Claquete 09 de janeiro de 2009
Natal, verão, sol, praia, turistas e estudantes em férias. Esses são os ingredientes para a estação mais movimentada do ano em nossa terrinha. E, para completar o quadro, vale à pena conferir as estréias do final de semana, a refilmagem do clássico “O Dia em Que a Terra Parou”, com Keanu Reeves, a animação nacional “O Grilo Feliz e os Insetos Gigantes”, o drama argentino “La Leonera” na Sessão Cult do Cinemark, e “Lanchonete Olympia”, no Projeto Moviecom Arte. Continuam em cartaz os dramas “Marley e Eu”, com Owen Wilson, e “Sete Vidas”, com Will Smith (vejam em Filmes da Semana), a animação “Bolt – Supercão”, da Pixar/Disney, a aventura “Coração de Tinta”, com Brendan Fraser, a comédia nacional “Se Eu Fosse Você 2”, de Daniel Filho, o romance “Crepúsculo” e, a animação “Madagascar 2 – A Grande Escapada”.
Estréia 1: “O Dia em Que a Terra Parou”
Refilmagem do clássico de 1951, “O Dia em que a Terra Parou” traz Keanu Reeves no papel do alienígena Klaatu, vivido por Michael Rennie no filme original. Os dois filmes são inspirados no conto Farewell to the Master, publicado em 1940 por Harry Bates. Um ser de outro planeta vem à Terra entregar aos seus líderes um presente, mas, é impedido por soldados. Ele é preso e se esconde em uma pensão, onde conhece Helen e seu filho. Klaatu se decepciona várias vezes com os humanos, ao se deparar com o uso desenfreado de armas de fogo. E, por isso, faz um alerta: A Terra será destruída caso os seus habitantes não mudem essa postura. O filme dos anos 50 trazia um apelo pacifista pelo fim da Guerra Fria, enquanto que o atual traz uma mensagem de preservação ecológica. Jennifer Connelly e Jaden Smith, o filho de Will Smith, completam o elenco principal do filme. A direção é de Scott Derrickson. “O Dia em Que a Terra Parou” estréia nesta sexta-feira, nos Cines 4 (dublado) e 6 (legendado) do Moviecom e na Sala 2 do Cinemark. Classificação indicativa dez anos.
Estréia 2: “O Grilo Feliz e os Insetos Gigantes”
“O Grilo Feliz e os Insetos Gigantes” é uma nova história do inspirado grilo azul que já havia encantado as famílias no primeiro filme. Agora, Grilo Feliz quer gravar um CD, mesmo desejo de uma divertida banda de rap formada por sapos. Porém, eles se deparam com a vilã Trambika, que pirateia suas músicas, e acaba por unir sapos e insetos numa inesperada aventura. O longa, dirigido por Walbercy Ribas e Rafael Ribas e lançado pela produtora Star Desenhos Animados, famosa no mundo publicitário, é o maior projeto em animação gráfica do Brasil na área cinematográfica. “O Grilo Feliz e os Insetos Gigantes” estréia nesta sexta-feira, no Cine 1 do Moviecom e na Sala 3 do Cinemark. Classificação indicativa livre.
Sessão Cult: “La Leonera”
Julia (Martina Gusman) acorda rodeada pelos corpos ensangüentados de Ramiro (Rodrigo Santoro) e Nahuel. Ramiro ainda está vivo, mas Nahuel está morto. Ela é presa e enviada a uma penitenciária especifica para mães e grávidas sentenciadas. Nos primeiros dias Julia permanece reclusa, mas, aos poucos, faz algumas amizades. Uma delas é Marta (Laura Garcia), que já criou dois filhos na prisão e torna-se sua conselheira. A direção é de Pablo Trapero. Vencedor de vários prêmios (melhor filme, atriz, roteiro e fotografia) do Festival de cinema Latino-Americano de Lima, “La Leonera” será o representante argentino ao Oscar de Filme Estrangeiro. A partir desta sexta-feira, na Sala 7 do Cinemark, na sessão de 15h10. Classificação indicativa 14 anos.
Projeto Moviecom Arte: “Lanchonete Olympia”
Misturando realismo e fantasia, “Lanchonete Olympia” narra o cotidiano de uma decadente lanchonete no subúrbio de Nova York que é ponto de encontro dos imigrantes. Entre funcionários e fregueses, todos mostram a angústia de ser estrangeiro em uma América de paranóias e terrorismo, enquanto um gigantesco pôster (o cartaz do filme) ensina aos frequentadores como salvar uma vítima de asfixia. Elogiado filme “indie” do diretor Steve Barron, que dirigiu clipes para David Bowie, Culture Club e Michael Jackson, além de pop-cults como “Amores Eletrônicos” e “Coneheads”. A partir desta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom, na sessão de 13h45. Classificação indicativa 14 anos.
“Ó Paí, Ó”, na Globo
Em animado cortiço do centro histórico do Pelourinho, em Salvador, tudo é compartilhado pelos seus moradores, especialmente a paixão pelo carnaval e a antipatia pela síndica do prédio, dona Joana. Com Lázaro Ramos, Dira Paes e Wagner Moura. Sexta-feira, às 21h35.
“A Casa de Cera”, no SBT
Seis jovens amigos viajam, de carro, e vão parar em Ambrose, uma cidadezinha no meio do nada, cuja principal atração é a casa de cera de Trudy. As peças de cera beiram a perfeição e eles vão descobrir da pior maneira possível de que forma as estátuas são feitas. Com Paris Hilton. Sexta-feira, às 22h15.
“Kazaam”, na Record
Por acidente, o jovem Max desperta o gênio Kazaam (Shaquille O´Neil) e tem direito aos três tradicionais desejos. As confusões começam quando uma turma de aproveitadores descobre o gênio e tenta se apoderar dele. Sábado, às 14h30.
“O Terminal”, na Globo
Impedido de entrar nos Estados Unidos devido a um golpe de estado em seu país, um homem fica preso em um terminal de aeroporto, já que também não pode retornar à sua terra natal. Com Tom Hanks, Catherine Zeta-Jones e Stanley Tucci. Sábado, às 15h29.
“Marcas da Violência”, no SBT
Após evitar um assalto e matar, em legítima defesa, dois criminosos, um homem tem sua vida de calmaria inteiramente transformada pela mídia. Dirigido por David Cronenberg e com Viggo Mortensen, Ed Harris e William Hurt no elenco. Recebeu duas indicações ao Oscar. Sábado, às 22h15.
“Em Boa Companhia”, na Globo
Após perder seu cargo na empresa para um jovem publicitário, um homem precisa manter um clima amigável com seu novo chefe para não perder o emprego. Com Dennis Quaid, Scarlett Johansson e Topher Grace. Sábado, às 22h05.
“A Sedução de Sara”, na Band
Brad e Sara se conhecem na praia e logo sentem atração um pelo outro. Mas, no tempo do sexo seguro, quando Brad não consegue encontrar a camisinha, eles resolvem prolongar o desejo sexual. Sábado, às 0h45.
“A Lenda do Tesouro Perdido”, na Globo
Um caçador de tesouros descobre a existência de um mapa em plena Declaração de Independência dos Estados Unidos. Com Nicolas Cage, Harvey Keitel, Sean Bean, Jon Voight, Christopher Plummer e Diane Kruger. Domingo, às 13h25.
“O Retorno da Múmia”, na Record
Dez anos depois de sua primeira tentativa de ressurreição, Imhotep volta à ativa em um museu de Londres, onde será mais uma vez combatido por Ricky O’Connor, Evelyn e o filho de ambos, Alex. Com Brendan Fraser, Rachel Weisz e Arnold Vosloo. Domingo, às 21h.
“A Hora do Rush 2”, no SBT
Os detetives Lee (Jackie Chan) e James Carter (Chris Tucker) entram em ação em Hong Kong, onde Carter pretendia tirar férias e acabou tendo que investigar o motivo da explosão de uma bomba na embaixada americana. Eles terão que enfrentar vilões perigosos e sair de várias confusões. Após o Domingo Legal.
“O Confronto”, na Globo
Um homem de um universo paralelo descobre que fica mais forte caso elimine suas contrapartes nas demais dimensões. Disposto então a seguir em frente com seu plano, ele chega ao nosso universo para matar sua contraparte. Com Jet Li e Delroy Lindo. Domingo, às 23h14.
“Abril Despedaçado”, na Globo
Em 1910, um jovem de 20 anos passa a receber apoio do pai para se vingar da morte de seu irmão mais velho, assassinado por uma família rival. Dirigido por Walter Salles e com Rodrigo Santoro e Luiz Carlos Vasconcelos no elenco. Segunda-feira, às 0h35.
“Tempo de Despertar”, em DVD
Adaptando-se ao seu papel como o novo chefe de polícia da cidade de Paradise, Massachusetts, Stone (Tom Selleck) investiga o brutal assassinato de uma adolescente problemática encontrada morta boiando em um lago da cidade. Ele logo descobre que a garota era uma estudante exemplar e que, de alguma maneira, acabou no caminho da autodestruição, o que eventualmente levou à morte prematura. À medida que Stone descobre mais coisas sobre o passado infeliz da garota, ele começa a suspeitar que o mundo influente de Boston pode estar envolvido e passa a ficar obcecado com o caso. A direção é de Robert Harmon. O disco traz o filme com formato de tela cheia e áudio Dolby Digital 5.1.
“Um Segredo Entre Nós”, em DVD
Para comemorar a tardia graduação de sua mãe Lisa (Julia Roberts), o escritor Michael (Ryan Reynolds) retorna à casa de sua tumultuada infância. O pai de Michael, Charles (Willem Dafoe), discute com a mulher no carro e acaba causando um acidente no qual Lisa morre. Entre novos acontecimentos – como a descoberta da infidelidade da mãe – e lembranças do passado, o jovem escritor precisa decidir se vai publicar seu livro “Fireflies in the Garden”, expondo assim as memórias de sua infância difícil, ou aproveitar a oportunidade de rever o passado, o que, talvez, o leve a uma reconciliação com o intransigente pai. O disco traz o filme com formato de tela letterbox e áudio Dolby Digital 5.1.
“Um Amor Para Toda Vida”, em DVD
Em 1943, durante a Segunda Guerra, um soldado americano à beira da morte entrega a um homem desconhecido um anel, para que ele seja entregue à sua namorada, nos Estados Unidos. Mais de 50 anos depois, um homem encontra esse anel e resolve procurar a mulher a quem ele se destinava. Dirigido por Richard Attengorough, o elenco conta com Shirley McLaine, Christopher Plummer e Misha Barton. O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio Dolby Digital 5.1.
“Vampiros de Almas”, em DVD
Um dos filmes mais paranóicos da época áurea da ficção científica na década de 1950. É ao mesmo tempo uma alegoria ambígua / ambivalente da guerra fria, e um conto de terror sobre extraterrestres. Após um congresso médico, Dr. Miles retorna à Santa Mira, uma pequena cidade na Califórnia, e estranha os relatos de vários pacientes que insistem que seus familiares são impostores. A princípio encara o fato com cepticismo, mas, alguns dias depois, é testemunha de um estranho caso envolvendo seus amigos. O filme, de 1956, é em preto-e-branco, formato standard (padrão da época) e traz, como extras, Biografias e filmografias, Trailer e Notas de produção.
Eventos
Inscrições abertas para o Festival Câmera Mundo
O Festival de Filmes Independentes Câmera Mundo, organizado pela Fundação Caramundo, que se dedica a exibir internacionalmente produções audiovisuais independentes e de baixo orçamento, receberá inscrições de filmes até 28 de fevereiro de 2009. O evento acontece entre 26 e 28 de junho de 2009. Para saber mais informações sobre o festival, visite o site http://www.cameramundo.nl/, e, para conhecer os outros projetos da Fundação Caramundo, entre no site http://www.caramundo.org/.
Filmes da Semana: “Marley e Eu” e “Sete Vidas”
Geralmente, nesta época do ano, os títulos em cartaz são direcionados ao público infanto-juvenil, formado, em sua maioria, por estudantes em férias. Estes marcam presença nos cinemas, com três animações, uma comédia, romance e aventura. Contudo, dois dramas estão à disposição de quem está disposto a usar mais de três neurônios de uma vez. São eles “Marley e Eu”, com Owen Wilson e Jennifer Aniston e “Sete Vidas”, com Will Smith.
Para quem nunca leu o best-seller escrito por John Grogan – meu caso, devo admitir – o filme “Marley e Eu” soava como uma versão atualizada de “Beethoven”, onde um cão grandalhão e atrapalhado infernizava a vida de uma família.
O filme começa onde os outros terminam, no casamento dos protagonistas. John (Owen Wilson) e Jennifer Grogan (Jennifer Aniston) eram dois jovens jornalistas em início de carreira. Por influência de Jennifer, que adorava planejar a vida em listas de tarefas, resolvem ir morar em Miami, na Flórida.
Mas, enquanto Jennifer se sobressaía como repórter de temas políticos, John amargava com pequenas e insignificantes matérias, enquanto invejava a liberdade do amigo solteiro Eric (Sebastian Tunney), que se dividia entre audaciosas investigações e paquerar todas as mulheres que via.
Em dúvida quanto à questão de filhos, John segue o conselho de Eric e presenteia Jennifer com um filhote de labrador. O cãozinho, em promoção, parecia enjeitado em meio aos seus alegres irmãos. Ele é chamado de Marley, em homenagem a Bob Marley.
À medida que vai crescendo, Marley se revela um problema, pois, grande e desajeitado, derruba tudo, adora morder os móveis ou qualquer objeto que ache interessante, tem um enorme apetite, e, bem, tudo o que entra, sai. Ele come até um colar com pingente de Jennifer, que será resgatado depois.
Dois acontecimentos mudam a vida do casal. John é convencido pelo editor a escrever algumas matérias em uma coluna (como essa minha, mas, sem um tema específico). Quando ele escreve sobre o seu cotidiano, e, principalmente com suas experiências com Marley, a coluna faz um enorme sucesso entre os leitores, embora ele mesmo não dê importância ao fato.
A outra novidade é a gravidez de Jennifer, do primeiro filho, após a decepção pela perda de um outro bebê. A vida já confusa do casal fica mais animada, ainda mais com a chegada de um segundo filho.
Com dois filhos, um emprego exigente e um cão maluco, Jennifer resolve fazer a escolha mais importante de sua vida. Entre a promissora carreira e os filhos, opta por eles, o que leva John a assumir de vez a coluna no jornal, para compensar a perda financeira.
A chegada da filha caçula junto com a meia-idade traz inquietação para John, que ainda se ressente por não ter realizado o seu antigo sonho de ser repórter. Ele resolve, então, recomeçar tudo na fria Chicago, assumindo um posto em um jornal da cidade, e levando a família e Marley para uma enorme casa no subúrbio.
Lá, ele descobre que, se ele não é tão novo para realizar seus antigos sonhos, Marley já está praticamente na velhice. Enquanto acompanha os dias finais de seu fiel e desajeitado amigo, ele é obrigado a repensar seus sonhos e valores, descobrindo que, na maior parte das vezes, o prêmio mais valioso não está no podium, mas, ao nosso lado, na corrida.
“Marley e Eu” é um filme magnífico, com momentos alegres sem nunca descambar para comédia, sustentado pela atuação de Wilson, que, longe de papéis superficiais como “Bater e Correr” e outras bobagens, se mostra um ator maduro e eficiente. De mais, uma divertida e emocionante história sobre o verdadeiro valor dos relacionamentos.
“Sete Vidas” reforça a idéia de que Will Smith está fugindo dos protagonistas heróicos dos filmes de ação que o levaram ao estrelato, como “Bad Boys” e “MIB”, e partindo para papéis mais dramáticos, como “À Procura da Felicidade”, do diretor Gabriele Muccino, que repete a dobradinha no filme atual.
Ao contrário de “Marley e Eu”, que tem uma linha narrativa bem definida, “Sete Vidas” é construído de uma forma intencionalmente confusa. O protagonista é um homem que se apresenta como Ben Thomas (Will Smith), fiscal do poderoso IRS, a Receita Federal deles, tão poderosa que conseguiu colocar Al Capone na cadeia.
Nosso homem tem interesse especial por algumas pessoas, mas, os seus métodos são estranhos. Ele chega a ligar para um cego, Ezra (Woody Harrelson), que trabalha no telemarketing de um frigorífico, esculhambando o cidadão, que, mesmo ante tanta agressividade, consegue manter a calma.
Ele também investiga o administrador de um hospital, um técnico de hóquei sobre patins e uma profissional liberal, Emily (Rosario Dawson), sempre com desculpas esfarrapadas e um sorriso amarelo.
Entre os fragmentos de histórias, vamos descobrindo que todas estas pessoas tem em comum dificuldades financeiras motivadas, principalmente, por estarem com doenças graves, já em estágio avançado.
Aos poucos, vamos percebendo que o nosso escorregadio personagem tem a intenção de ajudar, e seus métodos pouco acadêmicos visam identificar se a pessoa merece ou não a ajuda. Mas, por que ele faz isso?
Bem, os meus leitores irão me permitir não ir adiante, pois seria o mesmo que contar um mistério policial revelando quem é o assassino – e o porquê. Ao longo do filme são oferecidas pistas, que um observador atento conseguirá deduzir o mistério envolvido.
Só não fiquem discutindo durante o filme, pois na sessão que assisti, um espectador, irritado com a conversa de duas adolescentes, disse, em alto e bom som, que se elas tinham dúvidas, que perguntassem e ele explicaria, se não, prestassem atenção e entenderiam o filme. Creio que elas escolheram a segunda opção, pois ficaram bem caladinhas o resto do filme.
“Sete Vidas” é um filme bem diferente do tradicional, não apenas pelo desenvolvimento intrincado, exigindo um bom desempenho do elenco, mas, por tratar da visão da vida em face de uma dolorosa expectativa de morte, além do senso de expiação e, mais que tudo, de redenção. Confiram.