Claquete – 08 de fevereiro de 2008
O que está em cartaz
Finalmente, passado o carnaval, o Brasil “pega” no tranco e começa a funcionar. As estréias do final de semana são o misto de musical e terror “Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet”, de Tim Burton (só no Cinemark), o suspense “Cloverfield – O Monstro” e o drama político “O Suspeito”. Continuam em cartaz o infantil “Meu Monstro de Estimação”, o nacional “Sexo Com Amor?”, a aventura “A Lenda do Tesouro Perdido 2 – Livro dos Segredos”, com Nicolas Cage, o policial “O Gangster”, com Denzel Washington, a ficção-científica “Eu Sou a Lenda”, com Will Smith, o drama nacional “Meu Nome Não é Johnny”, e o infantil “Alvin e os Esquilos”. Nas programações exclusivas, o Cinemark exibe, na Sessão Cult, a produção francesa “O Amante de Lady Chatterley”. Acontece, nas duas redes, a pré-estréia do candidato ao Oscar “Juno”.
Estréia 1: “Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet”
Um cidadão comum, Benjamin Barker (Johnny Depp), é preso injustamente pelo Juiz Turpin (Alan Rickman) e, ao ser solto, descobre que sua esposa se suicidou após ser estuprada por Turpin, que também tomou sua filha. Barker parte para a vingança, ao lado da cozinheira Nellie Lovett (Helena Bonham-Carter), “famosa” por suas tortas detestáveis. Barker adota o nome de Sweeney Todd e aproveita sua profissão de barbeiro para colocar em prática seus planos com Lovett, agora sua amante. Inspirado em um famoso musical da Broadway. “Sweeney Todd” foi sucesso na Broadway e sua versão cinematográfica já ganhou o Globo de Ouro de Venceu nas categorias de Melhor Filme (comédia/musical) e Melhor Ator (comédia/musical – Johnny Depp). A direção é de Tim Burton. “Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet” estréia nesta sexta-feira, na Sala 5 do Cinemark. Para maiores de 14 anos.
Estréia 2: “Cloverfield – O Monstro”
Cinco jovens nova-iorquinos dão uma festa de despedida para um amigo na noite em que um monstro do tamanho de um arranha-céu ataca a cidade. Usando uma estratégia de marketing semelhante à de “A Bruxa de Blair”, a história é contada do ponto de vista da câmera de vídeo deles, simulando um documentário das suas tentativas de sobreviver ao mais surreal e aterrorizador evento das suas vidas. No teaser divulgado sobre o filme, Nova York está sendo atacada. Todos saem correndo para a rua e eis a surpresa. Bolas de fogo surgem do céu explodindo prédios da cidade. Uma explosão atinge a Estátua da Liberdade, cuja cabeça cai aos pés da galera da festa. A produção é de J. J. Abrams, o criador de “Lost” e a direção é de Matt Reeves. “Cloverfield – O Monstro” estréia nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom e Sala 2 do Cinemark. Para maiores de 14 anos.
Anwar El-Ibrahimi (Omar Metwally) é um cidadão egípcio-estadunidense que pode – ou não – estar ligado à direção de um grupo terrorista. Quando está voltando de uma viagem à África do Sul, ele é seqüestrado por agentes americanos e levado para um país da África, onde vai passar por todos os tipos de interrogatórios. Quem comanda toda a ação é Abasi Fawal (Yigal Naor), chefe da polícia local. Do lado norte-americano, o supervisor é Douglas Freeman (Jake Gyllenhaal). Atravessando o Atlântico, a esposa de Anwar, Isabella Fields El-Ibrahimi (Reese Witherspoon), tenta, a todo custo, descobrir onde está o marido desaparecido e ainda preservar o filho que está prestes a nascer. Sua busca por respostas a leva até a secretária de Estado, Corrine Whitman (Merryl Streep), que autorizou todo o sigiloso processo. “O Suspeito” estréia nesta sexta-feira, no Cine 5 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.
Pré-Estréia: “Juno”
Juno MacGuff (Ellen Page) é uma adolescente que engravida de maneira inesperada de seu colega de classe Bleeker (Michael Cera). Com a ajuda de sua melhor amiga, Leah (Olivia Thirlby), e o apoio de seus pais, Juno conhece um casal que está disposto a adotar seu filho, que ainda nem nasceu. Bem recebido pela crítica, “Juno” é protagonizado pela atriz canadense Ellen Page e conta a história de uma jovem de 16 anos do estado americano de Minnesota que tem uma gravidez não planejada. O filme foi indicado aos Oscars de Melhor Filme e Melhor Roteiro Original. A direção é de Jason Reitman. “Juno” terá pré-estréia no sábado, na sessão de 22h30, na Sala 4 do Cinemark e durante a semana, na sessão de 19h25, no Cine 3 do Moviecom. Para maiores de dez anos.
Sessão Cult: “Lady Chatterley”
Constance (Marina Hands) vive numa propriedade rural com o marido, inválido, aprisionado a uma cadeira de rodas por conta de ferimentos durante a Primeira Guerra Mundial. Ela amarga uma vida monótona até que, durante um passeio na floresta, conhece Parkin (Jean-Louis Coullo´ch), empregado que tem a função de evitar os caçadores furtivos na propriedade. A atração entre os dois desperta nela um desejo nunca antes experimentado. A direção é de Pascale Ferran, que seguiu fielmente a obra polêmica de D. H. Lawrence, escrita em 1928, e considerada escandalosa, foi banida, e só teve a primeira publicação oficial na Inglaterra em 1960. A partir desta sexta-feira, na Sala 7 do Cinemark, na sessão de 15h. Para maiores de 18 anos.
“Mandando Bala”, em DVD
“Resident Evil 3 – A Extinção”, em DVD
“Deu a Louca na Cinderela”, em DVD
O Cineclube Natal, em parceria com o Nalva Melo Café Salão, apresenta nesta sexta-feira, o longa-metragem “O Bandido da Luz Vermelha”, do diretor Rogério Sganzerla. Um assaltante misterioso usa técnicas extravagantes para roubar casas luxuosas de São Paulo. Apelidado pela imprensa de “O Bandido da Luz Vermelha”, traz sempre uma lanterna vermelha e conversa longamente com suas vítimas. Debochado e cínico, este filme se transformou num dos marcos do cinema marginal. A exibição começa às 20h, no espaço do próprio café (Rua Duque de Caxias, 110, Ribeira). A entrada custa R$2,00. Para maiores de 16 anos.
“O Decálogo”, na Livraria Paulus
Abertas inscrições para o FEMINA
Estão abertas, até o final de março, as inscrições para o FEMINA – Festival Internacional de Cinema Feminino. O evento será composto por sessões de cinema e vídeo de filmes dirigidos por mulheres, com mostras competitivas, programas temáticos nacionais e internacionais, sessões especiais de festivais convidados e fórum de debates. O festival será realizado no Rio de Janeiro, de 19 a 24 de junho. Mais informações no fone/fax (21) 2220-9800, email contato@feminafest.com.br e no site http://www.feminafest.com.br/.
Filmes da Semana: “Moça Com Brinco de Pérola” e “Perfume de Mulher”
O brinco e o perfume
Sem nenhum ânimo para pular no carnaval, e com fracas estréias nos cinemas, resolvi tirar a poeira da minha filmoteca, e revisitei dois títulos maravilhosos, que recomendo a todos, entediados ou não: “Moça do Brinco de Pérola” e “Perfume de Mulher”.
“Moça com Brinco de Pérola”, do cineasta inglês Peter Webber, é uma recriação da realidade, sobre um fato misterioso do mundo da Arte. Na severa Holanda do século 17, o pintor Johannes Vermeer (1632-1675) criou o quadro que dá nome ao filme. Considerada a pintura mais importante da Holanda, é uma das mais famosas da história da Arte, embora quase nada se saiba sobre as circunstancias de sua criação.
Delft, Holanda ,1665. Depois que seu pai fica cego, a jovem Griet (Scarlett Johansson) é obrigada a trabalhar para sustentar sua família. Ela se torna a empregada doméstica da casa de Johannes Vermeer (Colin Firth) e, aos poucos, atrai a atenção do pintor, pois, Vermeer nota a percepção intuitiva que Griet possui em relação às cores e à luz e a conduz ao seu fechado universo criativo. Vermeer é um perfeccionista, que, muitas vezes, leva meses para terminar uma pintura.
Sua sogra, Maria Thins (Judy Parfitt), esforça-se para manter o controle financeiro da família, e percebendo que Griet inspira Vermeer, procura administrar esse relacionamento clandestino, mantendo-o distante do conhecimento da alienada filha. Sufocada pelo trabalho doméstico e pela ajuda que presta ao pintor, Griet se arrisca cada vez mais a uma exposição indesejada ou a algo ainda pior, pois ela desperta o ciúme de Cornelia (Alakina Mann), uma voluntariosa menina de doze anos, que procura qualquer coisa para prejudicar Griet.
Solitária e desprotegida, Griet também desperta a atenção de Pieter (Cillian Murphy), o jovem açougueiro, e do rico e lascivo Mestre van Ruijven (Tom Wilkinson), que se irrita ao perceber que seu dinheiro não lhe permite controlar nem o artista, nem a jovem empregada. O maquiavélico van Ruijven, pressentindo a intimidade entre o mestre e a empregada, planeja um meio de fazer com que Vermeer pinte Griet a sós.
“Moça Com Brinco de Pérola” traz uma preciosa recriação de época, mostrando a rude vida urbana da Idade Moderna, e as difíceis relações entre as classes, numa época em que o trabalho doméstico não era mais que uma forma de escravidão.
Mas, talvez o maior mérito do filme seja revisitar a obra do genial pintor holandês, através de uma belíssima fotografia, que é um pouco prejudicada pelo formato de tela cheia do DVD (shame on you, Imagem Filmes!). Os extras praticamente não existem, e limitam-se à filmografia, galeria de fotos e trailer. O som, ao menos, está muito bom, ao menos o original, em Dolby Digital 5.1.
“Perfume de Mulher” foi muito aclamado, sendo um ícone a famosa cena do tango, onde o protagonista cego, vivido por Al Pacino, dança com a belíssima Gabrielle Anwar. Mas, além dessa inesquecível dança, há muito mais no filme, onde as histórias de vida dos personagens principais se cruzam e alteram-se, mutuamente.
Pacino vive o Tenente-Coronel Slade, um enérgico militar reformado pela cegueira provocada por um acidente. Eternamente irritado com o mundo ao seu redor, Slade arquiteta um plano para sair desse mundo em grande estilo: um fim de semana em Nova York, que terminará com a sua morte, pelas próprias mãos.
Para isso, ele precisará da ajuda de Charlie (Chris O’Donnel, em seu primeiro papel significativo), um jovem estudante secundário, que aceita cuidar de Slade enquanto a família dele viaja no feriado. Charlie tem os seus próprios problemas, pois, presenciou um ato de vandalismo e recusa-se a delatar os colegas, sendo pressionado pelo diretor, que quer punir os infratores a todo custo.
O fim de semana com Slade mostra-se tudo, menos monótono. A visita à família de Slade termina em confusão, o rapaz tem que suportar a ironia amarga do ex-militar, e, ao mesmo tempo, dar um suporte, quando percebe que ele está entrando em depressão. O final de semana inclui até um teste drive em uma Ferrari, dirigida, lógicamente, pelo cego (ah, a magia do cinema…).
Os dois socorrem-se mutuamente em seus momentos de maior dificuldade. Charlie precisa usar todo o seu poder de persuasão para evitar que Slade cometa suicídio (“Charlie, não sei se mato você ou o adoto…”).
Por sua vez, é Slade quem irá ajudar o garoto, frente ao Comitê de Disciplina, onde parece que Charlie, por não querer delatar os colegas, é mais culpado do que os vândalos que sujaram o carro do diretor. A defesa de Slade é um dos grandes momentos do cinema, não apenas pela defesa de um inocente, mas, pela interessantíssima análise dos valores considerados importantes, nos dias de hoje.
O DVD, embora não contenha extras, traz o formato de tela widescreen anamórfico, que permite apreciar a bela fotografia do filme. Os 156 minutos de filme passam sem sentir, graças ao envolvimento proporcionado pela tocante história dos personagens.
Os dois filmes, além de suas peculiaridades, trazem interessantes óticas sobre as motivações das pessoas, e o que elas consideram essenciais para as suas vidas.