da falência, os descendentes de seus fundadores se unem para evitar o pior: a transformação do clube em um cassino. O disco traz o filme com formato de tela widescreen e som Dolby Digital.
Eventos
“Através de um Espelho”, no Cine Café
“A Aventura”, no Cineclube Natal
O Cineclube Natal, em parceria com o Teatro de Cultura Popular (TCP), apresenta neste domingo, dia 19, o longa-metragem “A Aventura”, de 1960, de Michelangelo Antonioni. Um grupo de italianos ricos está em um cruzeiro pela costa da Sicília, quando uma das integrantes desaparece misteriosamente. Superando nossas expectativas, Antonioni transforma um mistério em uma reflexão sobre a existência humana. A exibição começa às 17h, no TCP, ao lado da Fundação José Augusto. Após o filme, haverá debate com a platéia e sorteio de um DVD. Os ingressos custam R$ 2,00. Para maiores de 14 anos.
Abertas inscrições para o CINEMA MUNDO
Estão abertas, até 20 de setembro, as inscrições para a primeira edição do Cinema Mundo – Festival Internacional de Cinema de Itu, que acontecerá entre 14 a 18 de novembro. Entre outras cinco mostras, será realizada uma Mostra Competitiva, exclusiva para curtas-metragens nacionais. Serão aceitos trabalhos realizados em qualquer formato ou bitola, com até 20 minutos de duração e concluídos até outubro de 2005. Mais informações no site http://www.cinemamundo.com/.
Filmes da Semana: “Primo Basílio” e “Sem Reservas”
Dramas e comédias da cidade
Apesar dos cinemas serem repletos de produções com efeitos especiais e computação gráfica, nada supera a complexidade dos relacionamentos humanos, que tanto inspiram histórias românticas como dramáticas. É o caso das duas estréias da semana passada, o deliciosamente açucarado “Sem Reservas” e o pungente e sofrido “Primo Basílio”.
O drama nacional “Primo Basílio” é a segunda visita do diretor Daniel Filho à obra homônima de Eça de Queiroz. Em 1988, foi levada ao ar a minissérie, com Giulia Gam e Marília Pera, com a ambientação tal e qual o escritor imaginara. Duas décadas depois, ao levar a obra para o cinema, Daniel Filho ambientou a história em São Paulo, no final dos anos 50. Embora a história seja a mesma, o diretor adaptou-a de tal forma que não seria despropositado o subtítulo “Nelson Rodrigues encontra Eça de Queiroz”. É possível reconhecer neste filme traços de “A Vida Como Ela É”, fruto do mesmo Daniel Filho.
Luiza (Débora Falabella) é a esposa de Jorge (Reynaldo Gianecchini), um jovem engenheiro totalmente envolvido no maior projeto dos anos 50, a construção da nova capital, Brasília. O jovem casal vive em uma confortável casa, servido por duas empregadas, com muitos luxos (para a época), como carro, telefone e televisor.
Quando o marido precisa ausentar-se devido ao trabalho em Brasília, Luiza sofre o assédio de seu primo Basílio (Fábio Assunção), com quem já namorara, na adolescência. O que era uma simples brincadeira torna-se real, quando Luiza cede às investidas do sedutor Basílio.
Os problemas de Luiza começam quando Juliana (Glória Pires), uma das empregadas, encontra um bilhete comprometedor de Basílio, e usa isso para chantagear a patroa. Enquanto o amante foge, ao primeiro sinal de perigo, Luiza sofre cada vez mais exigências por parte de Juliana, agravando-se a situação com o retorno de Jorge.
A vida de Luiza torna-se um inferno, pois ela é obrigada a assumir as tarefas da empregada, ao mesmo tempo em que precisa esconder qualquer indício de anormalidade do marido. Tudo caminha para um ponto sem retorno, e, perdoe-me quem não o souber, mas, Eça de Queiroz ou Nelson Rodrigues, isso é tragédia, não esperem finais felizes.
Mas, o valor do filme está exatamente na beleza com que a tragédia é contada. Além de uma recriação de época primorosa, o elenco está afinadíssimo, e, em especial, as mulheres. Glória Pires, bem diferente do que estamos acostumados, reveste-se de vilã odiosa, com aparência repulsiva e modos piores ainda.
Mas, o filme é todo de Débora Falabella. A jovem atriz, que já mostrara o seu talento na jovem viciada da novela “O Clone”, cria uma Luiza perfeita, desde a fútil e delicada dondoca do início do filme à mulher atormentada e torturada pela culpa, passando pela amante tímida e apaixonada, assumindo as cenas de nudez e sexo com extremo profissionalismo. Como disse, o filme é dela, literalmente, até o último suspiro.
Bem diferente é a comédia romântica “Sem Reservas”. Refilmagem de uma produção alemã, “Simplesmente Martha”, o filme foi refeito para o paladar hollywoodiano. A história é praticamente a mesma do filme original. Kate Armstrong (Catherine Zeta-Jones) é a chef de um sofisticado restaurante no elegante coração de Manhattan. Obsessiva, ela exige perfeição de todos, inclusive de si mesma, a ponto de querer finalizar todos os pratos que saem de sua cozinha.
O destino, porém, traz um fato novo à sua controlada vida. A única irmã morre em um acidente de carro, e Kate deve assumir a guarda de Zoe (Abigail Breslin). Para uma pessoa que sempre vivera sozinha, ter que dividir a vida com uma criança, além de tudo, traumatizada e saudosa da mãe, tornou-se uma grande carga para Kate.
Para completar, ela depara com uma novidade no restaurante. Durante o período em que cuidava de sua nova filha, a dona do restaurante contratara um chef auxiliar, Nick (Aaron Eckhart). Animado e bem humorado, Nick canta ópera enquanto trabalha e brinca com as pessoas, tentando tornar o ambiente agradável para todos.
Após os inevitáveis choques de temperamentos e atitudes, Kate e Nick se aproximam, principalmente devido ao bom relacionamento que ele criara com a menina, fazendo-a sair de sua casca, e dando um novo sentido para sua jovem vida.
Mas, Kate precisará vencer as suas próprias desconfianças e dificuldades de relacionamento com todos. Esses choques garantem os momentos mais engraçados do filme, embora quem fez o trailer colocou quase tudo lá.
É possível que muita gente saia insatisfeita, de qualquer um dos dois filmes. Afinal de contas, quando se fala de relacionamentos humanos, é preciso que haja uma identificação com os personagens ou com as situações, para que o espectador se sinta partícipe da história. Mas, cada um em seu gênero, e, certamente, com os seus públicos preferenciais, agradarão a quem for vê-los. Resta escolher, drama ou comédia.