Coluna Claquete – 27 de fevereiro de 2015
Newton Ramalho
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O que está em cartaz
Carnaval, Oscar, inundações, greves de caminhoneiros e escândalos de empresários, executivos e políticos – fevereiro se vai sem deixar muitas saudades. Enquanto isso, nas salas de cinema, as estreias da semana são a comédia nacional “Superpai”, a animação “Tinker Bell e o Monstro da Terra do Nunca”, e a ópera “Alice no País das Maravilhas”. Teremos também reexibição do clássico “De Volta Para o Futuro”, e as pré-estreias de “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)” e “A Teoria de Tudo”. Continuam em cartaz o drama “Sniper Americano” (vejam mais na seção Filme da Semana), “Cinquenta Tons de Cinza”, a ficção-científica “O Destino de Júpiter”, e a animação “Bob Esponja – Um Herói Fora D’Água”. Nas programações exclusivas, o Moviecom exibe “Corações de Ferro”, e “Loucas Pra Casar”, enquanto o Cinemark mantém “O Jogo da Imitação”, e o Partage Norte Shopping, o terror “A Casa dos Mortos”.
Estreia 1: “Superpai”
Diogo (Danton Mello) era o garoto mais popular da escola, rei das festas e da bagunça. As meninas queriam estar com ele e os meninos queriam ser iguais a ele. Agora, vinte anos mais tarde, é apenas um homem comum, pai, marido, trabalhador. Uma reunião da turma de colégio é sua chance de sair da rotina e a festa acaba levando a rumos inesperados. Diogo apronta uma sacanagem com o amigo nerd que virou empresário rico e bem sucedido, e não consegue nem identificar o próprio filho ao pegá-lo em uma festa à fantasia. A direção é de Pedro Amorim. “Superpai” está em exibição na Sala 1 do Moviecom, Sala 7 do Cinemark, Sala 3 do Natal Shopping, e Sala 3 do Partage Norte Shopping. Classificação indicativa 14 anos. Nacional. (T. O.: “Superpai”)
Estreia 2: “Tinker Bell e o Monstro da Terra do Nunca”
A fada Fawn sempre teve um bom coração e se recusou a ver maldade nas pessoas. Por isso, ela torna-se amiga de um gigantesco monstro. Tinker Bell e suas amigas temem que essa relação possa ser nociva para todas as moradoras da cidade, e decidem combater o vilão antes que seja tarde. A direção é de Steve Loter. “Tinker Bell e o Monstro da Terra do Nunca” está em exibição na Sala 6 do Moviecom, Sala 6 do Cinemark, Sala 4 do Natal Shopping, e Sala 2 do Partage Norte Shopping. Classificação indicativa livre. Exibição em 2D e 3D, cópias dubladas. (T. O.: “Legend of the Neverbeast”)
Estreia 3: “Royal Opera House: Alice no País das Maravilhas”
Desde sua estreia triunfal, em 2011, Alice no País das Maravilhas estabeleceu seu lugar garantido como um dos espetáculos favoritos de todo o repertório do Royal Ballet, um espetáculo perfeito para o entretenimento de toda a família. O espetáculo tem um elenco de personagens muito conhecidos, como o Chapeleiro Louco, o Coelho Branco e a sempre furiosa Duquesa. A coreografia de Christopher Wheeldon é maravilhosamente amplificada pelo ritmo e as cores da música de Joby Talbolt, e pela engenhosa combinação de efeitos de alta e baixa tecnologia de Bob Crowley, que tem um resultado deslumbrante na tela do cinema. “Alice no País das Maravilhas” será exibido no Cinemark no sábado às 11h300, no domingo às 14h30, e na terça-feira às 17h30, sempre na Sala 6. Classificação indicativa livre (T. O.: “Alice’s Adventures in Wonderland – Royal Opera House”)
Pré-Estreia 1: “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)”
No passado, Riggan Thomson (Michael Keaton) fez muito sucesso interpretando o Birdman, um super-herói que se tornou um ícone cultural. Entretanto, desde que se recusou a estrelar o quarto filme com o personagem sua carreira começou a decair. Em busca da fama perdida e também do reconhecimento como ator, ele decide dirigir, roteirizar e estrelar a adaptação de um texto consagrado para a Broadway. Entretanto, em meio aos ensaios com o elenco formado por Mike Shiner (Edward Norton), Lesley (Naomi Watts) e Laura (Andrea Riseborough), Riggan precisa lidar com seu agente Brandon (Zach Galifianakis) e ainda uma estranha voz que insiste em permanecer em sua mente. Ganhador do Oscar de Melhor Filme, Diretor, Roteiro Original, e Fotografia. A direção é de Alejandro González Iñarritu. “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)” está em pré-estreia na Sala 6 do Cinemark (sessão 22h00) na Sala 5 do Natal Shopping (sessões 16h00 e 22h30). Classificação indicativa 16 anos. (T. O.: “Birdman”)
Pré-Estreia 2: “A Teoria de Tudo”
O filme “A Teoria de Tudo”, dirigido por James Marsh, traz a biografia do astrofísico Stephen Hawking, que além da genialidade de suas ideias, também comoveu o mundo pela doença degenerativa que o deformou e quase impossibilitou sua comunicação com o mundo. A história mostrada nas telas é contada pela ótica de Jane Wilde, interpretada pela atriz Felicity Jones. O filme é baseado no livro homônimo, escrito por Jane, cuja negociação para adapta-lo para o cinema levou três anos, e mais dez para realiza-lo. O filme mostra a vida de Hawking (Eddie Redmayne) a partir dos anos 1960, quando ainda muito jovem já fazia doutorado na prestigiosa universidade de Cambridge, e logo desenvolveria a doença que o deixou deformando. Eddie Redmayne ganhou o Oscar de Melhor Ator, e o filme recebeu mais quatro indicações (Melhor Filme, Melhor Atriz, Roteiro Adaptado, e Trilha Sonora. “A Teoria de Tudo” está em pré-estreia na Sala 6 do Natal Shopping (sessões 16h20 e 21h50). Classificação indicativa dez anos. (T. O.: “The Theory of Everything”)
Clássicos Cinemark: “De Volta Para o Futuro”
Um jovem (Michael J. Fox) aciona acidentalmente uma máquina do tempo construída por um cientista (Christopher Lloyd) em um DeLorean, retornando aos anos 50. Lá conhece sua mãe (Lea Thompson), antes ainda do casamento com seu pai, que fica apaixonada por ele. Tal paixão põe em risco sua própria existência, pois alteraria todo o futuro, forçando-o a servir de cupido entre seus pais. “De Volta Para o Futuro” é o primeiro de uma série de três filmes baseados nos personagens Marty McFly e Doc Brown. Os demais são “De Volta Para o Futuro 2” (1989) e “De Volta Para o Futuro 3” (1990). Este filme ganhou o Oscar de Efeitos Sonoros, além de três indicações. “De Volta Para o Futuro” será exibido no Cinemark no sábado às 0h00 (Sala 4), no domingo às 13h00 (Sala 5), e na quarta-feira às 19h40 (Sala 5). Classificação indicativa livre. (T. O.: “Back to the Future”)
Filme da Semana: “Sniper Americano”
Na última quarta-feira, o ex-fuzileiro americano Eddie Ray Routh foi condenado à prisão perpétua pelo assassinato de dois antigos companheiros de força armadas. O que seria mais um caso policial ganhou um tom diferente porque uma das vítimas era Chris Kyle, o atirador de elite retratado no filme “Sniper Americano”.
Adaptado do livro “American Sniper: The Autobiography of the Most Lethal Sniper in U.S. Militar History”, o filme conta a história real de Chris Kyle (Bradley Cooper), atirador de elite das forças especiais da marinha americana. Durante cerca de dez anos ele matou mais de 150 pessoas, tendo recebido diversas condecorações por sua atuação na Guerra do Iraque.
O ator Bradley Cooper adquiriu os direitos da obra e começou a produzi-la, pensando desde o início em fazer o papel principal. Quem primeiro foi cogitado para dirigir foi Steven Spielberg, que desistiu do projeto, chegando então às mãos de Clint Eastwood, talvez o único com a capacidade para realiza-lo de uma forma competente.
O próprio Eastwood já viveu nas telas alguns heróis que encarnavam o ideal americano do homem que resolve tudo “no braço”, como o lendário inspetor Harry “Dirty” Callahan.
O tempo, porém, serviu para trazer sabedoria ao velho Clint, e seus filmes são cada vez melhores, com uma crítica sutil ao modo americano de ser, em especial em relação ao resto do mundo.
É possível que para a maioria dos americanos “Sniper Americano” seja o retrato de um herói. Mas, o homem retratado nas telas é o típico americano, patriota por natureza, mas com um senso crítico falho, que acredita em tudo o que sai na televisão e da boca dos políticos de seu partido.
O filme mostra a vida de Kyle (Bradley Cooper) em fragmentos, alternando as ações no Iraque com flashbacks de sua vida em família, e nos raros momentos em que retornava aos Estados Unidos.
Motivado pelo ataque terrorista de 11 de setembro, Kyle alistou-se aos trinta anos na força de elite da marinha americana, os SEALs. Passando pela rigorosa seleção, ele desenvolveu a habilidade do tiro de precisão. É bem provável que Kyle, como muitos americanos, já utilizasse armas com frequência, pois lá o direito de porta-las é garantido pela constituição, e é uma paixão nacional.
Mas, o que fica evidente é que, para o atirador de elite, a maior dificuldade não é acertar o alvo, mas, ter a capacidade de discernimento de escolher o alvo, e a frieza de executá-lo, não importa se é um soldado, uma mulher ou uma criança.
O uso de atiradores de elite é uma estratégia de guerra de qualquer lado. Isso é mostrado no filme rapidamente, com um combatente semelhante a Kyle do lado dos iraquianos, matando com precisão soldados americanos.
A eficiência de Kyle como executor (ou assassino, a depender do lado que se observe) logo alcança um grande número de alvos. A tensão do dia a dia no Iraque, contudo, começa a ameaçar a sua sanidade, já que não consegue ficar à vontade em sua casa, no trânsito, ou lidando com as outras pessoas.
Os questionamentos sobre o que faz no Iraque são respondidos com agressividade, com chavões como “estou lutando lá para defender o meu país”. Como muitos americanos, ele não distinguia os atos terroristas de Bin Laden da invasão do Iraque, que foi feita sob falsos pretextos, e praticamente destruiu o país.
O filme mostra muitos ataques aos soldados americanos, embora poucos consigam enxergar que os iraquianos estavam defendendo o seu país dos invasores.
A história mostrada nas telas não é a de um herói nem a de um bandido. Para ser realista, não é nem a história real do próprio Kyle, que fantasiou algumas coisas em sua autobiografia que lhe renderam até processos judiciais.
O grande êxito de Eastwood foi mostrar como os soldados da maior nação do mundo são simples marionetes de jogos de poder dos quais nada entendem – e terminam sendo vítimas também. O homem que matou Kyle era um ex-combatente igual a ele, diagnosticado com estresse pós-traumático, doença que afeta um grande número de homens que lutaram pelos Estados Unidos nessas ditas “guerras contra o terror”.
O filme tem algumas cenas de ação muito bem feitas, e Bradley Cooper, muito distante daquelas comedias vagabundas que o tornaram conhecido, mereceu a indicação ao Oscar de Melhor Ator por seu papel.
“Sniper Americano” foi indicado ao Oscar 2015 nas categorias Melhor Filme, Melhor Ator (Cooper), Roteiro Adaptado, Montagem, Mixagem de Som, e Edição de Som, tendo ganhado nesta última.
Livros de cinema:
A Nação do Filme
Este livro examina de perto o que o cinema americano tem a dizer sobre os Estados Unidos. Em filmes como “JFK” e “Forrest Gump”, Robert Burgoyne vê uma extensão cinematográfica dos debates que os Estados Unidos exercitam como nação, debates sobre raça, cultura e identidade nacional, sobre a natureza e a composição da história norte-americana. Ao analisar cinco filmes que questionam os mitos tradicionais do Estado-nação – “Tempo de Guerra”, “Coração de Trovão”, “JFK”, “Nascido em 4 de Julho” e “Forrest Gump”, Burgoyne explora a reformulação do imaginário coletivo americano com relação a sua história. Esses filmes, que exploram o sentido de “nação” visto de baixo, dão realce a questões de poder que estão na base da construção narrativa da nacionalidade. A nação do filme expõe as linhas de falha entre os mitos nacionais e a experiência histórica de pessoas normalmente excluídas desses mitos. 172 p – Editora UnB.
Lançamentos em DVD/Blu-Ray:
“Elsa & Fred – Um Amor de Paixão”
Alfredo (Manuel Alexandre) tem 78 anos e vive sozinho desde que sua esposa faleceu, há sete meses. Bastante melancólico, ele se muda para um apartamento alugado por sua filha controlada, Cuca (Blanca Portillo). Não demora muito para que conheça sua nova vizinha, Elsa (China Zorrilla), que bate à sua porta para entregar um cheque endereçado a Cuca para consertar os estragos causados em um acidente de carro. Após ouvir uma história triste, Alfredo recusa o cheque. Os dois aos poucos se aproximam cada vez mais, inicialmente como amigos e depois como namorados. O disco traz o filme com tela widescreen anamórfico e Áudio em Dolby Digital. (T. O.: “Elsa & Fred”)
“A Boa Mentira”
Três homens sudaneses, Mamere (Arnold Oceng), Jeremiah (Ger Duany) e Paul (musician Emmanuel Jal), têm a oportunidade de sair do país e conseguir uma vida melhor nos Estados Unidos. Eles são acolhidos por uma assistente social, Carrie Davis (Reese Witherspoon), que pouco conhece sobre o duro passado de cada um. Ela é uma mulher solteira, bem resolvida e muito prática, o que parece estranhíssimo para eles. Aos poucos, tornam-se amigos e descobrem uma nova visão de mundo. Filme com formato de tela widescreen anamórfico e áudio em Dolby Digital. (T. O.: “The Good Lie”)
“A Noite da Virada”
Durante uma festa de Réveillon na casa de Ana (Julia Rabello) e Duda (Paulo Tiefenthaler), o banheiro é o foco de todas as fofocas e polêmicas. É onde Duda confessa à esposa que vai deixá-la pela vizinha Rosa (Luana Piovani), que, por sua vez, leva um casamento bem monótono com Mario (Marcos Palmeira). É também onde Alê (Luana Martau) conta a Ana suas aventuras sexuais com o namorado (João Vicente de Castro), e onde um convidado traficante (Taumaturgo Ferreira) faz os seus negócios. Na noite da virada do ano, tudo pode acontecer. Filme com formato de tela widescreen anamórfico e áudio em Dolby Digital. (T. O.: “A Noite da Virada”)
“Edvard Munch – Ed. Especial”
“Edvard Munch” é a cinebiografia do genial pintor expressionista norueguês Edvard Munch (18631944), dirigida pelo renomado documentarista britânico Peter Watkins. Esse clássico é considerado um dos melhores filmes já realizados sobre o processo de criação artística. Esta Edição Especial apresenta a obra em sua versão integral com quatro horas de duração. Watkins se concentra nos anos de formação de Munch, tanto do homem quanto do artista. Acompanhamos seus problemas familiares, seu conturbado relacionamento com uma mulher casada, sua amizade com o dramaturgo August Strindberg e a criação de seus principais telas, como “O Grito” (1893). “Edvard Munch” é muito mais do que um filme biográfico, é uma obraprima cinematográfica de rara beleza e originalidade. Filme com formato de tela standard e Áudio em Dolby Digital 2.0. (T. O.: “Edvard Munch”)