Coluna Claquete – 16 de maio de 2014

Newton Ramalho

 

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O que está em cartaz

Neste momento em que as infâmias e calúnias circulam livremente na imprensa e na internet, é bom assistir ao filme “Getúlio” (vejam na seção Filme da Semana), e fazer uma reflexão. Enquanto isso, nos cinemas, as estreias são o blockbuster “Godzilla”, o drama “Praia do Futuro”, com Wagner Moura, o policial “A Recompensa”, e o drama ncional “Do Lado de Fora”. Continuam em cartaz a comédia “Mulheres ao Ataque”, “O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro” “Getúlio”, com Tony Ramos, “Capitão América 2: O Soldado Invernal”, e a animação “Rio 2”. Nas programações exclusivas, o Cinemark exibe a ficção “Divergente”, e o drama “Instinto Materno”, na Sessão Cine Cult, enquanto o Moviecom mantém “Inatividade Paranormal 2”, “Copa de Elite”, e Noé. Lembro que a programação agora muda nas quintas-feiras.

Estreia 1: “Godzilla”

Joe Brody (Bryan Cranston) criou o filho sozinho após a morte da esposa (Juliette Binoche) em um acidente na usina nuclear em que ambos trabalhavam no Japão. Ele nunca aceitou a catástrofe, e quinze anos depois continua remoendo o acontecido, tentando encontrar alguma explicação. Ford Brody (Aaron Taylor-Johnson), agora adulto, é soldado do exército americano e precisa lutar desesperadamente para salvar a população mundial – e em especial sua família – do gigantesco, inabalável e incrivelmente assustador monstro Godzilla. O filme celebra os sessenta anos da primeira aparição de Godzilla nas telas, que aconteceu no filme homônimo japonês de 1954. A direção é de Gareth Edwards. “Godzilla” está em exibição nas Salas 4 e 6 do Moviecom, Salas 2 e 7 do Cinemark, Salas 1 e 4 do Natal Shopping, e Salas 1 e 6 do Norte Shopping.Classificação indicativa 12 anos. Cópias dubladas e legendadas, exibição em 2D e 3D. (T. O.: “Godzilla”)

 

Estreia 2: “Praia do Futuro

Praia do Futuro, Fortaleza, Ceará. Donato (Wagner Moura) trabalha como salva-vidas. Seu irmão caçula, Ayrton (Jesuita Barbosa), tem grande admiração por ele, devido à coragem demonstrada pelo irmão, ao se atirar no mar bravio para resgatar completos desconhecidos. Um deles é Konrad (Clemens Schick), um alemão de olhos azuis que muda por completo a vida de Donato após ser salvo por ele. Donato parte com Konrad para a Alemanha, sem dar mais notícias para a família. É quando Ayrton, querendo reencontrar o irmão, parte em sua busca na fria Berlim. Coprodução entre Brasil e Alemanha, o filme foi selecionado no prestigioso festival de Berlim. A direção é de Karim Aïnouz. “Praia do Futuro” está em exibição na Sala 6 do Cinemark, na Sala 6 do Natal Shopping, e na Sala 3 do Norte Shopping. Classificação indicativa 14 anos. (T. O.: “Praia do Futuro”)

 

Estreia 3: “A Recompensa

Após passar 12 anos na prisão, o famoso arrombador de cofres Dom Hemingway (Jude Law) volta para as ruas de Londres. Dom sai com seu parceiro no crime Dickie (Richard E. Grant) para buscar sua recompensa por ter mantido silêncio para proteção do seu chefe, Sr. Fontaine (Demián Bichir). Depois de uma experiência de quase morte, ele tenta se reconectar com sua filha distante (Emilia Clarke) mas logo é atraído de volta para o único mundo que ele conhece, o do crime. A direção é de Richard Shepard. “A Recompensa” está em exibição na Sala 5 do Natal Shopping. Classificação indicativa 16 anos. (T. O.: “Dom Hemingway”)

 

Estreia 4: “Do Lado de Fora

Rodrigo (Mauricio Evanns) e Mauro (Luis Vaz) são dois adolescentes gays, que decidem ir pela primeira vez à Parada LGBT de São Paulo. Eles têm a companhia do tio Vicente (Marcello Airoldi), um executivo solteiro e também homossexual. Apesar de se divertirem no evento, eles presenciam uma cena de agressão homofóbica, e socorrem a vítima, Roger (Andre Bankoff), um homem casado cuja esposa está grávida. Quando os quatro se reúnem, eles decidem fazer um pacto para saírem do armário em menos de um ano. A direção é de Alexandre Carvalho. “Do Lado de Fora” está em exibição na Sala 5 do Norte Shopping. Classificação indicativa 14 anos. (T. O.: “Do Lado de Fora”)

 

Pré-estreia: “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido

No futuro, os mutantes são caçados impiedosamente pelos Sentinelas, gigantescos robôs criados por Bolívar Trask (Peter Dinklage). Os poucos sobreviventes precisam viver escondidos, caso contrário serão também mortos. Entre eles estão o professor Charles Xavier (Patrick Stewart), Magneto (Ian McKellen), Tempestade (Halle Berry), Kitty Pryde (Ellen Page) e Wolverine (Hugh Jackman), que buscam um meio de evitar que os mutantes sejam aniquilados. O meio encontrado é enviar a consciência de Wolverine em uma viagem no tempo, rumo aos anos 1970. Lá, ela ocupa o corpo do Wolverine da época, que procura os ainda jovens Xavier (James McAvoy) e Magneto (Michael Fassbender) para que, juntos, impeçam que este futuro trágico para os mutantes se torne realidade. A direção é de Bryan Singer. “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido” terá pré-estreia na próxima quarta-feira, na Sala 2 do Cinemark, na sessão de meia-noite. Classificação indicativa 12 anos. Exibição em 3D. (T. O.: “X-Men: Days of Future Past”)

 

Filme da Semana: “Getúlio”
Certamente o maior desafio para qualquer cineasta brasileiro deve ser fazer um filme sobre aquele que foi indiscutivelmente o maior líder de nosso país, Getúlio Vargas. Mas, e se, além de lançar luz sobre alguns aspectos de sua vida, o filme também levantar discussões sobre o modo tupiniquim de fazer política? Este parece ter sido mais uma qualidade do filme “Getúlio”, dirigido por João Jardim, e com Tony Ramos no papel principal.
De cara, podemos imaginar que a maior dificuldade para se levar a vida de Getúlio Vargas às telas seja a enormidade de sua vida e obra. A Revolução de 30, a Guerra Constitucionalista, o Estado Novo, o jogo de gato-e-rato com as grandes potências durante a Segunda Guerra Mundial, a realização da Companhia Siderúrgica Nacional, a derrubada por golpe militar e o retorno pelo voto popular, a criação da Petrobras, ufa!
Qualquer um destes eventos caberia perfeitamente como tema de um filme. Talvez por isso, os realizadores acertaram na mosca ao definir como objeto do filme os dezenove dias dramáticos entre o atentado da Av Toneleros e a morte de Vargas.
Embora idolatrado por grande parte da população, Vargas tinha inimigos fora e dentro do governo, amealhados ao longo de toda uma vida, já se encontrava bastante enfraquecido pela idade e pela saúde debilitada, além de estar cercado por um mar de corrupção. Mas, o que se observa nestes últimos momentos de vida é a caça implacável movida pelos setores mais conservadores da sociedade, que usavam as calúnias como arma, com a gentil e festiva colaboração da grande imprensa – pelo jeito, nada mudou ao longo de todos esses anos.
Seria impossível esquecer que, durante muito tempo, Getúlio governou o país com mão de ferro, instaurando no país um regime que muito se assemelhava ao da Alemanha de Hitler e da Itália de Mussolini. Em seu favor, devemos lembrar que, até a Segunda Guerra Mundial, um grande número de países era governado por ditadores, e mesmo países democráticos como a Inglaterra detinham grandes colônias controladas tiranicamente.
Getúlio também teve um lado populista, criando as leis trabalhistas que vigoram até hoje, em um país onde a escravidão oficial fora abolida poucas décadas antes, e a maioria dos trabalhadores era mantida em condições abaixo da crítica.
Esse mesmo caudilho, que chegou a abolir as bandeiras estaduais e municipais no Estado Novo, manobrou como uma raposa a influência dos países beligerantes na Segunda Guerra, obtendo condições excepcionais para um país subdesenvolvido da época.
No filme atual, encontramos um Getúlio (Tony Ramos) alquebrado, um presidente que para governar precisava fazer acordo com inúmeros partidos, muito diferente do ditador poderoso que fora no passado. Todos os dias são criados novos escândalos, verdadeiros ou falsos, mas que são repetidos à exaustão pela imprensa, principalmente pelo jornal Tribuna da Imprensa, de Carlos Lacerda (Alexandre Borges).
Foi envolvendo Carlos Lacerda que se iniciou a crise que mudaria o rumo da História do Brasil. Na madrugada de 5 de agosto de 1954, um atentado a tiros mata o major da FAB Rubens Vaz, da Força Aérea Brasileira (FAB), e fere, no pé, Carlos Lacerda. O atentado foi atribuído a membros da guarda pessoal de Getúlio, chamada pelo povo de “Guarda Negra”.
A crise política que se instalou foi muito grave porque, além da importância de Carlos Lacerda, a FAB, à qual o major Vaz pertencia, tinha como grande herói o brigadeiro Eduardo Gomes, que Getúlio derrotara nas eleições de 1950. A FAB criou uma investigação paralela do crime, que ignorava as demais instituições, e que recebeu o apelido de “República do Galeão”.
Os jornais e as rádios fizeram uma intensa cobertura da perseguição aos suspeitos, bem como aos interrogatórios que incluíram Gregório Fortunato (Thiago Justino), chefe da guarda pessoal de Vargas, acusado de ser o mandante do atentado contra Lacerda.
Neste clima negro, cada vez mais ameaçado por um processo planejado de execração e humilhação pública, Vargas tinha poucos amigos leais, entre eles, Tancredo Neves (Michel Bercovitch) e a filha Alzira Vargas (Drica Morais).
Mais do que encenar uma história bem conhecida, a direção de João Jardim e a produção de Carla Camurati construíram um thriller político com um ritmo intenso, mostrando para as novas gerações que certas desgraças, como a atuação da imprensa a mando de interesses pouco éticos, e o comportamento dos partidos políticos não era novidade na época, e continua sendo prática corriqueira nos dias atuais.
Notável mesmo foi a capacidade de Vargas de submeter-se ao auto sacrifício, revertendo de forma avassaladora o plano dos inimigos, e provocando um atraso de dez anos no golpe militar que se desenhava. Conforme suas palavras, “saiu da vida para entrar para a História”.
Livros de cinema:

“Anselmo Duarte”
Irreverente, divertido, irônico, brilhante, debochado, revelador. Estes são apenas alguns adjetivos que podem ser aplicados a este livro-depoimento, que dá a palavra a uma lenda do Cinema Brasileiro, Anselmo Duarte. Não contente em ter sido o maior galã de nosso cinema, ele também se tornou um consagrado diretor de sucesso logo na sua estreia, com “Absolutamente Certo!”. E, com seu segundo filme, “O Pagador de Promessas”, conquistou a Palma de Ouro em Cannes, um feito até hoje único em nossa História, e nunca perdoado pelos intelectuais. Polêmico e até desbocado, Anselmo não tem meias palavras quando revela sua trajetória na vida e na carreira, em depoimentos gravados em sua casa, no interior de São Paulo, pelo ilustre crítico e jornalista de cinema Luiz Carlos Merten.  272 p – Editora Imesp.
Lançamentos em DVD/Blu-Ray:

“Walt nos Bastidores de Mary Poppins”
Durante 20 anos, Walt Disney (Tom Hanks) tentou adquirir os direitos de Mary Poppins da escritora australiana P.L. Travers (Emma Thompson), que sempre se recusou a vendê-los para que Disney fizesse “um de seus desenhos bobos”. Entretanto, a crise financeira faz com que ela tenha que negociar. Desta forma, Travers viaja até os Estados Unidos e passa a trabalhar juntamente com a equipe escolhida por Walt Disney para que Mary Poppins possa chegar às telas. Minuciosa e com muita má vontade, ela começa a encontrar problemas de todo o tipo. Como o contrato lhe dá o direito de cancelar a cessão dos direitos caso não concorde com a adaptação, Disney e sua equipe precisam aceitar seus caprichos para que o filme, enfim, saia do papel. O disco traz o filme com tela widescreen anamórfico e Áudio em Dolby Digital 5.1. (T. O.: “Saving Mr. Banks”)
“Caçador de Almas”
Um atirador misterioso, Aman (Wesley Snipes), é filho de uma freira que quebra o pacto com Deus para garantir a sua sobrevivência. Este ato faz cair uma maldição sobre Aman – todos aqueles que morrerem pela sua arma voltarão. Logo, ele é caçado por um grupo de suas ex-vítimas mortos-vivos, liderada pelo malígno Kansa (Kevin Howarth). Aman alista Fabulos (Riley Smith), um novo jovem guerreiro, para lutar ao seu lado.    Filme com formato de tela widescreen anamórfico e áudio em Dolby Digital 5.1. (T. O.: “Gallowalkers”)
“Adorável Professora”
Linda Sinclair (Julianne Moore) é uma professora de inglês solteira, que tem 40 anos e vive na pequena cidade de Kingston. Ela leva uma vida tranquila até reencontrar um antigo aluno, Jason Sherwood (Michael Angarano), que acaba de retornar à cidade. Jason tem o sonho de se tornar um grande autor teatral, mas está prestes a abandoná-lo devido à pressão de seu pai. Para ajudá-lo, Linda resolve encenar a peça escrita por Jason na escola em que trabalha. Só que a situação faz com que ela deixe sua zona de conforto, especialmente quando percebe que sente algo mais por Jason. O disco traz o filme com formato de tela widescreen anamórfico e Áudio em Dolby Digital 5.1. (T. O.: “The English Teacher”)
“Bonitinha Mas Ordinária”
Edgar (José Wilker) é um jovem bastante humilde, o que volta e meia o deixa constrangido. Um dia ele é procurado por Peixoto (Milton Moraes), genro do milionário Werneck (Carlos Kroeber), que lhe propõe que se case com a filha dele, Maria Cecília (Lucélia Santos), em troca de um polpudo cheque. O dinheiro atrai Edgar, só que ele é apaixonado por Ritinha (Vera Fischer), sua vizinha. Esta é a 2ª de 3 adaptações para o cinema do livro de Nelson Rodrigues. As demais foram Otto Lara Rezende ou… “Bonitinha mas Ordinária” (1963) e “Bonitinha, mas Ordinária” (2010). Filme com tela widescreen anamórfico e Áudio em Dolby Digital 5.1. (T. O.: “Bonitinha Mas Ordinária”)