Coluna Claquete – 21 de fevereiro de 2014

Newton Ramalho

 

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O que está em cartaz

Enquanto a insanidade toma conta do Brasil e do mundo, a tolerância parece estar de férias em Plutão. Enquanto isso, nos cinemas, as estreias da semana são o premiado drama “12 Anos de Escravidão”, a esperado ficção “Robocop”, de José Padilha, o épico “Pompéia”, e o drama francês “Um Castelo na Itália”, na Sessão Cine Cult. Continuam em cartaz a aventura “Caçadores de Obras-Primas” (vejam na seção Filme da Semana), o drama “Philomena”, o épico “Hércules”, a animação “Uma Aventura Lego”, os dramas “Trapaça”, e “A Menina Que Roubava Livros”. Nas programações exclusivas, o Cinemak exibe “Muita Calma Nessa Hora 2”, e o Moviecom mantém o thriller “Operação Sombra – Jack Ryan”, e “Frozen – Uma Aventura Congelante”. Recomendo confirmar a programação de cada cinema em seu respectivo site antes de sair de casa.

Estreia 1: “12 Anos de Escravidão

Esta história, baseada em fatos reais, apresenta Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor), um escravo liberto que é sequestrado em 1841 e forçado por um proprietário de escravos (Michael Fassbender) a trabalhar em uma plantação na região de Louisiana, nos Estados Unidos. Ele é resgatado apenas doze anos mais tarde, por um advogado (Brad Pitt). Filme ganhador do BAFTA de Melhor Filme e Melhor Ator, e do Globo de Ouro de Melhor Filme, além de estar indicado para nove categorias de premiação no Oscar 2014, incluindo Melhor Filme, Ator e Diretor. A direção é de Steve McQueen. “12 Anos de Escravidão” estreia nesta sexta-feira, na Sala 7 do Moviecom, Sala 1 do Cinemark, e Sala 3 do Natal Shopping. Classificação indicativa 14 anos. (T. O.: “12 Years a Slave”)

 

Estreia 2: “Robocop

2028. Já há vários anos os drones têm sido usados para fins militares mundo afora e agora a empresa OmniCorp deseja que eles sejam usados também para o combate ao crime nas grandes cidades. Entretanto, esta iniciativa tem recebido forte resistência nos Estados Unidos. Na intenção de conquistar o povo americano, Raymond Sellars (Michael Keaton) tem a ideia de criar um robô que tenha consciência humana, de forma a aproximá-lo à população. A oportunidade surge quando o policial Alex Murphy (Joel Kinnaman) sofre um atentado, que o coloca entre a vida e a morte. A direção é do brasileiro José Padilha. “Robocop” estreia nesta sexta-feira nas Salas 1 e 4 do Moviecom, Salas 2 e 7 do Cinemark, Salas 1 e 5 do Natal Shopping, e Salas 3 e 6 do Norte Shopping. Classificação indicativa 14 anos. Cópias dubladas e legendadas. (T. O.: “Robocop”)

Estreia 3: “Pompéia

“Pompéia” conta a história épica de Milo (Kit Harington), um escravo que tornou-se um gladiador e se encontra em uma corrida contra o tempo. Ele precisa salvar seu verdadeiro amor Cassia (Emily Browning), a bela filha de um comerciante rico que foi prometida a um corrupto senador romano, em meio a destruição da cidade de Pompeia causada pela erupção do Monte Vesúvio. A direção é de Paul W. S. Anderson. “Pompéia” estreia nesta sexta-feira na Sala 6 do Moviecom, Sala 6 do Cinemark, Sala 2 do Natal Shopping, e Sala 4 do Norte Shopping. Classificação indicativa 12 anos. Exibição em 3D, cópias dubladas e legendadas. (T. O.: “Pompeii”)

 

Estreia 4: “Um Castelo na Itália (Sessão Cine Cult)

Louise (Valeria Bruni Tedeschi) vive uma situação inusitada: ao mesmo tempo em que espera seu primeiro filho, precisa cuidar do irmão Ludovic (Filippo Timi), que está à beira da morte no hospital. Paralelamente, ela ainda precisa lidar com a vida ao lado de seu amado Nathan (Louis Garrel) e com as negociações com o restante da família para a venda do castelo de seu pai, localizado na Itália. A direção é de Valeria Bruni Tedeschi. “Um Castelo na Itália” será exibido na terça-feira (25/02) e quinta-feira (27/02), na Sala 3 do Cinemark, na sessão de 20h10. Classificação indicativa dez anos. (T. O.: “Un Château en Italie”)

 

Filme da Semana: “Caçadores de Obras-primas”
Nas centenas de filmes que tem como tema a Segunda Guerra Mundial, o enfoque é, quase sempre, algum ato heroico dos americanos, ou, o sofrimento dos judeus mortos nos campos de extermínio. O filme “Caçadores de Obras-primas”, entretanto, mostra uma faceta interessante da guerra, baseada em fatos reais, e que traz alguns questionamentos interessantes sobre o valor de uma obra de arte.
Não é incomum vermos notícias sobre leilões de objetos de arte cujas cifras alcançam milhões de dólares, geralmente peças de grandes mestres que resistiram ao tempo e às calamidades – muitas delas causadas pelo homem, principalmente por sua intolerância.
Durante séculos obras raríssimas foram destruídas simplesmente por serem consideradas heréticas. Isso aconteceu na Alexandria, na Florença de Savonarola, na América pelos missionários espanhóis, e também na Alemanha nazista, e nos países por ela invadidos, por ocasião da Segunda Guerra Mundial.
Entre suas várias loucuras, Adolf Hitler, que considerava-se um artista injustiçado, em sua ascensão ao poder, vislumbrou construir o maior museu de arte do mundo, o Führermuseum, em Linz, sua cidade natal. Esse seria o mausoléu que o eternizaria no Reich de Mil Anos. Para preenchê-lo, à medida que invadia os países vizinhos, seus agentes iam recolhendo importantes obras de arte de mestres clássicos, retirados de museus ou confiscados de coleções particulares.
As obras de arte feitas por judeus, ou artistas de escolas modernas, cubistas, etc., eram consideradas como “arte degenerada”, e o destino era a destruição imediata – e milhares de obras foram queimadas nos pátios dos museus e galerias, enquanto as outras eram contrabandeadas para locais secretos da Alemanha. Estima-se que cinco milhões de obras de arte foram confiscadas e enviadas para a Alemanha, e muitas delas jamais foram recuperadas.
Preocupados com o destino desse importante legado cultural, um grupo de homens e mulheres de 13 nações, quase todos apresentando-se como voluntários, serviram na seção Monuments, Fine Arts and Archives, ou MFAA, recebendo o apelido de “Monument Men”. A maioria não tinha experiência militar, já passava da meia idade, mas eram diretores ou curadores de museus, estudiosos, professores de artes, artistas, arquitetos e arquivistas. Seu objetivo era salvar o que fosse possível da cultura da Europa em meio à insanidade da guerra.
O grupo inicial, de cerca de sessenta pessoas, deparava-se com uma tarefa hercúlea e quase impossível, já que a Europa ainda vivia um ambiente infernal de combates e bombardeios, e enquanto a maioria dos homens preocupava-se em matar o maior número de inimigos, aqueles poucos abnegados insistiam em penetrar nos campos de batalha para salvar objetos de arte. Daí a grande pergunta, repetida incontáveis vezes: valia à pena arriscar a vida por uma obra de arte?
O filme “Caçadores de Obras-primas” é uma romantização destes eventos, baseada no livro “The Monuments Men: Allied Heroes, Nazi Thieves and the Greatest Treasure Hunt in History”, de Robert Morse Edsel, que trouxe à luz este aspecto da guerra desconhecido por muitos.
George Clooney dirigiu e protagonizou o filme, junto com uma simpática trupe de grandes atores, alguns deles já participantes da série “Onze Homens e um Segredo”: Matt Damon, Bill Murray, John Goodman, Bob Balaban, Hugh Bonneville, e o rosto francês do momento em Hollywood, Jean Dujardin, que ficou conhecido mundialmente com “O Artista”. O grande destaque feminino ficou com Cate Blanchett, que vive a francesa que trabalhou como voluntária e registrou meticulosamente todas as peças roubadas do museu Jeu de Paume, ajudando muito o esforço para recuperação destas obras.
O filme recebeu algumas críticas por fugir da precisão histórica, mas, se optasse por este caminho não seria cinema, e sim documentário jornalístico. A história segue um pequeno grupo de voluntários que embrenha-se pela Europa ainda fervilhante de homens em guerra, procurando pistas das obras de arte roubadas.
Embora seja bem hollywoodiana, mostrando rostos bonitos e uma guerra “limpa” e sem sangue, “Caçadores de Obras-primas” tem o grande mérito de chamar a atenção do mundo para mais um aspecto nocivo dos conflitos (existe algum que não seja nocivo?) que é o saque feito pelos invasores.
Como já havia observado antes, no filme é levantada a questão do valor de uma obra de arte. Não está se tratando apenas dos milhões da venda de uma obra-prima. Como disse o Monument Man George Stout, que inspirou o personagem vivido por Clooney, “Esses monumentos não são apenas coisas bonitas, meros sinais valiosos do poder criativo do homem. Eles são expressões de fé, e representam a luta do homem para se relacionar com seu passado e com seu Deus”.
As expressões artísticas de um povo, seja um quadro de Di Cavalcanti ou um boneco de barro de Caruaru, composições de Villa-Lobos ou de algum sertanejo, todo esse conjunto ajuda a compor a identidade artística, e consequentemente, parte significativa da cultura de uma nação. Destruir, apagar, esquecer, denegrir, ou ignorar essas formas de arte significa destruir todo um passado importantíssimo, por mais que tenhamos nossas preferências pessoais.
É importante assistir “Caçadores de Obras-primas” para lembrar os erros do passado, e evitar que sejam repetidos no futuro.
Livros de cinema:

“1001 Noites no Cinema”, de Pauline Kael (Coletânea organizada por Sérgio Augusto)
Coletâneas de críticos de cinema são um gênero pouco popular, mas uma crítica conseguiu a proeza se tornar uma das principais atrações de uma das principais revistas do mundo: a nova-iorquina Pauline Kael, escrevendo para a New Yorker. Também, pudera: com sua abordagem anárquica, que evocava em primeiro lugar o prazer de um bom filme, a crítica popularizou o cinema no debate intelectual dos anos 1970 e 80, e foi central para a divulgação dos diretores da chamada “Nova Hollywood” – Coppola, Scorsese, Spielberg, etc. Toda a inteligência e charme de seus textos está nessa coletânea de Sérgio Augusto, verdadeiro banquete para os cinéfilos. 575 p – Editora Companhia das letras.
Lançamentos em DVD/Blu-Ray:

Coleção “Cinema Paradiso” (2 DVDs)
Giuseppe Tornatore trouxe para as telas a história do garoto Totó, que vive num vilarejo do interior da Itália, durante a Segunda Guerra. Sua principal diversão é passar o tempo no Cinema Paradiso, fazendo companhia ao projecionista Alfredo (Phillipe Noiret), que o ensina a amar a Sétima Arte, mudando a sua vida para sempre. A Coleção Cinema Paradiso traz as duas versões desse grande sucesso – a de cinema, exibida originalmente no Brasil, e a estendida, com mais de 50 minutos de cenas inéditas. O box traz os filmes com tela widescreen anamórfico e Áudio em Dolby Digital 5.1, e, como extras, Conferência de Imprensa no Festival de Cannes, Entrevistas, Depoimento de Rubens Ewald Filho, Cinema de Rua, Vida e Obra de Giuseppe Tornatore. (T. O.: “Nuovo Cinema Paradiso”)
“Temporada de Caça”
O americano Benjamin Ford (Robert De Niro) é um veterano da Guerra da Bósnia, que decide morar em uma cabana isolada na floresta para esquecer os traumas dos anos de combate. Mas as lembranças vêm persegui-lo na figura de Emil Kovac (John Travolta), um militar bósnio que pretende acertar contas com Ford. Logo começa um longo combate físico e psicológico entre os dois. A direção é de Mark Steven Johnson Tela widescreen anamórfico e Áudio em Dolby Digital 5.1. (T. O.: “Killing Season”)
“Mergulhando Fundo”
Austrália, 1970. Os irmãos Fisher, Andy (Sam Worthington) e Jimmy (Xavier Samuel), tem uma grande paixão: surfar ondas grandes. Quando crianças, sua mãe fugiu para uma cidade pacata do litoral onde havia algumas das ondas mais desafiadoras e perigosas do mundo. Lá, os meninos aperfeiçoaram suas habilidades de surf, sempre buscando a onda perfeita. Ao crescer e para fugir de uma vida de crimes e dividas, os irmãos apostam em uma grande invenção, um negócios artesanal de marca de surf. Tela widescreen anamórfico e Áudio em Dolby Digital 5.1. (T. O.: “Drift”)
“O Velho Fuzil”
“O Velho Fuzil”, de Robert Enrico, é um dos mais importantes filmes franceses das últimas décadas. França, 1944, nos estertores da ocupação alemã. O médico Julien Dandieu tenta proteger sua família, levando-a para o campo. Mas, um dia, sem que ele possa reagir, os nazistas matam sua esposa e sua filha, diante de seus olhos. Então, ele resolve se vingar, usando apenas um velho fuzil. “O Velho Fuzil” é uma história de amor sublime valorizada pelas excelentes atuações de Romy Schneider e Philippe Noiret. Filme com tela widescreen anamórfico e Áudio em Dolby Digital 2.0. (T. O.: “Le Vieux Fusil”)