Finch
Viagem para lugar nenhum
Quando li a sinopse de “Finch” (EUA/UK, 2021) achei que seria só um filme pós-apocalíptico estrelado por Tom Hanks. Após a assistir o filme, vejo que a sinopse estava correta, mas tem muito mais. Além da brilhante interpretação de Hanks, que foge ao estereótipo de si mesmo, temos uma reedição de “Náufrago” (“Cast Away”, EUA, 2000) revista e atualizada.
Finch (Tom Hanks) é um solitário sobrevivente em um mundo devastado por uma erupção solar. Salvo do cataclisma devido a estar em um ambiente subterrâneo, Finch precisa conviver com temperaturas altíssimas, tempestades de areia, falta de água e de suprimentos, além do perigo mais tenebroso, os outros sobreviventes.
Para suas incursões em busca de alimentos e outros bens ele conta apenas com a companhia do robô Dewey – basicamente um carrinho de mão com um braço extensível e uma inteligência artificial rudimentar.
Mas, em seu refúgio em uma antiga estação de captação de energia eólica, Finch conta com a companhia do cão Goodyear, enquanto trabalha freneticamente no desenvolvimento de um robô mais sofisticado. Ao mesmo tempo, ele trabalha no hardware, construindo um corpo humanoide para seu novo autômato.
Finch tem pressa, e mal coloca o novo robô em operação, reúne toda sua trupe em um motorhome e inicia uma viagem que só ele conhece o destino. Enquanto percorrem cidades fantasmas e campos desolados, Finch trabalha no desenvolvimento da personalidade do novo robô, a quem dá o nome de Jeff.
O processo de aprendizado de Jeff (voz de Caleb Landry Jones) é longo e tortuoso. Embora tenha um grande acervo enciclopédico armazenado em seus bancos de memória, o novo robô parece um adolescente rebelde e voluntarioso, que vai amadurecendo à medida que Finch revela fatos do seu passado. A viagem prossegue com seus percalços, alegrias e perdas, até que Finch revela a Jeff qual é a sua verdadeira missão.
No início do texto comentei sobre a semelhança deste filme com “Naufrago”. Em ambos, Tom Hanks atua praticamente só, embora a bola Wilson merecesse o Oscar de ator coadjuvante. Desta vez, não apenas o robô Jeff é um primor de efeitos especiais, como também o cachorro Goodyear, vivido pelo cão de resgate Seamus, tem uma atuação surpreendente.
“Finch” é uma fábula sobre o que é ou não ser humano, quando homens são capazes de atos abomináveis enquanto robôs e animais demonstram sensibilidade e emoção. Este é um filme para a família, pois apesar do ambiente apocalíptico ainda traz a esperança de que os bons valores humanos sobrevivam – mesmo que seja em cachorros e robôs.
Este filme pode ser encontrado na plataforma Apple Plus.