Coluna Claquete – 21 de janeiro de 2016
Newton Ramalho
colunaclaquete@gmail.com – www.colunaclaquete.blogspot.com – @colunaclaquete
O que está em cartaz
Mais uma semana triste para o cinema, com a morte de Ettore Scola, grande cineasta italiano, autor de “O Baile” e “Casanova e a Revolução”. As estreias da semana são o drama “Joy – O Nome do Sucesso”, a ficção-científica “A 5ª Onda”, e o nacional “Reza a Lenda”, além da pré-estreia de “Pai em Dose Dupla”. Continuam em cartaz os dramas “Creed: Nascido Para Lutar”, “A Grande Aposta”, a animação “Snoopy & Charlie Brown – Peanuts, o Filme”, a animação “O Bom Dinossauro”, as comédias nacionais “Vai Que Dá Certo 2” e “Até Que a Sorte Nos Separe 3”, e “Alvin e os Esquilos: Na Estrada”. Nas programações exclusivas, o Natal Shopping exibe “Macbeth: Ambição e Guerra” e “Star Wars: O Despertar da Força”. Na seção Especial, Oscar 2016: Indicações a Melhor Filme, com a análise de “A Ponte dos Espiões” e “A Grande Aposta”.
Estreia 1: “Joy: O Nome do Sucesso”
A inventora Joy Mangano (Jennifer Lawrence) é uma mãe solteira cheia de ideias criativas na cabeça. A sua primeira criação revoluciona o mercado com o Miracle Mop, um esfregão feito com um tecido propício para ser torcido, sem a pessoa molhar as mãos. A partir dessa invenção ela constrói seu negócio milionário. O longa é baseado em fatos reais. Joy Mangano se formou em administração de empresas e é a presidente da empresa President of Ingenious Designs. Ela já lançou mais de 100 invenções. Jennifer Lawrence recebeu sua quarta indicação ao Oscar de Melhor Atriz por este filme. No elenco estão também Bradley Cooper e Robert de Niro. A direção é de David O. Russell. “Joy: O Nome do Sucesso” está em exibição na Sala 1 do Moviecom, e Salas 4 e 5 do Natal Shopping. Classificação indicativa dez anos. Cópias dubladas e legendadas. (T. O.: “Joy”)
Estreia 2: “A 5ª Onda”
A Terra repentinamente sofre uma série de ataques alienígenas. Na primeira onda de ataques, um pulso eletromagnético retira a eletricidade do planeta. Na segunda onda, um tsunami gigantesco mata 40% da população. Na terceira onda, os pássaros passam a transmitir um vírus que mata 97% das pessoas que resistiram aos ataques anteriores. Na quarta onda, os próprios alienígenas se infiltram entre os humanos restantes, espalhando a dúvida entre todos. Com a proximidade cada vez maior da quinta onda, que promete exterminar de vez a raça humana, a adolescente Cassie Sullivan (Chloe Grace Moretz) precisa proteger seu irmão mais novo e descobrir em quem pode confiar. A direção é de J Blakeson. “A 5ª Onda” está em exibição na Sala 4 do Moviecom, Sala 2 do Cinemark, Salas 1 e 4 do Natal Shopping, e Salas 1 e 2 do Partage Norte Shopping. Classificação indicativa 14 anos. Cópias dubladas e legendadas. (T. O.: “The 5th Wave”)
Estreia 3: “Reza a Lenda”
Ara (Cauã Reymond) é um homem de poucas palavras, mas muita determinação. Ele vive em uma terra devastada e sem lei que espera ansiosamente por uma espécie de messias que devolva a justiça e a liberdade, usurpadas pelo cruel Tenório (Humberto Martins). Auxiliado por sua gangue de motoqueiros armados, o rapaz irá lutar contra o universo ao seu redor e seus próprios dramas – como os ciúmes de sua mulher, Severina (Sophie Charlotte). A direção é de Homero Olivetto. “Reza a Lenda” está em exibição na Sala 7 do Moviecom, Sala 1 do Cinemark, Sala 6 do Natal Shopping, e Sala 5 do Partage Norte Shopping. Classificação indicativa 14 anos. Nacional. (T. O.: “Reza a Lenda”)
Pré-Estreia: “Pai Em Dose Dupla”
Brad (Will Ferrell) é executivo em uma rádio e se esforça para ser o melhor padrasto possível para os dois filhos de sua namorada, Sarah (Linda Cardellini). Mas eis que Dusty (Mark Wahlberg), o desbocado pai das crianças, reaparece e começa a disputar com ele a atenção e o amor dos pimpolhos. A direção é de Sean Anders. “Pai Em Dose Dupla” está em pré-estreia na Sala 1 do Moviecom, na sessão de 16h50, e Sala 4 do Partage Norte Shopping, na sessão de 22h20. Classificação indicativa 12 anos. Cópias dubladas. (T. O.: “Daddy’s Home”)
Oscar 2016: Indicações a Melhor Filme
No dia 28 de fevereiro próximo, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood fará a tradicional entrega de prêmios aos destaques da indústria segundo a visão dos seus membros. O prêmio é mais conhecido pelo nome de Oscar, é entregue a diversas categorias, que vão de Melhor Filme a especialidades como Figurino ou Maquiagem, e incluem alguns prêmios especiais.
Este ano parece ter produzido uma excelente safra, pois tanto constam os blockbusters tipo “Mad Max: Estrada da Fúria”, “Perdido em Marte” e “Star Wars – O Despertar da Força”, quanto temas históricos importantes como a crise de 2008 em “A Grande Aposta” e a Guerra Fria em “A Ponte dos Espiões”, além de questões delicadas como a primeira transexual em “A Garota Dinamarquesa” e a pedofilia na igreja em “Spotlight: Segredos Revelados”.
Este ano houve oito indicações para a categoria de Melhor Filme, dos quais “Mad Max: Estrada da Fúria”, “Perdido em Marte”, “Ponte dos Espiões” já estrearam nos cinemas ainda no ano passado. “Spotlight – Segredos Revelados” estreou em janeiro, e “A Grande Aposta” entrou na semana passada e ainda está em cartaz. “O Regresso”, “Brooklyn” e “O Quarto de Jack” só estreiam em fevereiro.
Gostaria de destacar dois destes filmes, não por considerá-los favoritos ao prêmio, mas por tratarem de temas importantes, mas que são praticamente desconhecidos para o grande público.
“A Ponte dos Espiões” (“Bridge of Spies”) se passa em plena Guerra Fria, nas décadas 1950 e 1960, quando o mundo era alinhado em dois blocos, liderados pelos Estados Unidos e União Soviética, com grande tensão de parte a parte e intensa atividade de espionagem entre os dois lados.
O espião soviético Rudolf Abel (Mark Rylance) é preso nos Estados Unidos em 1957, e levado a julgamento público. O advogado James Donovan (Tom Hanks) é convocado para fazer a defesa do espião, no que deveria ser apenas um papel simbólico. Donovan, entretanto, leva o seu papel a sério, o que lhe traz reações negativas do público, amigos e vizinhos.
Um incidente com a captura do piloto americano Gary Powers (Austin Stowell) em 1960 em plena Rússia oferece a oportunidade para a troca dos dois prisioneiros. Donovan então é convocado para a negociação, mesmo sem ter nenhum suporte oficial.
A negociação é conduzida em uma Berlim dividida, onde as fugas do setor comunista eram risco de execução, e o poder era disputado entre os soviéticos e a própria Alemanha Oriental, ainda não reconhecida como país.
O filme é um drama tenso com ritmo de thriller de ação, com a direção de Steven Spielberg, e boa atuação de Tom Hanks e Mark Rylance, que foi indicado ao Oscar de Ator Coadjuvante.
“A Ponte dos Espiões” foi indicada também para Melhor Filme, Roteiro Original, Trilha Sonora, Design de Produção, e Mixagem de Som.
O outro filme que gostaria de destacar é “A Grande Aposta” (“The Big Short”), que trata dos fundamentos da crise financeira que abalou o mundo em 2008 e ainda mantêm as consequências até os dias atuais.
Talvez se o tema fosse tratado só da crise, seria mais um documentário chato. Mas, a história foi mostrada do ponto de vista de alguns especialistas do mercado, que perceberam uma chance inusitada de ganhar dinheiro. Pode ser a tal oportunidade gerada pela crise, como também tirar vantagem da desgraça do outro.
Michael Burry (Christian Bale) é o dono de uma empresa de médio porte, que decide investir muito dinheiro do fundo que coordena ao apostar que o sistema imobiliário nos Estados Unidos irá quebrar em breve.
Ao saber destes investimentos, o corretor Jared Vennett (Ryan Gosling) percebe a oportunidade e passa a oferecê-la a seus clientes. Um deles é Mark Baum (Steve Carell), o workaholic dono de uma corretora.
Paralelamente, dois iniciantes na Bolsa de Valores percebem que podem ganhar muito dinheiro ao apostar na crise imobiliária e, para tanto, pedem ajuda a um guru de Wall Street, Ben Rickert (Brad Pitt), que vive recluso.
O que todos estes espertos descobriram foi que os investimentos mais rentáveis do mercado financeiro, os títulos imobiliários, estavam contaminados por papéis de alto risco. Eles criaram um novo investimento, uma espécie de seguro para o caso de quebra do setor imobiliário.
Esse novo papel parecia ser algum tipo de piada de mau gosto, pois a crença geral é a de que ninguém deixaria de pagar a sua casa própria. Isso no Brasil seria verdade, pois as exigências para liberação de crédito são enormes, mas nos Estados Unidos eram ridículas. Os corretores muitas vezes nem preenchiam os campos de rendimentos, e muitas casas eram vendidas a emigrantes, que nem sabiam o que era um juro variável.
E para piorar as coisas, quem deveria fiscalizar esses títulos eram as agências classificadoras de risco, que nem ousavam recusar uma boa avaliação. Sim, foram as mesmas agências que recentemente rebaixaram as notas do Brasil, as cúmplices da crise. Mesmo com os bancos afundando, as agências ainda mantinham os títulos com boa classificação.
O filme é bem construído, com alguns momentos de explicação didática, que merece ser visto e discutido por qualquer pessoa com mais de dez anos de idade, e que ainda tem alguma ilusão sobre a inocência e pureza do mercado financeiro.
“A Grande Aposta” recebeu indicações para Melhor Filme, Diretor (Adam McKay), Ator Coadjuvante (Christian Bale), Roteiro Adaptado e Edição.
Livros de cinema:
Story. Substancia, Estrutura, Estilo E Os Princípios Da Escrita De Roteiro
Diferente de outros livros, Story é sobre forma, não fórmula. Empregando exemplos de mais de cem filmes, Robert Mckee usa uma filosofia que vai além das regras rígidas para identificar os elementos mais elucidativos que distinguem histórias de qualidade das outras. Começando com definições básicas – o que e um beat? Uma cena? Uma sequência? O clímax de ato? O clímax do filme? McKee não apenas desvenda os mistérios da estrutura padrão de três atos, mas desmistifica estruturas incomuns como as de dois, sete e oito atos. Expõe as limitações de cada gênero, ressaltando a importância do tema, ambiente e atmosfera, e enfatiza a diferença de personagem versus caracterização. Recheado com exemplos de filmes como ‘Casablanca’ e ‘Chinatown’, Story disseca cenas clássicas, guiando-nos passo a passo para revelar não somente como uma cena funciona, mas por que ela funciona. Indo além dos fundamentos da composição para os valores duradouros e conflitos que separam os clássicos do clichê. 432 p. Editora Arte & Letra.
Lançamentos em DVD/Blu-Ray:
“Sicario: Terra de Ninguém”
A CIA está preparando uma audaciosa operação para deter o grande líder de um cartel de drogas mexicano. Kate Macy (Emily Blunt), policial do FBI, decide participar da ação, mas logo descobre que terá de testar todos os seus limites morais e éticos nesta missão. Do diretor canadense Denis Villeneuve, que dirigiu “Polytechnique”, “Incêndios”, “Os Suspeitos”, e “O Homem Duplicado”. O disco traz o filme com tela widescreen anamórfico e Áudio em Dolby Digital. (T. O.: “Sicario”)
“#garotas – O Filme”
Beth, Milena e Carina são três jovens amigas que se divertem nas maiores festas do Rio de Janeiro. Mas depois de morar um ano em Nova Iorque, Beth retorna ao Rio na véspera do Ano Novo, completamente mudada e decidida a se comportar. As amigas, porém, não estão dispostas a deixá-la renunciar ao estilo de vida festeiro, e Beth será tentada por uma grande festa na noite da virada, onde os segredos e as intrigas testarão sua resiliência e até mesmo a amizade entre as três. O disco traz o filme com tela widescreen anamórfico e Áudio em Dolby Digital. (T. O.: “#garotas – O Filme”)
“Promessas de Guerra”
Joshua Connor (Russell Crowe) perdeu seus três filhos na batalha de Galípoli, em 1919. Após a morte da mãe deles, Joshua promete que irá enterrá-la ao lado dos filhos. Desta forma, ele viaja até a Turquia decidido a recuperar os corpos deles, para que possa enterrá-los em sua terra natal. Por mais que o país esteja agora em paz, devido à derrota dos turcos para os ingleses, Joshua enfrenta muitas dificuldades para chegar ao campo de batalha onde eles teriam morrido. Ele recebe então a ajuda de Ayshe (Olga Kurylenko), uma mulher que está à espera do marido, enviado para a guerra, e de seu filho, o pequeno Orhan (Dylan Georgiades). Filme com formato de tela widescreen anamórfico e áudio em Dolby Digital. (T. O.: “The Water Diviner”)
“Parahyba Mulher Macho”
“Parahyba Mulher Macho” (1983), de Tizuka Yamazaki, mostra, com grande realismo, um dos episódios mais turbulentos da história brasileira: o assassinato, em 1930, de João Pessoa, Governador da Paraíba na época. O crime contribuiu para a eclosão da Revolução de 30. Em meio a este cenário turbulento, brota a paixão entre o advogado João Dantas (Cláudio Marzo), assassino de João Pessoa, e a libertária Anayde Beiriz (Tania Alves). Os amantes enfrentam muitos obstáculos, inclusive suas diferenças ideológicas e sociais. Anayde Beiriz foi uma das primeiras feministas brasileiras. Formada na Escola Normal, não foi aceita como professora por ser filha de tipógrafo. Por isso, foi trabalhar em uma colônia de pescadores, na praia de Cabedelo, emprego rejeitado pelas moças de família. Naquela época, aos 26 anos, Anayde já se rebelava contra os costumes e preconceitos provincianos da Paraíba. Seu comportamento livre despertava a indignação da sociedade paraibana. Filme com formato de tela widescreen anamórfico e áudio em Dolby Digital. (T. O.: “Parahyba Mulher Macho”)