Guerra Mundial Z
Pandemia zumbi
Um tema frequente no gênero apocalíptico são os filmes de zumbis, um ser humano que, após ser infectado por outro zumbi, retorna a uma vida inconsciente, onde o único objetivo parece ser atacar outros seres humanos, que por sua vez irão virar zumbis. Apesar de meio batido, o tema foi utilizado pelo escritor Max Brooks em um livro muito interessante, que serviu vagamente de inspiração para o filme homônimo, “Guerra Mundial Z” (“World War Z”, EUA, 2013).
Se pensarmos com alguma liberdade, até o Frankenstein, personagem criado pela escritora Mary Shelley em 1818, poderia ser classificado com zumbi, já que era um ser criado com pedaços de cadáveres que adquiria vida. Mas, as primeiras histórias de zumbis têm origem no sistema de crenças espirituais do Vudu afro-caribenho, que contam sobre trabalhadores controlados por um poderoso feiticeiro. Reanimados com morte cerebral eles permaneceriam em estado catatônico, criando insegurança, medo e insegurança entre os vivos.
O site IMDB lista mais de 4100 filmes relacionados com zumbis, vários deles na década de 50, incluindo títulos icônicos, como “Plano 9 do Espaço Sideral” (“Plan 9 From Outer Space”, EUA, 1957), de Ed Wood, apelidado de “o pior diretor do mundo”. Mas, o filme que revolucionou o tema foi “A Noite dos Mortos-Vivos” (“Night of the Living Dead”, EUA, 1968), de George A. Romero, mostrando-os como seres que voltam à vida para matar a fome por carne humana.
Dos filmes modernos, a série Resident Evil transporta para a tela o famoso videogame, enquanto a comédia romântica “Meu Namorado é um Zumbi” (“Warm Bodies”, EUA, 2013) traz uma visão filosófica do zumbi como o homem “desumanizado” e destituído de emoções.
E o que traz de novo “Guerra Mundial Z”? Bem diferente do livro em que se inspirou, e que traz uma forte crítica sobre a condição humana, o filme mostra os zumbis como o resultado de uma epidemia de origem e causa desconhecidas, que reduz os humanos normais a um punhado de seres encurralados, frente a um número exponencial de mortos-vivos.
Em um dia que parecia normal, Gerry Lane (Brad Pitt), um ex-investigador das Nações Unidas sai com a família para um passeio, quando a ameaça que era ignorada ou escondida pelos governantes simplesmente foge de qualquer controle.
Lane e a família são resgatados por soldados da ONU, mas ele terá de se enfronhar nos piores lugares para tentar descobrir como a epidemia surgiu, e auxiliar um cientista a descobrir uma maneira de vencer os mortos-vivos.
Essa busca faz Lane ir a lugares como Coréia do Sul, Israel e Reino Unido, enfrentando zumbis de todo tipo, e recolhendo fragmentos de conhecimento que irão ajudar na sobrevivência da espécie humana.
A produção de “Guerra Mundial Z” passou por diversas dificuldades: mudanças no roteiro, gravação de novas cenas, problemas com os efeitos especiais… Devido a todas essas alterações, o filme teve sua estreia adiada em mais de seis meses, com um orçamento de cerca de 200 milhões de dólares.
Com todos esses contratempos, era de se esperar que o filme fosse mais um lixo milionário, mas, o que se vê nas telas é um filme de ação incessante, com um roteiro bem amarrado, e efeitos especiais absolutamente fantásticos.
É visível a preocupação do estúdio em evitar cenas chocantes, de modo que nunca é mostrado um zumbi devorando alguém, ou mesmo alguma cena de ação mais violenta, mantendo o horror no nível subtendido.
Brad Pitt deixa de lado a figura de galã bonitão e encarna o pai de família consciente e preocupado, mostrando o seu amadurecimento como ator. O resto do elenco é muito diversificado, com pouco tempo de participação.
Uma curiosidade adicional é que este filme parece ser premonitório, já que estamos vivendo uma pandemia mundial com o perigoso vírus do negacionismo que cria milhões de zumbis extremistas descerebrados, que ficam se expondo e prejudicando outros com fake news e atitudes de risco.
“Guerra Mundial Z” é um filme de ação para adolescentes e adultos, sem derrapar para o gore ou outras apelações, e sem dúvida permanece até hoje como uma atração especial. O filme pode ser assistido nas plataformas Amazon Prime Video, Telecine e Globo Play.