Coluna Claquete – 06 de setembro de 2013
Newton Ramalho
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O que está em cartaz
Setembro chegou, trazendo como estreias a cinebiografia “Jobs”, sobre o homem símbolo da Apple, o thriller “O Ataque”, com Channing Tatum, o documentário “One Direction: This is Us”, e a comédia nacional “Casa da Mãe Joana 2”. Continuam em cartaz a interessante produção cearensês “Cine Holliúdy” (vejam na seção Filme da Semana), o primeiro filme live-action brasileiro em 3D, “Se Puder… Dirija”, a comédia “Os Estagiários”, com Vince Vaughn e Owen Wilson, “Percy Jackson e o Mar de Monstros”, e o infantil “Os Smurfs 2”. Nas programações exclusivas, o Cinemark exibe a aventura “Os Instrumentos Mortais – Cidade dos Ossos”, e “Os Amantes Passageiros”, de Almodóvar, na Sessão Cine Cult, enquanto o Moviecom mantém a comédia “Gente Grande 2”.
Estreia 1: “Jobs”
A história da ascensão de Steve Jobs (Ashton Kutcher), de rejeitado no colégio até se tornar um dos mais reverenciados empresários do universo da tecnologia no século 20. A trama passa pela jornada de autodescobrimento da juventude, pelos demônios pessoais que obscureceram sua visão e, finalmente, pelos triunfos que transformaram sua vida adulta. Ashton Kutcher não foi escolhido para o filme apenas por sua semelhança com Steve Jobs. Ele também é apaixonado por tecnologia e foi o primeiro a conseguir um milhão de seguidores no Twitter. A direção é de Joshua Michael Stern. “Jobs” estreia nesta sexta-feira, na Sala 5 do Cinemark, e na Sala 7 do Moviecom. Classificação indicativa 12 anos. (T. O.: “Jobs”)
Estreia 2: “O Ataque”
O policial John Cale (Channing Tatum) tinha o grande sonho de entrar para a equipe do serviço secreto que protege o presidente dos Estados Unidos (Jamie Foxx), mas vê sua intenção ir por água abaixo quando não é aprovado na seleção. Sem saber como dar a notícia para sua filha, ele a leva para um passeio à Casa Branca. O que John não esperava era que neste mesmo dia o local fosse atacado por um grupo paramilitar fortemente armado. Com o governo tendo que enfrentar o caos na nação e o relógio correndo, cabe a John encontrar algum jeito de salvar o presidente do ataque. A direção é de Roland Emmerich. “O Ataque” estreia nesta sexta-feira, na Sala 1 do Cinemark, e na Sala 4 do Moviecom. Classificação indicativa 12 anos. (T. O.: “White House Down”)
Estreia 3: “One Direction: This is Us”
Dirigido por Morgan Spurlock (“Supersize Me”), “One Direction: This Is Us” acompanha a rotina dos garotos britânicos que saíram do reality show The X-Factor para conquistar uma legião de fãs pelo mundo e faturar mais de 1 bilhão de dólares com vendas de discos, shows e publicidade. Filmado no formato 3D, o longa faz um retrato íntimo da rotina dos integrantes Harry, Niall, Zayn, Liam e Louis, que contam sobre a experiência de participar da boyband mais cobiçada do momento e as transformações que o sucesso fez em suas vidas. “One Direction: This is Us” estreia nesta sexta-feira, na Sala 2 do Cinemark. Classificação indicativa livre. Exibição em 3D. (T. O.: “One Direction: This is Us”)
Estreia 4: “Casa da Mãe Joana 2”
Após lançar o livro “Casa da Mãe Joana”, Montanha (Antonio Pedro) está levando uma vida tranquila como escritor de sucesso. Só que o reencontro com PR (Paulo Betti) e Juca (José Wilker) faz com que sua vida, mais uma vez, vire pelo avesso. O trio precisa escapar de duas irmãs (Leona Cavalli e Lucia Bronstein) que desejam receber a todo custo a herança deixada pela mãe (Carmem Verônica), além de lidar com um médium picareta (Anselmo Vasconcellos) e um fantasma francês (Caike Luna), que deseja morar na mansão de Montanha. A direção é de Hugo Carvana. “Casa da Mãe Joana 2” estreia nesta sexta-feira, na Sala 7 do Cinemark, e na Sala 3 do Moviecom. Classificação indicativa dez anos. (T. O.: “Casa da Mãe Joana 2”)
Filme da Semana: “Cine Holliúdy”
Confesso que tenho sido bastante crítico com as recentes produções cinematográficas brasileiras, que parecem contentar-se em serem cópias de programas globais, repetindo um humor sem criatividade para garantir boas bilheterias. Mas, fui surpreendido por esta singela jóia, “Cine Holliúdy”, que irá agradar um público seleto, o que viveu em uma pequena cidade nordestina nos anos 70.
A maioria dos não-nordestinos que for assistir “Cine Holliúdy” vai achar que é apenas um programa exótico, eventos em uma pequena cidade, onde as pessoas falam muitas gírias regionais, sem nada especial. Na verdade, o “cearencês” que é marketing do filme, é a boa e velha linguagem do dia a dia em qualquer rincão nordestino.
Não tiro a razão desse público, até porque, conforme é mostrado no prólogo do filme, ele é baseado nas memórias do diretor. Mas, não são quaisquer memórias, mas, o fim de uma era de inocência, onde os germes da globalização começavam a ser plantados, com a iminente chegada da televisão no interior do Nordeste.
Permitam-me os meus queridos leitores uma intervenção mais pessoal deste cronista. A verdade é que, por ter vivido minha adolescência em uma pequena cidade paraibana, e ter vivenciado este momento crucial, sinto-me extremamente confortável para corroborar com as lembranças do diretor – que não são diferentes das minhas.
Até o final da década de 1960, quem vivia fora das capitais não tinha quase opção de televisão. Os aparelhos caríssimos, só existentes nas casas dos abastados, exibia um monte de chuviscos transmitidos por repetidoras terrestres sinais gerados a partir dos grandes centros, Rio, São Paulo, Recife, etc..
Em função disso, a vida corria mansa, com uma feliz ignorância dos acontecimentos globais, dos quais só se tinha conhecimento através dos semanários “O Cruzeiro” e “Manchete”. As noites eram divididas entre a missa na matriz, as conversas dos vizinhos nas calçadas, as brincadeiras e namoros na praça, e uma única sessão diária no cinema da cidade. O cinema, nessa época, merecia o slogan “Cinema é a melhor diversão”, e unia ricos e pobres em um templo democrático a preços muito baratos.
Esse ambiente começou a mudar em 1970, com as transmissões em rede nacional “via Embratel para todo o Brasil”, principalmente os gerados pela TV Tupy, a Globo da época. O cinema ainda continuava a ser a diversão nobre, mesmo que os títulos mais famosos demorassem meses – ou anos – para chegar nos rincões mais isolados.
A cidade em que eu morava, Santa Rita, apesar de próxima da capital, mantinha muitas características de uma cidade pequena, e desenvolvi minha paixão pelo cinema assistindo incontáveis filmes nos saudosos Cine Avenida e São João.
Mas, o avanço da televisão e a despreparo da rede distribuidora cinematográfica provocaram uma decadência constante e avassaladora das salas de cinema. Se antes a programação era variada e eclética, aos poucos foi sendo substituída por produções baratas de Hong Kong, criadas na esteira dos filmes estrelados pelo famoso Bruce Lee.
É essa virada crucial que é retratada pelo filme de Halder Gomes. Meio sem história, o filme é mostrado pelo ponto de vista de Francisgleydisson (Edmilson Filho), um homem sonhador, que encanta o filho com as histórias que inventa. Quem faz o equilíbrio do feijão e do sonho é Maria das Graças (Miriam Freeland), que dá suporte às fantasias do marido trazendo-o à realidade quando necessário.
A família se estabelece na cidade de Pacatuba, no interior do Ceará, mas que poderia ser em qualquer lugar do Nordeste, e Francisgleydisson investe todo o seu capital e energia para reativar um pequeno cinema, que será alimentado por velhas cópias de filme que lhe restam, a maioria de kung-fu.
No filme estão presentes todas as figuras icônicas da pequena cidade: o prefeito, o padre, o delegado, a moça namoradeira, o menino rico dono da bola, o bebum, o homossexual, e até o cego Isaías, vivido pelo cantor Falcão.
Através destes personagens é feita uma colcha de retalhos com “causos” e histórias populares do Nordeste, que vão desde a irascibilidade de seu Lunga (“Como foi que o senhor virou o carro nessa reta? Foi assim, ó!”) aos nomes exóticos adaptados como Francisgleydisson e Valdisney (originariamente Walt Disney).
A trilha sonora traz muitos sucessos da época, principalmente de Odair José, Fernando Mendes e Márcio Greyck (que faz uma ponta como o vigarista que compra a veraneio Wanderleia).
Mais do que uma história regular, o filme é uma declaração de amor a um Nordeste que não existe mais, enterrado pela televisão do Sul-Maravilha, pela violência irmã da urbanização, e pela extinção da cultura popular, onde até o forró pé-de-serra foi substituído por um barulho industrializado.
Resta sempre a esperança, como diz o protagonista do filme (o “artista”, como era dito na época), de que o cinema nunca morra, desde que haja uma história para contar, e alguém para assistir.
“Cine Holliúdy” é um filme diferente, com suas falhas e limitações, mas, merece ser assistido, principalmente pelos nordestinos, para matar as saudades, ou, pelo menos, ter ideia de uma era maravilhosa, que só deixou saudades e boas lembranças.
Eventos
Mostra Cinesexualidade
O Cineclube Natal, em parceria com o Teatro de Cultura Popular Chico Daniel, promoverá a mostra batizada de “Cinesexualidade”, que exibirá seis filmes cujas temáticas abordam a sexualidade humana nas suas mais diversas formas. Durante a mostra, serão exibidas as produções “O Outro Lado de Hollywood”, “Yossi & Jagger”, “Amigas de Colégio”, “Morrer Como Um Homem”, “Procura-se Amy” e “Bent”, que tratam dos mais diversos dilemas da sexualidade, tais como sexualidade na adolescência e identidades sexuais e de gênero. A primeira sessão da mostra acontecerá na terça-feira, 10 de setembro, e segue nos dias 11, 12, 13, 14 e 15 de setembro, sempre às 18:30 horas no Teatro de Cultura Popular Chico Daniel. As sessões cobram uma taxa de quatro reais somente para manutenção da mostra.
Lançamentos em DVD/Blu-Ray
“Reino Escondido”
O professor Bomba dedicou boa parte de sua vida às pesquisas por um povo de tamanho diminuto, que vive na floresta e cujos movimentos são rápidos demais para serem registrados pelo olho humano. Apesar de ter encontrado alguns indícios de que estes seres existem, como armas e selas de pássaros, o professor é alvo de piadas no meio científico. Além disto, a dedicação ao trabalho fez com que seu casamento fosse por água abaixo. Agora, após o falecimento de sua ex-esposa, sua filha Maria Catarina, ou M.K., como prefere ser chamada, vai morar com ele. A adolescente não gosta nem um pouco de morar perto da floresta e das loucuras do pai e, quando está prestes a ir embora, acaba acidentalmente sendo envolvida no confronto entre os Homens-Folha e os Boggans, os tais seres que seu pai tanto procura. Diminuída de tamanho pela rainha da floresta, ela agora precisa ajudar o valente Ronin a levar um valioso botão de flor para Nim Galuu. O disco traz o filme com formato de tela widescreen anamórfico e áudio em DD 5.1. (T.O.: “Epic”).
“Zambezia”
Se você fosse um pássaro, com certeza ia querer morar na Zambézia, cidade localizada a beira do lindo Victoria Falls, um lugar perfeito para todos os tipos de aves. Frustrado com os excessos de zelo de um pai ultracontrolador, um jovem e destemido falcão decide partir em direção à Zambézia, Moçambique, onde pretende viver a sua vida e correr os seus próprios riscos. Porém, depois de conhecer uma série de personagens diferentes de si, depressa descobre que viver em comunidade pode ser ainda mais complicado do que sobreviver aos perigos da selva. E é só quando a cidade está sob uma ameaça real que ele vai entender que a vida, seja nos melhores ou piores momentos, só vale a pena quando partilhada com os seres que amamos… Disco com formato de tela widescreen e áudio DD 5.1. (T. O.: “Zambezia”)
“Viagem Sem Volta”
Se Alicia (Juno Temple) pudesse apenas dormir, tudo estaria muito bem. Enquanto ela e sua prima Sarah (Emily Browning) passeiam através de um remoto Chile com o namorado, sua irmã e seu estranho amigo Brink (Michael Cera), a insônia de Alicia lentamente vai assumindo o controle sobre ela. A diferença do que acontece na realidade e o que está acontecendo apenas em sua mente se torna cada vez mais claro pra ela. Depois que ela leva uma facada em hipnose para tentar resolver o problema, as coisas só pioram. Como o seu pesadelo continua, será que seus amigos vão conseguir salvá-la? O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio Dolby Digital 5.1. (T. O.: “Magic Magic”)
“Campos de Esperança”
O adolescente Seth McArdle (Samuel Davis) passa por uma situação complicada: além de ser constantemente maltratado pelos jogadores de futebol do colégio, ele trabalha em um emprego mal remunerado. O garoto tem dificuldades para sustentar sozinho suas duas irmãs pequenas, já que o pai abandonou a família e a mãe morreu. Cansado desta situação, ele revida contra um dos jovens da escola que o agride, e é punido pelo treinador. Seth é obrigado a cuidar do gramado do campo de futebol, junto do solitário funcionário Abel (Kevin Sorbo). Aos poucos, estes dois homens percebem várias semelhanças em suas vidas, e começam a ajudar um ao outro. O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio Dolby Digital 5.1. (T. O.: “Abel’s Field”)
Film de la semaine: «Cine Holliúdy»
J’avoue que j’ai été assez critique sur les récents films brésiliens, qui semblent se contenter d’être des copies des programmes globales, en répétant une ambiance uncreative pour assurer une bonne box-office. Mais j’ai été surpris par ce simple bijou, «Cine Holliúdy» qui plaisira un public particulier, qui vivait dans une petite ville du nord-est dans les années 70.
La plupart des pas-nord-est qui regardent «Cine Holliúdy» trouveront que c’est juste un programme d’événements exotiques dans une petite ville, où l’on parle beaucoup argot régional, sans rien de spécial. En fait, les «cearencês» qui est le marketing du film, c’est la bonne vieille langue de tous les jours dans n’importe quel coin du nord-est brésilien.
Je ne suis pas en desaccord avec ce public, parce que, comme indiqué dans le prologue du film, il est basé sur les mémoires du realisateur. Mais c’est ne sont pas quelques souvenirs banales, mais la fin d’une époque d’innocence, où les germes de la mondialisation ont commencé à être plantés, avec l’arrivée imminente de la télévision dans le Nord-Est.
Permettez-moi, mes chers lecteurs, pour une intervention plus personnelle de ce chroniqueur. La vérité est que j’ai vécu mon adolescence dans une petite ville de Paraiba, et pour avoir vécu ce moment crucial, je me sens très à l’aise pour corroborer les souvenirs du directeur – ne sont pas si différentes de les miennes.
Jusqu’à la fin des années 1960, personnes qui vivaient en dehors des capitales n’avaient presque pas le choix de la télévision. Les appareils trop chers n’existaient que dans les maisons des riches, en montrent beaucoup de bruine transmis par répéteurs terrestres les signaux générés à partir des grands centres, Rio, Sao Paulo, Recife, etc ..
En conséquence, la vie était douce, avec une ignorance béate des événements mondiaux, dont seulement connus par les hebdomadaires «O Cruzeiro” et «Manchete”. Les nuits ont été répartis entre la messe dans l’église, les conversations des voisins dans les trottoirs, des blagues et des rencontres à la place, et une seule séance quotidienne du cinéma de la ville . Le cinéma, à cette époque, méritait le slogan «Le cinéma est le meilleur divertissement», et unie riches et pauvres dans un temple démocratique à des prix très bon marchés.
Cet environnement a commencé à changer en 1970, avec les émissions nationales de TV «via Embratel pour tout le Brésil», générés par TV Tupy, le Globo de ce temps. Le film était encore la diversion noble, même si les titres les plus célèbres s’attardent mois – voire des années – pour atteindre les coins les plus isolés.
La ville dans laquelle je vivais, Santa Rita, même si près de la capitale, a conservé de nombreuses caractéristiques d’une petite ville, et j’ai développé ma passion pour le cinéma en regardant innombrables films dans les inoubliables Cine Avenida et São João.
Mais, avec l’avance de la télévision, et le manque de préparation du réseau de distribution de films a provoqué une décroissance constante et écrasante des cinémas. Traditionellement doué d’une programation varié et éclectique, il a été progressivement remplacé par des productions bon marché ventant de Hong Kong, créés dans le sillage des films du célèbre Bruce Lee
Il est ce moment crucial qui est dépeint par le film de Halder Gomes. Presque sans histoire, le film est montré à partir du point de vue de Francisgleydisson (Edmilson Filho), un homme rêveur, qui enchante les enfants avec des histoires qu’il invente. Qui prend l’équilibre entre la fève et le rêve est Maria das Graças (Miriam Freeland), qui soutient les fantasies de son mari le ramenant à la réalité lorsque cela est nécessaire.
La famille s’installe dans la ville de Pacatuba, en Ceará, mais cela pourrait être n’importe où dans le Nord-Est, et Francisgleydisson investit tout son capital et énergie pour réactiver un vieux cinéma qui sera alimenté par de vieilles copies de film, la majorité de kung-fu.
Présent dans le film sont tous des figures emblématiques d’une petite ville: le maire, le curé, le commissaire, la jeune fille coquine, le garçon riche propriétaire de la balle, l’ivrogne, l’homosexuel, et même l’aveugle Isaías, joué par le chanteur Falcão.
Grâce à ces personnages se fait une courtepointe avec «contes» et les histoires populaires dans le Nord-Est, allant de l’irascibilité de M. Lunga («Comment avez-vous tourné la voiture ce droit? Ainsi, vois-y! ») aux noms exotiques adaptés, comme Francisgleydisson et Valdisney (à l’origine Walt Disney).
La bande sonore apporte de nombreux succès de l’époque, en particulier Odair José, Fernando Mendes, et Márcio Greyck (qui a un caméo comme l’escroc qui achète la bagnole Wanderléia).
Plus qu’une histoire ordinaire, le film est une lettre d’amour à un Nord-est qui n’existe plus, enterré pour la Télévision du Sud-Merveille, pour la violence sœur de l’urbanisation, et pour l’extinction de la culture populaire, où même le forró traditionel a été remplacé pour un bruit industriel.
Il reste toujours l’espoir, comment dit le protagoniste du film (l’«artiste», comme on disait à l’époque), que le film ne meurent jamais tant qu’il y a une histoire à raconter, et quelqu’un à regarder.
«Cine Holliúdy» est un film différent, avec ses défauts et ses limites, mais mérite d’être vu, surtout par les fils du Nord-est, pour retour dans le temps, ou au moins, avoir une idée d’une époque merveilleuse, qui n’a laissé que bons souvenirs et de nostalgie.
Movie of the Week: “Cine Holliúdy”
I confess that I have been quite critical about recent Brazilian films, that seems to be copies of global programs, repeating a mood uncreative to ensure good box office. But I was surprised by this simple jewel, “Cine Holliúdy” that will please a select audience, which lived in any small northeastern city in the 70s.
Most non-Northeasterners when watching “Cine Holliúdy” will find it is just an exotic program, events in a small town, where people speak many regional slang, with nothing special. In fact, the “cearencês” which is marketing to the film, is the good old everyday language in any northeastern corner.
I don’t blame this public, because, as shown in the prologue of the film, it is based on the memoirs of the director. But these are not simple memories at all, but the end of an age of innocence, where germs of globalization began to be planted, with the imminent arrival of television in the Northeast.
Allow me, my dear readers, to add a more personal from this chronicler. The truth is that I have lived my teenage years in a small town of Paraiba, and having experienced this crucial moment, I feel extremely comfortable to corroborate the director’s memories – not that different from mine.
Until the late 1960s, who lived outside capitals had almost no choice of television. Expensive devices, existing only in the homes of the wealthy, showed a lot of drizzle transmitted by terrestrial repeater, with signals generated from the major centers, Rio, São Paulo, Recife, etc..
As a result, the life was gentle, with a blissful ignorance of global events, about which we only knew through the weeklies magazines “O Cruzeiro”, “Fatos e Fotos” and “Manchete”. The nights were divided between the mess in the church, the conversations of neighbors in the sidewalks, games and dating in the square, and a single daily session in the theater. The cinema, at that time, deserved the slogan “Cinema is the best fun”, and united rich and poor people in a democratic temple at very cheap prices.
This environment began to change in 1970, with the national network broadcasts “via Embratel for everywhere in Brazil”, mainly generated by Tupy TV, the Globo of that time. The movie was still the best fun, even though the most famous titles lingered months – or years – to reach the most isolated corners of the country.
The city in which I lived, Santa Rita, although close to the capital, retained many characteristics of a small town, and I developed my passion for cinema watching countless films in wistful Cine Avenida and São João.
But the advance of television and the unreadiness of film distribution network caused a constant and overwhelming decay to the cinemas. Until that moment, the cinema program was varied and eclectic, gradually being replaced by cheap productions from Hong Kong, created in the wake of films starring the famous Bruce Lee
It is about this crucial moment taht is portrayed by film from Halder Gomes. Almost without story, the film is shown from the viewpoint of Francisgleydisson (Edmilson Filho), a dreamer, who enchanted the children with the stories he invented. Who makes the balance between bean and dream is Maria das Graças (Miriam Freeland), which supported the fantasies of her husband, bringing him to reality when it was needed.
The family settled in the city of Pacatuba, in Ceará, but that could be anywhere in the Northeast, and Francisgleydisson invested all his capital and energy to reactivate an old theater, that will be powered with old copies of kung fu films.
Present in the film are all iconic figures of a small town: the mayor, the priest, the sheriff, the dating girl, the rich boy owner of the ball, the drunkard, the homosexual, and even the blind Isaias, played by singer Falcão.
Through these characters is made a quilt with “tales” and popular stories from Northeast, ranging from the irascibility of Mr. Lunga (“How did you turned the car in this road so straight? Thus, O! “) to exotic adapted names like Francisgleydisson and Valdisney (originally Walt Disney).
The soundtrack brings many successes of that age, especially Odair José, Fernando Mendes, and Márcio Greyck (who has a cameo as the crook who buys the jalopy Wanderléia).
More than a regular history, the film is a love letter to a Northeast that no longer exists, buried by South-Wonder Television, the violence sister of urbanization, and the extinction of popular culture, where even the traditional forró was replaced by an industrial noise.
There always remains hope, as the protagonist of the film (“Artist”, as was said at the time), that the cinema will never die as long as there is a story to tell, and someone to watch.
“Cine Holliúdy” is a different movie, with its flaws and limitations, but deserves to be seen, especially by the Northeasterners, to remember, or at least, have an idea about that wonderful age, that only left good memories and nostalgia.