Claquete – 25 de janeiro de 2008

Newton Ramalho – colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Sol, praia, veraneio e agito, teu nome é Natal. E, para quem não pode se dar ao luxo de tudo isso, restam as estréias do cinema. As novidades são a aventura “A Lenda do Tesouro Perdido – Livro dos Segredos”, com Nicolas Cage, e o policial “O Gangster”, com Denzel Washington. Continuam em cartaz a ficção-científica “Eu Sou a Lenda”, com Will Smith, a fantasia “Os Seis Signos da Luz” (os dois, nos Filmes da Semana), o drama nacional “Meu Nome Não é Johnny”, o infantil “Alvin e os Esquilos”, o drama “P.S.: Eu Te Amo”, e a fantasia “A Bússola de Ouro”. Nas programações exclusivas, o Cinemark exibe, na Sessão Cult, a produção francesa “Medos Privados em Lugares Públicos”, enquanto que o Moviecom mantém em cartaz o drama “Conduta de Risco”, a ficção-científica “Alien Vs Predador 2” e a comédia romântica “Diário de uma Babá”.

Estréia 1: “A Lenda do Tesouro Perdido – Livro dos Segredos”

Ben Gates (Nicolas Cage), depois de encontrar o fabuloso tesouro dos Cavaleiros Templários, se tornou o caçador de tesouros mais famoso do mundo. Ben e seu pai, o professor universitário Patrick Gates (Jon Voight), são surpreendidos pela descoberta de uma das páginas do diário do assassino de Abraham Lincoln, John Wilkes Booth, que indicam que Thomas Gates, um ascentral de Ben, seria um dos conspiradores do assassinato do presidente. Ben precisa trabalhar junto a sua agora ex-namorada, a arquivista de História norte-americana Abigail Chase (Diane Kruger) e seu parceiro expert em tecnologia Riley Poole (Justin Bartha) para desvendar o mistério, passando por Washington, Paris, Londres e a terra do coração norte-americano. Ben, Patrick, Abigail e Riley meticulosamente desvendam pistas que ameaçam virar a História e suas vidas de cabeça para baixo. Entre os vários mistérios da caçada, um deles envolve o livro mais bem guardado do planeta e, a partir daí, a um famoso e mitológico tesouro. Para consternação de Patrick, Ben recorre a uma arma secreta – sua formidável mãe, a ex-mulher de Patrick e professora de lingüística Emily Appleton (Helen Mirren) – que não fala com Patrick há 32 anos. A direção é de Jon Turteltaub, que também fez o primeiro filme. “A Lenda do Tesouro Perdido – Livro dos Segredos” estréia nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom (dublado) e na Sala 2 do Cinemark (legendado). Para maiores de dez anos.

Estréia 2: “O Gangster”

“O Gangster” conta a história de Frank Lucas (Denzel Washington), considerado o rei do tráfico de heroína e o policial Richie Roberts (Russell Crowe), que comandou uma força tarefa federal e trouxe Lucas à justiça. A história de Lucas não é igual a de qualquer traficante. Ele cresceu na Carolina do Norte, um ambiente impregnado pelo racismo e, quando criança, viu seu primo ser morto por membros da Ku Klux Klan (KKK), simplesmente por olhar para uma garota branca. Lucas conseguiu chegar a Harlen, em New York, e usou de seu charme para conseguir chegar até ao “Triângulo de Ouro da Ásia”, conseguindo suas próprias conexões para o tráfico. Ele embarcou heroína para os Estados Unidos em caixões que vinham do Vietnam. Lucas tinha a melhor heroína do mercado norte-americano, fazendo até um milhão de dólares por dia, tornando-se alvo dos investigadores de narcóticos. A direção é de Ridley Scott. “O Gangster” estréia nesta sexta-feira, no Cine 4 do Moviecom e Sala 6 do Cinemark. Para maiores de 18 anos.

Sessão Cult: “Medos Privados em Lugares Públicos”

O novo filme de Alain Resnais é uma simpática comédia em uma Paris em que neva o tempo todo e se passa em torno da Biblioteca François Miterrand. São pessoas frágeis que fazem pequenos encontros de amizade ou amorosos. Um filme delicado, como o nome indica; Coeurs (Corações). Se passando em uma Paris dominada pelo frio e a neve, conta a história de seis pessoas cujas vidas são interligadas por coincidências e pelo acaso. Dentre essas pessoas, um casal prestes a casar, mas, com diversos problemas, uma religiosa com segredos, um agente de imobiliária distante de sua jovem esposa e um ‘barman’ cuidando de seu pai. A partir desta sexta-feira, na Sala 4 do Cinemark, na sessão de 15h. Para maiores de 16 anos.

Lançamentos em DVD

“Manhã Sangrenta”, em DVD

Dois alunos fazem um pacto para se vingarem de colegas de escola que os humilharam. O plano é matá-los e logo após cometer suicídio. Filmado em tempo real, mostra a vida de vários personagens desde quando acordam até o massacre final. Flashbacks mostram o porquê os futuros atiradores Daniel e Barry, chegaram aos seus limites. Assim que as aulas começarem, dois assassinos descarregarão sua fúria. Dramatização da tragédia de Columbine. Com Jurgen Prochnow e Michael Paré. O disco traz o filme com formato de tela letterbox e áudio Dolby Digital 2.0. Nas locadoras.

“O Homem Que Desafiou o Diabo”, em DVD

Zé Araújo (Marcos Palmeira) é um homem boêmio, que adora bebida e mulheres. Após tirar a virgindade de uma moça, ele é obrigado pelo pai dela a se casar. Após anos de humilhações, ele se revolta, destrói o armazém do sogro e ainda dá uma surra na esposa. Ao terminar, monta em seu cavalo e parte sem destino, decidido a ter uma vida de aventuras. A partir deste dia Zé Araújo passa a ser conhecido como Ojuara, enfrentando inimigos e vivendo situações inusitadas. Entre eles, estão a perigosa Mãe de Pantanha e o próprio Diabo! A direção é de Moacyr Góes, baseado no livro “As Pelejas de Ojuara”, de Nei Leandro Castro, dois ilustres potiguares. O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio Dolby Digital 5.1.Nas locadoras.

“Nome de Família”, em DVD

Ashoke (Irfan Khan) e Ashima (Tabu) são jovens indianos que têm seu casamento arranjado, seguindo a tradição de seu país. Eles trocam a Índia por Nova York, onde iniciam uma nova vida e se conhecem melhor. Logo, eles têm um filho, Gogol (Kal Penn). Ao crescer, Gogol passa a buscar sua própria identidade, tendo que lidar com as tradições de sua família e a cidadania americana. Ele passa a rejeitar seu próprio nome e namora Maxine Ratliff (Jacinda Barrett), uma garota rica. Enquanto planeja cursar arquitetura em Yale, Gogol se afasta cada vez mais das tradições da família, tendo que lidar com a idéia de que não pertence a nenhuma das duas culturas. A direção é de Mira Nair (“Um Casamento à Indiana”). O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio Dolby Digital 2.0, e, como extras, Comentário em áudio da diretora; Cenas excluídas; “A anatomia de Nome de Família”; “O personagem de Kal Penn”; Trailer e Clipe musical.

Eventos

Inscrições abertas para o Revelando os Brasis Ano III

Estão abertas até o dia 28 de março as inscrições para o Concurso de Histórias do Revelando os Brasis Ano III. O projeto tem como objetivo viabilizar a produção de vídeo digitais nas pequenas cidades brasileiras. Serão selecionadas 40 histórias que depois serão transformadas pelos seus autores em um filme com duração de 15 minutos. A iniciativa é uma parceria entre a Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura e o Instituto Marlin Azul, com patrocínio da Petrobras. Mais informações nos sites www.revelandoosbrasis.com.br e http://www.cultura.gov.br/, pelo telefone (27) 3327-2751 ou através do e-mail revelandoosbrasis@gmail.com.

Inscrições abertas para concursos literários na Funcart

Os concursos Othoniel Menezes (poeisa) e o Câmara Cascudo (prosa) estão com as inscrições abertas até 29 de janeiro de 2008. O ganhador de cada categoria ganhará R$ 3 mil. As obras concorrentes devem ter no mínimo de 40 páginas e, no caso do prêmio de prosa, devem ser etnográficas ou ficcionais. A participação é gratuita, e os interessados devem procurar a Fundação Cultural Capitania das Artes, na Biblioteca Municipal Esmeraldo Siqueira, no horário das 9h às 13h, até 29 de janeiro. O resultado será divulgado em 6 de março de 2008, e a premiação, tradicionalmente, é realizada em 14 de março, Dia da Poesia. Mais informações no número 3232-4944.

Filmes da Semana: “Os Seis Signos da Luz” e “Eu Sou a Lenda”

A eterna luta entre a luz e as trevas

A milhares de anos atrás, quando o homem ainda vivia em estado selvagem, certamente ele já associava a escuridão ao Mal e a luz ao Bem, embora estes conceitos nem existissem, em suas frágeis mentes, voltadas inteiramente para a sobrevivência. Para eles, o dia representava luz, calor e segurança, enquanto que a noite vinha repleta de perigos, reais e imaginários. Ao longo dos séculos, essa associação manteve-se, e, a literatura e o cinema continuam a perpetuá-la, como podemos observar nos filmes “Os Seis Signos da Luz” e “Eu Sou a Lenda”, ambos em cartaz nos nossos cinemas.

No dia em que completou 14 anos, Will (Alexander Ludwig) não conseguia ver nada diferente em si mesmo. Como todo adolescente, tinha que lidar com a insegurança de que não é nem menino nem adulto, começava a se interessar pelas mulheres, e tinha que suportar o fato de ser o mais novo filho homem em uma família grande.

Mas, durante a comemoração do Natal, ele descobre que o seu destino é muito mais importante do que poderia imaginar. Ele é herdeiro de uma estirpe de guerreiros lendários, cuja missão é combater os perigosos e malignos guerreiros da escuridão. Ele é orientado por um grupo de anciões, que irão ajudá-lo a salvar o mundo, mas, para isto, será necessário encontrar um conjunto de poderosos amuletos, os Seis Signos da Luz.

O tempo, porém, corre contra Will. O poderoso Cavaleiro (Christopher Eccleston), o senhor da Escuridão, fica mais forte a cada dia, e o menino terá menos de uma semana para reunir todos os signos, antes que as Trevas dominem o mundo. Para isso, terá que viajar no tempo, enfrentar várias situações perigosas, lidar com bruxas traiçoeiras e até com ataques de seus próprios irmãos.

O filme tem ótimos efeitos especiais, que ajudar a tornar convincente a atmosfera sombria, muito semelhante aos dos filmes de Tim Burton. O roteiro, com seus altos e baixos, é carregado, principalmente, pelo jovem protagonista Alexander Ludwig, embora o elenco de apoio complemente bem. Não há nenhum nome famoso, embora a maioria milite em programas da tv americana.

A história é baseada em uma série de livros de fantasia escritos pela escritora Susan Cooper, e que, só agora, aproveitando o lançamento do filme, estão à venda no Brasil, através da editora Novo Século. E antes que alguém faça alguma alusão a Harry Potter, saiba que este livro foi publicado originalmente em 1967, e que a sua autora já ganhou inúmeros prêmios com este e outros títulos.

O outro filme da semana, “Eu Sou a Lenda”, também foi inspirado em um livro muito conhecido, de mesmo título, escrito pelo autor de ficção-científica Richard Matheson. Na história original, um vírus transforma todos os habitantes da Terra em vampiros, à exceção do cientista Robert Neville, que tem que lutar contra todos.

Na versão atual, o vírus origina-se de uma pretensa cura do câncer, mas, que mostra-se capaz de uma incrível destruição. Nas primeiras semanas, 90% dos habitantes da Terra morrem por conta do vírus. Entre os sobreviventes, uma pequena parte revela-se imune ao vírus, mas, os demais transformam-se em zumbis enlouquecidos, que são atraídos pelo sangue das pessoas normais e alimentam-se de carne humana. Estes seres tem um sensibilidade exacerbada na pele, de modo que a simples exposição aos raios ultra-violeta emitidos pelo sol é capaz de queima-los.

Neste universo é que vive Robert Neville (Will Smith), um cientista do exército americano, que, imune ao vírus, permanece em Manhattan, a ilha central de Nova York, onde pesquisa incessantemente alguma maneira de debelar o vírus que destruiu o mundo.

Enquanto circula pela cidade, acompanhado pela cadela Samantha, Neville luta contra os zumbis, procura manter a sanidade e sofre com a falta da família morta na ocasião em que a cidade foi isolada.

Ele usa os meios possíveis para se comunicar com outros possíveis sobreviventes, emitindo mensagens pelo rádio, na esperança que mais gente esteja na mesma situação que ele. Quando já está praticamente se entregando ao desespero, é surpreendido pela chegada de Anna (Alice Braga) e seu filho Ethan (Charlie Tahan), dois sobreviventes que vieram de São Paulo. Claro que não se explica que os dois são brasileiros (se é que são), afinal de contas, todo americano sabe que no Brasil se fala espanhol e a nossa capital é Buenos Aires…

Eles ainda terão que resistir a uma batalha final onde os zumbis parecem começar a criar uma hierarquia e organização, para destruir o seu pior inimigo.

Esta é a terceira versão cinematográfica baseada no livro de Matheson. A primeira foi “Mortos que Matam” (“The Last Man on Earth”), de 1964, com Vincent Price, e, a segunda e mais conhecida, “A Última Esperança Sobre a Terra” (“The Omega Man”), de 1971, estrelada por Charton Heston. Em ambas as versões, os seres dominados pela praga são mostrados como vampiros, como está no livro. Apenas o primeiro pode ser encontrado em DVD no Brasil. Espero que, com o sucesso do filme atual, haja interesse em lançar a versão de 1971.

Os dois filmes discutidos nesta resenha são frutos da nova geração do cinema, onde a história fica meio sufocada em meio à profusão de efeitos especiais. Some-se a isto o maniqueísmo tão presente na cultura ocidental, onde, em nossa forma de pensar simplista, o mundo é visto como que dividido em dois: o do Bem e o do Mal. Bem e Mal, claro e escuro, luz e trevas. Certamente, essas histórias, contadas por orientais, teriam uma ótica completamente diferente.

Mas, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Pensando em termos de cinema, os dois filmes mostram-se repletos de ação e fortes apelos visuais e sonoros, que, certamente agradarão às gerações mais novas. Se alguém quiser se aprofundar mais nos temas, recomendo que procurem os livros, ambos à disposição no mercado nacional. Boa diversão!