Coluna Claquete – 26 de julho de 2016 – Especial: Os nomes do som


 

 

Newton Ramalho

 

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Especial: Os nomes do som 
Sempre que pensamos em cinema e vídeo, o que nos vem à mente são as telas maravilhosas que cada dia ficam maiores e com resoluções surpreendentes. Contudo, um aspecto pouco lembrado desta indústria é o som – que evoluiu de forma surpreendente nos últimos trinta anos.

A primeira exibição oficial de cinema ocorreu em Paris, em 28 de dezembro de 1895, onde os espectadores ficavam fascinados com aquelas grosseiras imagens em preto e branco – mas dotadas de movimento! Em pouco tempo a filmagem e exibição alcançavam níveis fantásticos com ótimas resoluções, ainda em preto e branco. Tudo, porém, era mudo, e para complementar a exibição, músicos de carne e osso tocavam, muitas vezes de improviso, acompanhando o movimento na tela.

O primeiro filme falado do mundo só apareceu em seis de outubro de 1927, com “O Cantor de Jazz”. A novidade foi surpreendente, e promoveu uma verdadeira revolução na indústria, já que obrigou uma profunda modificação nas instalações de exibição, além de exigir um novo tipo de ator – com voz.

Embora a televisão tenha surgido nesta época, com as primeiras transmissões no final dos anos 1920, ainda teria um longo caminho a percorrer. A resolução era ruim, as telas eram minúsculas, e os aparelhos absurdamente caros. A verdadeira expansão só aconteceu após a Segunda Grande Guerra, com as transmissões em preto e branco, e posteriormente, em cores.

O Brasil, apesar de ter sido um dos primeiros países a adotar a novidade – graças à loucura de Assis Chateaubriand – só alcançaria um bom nível de qualidade de imagem e conteúdo no início da década de 1970.

Durante décadas, o som da TV vinha de um único alto falante, e a qualidade dependia muito da origem do conteúdo, variando de um zumbido constante a um som cristalino – mas, monofônico. Isso persistiu com a televisão em cores, e mesmo com o advento do videocassete, no início da década de 1980.

A primeira grande mudança viria com o videocassete estéreo, na década seguinte. Eu mesmo gastei um bom dinheiro comprando o videocassete e um televisor estéreo. Claro que mesmo juntando tudo, e mais uma fita original, ainda assim era difícil distinguir alguma coisa que encantasse os ouvidos.

O passo seguinte foram os primeiros home theaters que surgiram no mercado. Estes novos aparelhos, que consistiam em um amplificador, cinco caixas acústicas e mais um subwoofer, pela primeira vez traziam um arremedo do que seria o som do cinema. E com ele surgiu o primeiro padrão de som, Dolby Prologic.

Graças ao equipamento, era possível escutar um vídeo estéreo de uma forma harmoniosa, com o som dos diálogos concentrados na caixa central, as outras caixas distribuindo os sons ambientais, e os graves direcionados para o subwoofer.

Minha experiência nesta época foi com um conjunto Pioneer, que vinha tudo em uma caixa. Logo que instalei, achei o som fantástico. Posteriormente, fui substituindo as caixas acústicas do conjunto por outras melhores, da marca JBL, e a mudança foi surpreendente. Acreditem, a qualidade nestes casos é proporcional ao preço.

Com o advento do DVD, um novo panorama surgiu. Com o disco, tudo era digital, e assim como o CD fizera com o vinil, logo o videocassete foi superado. Mesmo com o meu sistema Dolby Prologic, o som era fantástico. Quando consegui trocar o receiver por um apropriado, o resultado foi impressionante.

O DVD inicialmente veio com vários padrões de som, a depender do fabricante. Mas, logo dois padrões se impuseram no mercado: Dolby Digital ou AC-3, dos Laboratórios Dolby, e DTS, da Digital Theater System, que teve Steven Spielberg como um dos investidores iniciais. Ambos decodificavam o som do DVD em cinco canais mais um do subwoofer (por isso o 5.1). O Dolby Digital tornou-se praticamente o padrão da indústria, enquanto o DTS, mais sofisticado, era utilizado em filmes com efeitos sonoros mais delicados.

A longa briga que atrapalhou o lançamento do sucessor do DVD, entre o Blu-Ray e o HD-DVD também prejudicou os novos sistemas de som. Apesar da vitória do Blu-Ray, o sucesso não foi tão impressionante como no lançamento do DVD. Apesar de uma resolução muito maior, as diferenças de som e imagem não eram tão perceptíveis, quanto fora do VHS para o DVD.

Os novos televisores atendem a questão da resolução de imagem (e até superam, pois as TVs 4K tem uma resolução quatro vezes maior que a de um Blu-Ray). Contudo, os novos padrões de som parecem ser uma continuidade do que era usado com o DVD. A Dolby lançou o Dolby True HD e a DTS o DTS-HD MA. Ambos podem utilizar até 7.1 canais. Mas, sabem qual é o padrão que está onipresente em todos os discos? O bom e velho Dolby Digital 5.1.

Atualmente a maior oferta de filmes é feita através da internet, seja por serviços como Netflix, Youtube ou pelo clássico download. A maioria deles também utiliza o padrão Dolby Digital 5.1.

Uma coisa que confunde alguns é o padrão THX. Este padrão, criado por George Lucas, não é um concorrente da Dolby ou DTS. THX é, na verde, um conjunto de parâmetros que permite fazer um perfeito balanceamento do som dos filmes, seja no cinema ou em casa.

Em resumo, embora seja possível assistir filmes em casa com uma qualidade de som equivalente a uma sala de cinema, é preciso ponderar o investimento que se quer fazer, e aquilo que realmente vamos conseguir. Gosto de brincar que para perceber as diferenças de som e imagem hoje em dia é preciso ter olhos de águia e ouvidos de cachorro. Qual é a sua opção?