Coluna Claquete – 17 de abril de 2015

 

Newton Ramalho

 

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O que está em cartaz

A semana teve um fato triste, o anúncio de fim da edição impressa do Jornal de Hoje. Mas, enquanto o veículo continuar existindo, a Coluna Claquete estará presente, numa parceria que já dura doze anos. Enquanto isso, nas salas de cinema, as estreias da semana são a ficção-científica “Chappie”, o docudrama “Branco Sai, Preto Fica”, e os dramas “A História da Eternidade” e “Não Olhe Para Trás”. No final de semana teremos a reexibição da animação “Enrolados”, e o clássico “Um Corpo Que Cai”, de Hitchcock. Na próxima quarta-feira acontece a pré-estreia de “Os Vingadores 2: A Era de Ultron”. Continuam em cartaz “Velozes e Furiosos 7”, “Cada um na Sua Casa”, “Cinderela”, e “A Série Divergente: Insurgente”. Nas programações exclusivas, o Moviecom exibe “Superpai”, enquanto o Natal Shopping mantém “Um Fim de Semana em Paris”. Vejam na seção Filme da Semana a resenha da animação nacional “Uma História de Amor e Fúria”.

 

Estreia 1: “Chappie”

Em um futuro próximo, a África do Sul decidiu substituir os seus policiais humanos por uma frota de robôs ultrarresistentes e dotados de inteligência artificial. O criador destes modelos, o brilhante cientista Deon (Dev Patel), sonha em embutir emoções nos robôs, mas a diretora da empresa de segurança (Sigourney Weaver) desaprova a ideia. Um dia, ele rouba um modelo defeituoso e faz experiências nele, até conseguir criar Chappie (Sharlto Copley), um robô capaz de pensar e aprender por conta própria. Mas Chappie é roubado por um grupo de ladrões que precisa da ajuda para um assalto a banco. Quando Vincent (Hugh Jackman), um engenheiro rival de Deon, decide sabotar as experiências do colega de trabalho, a segurança do país e o futuro de Chappie correm riscos. A direção é de Neill Blomkamp (“Elysium” e “Distrito 9”).  “Chappie” está em exibição na Sala 5 do Moviecom, Sala 4 do Cinemark, Salas 4 e 5 do Natal Shopping, e Salas 5 e 6 do Partage Norte Shopping. Classificação indicativa 16 anos. Cópias dubladas e legendadas. (T. O.: “Chappie”)

Estreia 2: “Branco Sai, Preto Fica”

O filme se passa na periferia de Brasília, onde um tiroteio em um baile de black music deixa dois homens feridos. Um terceiro homem vem do futuro para investigar o acontecido e provar que a culpa é da sociedade repressiva. Mistura de documentário e ficção científica, o filme denuncia com criatividade e irreverência a atitude criminosa do Estado brasileiro contra os negros e marginalizados partindo de um crime específico em Brasília, que aconteceu em 26 de março de 1986 em Ceilândia, na periferia da capital. A polícia chegou, gritando as palavras do título do filme. A direção é de Adirley Queirós. “Branco Sai, Preto Fica” está em exibição na Sala 3 do Moviecom. Classificação indicativa livre. Nacional. (T. O.: “Branco Sai, Preto Fica”)

Estreia 3: “A História da Eternidade”

Alfonsina (Débora Ingrid) tem 15 anos e sonha conhecer o mar. Querência (Marcélia Cartaxo) está na faixa dos 40. Das Dores (Zezita Matos) já no fim da vida, recebe o neto após um passado turbulento. No sertão compartilham sobrenome e muitos sentimentos. Amam e desejam ardentemente. Primeiro longa de Camilo Cavalcante, que possui grande experiência em curtas e médias. A inspiração para o filme veio de um curta que ele produziu em 2003, também chamado A História da Eternidade. Campeão do Paulínia Film Festival 2014, levando os prêmios de melhor filme, diretor, ator para Irandhir Santos e atriz, que foi dividido por Marcélia Cartaxo, Zezita Matos e Debora Ingrid. Além disso, também levou o prêmio da crítica (Júri Abraccine). “A História da Eternidade” está em exibição na Sala 3 do Natal Shopping. Classificação indicativa 14 anos. (T. O.: “A História da Eternidade”)

Estreia 4: “Não Olhe Para Trás”

Danny Collins (Al Pacino) é um músico muito popular, que vive há mais de 30 anos sem compor uma música sequer, apenas reprisando os seus maiores sucessos. Cansado da rotina de drogas e excessos, ele descobre uma carta que John Lennon escreveu para ele há décadas, mas, que nunca tinha chegado às suas mãos. Inspirado pelas palavras do músico, Danny decide interromper a carreira e tentar reatar com o filho já adulto, que ele nunca conheceu. A direção é de Dan Fogelman, e no elenco estão também Annette Bening, Jennifer Garner e Christopher Plummer. “Não Olhe Para Trás” está em exibição na Sala 5 do Natal Shopping. Classificação indicativa 14 anos. (T. O.: “Danny Collins”)

Pré-Estreia: “Os Vingadores 2: A Era de Ultron”

Quando Tony Stark (Robert Downey Jr) tenta alavancar um programa de paz virtual, as coisas dão errado, e os maiores heróis da Terra, incluindo: Homem de Ferro, Capitão América (Chris Evans), Thor (Chris Hemsworth), o Incrível Hulk (Mark Ruffalo), Viúva Negra (Scarlett Johansson) e Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), enfrentam um teste derradeiro enquanto o destino do planeta está em jogo. A equipe deve voltar a reunir-se para derrotar Ultron (voz de James Spader), um vilão tecnológico disposto a provocar a extinção humana. Pelo caminho, enfrentarão dois poderosos seres, a Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) e o Mercúrio (Aaron Johnson) e conhecerão um velho amigo numa nova forma quando J.A.R.V.I.S se tornar o Visão (Paul Bettany). A direção é de Joss Whedon. “Os Vingadores 2: A Era de Ultron” terá pré-estreia na próxima quarta-feira, nas Salas 4, 5 e 6 do Moviecom, Salas 2, 6 e 7 do Cinemark, Salas 1, 2 e 5 do Natal Shopping, e Salas 1, 2 e 4 do Partage Norte Shopping, em sessões a partir de 20h (confira a programação individual nos sites dos cinemas). Classificação indicativa 12 anos. Cópias dubladas e legendadas, exibição em 2D e 3D. (T. O.: “The Avengers: Age of Ultron”)

Clássicos Cinemark: “Um Corpo Que Cai”

Em São Francisco, o detetive aposentado John ‘Scottie’ Ferguson (James Stewart) sofre de um terrível medo de alturas. Certo dia, encontra com um antigo conhecido, dos tempos de faculdade, que pede que ele siga sua esposa, Madeleine Elster (Kim Novak). John aceita a tarefa e fica encarregado da mulher, seguindo-a por toda a cidade. Ela demonstra uma estranha atração por lugares altos, levando o detetive a enfrentar seus piores medos. Ele começa a acreditar que a mulher é louca, com possíveis tendências suicidas, quando algo estranho acontece nesta missão. A direção é de Alfred Hitchcock. “Um Corpo Que Cai” será exibido no Cinemark no sábado às 0h10 (Sala 1), no domingo às 12h30 (Sala 4), e na quarta-feira às 21h30 (Sala 1). Classificação indicativa 14 anos. (T. O.: “Vertigo”)

O Maravilhoso Mundo da Disney: “Enrolados”

Flynn Ryder (Zachary Levi/Luciano Huck) é o bandido mais procurado e sedutor do reino. Um dia, em plena fuga, ele se esconde em uma torre. Lá conhece Rapunzel (Mandy Moore), uma jovem prestes a completar 18 anos que tem um enorme cabelo dourado, de 21 metros de comprimento. Rapunzel deseja deixar seu confinamento na torre para ver as luzes que sempre surgem no dia de seu aniversário. Para tanto, faz um acordo com Flynn. Ele a ajuda a fugir e ela lhe devolve a valiosa tiara que tinha roubado. Só que a mamãe Gothel (Donna Murphy), que manteve Rapunzel na torre durante toda a sua vida, não quer que ela deixe o local de jeito nenhum. “Enrolados” será exibido na Sala 7 do Cinemark no sábado e domingo às 11h30. Classificação indicativa livre. Cópia dublada. Exibição em 3D. (T. O.: “Tangled”)

 

Filme da Semana: “Uma História de Amor e Fúria”
Esta semana tive a oportunidade de assistir pela primeira vez este filme, já que passou praticamente despercebido pelo circuito comercial. Esse desprezo comercial é surpreendente, já que “Uma História de Amor e Fúria” não é apenas bom cinema, ele quebra vários paradigmas de uma vez só.
Embora os estúdios americanos e japoneses despejem dezenas de animações todos os anos, o Brasil passa ao largo deste mercado, com uma produção pobre, e normalmente voltada para o público infantil. Por isso, é notável uma animação brasileira voltada não só para o público adulto, mas, para todas as idades, e com uma proposta provocativa, pois mostra fatos de nossa história vistos de um ângulo diferente da historiografia oficial.
O filme conta quatro histórias, vividas pelo mesmo personagem, que recebe uma missão divina de liderar o seu povo contra os opressores, e isso acontece ao longo dos séculos, em que ele divide-se entre cumprir a missão que lhe foi confiada, ao mesmo tempo em que segue sua amada, também presa neste ciclo de encontros e desencontros.
Em 1566, nos primórdios do Brasil colonial, quando esta palavra apenas nomeava uma cobiçada árvore, o índio tupinambá Abeguar (voz de Selton Mello) tentava passar pela prova que marcava a passagem para a vida adulta: matar uma onça sozinho. Sua amada Janaína (Camila Pitanga) faz uma brincadeira que atrai uma onça real. Ao fugir, uma coisa estranha acontece, e Abeguar, com Janaina nas suas costas, consegue voar como um pássaro até pousar em segurança.
Intrigado, ele procura o Pajé da tribo, que lhe explica que ele foi escolhido pelo deus Munhã para liderar e proteger o seu povo contra os invasores. Mas, sua tribo aliara-se aos franceses de Villegagnon para lutar contra os portugueses. A primeira incursão é vitoriosa, mas logo os portugueses vingam-se com grande fúria. É o fim da primeira vida de Abeguar. Mas, ao invés de morrer, ele voa como um pássaro através dos séculos.
Em 1825, no interior do Maranhão, ele reencontra sua amada Janaína, e eles vivem uma vida pobre mas tranquila. Ele agora é Manuel Balaio, e vive da confecção de cestos para vender na feira.
Mas, é uma época confusa, e os pobres, escravos e marginalizados sofrem com a opressão dos dominantes. Após ter sua filha violentada por um capitão da Guarda Nacional, Balaio revolta-se, e com a ajuda de escravos fugidos e outros desamparados, tomam o poder na cidade de Caxias, dando origem ao que seria conhecido como Balaiada.
Um novo salto no tempo, e ele agora é Cau, um jovem estudante, que, em 1968, vê o país dominado pela ditadura militar. Ele reencontra sua amada Janaína, mas ela está namorando um jovem ativista, e por isso ele também junta-se à resistência armada. Como nenhum deles teria êxito, o destino de Cau segue seu voo.
Desta vez ele chega ao ano de 2096, onde o Rio de Janeiro é uma cidade fechada, onde a elite é protegida pelas milícias (empresariais, com ações na bolsa e tudo). A cobiça da vez é com a água, dominada por uma corporação chamada Aguabras, presidida por um homem ambicioso e implacável (Sergio Moreno).
Ele agora é JC, um jornalista cínico e desesperançado. Sua amada Janaína é uma garota de programa de luxo, e ele só tem acesso como um mísero cliente. Mas, uma ação inesperada irá mudar os destinos da cidade, mas também irá colocá-los novamente em perigo mortal.
É possível que o espectador estranhe o estilo da animação, comparando-se com o preciosismo milionário dos concorrentes americanos e japoneses. Contudo, é uma obra notável, bem feita e correta, com um ritmo interessante, principalmente no capítulo final.
É curioso observar estes episódios do ponto de vista dos vencidos, já que a história é sempre escrita pelos vencedores. Percebe-se até algum exagero ao pintar o então coronel Luiz Alves de Lima e Silva como um opressor implacável. O futuro Duque de Caxias fez na Balaiada o que faria o resto da vida: cumprir suas missões com coragem e eficiência, mesmo que isso representasse muitas perda de vidas.
O filme tem um ritmo empolgante, uma ótima trilha sonora, e dubladores excepcionais, como Selton Mello, Camila Pitanga e Rodrigo Santoro. Tecnicamente não fica a dever frente aos produtos estrangeiros, e sua proposta é a mais inovadora no cinema brasileiro dos últimos anos.
Acredito que, se existe um filme que é necessário, neste exato momento histórico, é exatamente este aí. Não que traga alguma revelação prodigiosa, mas, simplesmente por ter o potencial de provocar boas discussões sobre o que foi o nosso passado. Como diz o personagem do filme, “viver sem conhecer o passado, é viver no escuro”.
 
Livros de cinema:

Casablanca: A Criação De Uma Obra-Prima Involuntária Do Cinema
O filme “Casablanca” é a prova de que acidentes acontecem. Ele não foi planejado como um clássico. Era apenas um produto a mais na incansável linha de montagem dos estúdios Warner. Ninguém – nem os atores, nem o diretor, nem o produtor – imaginava que ele poderia se tornar um clássico. Entretanto, uma tempestade perfeita ocorreu naquele set entre 25 de maio e 3 de agosto de 1942 e, involuntariamente, criou-se uma obra-prima, possivelmente um dos filmes mais amados de todos os tempos. Autoria de Renzo Mora e prefácio de Marco A. S. Freitas. 148 p – Editora Estronho.
Lançamentos em DVD/Blu-Ray:

“O Duplo”
Tímido, solitário, rejeitado pela mãe e desprezado pela amada, Hannah (Mia Wasikowska), Simon (Jesse Eisenberg) tem um choque ao conhecer seu novo colega de trabalho, de nome James. Fisicamente idênticos, os dois são opostos em termos de personalidade. Inspirado livremente no clássico romance “O Duplo”, do escritor russo Fiódor Dostoievski. O tema do piano ao longo do filme vem da canção “Der Doppelgänger” de Franz Schubert. As palavras para esta peça contam a história de um homem e seu irmão gêmeo do mal. O disco traz o filme com tela widescreen anamórfico e Áudio em Dolby Digital. (T. O.: “The Double”)
“Minúsculos”
Em uma pacífica clareira, entre as sobras de um piquenique, começa uma batalha entre duas tribos de formigas em busca de uma caixa de açúcar. Uma jovem e corajosa joaninha acaba sendo capturada no meio do fogo cruzado e torna-se aliada das formigas negras, ajudando na luta contra as terríveis formigas vermelhas. Baseado em uma série de curtas que é sucesso em home vídeo na França, com mais de 450 mil unidades vendidas. Iniciada em 2006 e contabilizando atualmente 78 episódios, a série é protagonizada por diversos tipos de pequenos insetos. O disco traz o filme com tela widescreen anamórfico e Áudio em Dolby Digital. (T. O.: “Minuscule – La Vallée des Fourmis Perdues”)

“As Férias do Pequeno Nicolau”
Termina o ano letivo. Nicolau (Mathéo Boisselier), seus pais e a avó viajam para o litoral com o objetivo de aproveitar ao máximo o verão. Na praia o menino faz novos amigos e conhece uma garota, Isabelle (Erja Malatier), que ele acredita ser sua futura esposa. Baseado em “O pequeno Nicolau”, uma série em quadrinhos franco-belga infantil, de tom humorístico, escrita por René Goscinny e ilustrada por Jean-Jacques Sempé, publicada entre 1956 e 1964. Filme com formato de tela widescreen anamórfico e áudio em Dolby Digital. (T. O.: “Les Vacances du Petit Nicolas”)
“Por Uma Mulher”
Revirando as antigas fotos de família, Anne (Sylvie Testud) descobre uma foto antiga de seus pais, ao lado de um outro homem. Ela acaba descobrindo a existência de Jean (Nicolas Duvauchelle), irmão de seu pai, que todos acreditavam ter sido morto durante a guerra. Mesmo após o retorno surpreendente de Jean, todos questionam os motivos de sua sobrevivência: ele teria sido um traidor? Existem inimigos atrás dele? Enquanto convivem com este homem misterioso dentro de casa, a mãe de Anne, Lena (Mélanie Thierry) inicia uma relação amorosa com o suposto cunhado. Filme com formato de tela widescreen anamórfico e áudio em Dolby Digital. (T. O.: “Pour une Femme”)