Coluna Claquete – 30 de agosto de 2013
Newton Ramalho
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O que está em cartaz
Agosto vai embora, levando seus ventos, e deixando novas vidas. As estreias da semana são o drama nacional “Cine Holliúdy”, o primeiro filme live-action brasileiro em 3D, “Se Puder… Dirija”, a comédia “Os Estagiários”, com Vince Vaughn e Owen Wilson, e “Os Amantes Passageiros”, de Almodóvar, na Sessão Cine Cult. Continuam em cartaz a aventura “Os Instrumentos Mortais – Cidade dos Ossos”, “Percy Jackson e o Mar de Monstros”, a comédia “Gente Grande 2”, a comédia nacional “Vendo ou Alugo”, o infantil “Os Smurfs 2”, e a comédia nacional “O Concurso”. Nas programações exclusivas, o Cinemark exibe a aventura “Wolverine: Imortal”, enquanto o Moviecom mantém a ficção-científica “Círculo de Fogo”.
Estreia 1: “Cine Holliúdy”
Interior do Ceará, década de 1970. A história de Cine Holliúdy acompanha uma família no interior do Ceará nos anos 1970. Francisgleydisson (Edmilson Filho), a esposa Maria das Graças (Miriam Freeland) e o filho (Joel Gomes) saem de uma cidade pequena para tentar a sorte em outro local. O sonhador protagonista é dono de um projetor de cinema, mas seu trabalho está arriscado pelo crescimento no número de aparelhos de televisão. É aí que Francisgleydisson entra em ação. Ele coloca em ação o Cine Holiúdy, um pequeno cinema da cidade que terá a difícil missão de se manter vivo como opção de entretenimento. Curiosidade: o filme é legendado em português. A direção é de Halder Gomes. “Cine Holliúdy” estreia nesta sexta-feira, na Sala 1 do Cinemark, e na Sala 4 do Moviecom. Classificação indicativa 12 anos. (T. O.: “Cine Holliúdy”)
Estreia 2: “Se Puder… Dirija”
João (Luis Fernando Guimarães) trabalha como manobrista de estacionamento, está separado de Ana (Lavínia Vlasak) e virou pai ausente de Quinho (Gabriel Palhares). Infeliz no amor e na família, ele quer reverter esse cenário e promete para a ex que irá passar um dia daqueles com o filhão. Para isso, ele resolve pegar “emprestado” o carro de uma fiel cliente (Bárbara Paz) do estacionamento onde trabalha com Ednelson (Leandro Hassum). O problema é que a saidinha simples acabou virando uma complicada aventura. Agora, João precisa devolver o carro antes que sua dona descubra que seu carro saiu para “passear” com outro motorista, mas a tarefa não vai ser nada fácil para eles. A direção é de Paulo Fontenelle. “Se Puder… Dirija” estreia nesta sexta-feira, na Sala 1 do Cinemark, e na Sala 6 do Moviecom. Classificação indicativa livre. Exibição em 3D. (T. O.: “Se Puder… Dirija”)
Estreia 3: “Os Estagiários”
Quando são demitidos, dois homens na casa dos quarenta anos de idade (Vince Vaughn e Owen Wilson) começam a procurar por novas alternativas de trabalho. Apesar de não conhecerem nada de mídias digitais, eles são contratados como estagiários em uma grande empresa de produtos eletrônicos, onde devem conviver com chefes vinte anos mais novos do que eles. Vince Vaughn criou o roteiro de “Os Estagiários” após ver uma reportagem sobre o Google. Ele ficou realmente surpreso ao perceber as boas condições de trabalho dos funcionários da empresa. A direção é de Shawn Levy. “Os Estagiários” estreia nesta sexta-feira, na Sala 1 do Cinemark, e na Sala 1 do Moviecom. Classificação indicativa livre. Exibição em 3D. Todas as cópias são dubladas. (T. O.: “The Internship”)
Estreia 4: “Os Amantes Passageiros” (Sessão Cine Cult)
Um avião da companhia aérea Península enfrenta problemas durante um voo para o México, já que um dos trens de pouso não está mais funcionando. Com isso o comandante da aeronave (Antonio de la Torre) é obrigado a voar em círculos, à espera de algum aeroporto que tenha condições para que possam fazer um pouso de emergência em solo espanhol. Durante este período todos os passageiros e as aeromoças da classe econômica são dopados, para evitar que haja pânico generalizado. Os únicos acordados são os comissários de bordo e os passageiros da classe executiva, que, percebendo que correm sério risco de morrerem, decidem abrir o jogo sobre segredos de suas vidas pessoais. “Os Amantes Passageiros” será exibido somente na terça-feira (03/09) e quinta-feira (05/09), na Sala 5 do Cinemark, na sessão de 20h20. Classificação indicativa 16 anos. (T. O.: “Los Amantes Pasajeros”)
Especial: O livro era melhor?
Desde que o cinema foi inventado, no final do século 19, a literatura tem proporcionado temas para os filmes, e, provavelmente, desde aquela época existiram reclamações dos espectadores em relação às diferenças entre o livro e o filme – obviamente, afirmando que o livro era melhor.
Essa reclamação não se restringe ao universo dos livros. Como o cinema busca inspiração em muitas fontes, todas essas, sejam os quadrinhos, os videogames, biografias ou fatos históricos, todos reclamam da falta de fidelidade ao original.
Essas reclamações tem razão de ser, e, ao mesmo tempo, não. A verdade é que, ao se transpor uma obra para o cinema, o que chega às telas é outra obra, criada por outros profissionais, com outros enfoques, direcionada para um determinado público, e, o mais importante, utilizando elementos da linguagem cinematográfica.
Imaginemos, por exemplo, o filme “Ben-Hur”. O livro que inspirou o filme foi publicado em 1880, pelo general Lee Wallace, um veterano da Guerra Civil, que escreveu uma história sobre um herói judeu ficcional contemporâneo a Jesus Cristo. O livro com o título “Judah, uma história de Cristo” vendeu milhões de exemplares em todo o mundo.
A primeira versão não literária foi nos palcos de teatro em 1889, chegando a seis mil apresentações na Broadway, com o requinte de várias bigas puxadas a cavalo em pleno teatro.
Em 1907, a história foi levada ao cinema, então uma jovem indústria, num filme mudo, com um tempo total de quinze minutos, a duração de um rolo, que era o padrão da época. Em 1925 foi feita uma nova versão, que teve a coprodução da Metro-Goldwyn-Mayer. Ainda mudo e colorizado artificialmente em duas cores, o filme foi uma superprodução na época, chegando à incrível soma de quatro milhões de dólares.
Em 1959, chegou às telas a versão mais conhecida de Ben-Hur. Dirigida por William Wyler e tendo Charlton Heston no papel-título, foi uma das produções mais caras de toda a história do cinema.
Os Best-sellers sempre foram temas para os filmes, fosse “Guerra e Paz”, de Leon Tolstoy, que teve Audrey Hepburn e Henry Fonda nos papéis principais, ou “Dr. Jivago”, de Boris Pasternak, que foi levado às telas por David Lean, com Omar Shariff e Julie Christie.
É curioso como o tamanho do livro original não se reflete obrigatoriamente no do filme, um produto que deverá ter entre uma hora e meia e duas horas de duração.
A saga “Senhor dos Anéis”, mesmo rendendo três filmes com três horas de duração – quatro na versão estendida – ainda despertou reclamação dos leitores. Já o livro “O Hobbit”, do mesmo Tolkien, com pouco mais de trezentas páginas, também renderá uma trilogia cinematográfica.
Dois exemplos contrastantes são o filme “Papillon”, estrelado por Steve McQueen em 1973, baseado no livro autobiográfico de Henri Charrière, que cobre apenas o terço inicial do livro. O inverso ocorre com “A Festa de Babette”, uma bela produção dinamarquesa de 1987, que é baseada em um conto de Karen Blixen que não tem mais do que doze páginas!
Nos últimos tempos, provocado pelo fenômeno Harry Potter, houve um grande crescimento da literatura juvenil, e um correspondente boom de filmes baseados nestes livros. Esse crescimento, porém, não chegou sem reclamações, pelas “infidelidades” ao texto original.
O que as pessoas esquecem é um texto literário dispõe unicamente das palavras para apresentar as ideias do autor. O processo de construção da imagem da história acontece na cabeça do leitor, e cada um pode ter uma percepção diferente – que pode ser até diferente daquilo imaginado pelo escritor!
O cinema, por sua vez, além da imagem, dispõe também do som, que engloba a voz dos atores, os ruídos ambientais, os efeitos especiais, e a trilha sonora, que desempenha um papel importantíssimo na ambientação do filme.
Com isso, cenas que pareciam importantes no livro são mostradas rapidamente, porque não teriam impacto na linguagem cinematográfica, enquanto outras ganham uma importância que no livro não fora sentida.
O exemplo que considero melhor é o jogo de xadrez do filme “Harry Potter e a Pedra Filosofal”. Enquanto no livro a passagem é sem grandes impactos, no filme ganha uma dramaticidade impressionante, com efeitos especiais e um tom emocionante, quando Ron se sacrifica pelo bem dos amigos.
Outro filme que ilustra a diferença de linguagens é “Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2”, onde o filme fugiu da história do livro ao mostrar a impressionante batalha entre os vampiros e lobisomens contra os Volturi, trazendo impacto e dramaticidade, numa solução genial – e ainda conseguindo manter a fidelidade à história original.
Reclamações sempre existirão, e isso é salutar. As pessoas devem ler de tudo, de todos os gêneros, fazer suas análises críticas, e também assistir muitos filmes. Como o resto do corpo, o cérebro também precisa ser exercitado, e ninguém deve limitar-se a uma só linguagem. O importante é mantê-lo ativo, mesmo que seja para reclamar que o livro era melhor.
Lançamentos em DVD/Blu-Ray
“A Morte do Demônio”
Mia (Jane Levy) é uma garota viciada em drogas. Ela é levada pelos amigos Olivia (Jessica Lucas) e Eric (Lou Taylor Pucci) para uma cabana isolada na floresta, no intuito de realizarem uma longa cura de desintoxicação. Para surpresa de todos, o irmão de Mia, David (Shiloh Fernandez), rapaz afastado dos amigos e familiares há tempos, também aparece, junto de sua namorada, Natalie (Elizabeth Blackmore). Entretanto, eles são surpreendidos ao descobrir que a cabana havia sido invadida, e que o porão parece uma espécie de altar grotesco. Lá eles encontram um livro antigo, e Eric resolve abri-lo e lê-lo em voz alta. Mia começa a manifestar um comportamento estranho, e, aos poucos, todos percebem que uma força demoníaca se apoderou de seu corpo. O disco traz o filme com formato de tela widescreen anamórfico e áudio em DD 5.1. (T.O.: “Evil Dead”).
“Histeria”
No século XIX, muitas mulheres eram diagnosticadas com histeria. Segundo o Dr. Robert Dalrymple (Jonathan Pryce), essa doença “dominava” quase que população feminina de Londres. Por acreditar que a origem do problema encontrava-se no útero, ele tratava suas pacientes com longas massagens na vagina, provocando assim outro efeito, mais conhecido como prazer sexual. Ao dar oportunidade para que o jovem Dr. Mortimer Granville (Hugh Dancy) começasse a dar consultas no seu consultório, o local passa a receber cada vez mais pacientes, provocando no rapaz um grave problema nas mãos. Disposto a combater a dor crônica que sentia, ela acaba descobrindo em um aparelho criado por seu amigo e inventor Edmund St John-Smythe (Rupert Everett): um massageador elétrico. Disco com formato de tela widescreen e áudio DD 5.1. (T. O.: “Hysteria”)
“Paris-Manhattan”
Alice (Alice Taglioni) é uma mulher bonita e apaixonada pelo seu trabalho como farmacêutica, seu único problema é que continua solteira. Ela se refugia do mundo com a paixão por Woody Allen, chegando ao ponto de recomendar seus filmes às pessoas que procuram a farmácia em busca de algum medicamento e até mesmo conversar com o diretor, em seus pensamentos. A família de Alice insiste em lhe arranjar pretendentes, mas ela constantemente ignora os apelos da família para que se case. No entanto, o encontro com Victor (Patrick Bruel) pode mudar a sua vida… O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio Dolby Digital 5.1. (T. O.: “Paris Manhattan”)
“Ginger & Rosa”
Londres, 1962. Ginger (Elle Fanning) e Rosa (Alice Englert) são amigas inseparáveis. Elas sonham com uma vida melhor que as de suas próprias mães, sempre presas à rotina doméstica, mas a crescente ameaça de uma guerra nuclear as amedronta. Não demora muito para que ambas entrem em conflito com as mães, ao mesmo tempo em que passam a idolatrar Roland (Alessandro Nivola), o pai pacifista de Ginger. Ele encoraja na filha a “lutar contra a bomba”, mas aos poucos Rosa demonstra ter outros interesses envolvidos. A direção é de Sally Potter. O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio Dolby Digital 5.1. (T. O.: “Ginger & Rosa”)