Claquete – 18 de janeiro de 2008
O que está em cartaz
Em plenas férias, os lançamentos que chegam são endereçados ao público infanto-juvenil. As novidades são a ficção-científica “Eu Sou a Lenda”, com Will Smith, e a fantasia “Os Seis Signos da Luz”. Continuam em cartaz a ficção-científica “Alien Vs Predador 2”, o drama nacional “Meu Nome Não é Johnny”, a comédia romântica “Diário de uma Babá”, o infantil “Alvin e os Esquilos”, o drama “P.S.: Eu Te Amo”, com Hillary Swank, a fantasia “A Bússola de Ouro”. Nas programações exclusivas, o Cinemark exibe, na Sessão Cult, a produção francesa “A Coragem de Amar”, do genial Claude Lelouch, enquanto que o Moviecom mantém em cartaz o drama “Conduta de Risco” (veja em Filme da Semana).
Estréia 1: “Eu Sou a Lenda”
Um vírus, desenvolvido por cientistas, é divulgado como a cura universal para o câncer. Mas, ele degenera em praga letal. Os governos declaram a quarentena e evacuam cidades como Nova York e Tóquio. No fim do ano, o vírus Krippin mata 90% da população. Sobrevivem 9,8% infectados – e só 0,2% imunes. Como resultado, hordas de mutantes passam a atacar as minorias, à cata de sangue puro. Robert Neville (Will Smith) é um cientista brilhante, por sorte, imune ao vírus. Há três anos ele percorre a cidade, enviando mensagens de rádio, na esperança de encontrar algum sobrevivente. Dois sobreviventes de São Paulo, a bela Anna (Alice Braga) e seu filho, ouvem a mensagem e vão a seu encontro. Os três formam uma nova família humana. Robert é sempre acompanhado por vítimas mutantes do vírus, que aguardam o momento certo para atacá-lo. Paralelamente, ele realiza testes com seu próprio sangue, buscando encontrar um meio de reverter os efeitos do vírus. Este filme é baseado no livro homônimo, de Richard Matheson, e é a segunda adaptação, já que, em 1971, Charlton Heston protagonizou “O Último Homem Sobre a Terra”. Neste filme, como no livro, os mutantes viram vampiros, enquanto que, na versão atual, são mutantes zumbis. “Eu Sou a Lenda” estréia nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom e nas Salas 1 e 2 do Cinemark. Para maiores de 14 anos.
Estréia 2: “Os Seis Signos da Luz”
Diversas histórias se mesclam para falar de questões humanas rotineiras. Entre elas, há a esposa de um policial que decide trocá-lo pelo amante casado, um carismático vendedor de rua, uma ladra, a atendente de um clube de jazz que é perseguida pelo chefe, um sem-teto que diz ser Deus, uma dupla de cantores de rua formada por um italiano cinqüentão e uma pós-adolescente e uma empregada doméstica que trabalha para uma atriz extravagante, que está dividida entre o proprietário de uma pequena rede de pizzarias e o motorista da casa. Se o roteiro parece confuso, saiba que a direção é de um mestre, Claude Lelouch, autor do inesquecível “Um Homem, Uma Mulher”. A partir desta sexta-feira, na Sala 5 do Cinemark, na sessão de 15h. Para maiores de 14 anos.
Lançamentos em DVD
“A Maldição da Flor Dourada”, em DVD
“Amor e Outros Desastres”, em DVD
“Um Certo Olhar”, em DVD
“Free Zone”, em DVD
Eventos
O livro era melhor, diz o velho chavão. Será? Para quem quiser fazer a comparação com os filmes que estão em cartaz, pode começar com “A Bússola de Ouro”, primeiro volume da trilogia Fronteiras do Universo, de Philip Pullman (Editora Novo Século), “Eu Sou a Lenda”, de Richard Matheson (Editora Nova Fronteira), e, adiantando o lançamento, “O Caçador de Pipas”, de Khaled Hosseini (Editora Nova Fronteira). Comentários para esta coluna serão muito bem vindos.
Filme da Semana: “Conduta de Risco”
Faxineiro de luxo
É sempre interessante ver como o ser humano é capaz de se superar e realizar feitos fora do comum. O cinema está repleto de fatos assim, quase sempre, gestos heróicos ou humanitários, de pessoas movidas pelas virtudes. Mas, a vida também tem muitos exemplos negativos, onde as pessoas fazem coisas detestáveis, movidas por maldade, pela sede de poder, pela ambição – dinheiro, enfim. Uma situação dessas é mostrada em “Conduta de Risco”, em cartaz nos nossos cinemas.
Se tem alguém que não se sente nem um pouco heróico, este alguém é Michael Clayton (George Clooney). Ex-promotor de justiça, e vindo de uma família com longa tradição na polícia, Michael está extremamente insatisfeito com a sua vida. Embora esteja trabalhando a dez anos em uma importante firma de advocacia em Nova York, Michael, mesmo ganhando muito bem, continua sendo um simples funcionário. Na verdade, a sua função mais importante é quebrar galhos para clientes importantes, resolver situações embaraçosas e evitar que os problemas se agravem. Como ele próprio se denomina, é um simples faxineiro.
Sua vida pessoal também está em frangalhos. Divorciado, com um filho, ele está em sérios problemas financeiros, devendo para agiotas, por conta de um negócio fracassado, em que entrou para ajudar um irmão, que tem problemas de alcoolismo. Ele mesmo tem que controlar o vício do jogo, que já o deixou em sérios problemas, no passado.
No meio de tudo isso, uma crise acontece na firma. Marty Bach (Sydney Pollack), um dos sócios principais, pede a Michael que vá socorrer Arthur Evans (Tom Wilkinson), que sofreu um ataque nervoso e causou um escândalo dentro de um tribunal de outro estado. Evans, o mais conceituado advogado da firma, há anos vinha conduzindo a defesa da poderosa indústria de química para agricultura, a U/North, em um processo bilionário que era movido por parentes de pessoas que morreram devido a efeitos colaterais dos produtos da empresa.
No seu surto, Evans tem uma tomada de consciência, e resolve mudar de lado, com a idéia de trazer justiça para as pessoas que sofreram com as mortes dos parentes. Isso deixa todos em pânico, tanto em sua firma, quanto na U/North, já que ele conhecia profundamente o processo – e todos os documentos comprometedores da empresa.
Isso preocupa bastante Karen Crowder (Tilda Swinton), uma ambiciosa executiva da U/North, que acaba de assumir um importante cargo, que tem, entre suas atribuições, acompanhar o processo contra a sua companhia. Insatisfeita com a maneira como Michael está tentando resolver a crise originada por Evans, ela contrata um grupo de espiões industriais, capazes de usar qualquer meio para chegar aos objetivos contratados.
A atitude da executiva esbarra na obstinação de Michael, que não se satisfaz com nenhuma solução que lhe oferecida. Ele percebe que alguma coisa está profundamente errada, e tem a sensação de que ele mesmo está enterrado no lamaçal criado pela sua empresa e pela petroquímica.
George Clooney, mais uma vez, participa de filmes políticos, de forte denúncia, que já foram demonstrados em “Boa Noite e Boa Sorte”, sobre a censura e perseguição política do macarthismo, e “Syriana – A Indústria do Petróleo”, onde mostrava que os interesses das empresas de petróleo eram considerados mais importantes do que os dos Estados Unidos e dos países produtores. É bem verdade que, retratando uma situação doméstica, e simplificando muito a trama, “Conduta de Risco” mostra como os interesses empresariais passam por cima do bem estar da população – mesmo a americana, que não se dirá do resto do mundo.
“Conduta de Risco”, na mesma linha de “O Jardineiro Fiel”, mostra a falta de escrúpulos das grandes corporações, onde altos executivos tomam decisões que afetam populações inteiras, sem o menor peso na consciência. A mão que assina o cheque pode ser a mesma que mata, sem ter que apertar o gatilho. Confiram, vale o preço do ingresso.