Claquete – 01 de fevereiro de 2008
O que está em cartaz
Quem não gosta de samba, não é ruim da cabeça, nem doente do pé, pode passar nos cinemas e locadoras, para fugir das loucuras momescas. As estréias do final de semana são o infantil “Meu Monstro de Estimação” e o nacional “Sexo Com Amor?”, com um elenco bem global. Continuam em cartaz a aventura “A Lenda do Tesouro Perdido 2 – Livro dos Segredos”, com Nicolas Cage, o policial “O Gangster”, com Denzel Washington (os dois, nos Filmes da Semana), a ficção-científica “Eu Sou a Lenda”, com Will Smith, a fantasia “Os Seis Signos da Luz”, o drama nacional “Meu Nome Não é Johnny”, o infantil “Alvin e os Esquilos”, e o drama “P.S.: Eu Te Amo”. Nas programações exclusivas, o Cinemark exibe, na Sessão Cult, a produção francesa “A Professora de Piano”, e a pré-estréia do candidato ao Oscar “Juno”. No Moviecom, continua em cartaz o drama “Conduta de Risco”, com George Clooney.
Estréia 1: “Meu Monstro de Estimação”
Triste e solitário, o menino Angus MacMorrow sente a falta do pai, que partiu para a guerra. Sua única diversão é colecionar conchas ou objetos encontrados na beira do Lago Ness. Certo dia, ele encontra um ovo de um animal bastante diferente. O pequeno Crusoé não se assemelha a qualquer espécie conhecida, mas logo conquista a amizade de Angus. Com a casa cheia de soldados, se torna cada vez mais difícil esconder o pequeno animal, que cresce de uma forma assustadora durante a noite. Quando o empregado da casa, Lewis Mowbray descobre a presença de Crusoé, ele e o menino fazem de tudo para escondê-lo. Mas, a ignorância e o medo acabam fazendo com que todos confundam o amável animal com um monstro do Lago Ness. A direção é de Jay Russell. “Meu Monstro de Estimação” estréia nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom e na Sala 3 do Cinemark. Para todas as idades. Cópias dubladas.
Estréia 2: “Sexo Com Amor?”
Três casais, em estágios de vida, idades e classes sociais diferentes, têm uma coisa em comum: suas vidas amorosas passam por um momento turbulento. Falta de desejo, traição, amor, paixão, insegurança e provocações. Para complicar ainda mais, os pais são chamados para uma reunião quando seus filhos são flagrados folheando um livro de arte erótica. Com Reynaldo Gianecchini, Carolina Dieckmann, Malu Mader, José Wilker, Marília Gabriela, Eri Johnson e Maria Clara Gueiros.A direção é de Wolf Maia. “Sexo Com Amor?” estréia nesta sexta-feira, no Cine 1 do Moviecom e Sala 5 do Cinemark. Para maiores de 14 anos.
Juno MacGuff (Ellen Page) é uma adolescente que engravida de maneira inesperada de seu colega de classe Bleeker (Michael Cera). Com a ajuda de sua melhor amiga, Leah (Olivia Thirlby), e o apoio de seus pais, Juno conhece um casal que está disposto a adotar seu filho, que ainda nem nasceu. Bem recebido pela crítica, “Juno” é protagonizado pela atriz canadense Ellen Page e conta a história de uma jovem de 16 anos do estado americano de Minnesota que tem uma gravidez não planejada. O filme foi indicado aos Oscars de Melhor Filme e Melhor Roteiro Original. A direção é de Jason Reitman. “Juno” terá pré-estréia no sábado e no domingo, na sessão de 22h10, na Sala 4 do Cinemark. Para maiores de dez anos.
Sessão Cult: “A Professora de Piano”
Erika Kohut (Isabelle Huppert) trabalha como professora de piano no Conservatório de Viena. Ela não bebe nem fuma, vivendo na casa de sua mãe (Annie Girardot) aos 40 anos. Quando não está dando aulas, Erika costuma freqüentar cinemas pornôs e peep-shows, em busca de excitação. Um certo dia, ela inicia um relacionamento com Walter Klemmer (Benoît Magimel), um de seus alunos, com quem realiza vários jogos perversos. A direção é de Michael Haneke. A partir desta sexta-feira, na Sala 7 do Cinemark, na sessão de 15h. Para maiores de 18 anos.
“O Vidente”, em DVD
Cris Johnson (Nicolas Cage) ganha a vida com um medíocre número de mágica em Las Vegas, mas, sua habilidade de prever alguns minutos do futuro é autêntica. Callie Ferris (Julianne Moore) uma agente do governo, sabe disso, e o convoca para ajudá-la a impedir que um grupo de terrorista detone uma bomba nuclear em pleno coração de Los Angeles. O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio Dolby Digital 5.1, e, como extras, Making Of Fazendo o Vidente, A Locação no Grand Canyon, Os Efeitos Visuais, Dois Minutos no Futuro com Jessica Biel e Trailer de Cinema. Nas locadoras.
“Tranformers”, em DVD
“Morte no Funeral”, em DVD
Divertida comédia inglesa, mostrando as confusões de uma família britânica que se reúne para o enterro do patriarca. Tudo correria bem na despedida, não fossem dois estopins de uma enorme confusão: um frasco de alucinógenos perdido e o amante gay do falecido. O disco traz o filme com formato de tela cheia e áudio Dolby Surround 2.0. A direção é de Frank Oz, com Matthew McFadyen, Rupert Graves e Keeley Howes no elenco.
Estão abertas até o dia 28 de fevereiro as inscrições para Entre Todos – Festival de Curtas-Metragens de Direitos Humanos. O evento, aberto a amadores, estreantes e profissionais, terá uma mostra competitiva para curtas-metragens de todos os gêneros, tendo, como temas: lugar do corpo, origem e deslocamento, núcleos e nichos, tecnocultura, mundo interior e cotidiano. O festival será realizado em São Paulo, de 13 a 19 de maio. Mais informações no fone (11) 3106-0030, fax (11) 3106-0030, email info@entretodos.com.br ou, no site http://www.entretodos.com.br/.
Filmes sobre Carnaval
Embora haja registros de 1908 de pioneiros do cinema brasileiro, que filmaram cenas do Corso em Botafogo, não são muito comuns os filmes comerciais mostrando o carnaval brasileiro. Além das duas versões de Orfeu (“Orfeu Negro”, de 1959 e “Orfeu”, de 1999), o tema foi utilizado, com uma certa regularidade, nas décadas de 30, 40 e 50, voltando com “O Rei do Rio”, de 1985, e, mais recentemente, “Ó Paí, Ó”, com Lázaro Ramos.
Blue-Ray, 1 x 0
A briga fratricida entre os candidatos a sucessores do DVD parece estar pendendo para o lado do Blue-Ray, com a decisão da Warner de só lançar os discos de alta definição neste formato. Claro que isto é indiferente para a maioria dos brasileiros, já que, para usufruir do novo formato deverá investir em um leitor (quatro mil reais) e uma tv de plasma ou LCD full HD (mínimo de cinco mil reais), sem falar dos disquinhos, que custam, em média, cem reais, cada um.
Filmes da Semana: “O Gângster” e “A Lenda do Tesouro Perdido 2 – Livro dos Segredos”
De ouro e de ódio
A primeira divergência na história do cinema foi entre os Lumière, os pioneiros, que viam a invenção como forma de documentar a História, e George Méliès, que acreditava no cinema como entretenimento. Divergências à parte, as duas correntes mostraram-se corretas. Como exemplos, podemos tomar as duas estréias do final de semana passado, “A Lenda do Tesouro Perdido – Livro dos Segredos” e “O Gângster”.
“A Lenda do Tesouro Perdido – Livro dos Segredos” utiliza os mesmos personagens do filme original. Apesar do sucesso obtido com a descoberta do tesouro dos Templários, as coisas não vão muito bem. Ben Gates (Nicolas Cage) e a namorada Abgail (Diane Kruger), em crise, estão se separando. Riley (Justin Bartha), o assistente de Ben, envolveu-se em uma trapalhada financeira e perdeu todo o dinheiro que ganhou.
Para completar, durante uma homenagem a um antepassado de Ben e Patrick Gates (Jon Voight), surge um desconhecido, Mitch Wilkinson (Ed Harris), com o que seria uma folha do diário do assassino de Abraão Lincoln, insinuando que o homenageado teria sido o arquiteto do atentado ao presidente.
Preocupado em preservar a imagem do antepassado, Ben inicia uma cruzada homérica, que o levará a tarefas simples, como invadir o palácio da rainha da Inglaterra e o Salão Oval, na Casa Branca, onde o presidente americano trabalha. Aliás, o explorador consegue seqüestrar o próprio presidente, para descobrir o paradeiro de um misterioso livro onde estariam registrados os mais valiosos segredos dos Estados Unidos.
Enquanto o primeiro filme percorria lugares e fatos importantes da história da independência americana, e do envolvimento dos maços, na mesma, o atual tenta globalizar os temas, levando ações para locações em Paris e Londres (a perseguição nas estreitas ruas da capital inglesa é alucinante). A ação incessante, e o menor aprofundamento nos temas históricos agradará mais as novas gerações, já que o filme é direcionado ao público infanto-juvenil.
Deve ser destacada a atuação do elenco, com Cage fazendo menos caretas, e um desempenho sempre brilhante de Jon Voight e Helen Mirren, nos papéis de pai e mãe do explorador. A linda alemã Diane Kruger também prova que não é só a carinha bonita de Helena de “Tróia”.
Se “A Lenda do Tesouro Perdido 2” agrada pela leveza, “O Gângster” é interessante pela direção oposta do tema e da abordagem. O filme é baseado em uma história real, a do chefe do tráfico de drogas do Harlen da década de 70, Frank Lucas, vivido por Denzel Washington, e do policial que o capturou, Richie Roberts (Russell Crowe).
Lucas nasceu e cresceu durante o período mais negro da segregação racial nos Estados Unidos, presenciando cenas de brutalidade policial contra membros de sua família. Em Nova York, no Harlen, um bairro de predominância negra, ele ficou adulto à sombra de um poderoso chefão local. Quando este morreu, um vazio no poder tomou conta do bairro, dando início a disputas locais. Percebendo a sua oportunidade, Lucas vislumbrou um rico filão com a distribuição de drogas, trazidas diretamente do Extremo Oriente, sem ter que depender da Máfia, ou, dos corruptos policiais da Divisão de Entorpecentes.
Enquanto Lucas crescia a olhos vistos, graças às drogas contrabandeadas do Vietnã, Richie tinha dificuldades para sobreviver, tanto pelos problemas familiares, pois era divorciado e a ex-mulher queria sair de Nova York, quanto pela incompatibilidade com os colegas de profissão, que não admitiam que um policial fosse incorruptível com ele era.
Depois de ter devolvido quase um milhão de dólares encontrados na mala do carro de um suspeito, Richie passou a ser hostilizado pelos colegas. A solução veio com um convite para atuar para um órgão federal de repressão ao tráfico, com a vantagem de poder escolher a sua própria equipe.
Enquanto Richie investigava quem eram os principais chefões, Lucas se firmava no meio, destruindo os oponentes negros e firmando parcerias com a máfia corsa e outros grupos. Como tinha uma droga de uma pureza nunca vista, e conseguia vende-la barato, acabou dominando o mercado, por completo.
Cercado de inimigos, o destino de Lucas seria a morte ou a prisão. Esta acabou acontecendo, graças ao incorruptível Richie. Percebendo que não teria saída, terminou por colaborar com a polícia, já que iria atingir a maioria dos que o tinham prejudicado.
Denzel Washington e Crowe conseguiram dar a seus personagens uma credibilidade sem exageros, com interpretações elogiadas até por quem conheceu as figuras ali personificadas (que estão vivas, ainda). Para quem viveu a época, certamente irá se divertir com os modelitos dos anos 70 usados pelos atores.
A principal característica de “O Gângster” é o equilíbrio, conseguido com a direção segura de Ridley Scott, repetindo a maestria de “Alien, o 8º Passageiro” e “Blade Runner”, mostrando uma história real com toques ficcionais, sem cair nos exageros hollywoodianos. O elenco de apoio também está muito bem, com Carla Gugino, Cuba Gooding Jr e Ruby Dee.
Como disse no início, se o espectador estiver indeciso entre o entretenimento ou um tema documental, estará bem servido de opções.