Claquete – 14 de dezembro de 2007

O que está em cartaz

Chegamos ao dia da premiação da Mostra Competitiva do FestNatal, embora os resultados só estejam disponíveis após a cerimônia. Enquanto isso, nos cinemas, as estréias são o policial “Justiça a Qualquer Preço”, com Richard Gere, a fantasia “Encantada”, da Disney, e o “terrir” “Planeta Terror”, de Robert Rodriguez (só no Moviecom). Continuam em cartaz o terror “30 Dias de Noite”, com Josh Hartnet, a ação “Mandando Bala”, com Clive Owen e Mônica Bellucci, a animação “Bee Movie – A História de uma Abelha” e a fantasia “A Lenda de Beowulf”. Nas programações exclusivas, o Cinemark exibe o infantil “A Loja Mágica de Brinquedos”, com Dustin Hoffman e Natalie Portman, a comédia romântica “Antes Só do Que Mal Casado”, com Ben Stiller, e, na Sessão Cult, “Conceição – Autor Bom é Autor Morto”. O Moviecom, por sua vez, exibe o nacional “O Homem Que Desafiou o Diabo”.

Estréia 2: “Encantada”

Giselle (Amy Adams) é uma bela princesa que foi banida por uma rainha malvada de seu mundo mágico e musical. Com isso, ela vai para em Nova York, nos dias atuais, um local completamente diferente de onde vivia. Logo, ela recebe a ajuda de Robert (Patrick Dempsey), um advogado divorciado, por quem se apaixona. Só que Giselle já está prometida em casamento para o príncipe Edward (James Marsden), que decide também deixar o mundo mágico para reencontrar sua amada. Produção da Disney, com direção de Kevin Lima. “Encantada” terá estréia nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom e na Sala 2 do Cinemark. Censura livre. Cópias dubladas.

O casal de médicos William (Josh Brolin) e Dakota Block (Marley Shelton) é surpreendido no hospital por uma multidão de homens e mulheres cheios de feridas e mutilações, que vagam com um suspeito olhar perdido. Entre eles está Cherry (Rose McGowan), uma dançarina de boate cuja perna foi arrancada num ataque noturno. Com uma metralhadora no lugar da perna decepada, ela vai liderar, acompanhada por El Wray (Freddy Rodríguez), um exército de inválidos assassinos. Fique de olho nas pontas de Bruce Willis, Quentin Tarantino e do diretor do filme, Robert Rodriguez. “Planeta Terror” estréia nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom. Para maiores de 18 anos.

Sessão Cult: “Conceição – Autor Bom é Autor Morto”

Grupo de jovens senta-se à mesa de um bar para beber e escolher uma história para o filme que resolvem fazer. Enquanto decidem, surgem na tela as histórias de seus personagens: o Fugitivo, o guia do filme, sempre fugindo de um perseguidor invisível; dois bandidos pé-rapados; casal discutindo em um Fusca; pobre menino que assiste a um atropelamento; gringo acidentado e a enfermeira que o mutila após o amor. Este é o primeiro longa-metragem finalizado em 35 mm, no Brasil, por estudantes de cinema da Universidade Federal Fluminense. A partir desta sexta-feira, na Sala 5 do Cinemark, na sessão de 15h. Para maiores de 18 anos.

Eventos

“O Decálogo” – Partes V e VI, no Cineclube Natal

O Cineclube Natal, em parceria com a Livraria Paulus exibirá sábado, dia 15 de dezembro, a continuação de uma das maiores obras cinematográficas de todos os tempos, O Decálogo, de Krysztof Kieslowsky. Nunca exibidos comercialmente, no Brasil, os episódios, de uma hora cada, são “Não Matarás” e “Não Pecarás Contra a Castidade”. Este último passou em alguns circuitos alternativos com o título “Não Amarás”. A exibição será às 10h do sábado, no espaço da própria livraria, na rua. Coronel Cascudo, 333, Cidade Alta. Para informações, 3211-1514. A entrada é franca.

“Cabaret”, no Cineclube Natal

“O Pagador de Promessas”, no Cineclube Natal

O Cineclube Natal em parceria com o Teatro de Cultura Popular exibirá no próximo domingo, dia 16, o filme “O Pagador de Promessas”, uma obra literária do consagrado Dias Gomes e adaptado ao cinema por Anselmo Duarte. Zé do Burro (Leonardo Villar) e sua mulher Rosa (Glória Menezes), vivem com dificuldade no interior da Bahia. Quando o burro de estimação dele é atingido por um raio, ele vai a um terreiro de candomblé para salvá-lo, e decide que, se ele se curar, carregará uma cruz até a Salvador. Mas, a via crucis de Zé ainda se torna mais angustiante ao ver sua mulher se engraçar com o cafetão Bonitão (Geraldo Del Rey) e ao encontrar a resistência ferrenha do padre Olavo (Dionísio Azevedo) a negar-lhe a entrada em sua igreja. A sessão Cineclube Natal/TCP iniciará às 17 horas e os ingressos custarão R$ 2,00, sócios do Cineclube Natal e filiados à Adurn não pagam. Após a exibição, acontecerá um debate sobre os filmes.

Lançamentos em DVD

“O Ultimato Bourne”, em DVD

Jason Bourne (Matt Damon) é um homem que vive sem país e sem passado, após ter sido submetido a um treinamento brutal, ao qual não se lembra, por pessoas que não conhece. Ele é uma sofisticada arma humana, perseguida incessantemente pela CIA. Após sua última aparição ele decidiu sumir para sempre e esquecer a vida que lhe foi roubada. Entretanto, uma matéria em um jornal de Londres, que especula sobre sua existência, faz com que ele se torne, mais uma vez, um alvo. Bourne vê nisso a oportunidade de descobrir quem realmente é e o que fizeram com ele. O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio Dolby Digital 5.1, e, como extras, cenas adicionais e o documentário “Pergunte ao coroinha”. Nas locadoras.

“Saneamento Básico, o Filme”, em DVD

Uma vila na serra gaúcha tenta há anos construir uma fossa que elimine o esgoto a céu aberto. Como saneamento básico não é a prioridade da prefeitura, a única verba disponível é o dinheiro que o governo federal oferece em um concurso de curtas-metragens a novos realizadores. Marina (Fernanda Torres) e Joaquim (Wagner Moura) precisam, então, produzir um filmete para pagar a fossa – e lá vão eles emprestar câmera, costurar fantasia, arrumar figurante… Dirigido por Jorge Furtado, o filme conta ainda com Camila Pitanga, Paulo José e Lázaro Ramos. O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio Dolby Digital 5.1, e, como extras, Making Of; Cenas Excluídas; Erros de Gravação e a animação “O Monstro da Fossa”. Nas locadoras.

“Rogue – O Assassino”, em DVD

Especial: FestNatal 2007, eu estive lá

Embora tenha sido convidado em outras ocasiões, esta foi a primeira vez que pude participar realmente do FestNatal, como membro do Júri Oficial da Seleção Oficial, o evento culminante do Festival, que chega em sua edição de 20 anos.

Talvez o leitor ache exagero, quando falo que estar em um festival de cinema, mesmo como espectador, é emocionante. Mas, diferente de uma sessão normal, onde se entra, assiste o filme, come pipoca e vai embora, qualquer sessão do festival tem um sabor diferente.

Para começo de conversa, fica um clima de expectativa, a respeito da presença de pessoas famosas na platéia. O público fica inquieto, ansioso pelo começo, ensaiando vozes de protesto, quando há algum atraso. Sempre há uma abertura, onde um mestre de cerimônias anuncia os convidados importantes, antes do início do filme. O final, quase sempre, é marcado pelos aplausos do público.

Mas, se estar lá na platéia, já traz uma certa emoção, imagine participar da reunião de julgamento, ao lado de pessoas com vasta bagagem na indústria do cinema, muitos com experiência internacional. E, acreditem, o voto deste humilde neófito tendo o mesmo peso dos demais ilustres participantes.

Esta reunião, que durou cerca de três horas, representou, para mim, a mais importante aula sobre cinema, reafirmando o que eu já suspeitava, que opinião tem muito de emoção, de história de vida, de simpatias e antipatias, não importando de que lado da câmera a pessoa esteja. As discussões eram intensas, repletas de argumentações que chegava a “atropelar” a do outro, mas, tudo com muito respeito e amizade.

O Festival deste ano apresentou um aspecto muito interessante. Dos sete filmes escolhidos para a Seleção Oficial, três deles versaram sobre o período negro da recente ditadura militar, que durou de 1964 a 1985. “Zuzu Angel”, “Cabra-cega” e “Sonhos e Desejos” mostraram, sob diferentes óticas, acontecimentos reais ou ficcionais, que refletem bem a época.

Mais do que simplesmente remexer em feridas mal curadas, é importante que os acontecimentos daquela época triste sejam revistos, tanto para os que a vivenciaram, como para as novas gerações, que, graças a Deus, nunca souberam o que é viver sob a sombra do medo.

Ao longo dos anos que o FestNatal tem acontecido, somam-se elogios e críticas, muitas delas, públicas. Seria até fácil dizer aos detratores do festival que é muito mais fácil jogar pedra no telhado do vizinho do que ser o telhado. Mas, acho que a coisa é muito mais séria do que isso.

Na Petrobras, onde ganho o pão de cada dia, já participei de muitos eventos que demandaram um trabalho razoável de organização, lidando com a burocracia de contratação, material que falta, atrasos de entrega, falhas de organização, etc.. Agora, vamos pensar no FestNatal, que é um evento muito maior, com várias etapas distintas, atendendo a um publico extremamente variável, e, o pior de tudo, dependendo de patrocínios e apoios diversos, que nem sempre chegam na quantidade e qualidade necessárias, dependendo da boa vontade de políticos, e, por aí vai. Só de pensar, já me dá arrepios.

Ao meu caro Valério Andrade, meus agradecimentos e sinceros parabéns.