Claquete – 04 de julho de 2008


Claquete – 04 de julho de 2008

Newton Ramalho – colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

O mês de julho chegou, lavando e enxaguando Natal com suas fortes chuvas. E, com chuva, o que fazer com as crianças em férias? O cinema faz a sua parte com as estréias da ação “Hancock”, com Will Smith e a animação “Kung Fu Panda”. Continuam em cartaz a mais nova produção da Disney/Pixar, a animação “Wall-E”, a comédia romântica “Jogo de Amor em Las Vegas”, o divertido “Agente 86”, com Steve Carell e a comédia nacional “O Guerreiro Didi e a Ninja Lili”, com Renato Aragão & filha. Nas programações exclusivas, o Moviecom mantém a ação “O Incrível Hulk” e o suspense “Fim dos Tempos”, e, na Sessão Cult do Cinemark, o documentário “Juízo”.

Estréia 1: “Hancock”

Hancock (Will Smith) é um super-herói que perdeu a popularidade que tinha, devido às suas tentativas de resgate pouco convencionais. Após salvar Ray Embrey (Jason Bateman), um agente de relações públicas, ele se oferece para ajudá-lo a melhorar sua imagem. A idéia não é bem aceita por Mary (Charlize Theron), a esposa de Ray, que mostra ao marido que Hancock teve uma ordem de prisão contra si lançada. Ray então sugere que Hancock se entregue, mesmo podendo escapar da prisão na hora que quisesse, para dar o exemplo e iniciar a mudança de sua imagem junto ao público. Ray acredita que, com Hancock preso, a criminalidade irá disparar e, com isso, a população chamará de volta seu herói. A direção é de Peter Berg. “Hancok” estréia nesta sexta-feira, nos Cines 4 (legendado) e 7 (dublado) do Moviecom e nas Salas 3 (legendado) e 6 (dublado) do Cinemark. Classificação indicativa 12 anos.

Estréia 2: “Kung Fu Panda”

Entusiasmado, grande e um pouco desajeitado, o urso panda Po é um grande admirador do kung fu. Mas, isso não ajuda muito no emprego que tem no restaurante da família. Surpreendentemente escolhido para cumprir uma antiga profecia, os sonhos de Po tornam-se realidade quando ele entra no mundo do kung fu e passa a treinar ao lado de seus ídolos – os lendários Mestres Garça, Tigresa, Louva-Deus, Víbora e Macaco – sob a liderança de Mestre Shifu. Mas, antes que se dêem conta, o vingativo e traiçoeiro leopardo da neve Tai Lung está a caminho do Vale da Paz, e agora caberá a Po defender todos da ameaça que se aproxima. Po mergulha de cabeça – e barriga – na tarefa, e o improvável herói, por fim, descobre que sua maior fraqueza é, na verdade, sua maior força. “Kung Fu Panda” estréia nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom e nas Salas 2 e 4 do Cinemark. Classificação indicativa livre. Cópias dubladas.

Sessão Cult: “Juízo”

Juízo acompanha a trajetória de jovens com menos de 18 anos de idade diante da lei. Meninas e meninos pobres entre o instante da prisão e o do julgamento por roubo, tráfico e homicídio. Como a identificação de jovens infratores é vedada por lei, eles são representados no filme por jovens não -infratores que vivem em condições sociais similares. Todos os demais personagens de Juízo – juízes, promotores, defensores, agentes do DEGASE, familiares – são pessoas reais filmadas durante as audiências na II Vara da Justiça do Rio de Janeiro e durante visitas ao Instituto Padre Severino, local de reclusão dos menores infratores. A direção é de Maria Augusta Ramos. A partir desta sexta-feira, na Sala 7 do Cinemark, na sessão de 15h10. Classificação indicativa 14 anos.


Lançamentos em DVD

“Loucas Por Amor, Viciadas em Dinheiro”, em DVD

Bridget Cardigan (Diane Keaton) é uma dona de casa dedicada, que é surpreendida ao saber que pode perder sua casa e seu confortável estilo de vida quando seu marido, Don (Ted Danson), é rebaixado de posto em seu trabalho. Tentando evitar que isto aconteça, ela consegue um trabalho como zeladora no Federal Reserve Bank. Lá Bridget rapidamente se torna amiga de Nina Brewster (Queen Latifah), mãe solteira que tem dois filhos para criar, e Jackie Truman (Katie Holmes), uma jovem que nada tem a perder. Cansadas de serem sempre subestimadas, Bridget, Nina e Jackie decidem unir esforços para um plano ambicioso: assaltar o banco. O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio Dolby Digital 5.1, e, como extras, trailers de cinema.

“Jim das Selvas”, em DVD

Nesta do famoso explorador Jim das Selvas, Hilary Parker (Virginia Grey), uma jovem e bela cientista adentra a selva em busca de uma cura para a pólio. Bruce (George Reeves), seu companheiro, está bem mais interessado em descobrir tesouros perdidos do que tratar de doenças. Jim das Selvas, vivido por Johnny Weissmuller, o Tarzana mais conhecido do cinema, é um destemido aventureiro que, junto a seus amigos e seu inseparável cachorro, ajudará a Dra. Parker em sua busca, e a protegerá dos diversos perigos que a selva esconde inclusive a ganância e a crueldade de Bruce… O filme é em formato standard e em preto-e-branco, padrões para a época (1948).

“Um Sonho Dentro de um Sonho”, em DVD

Felix Bonhoeffer (Anthony Hopkins)é um roterista que vive em dois mundos: o mundo real e aquele que ele desenvolveu em seu espírito durante anos. Ele não tem consciência de que vive nessa linha entre o real e o imaginário há anos e que está prestes a ultrapassá-la. Descobre-se perplexo quando, envolvido no roteiro de um filme sobre um assassinato em um café abandonado, seus personagens aparecem na vida real e vice-versa. E, mesmo que tente, não consegue viver longe desses dois mundos e as referências musicais e dos filmes de ficção científica dos anos 50 de repente se juntam ao seu cotidiano, selecionados de maneira aleatória pela sua memória. O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio Dolby Digital 5.1.

“Super-Herói – O Filme”, em DVD

Após ser picado por uma libélula geneticamente alterada, Rick Riker (Drake Bell) tem sua vida alterada para sempre. Ele ganha superpoderes e passa a usá-los para combater o mal, sob a alcunha do Homem-Libélula. Entretanto Rick enfrenta um problema: sempre que tenta salvar alguém acaba matando-o acidentalmente. Apesar disto ele precisa enfrentar o Ampulheta, um vilão que deseja roubar a fonte de vida das pessoas para alcançar a imortalidade. O filme faz gozações com muitos filmes de heróis, e traz até Pamela Anderson como a Mulher-Invisível. O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio Dolby Digital 5.1, e, como extras, Slide Show, Trailer e Novidades.

Eventos

“Minha Vida em Cor de Rosa”, no Cine Café

O Cineclube Natal, em parceria com o Nalva Melo Café Salão, apresenta nesta sexta-feira, o longa-metragem “Minha Vida em Cor de Rosa”, de Alain Berliner. O filme conta as desventuras do garoto Ludovic (Georges du Fresne). Ele cresce imaginando que nasceu no corpo errado: na verdade, acredita ser uma menina. A rejeição se estende aos pais, aos colegas e a qualquer um que se aproxime de um sintoma de homossexualidade tão latente. Ludovic refugia-se do tormento em um mundo róseo, onde só cabem a boneca Pam, uma Barbie espevitada, e o apoio afetivo da avó (Helene Vincent). A exibição começa às 20h, no espaço do próprio café (Rua Duque de Caxias, 110, Ribeira). A entrada custa R$2,00. Classificação indicativa 12 anos.

FEST Aruanda

Estão abertas as inscrições para a 4ª edição do Festival Aruanda do Audiovisual Universitário Brasileiro, que acontece de 8 a 13 de dezembro em João Pessoa (PB). As inscrições são gratuitas e seguem até o dia 8 de agosto, podendo ser feitas via Correios ou na secretaria do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGC) no campus I da Universidade Federal da Paraíba. Edital, inscrição e outras informações: www.bc10.com.br/aruanda.

Cine Nordeste é tombado

No apagar das luzes, quando os antigos freqüentadores do saudoso Cine Nordeste já temiam que o mesmo virasse um estacionamento, através do decreto 20.597, de 26 de junho de 2008, a Governadora do Estado do Rio Grande do Norte tombou a edificação do antigo cinema, localizada no centro de Natal. Esperamos que agora o prédio tenha uma utilização mais nobre, de preferência voltada para a cultura.

Treco-nologia

Não compre gato por pixel

Com a queda dos preços dos televisores finos, muita gente está sonhando em pendurar uma tv de plasma ou LCD na parede da sala. Não há dúvida de que os preços estão ótimos e assistir filmes em DVD numa tv destas é uma experiência agradável. Mas, alguns pequenos cuidados devem ser observados, pois nem todos os modelos são semelhantes. Ainda há muito plasma no mercado com resolução inferior à do DVD e da futura TV Digital. Exija uma de resolução maior ou igual a 1024 x 768. Já as tvs de LCD não tem problema de resolução, mas, deve ter um tempo de resposta inferior a 8 milissegundos, pois senão a sua imagem ficará com “fantasmas”, principalmente nas cenas de ação. Abra o olho!

Filme da Semana: “Wall-E”

Quando soube que a Pixar tinha sido comprada pe
los Estúdios Disney, fiquei imaginando o que iria acontecer com a qualidade das produções da empresa, responsável por preciosidades como “Toy Story”, “Monstros S.A.”, “Procurando Nemo”, “Os Incríveis”, etc.. Embora nenhum capitalista selvagem de Hollywood tenha perdido o sono devido à preocupação deste crítico de cinema, constatei, ao assistir “Wall-E”, que o padrão de qualidade da Pixar foi mantido, apesar de estar sob a bandeira da Disney.

Elogiar a qualidade da computação gráfica da animação seria, como se diz popularmente, chover no molhado. O preciosismo técnico da computação gráfica utilizada é cada vez mais detalhado e realista. As boas notícias ficam por conta do tema e da amplidão do público-alvo, que abrange meninos dos cinco aos cento e cinco anos (quem estiver acima dessa faixa pode ir, também).
“Wall-E” toca em um tema importantíssimo, que só encontra eco nas discussões de ambientalistas: o lixo. Quando o filme começa, encontramos uma terra empoeirada e deserta, abandonada por seus habitantes. Nos primeiros minutos, através de uma antiga propaganda, descobrimos que os terráqueos foram levados para o espaço, já que a Terra tornou-se um imenso depósito de lixo, poluído e sem condições de vida.
Nesse ambiente inóspito, encontramos Wall-E, um pequeno robô, remanescente de um exército de máquinas iguais a ele, que tinha como objetivo compactar o lixo em pequenos cubos e armazená-los em imensas pilhas. Dotado de inteligência artificial e capacidade de auto-conserto, Wall-E manteve-se em atividade durante setecentos anos, sempre cumprindo a sua missão.
Vivendo nessa solidão, Wall-E desenvolveu uma personalidade própria, adquirindo o hábito de coletar objetos que considera interessantes, como isqueiros ou caixas de jóias (o anel de brilhantes ele joga fora), e, continuamente, assiste o musical “Hello Dolly”, encantando-se com relacionamento entre as pessoas.
Certo dia, a sua rotina é quebrada com a chegada de uma nave, que deixa ali um robô diferente. Este robô, chamado EVA, tem como missão esquadrinhar a Terra em busca de sinais de vida. Quando Wall-E mostra um espécime vegetal que encontrou, EVA recolhe a amostra e entra em hibernação. Logo, a nave voltará para buscá-la.
Quando EVA é recolhida, Wall-E pega uma carona na espaçonave, que o levará a uma jornada pelo espaço, passando por uma camada de lixo espacial ao redor da Terra (detalhe para o Sputnik, primeiro satélite a ser lançado no espaço), pelos planetas do sistema Solar, até chegar a um longínquo lugar, que lembra uma nebulosa em Órion.
Lá, em uma gigantesca nave chamada AXION, descobrimos que os remanescentes dos habitantes da Terra transformaram-se em seres obesos, prejudicados pela baixa gravidade, pela falta de atividade física e pelo excesso de junk-food. Todos se movimentam em cadeiras flutuantes e só vêem o que é mostrado em telas de televisão à sua frente.
O comandante da nave, cuja única obrigação é fazer um pronunciamento diário, surpreende-se ao descobrir que existia uma diretriz que condicionava o retorno à Terra à existência de vida – no caso, um vegetal.
Mas, o computador Auto, o virtual controlador da nave, obedece a uma antiga ordem secreta, que descartava qualquer possibilidade de retorno à Terra. Para isso, toda prova tinha que ser eliminada, e isso incluía Wall-E, EVA e qualquer evidência de vida na Terra. Assim, cabe apenas ao comandante e aos dois robozinhos salvar o destino de toda a Humanidade.
Independente dos recursos técnicos utilizados, “Wall-E” já vale o ingresso por ser um filme totalmente visual. Na maior parte do filme não há diálogo algum – diálogo no sentido estrito, verbal. Na verdade, não há problemas de comunicação, nem entre os personagens, nem com o espectador, pois os poucos sons utilizados e as expressões “faciais” dos robôs são suficientes para o perfeito entendimento da trama. Wall-E é uma mistura de “Um Robô em Curto-Circuito” com “ET”.
Outros detalhes preciosos estão nas inúmeras referências a grandes filmes de ficção-científica dos anos 60 e 70. Estão presentes “2001: Uma Odisséia no Espaço”, com o Auto revivendo o HAL 9000, com olho vermelho e tudo, e até valsa “Assim Falou Zaratustra”, de Strauss embala um belíssimo balé no espaço. O espectador pode ficar atento às citações a “Guerra nas Estrelas”, “Alien, O Oitavo Passageiro”, “Blade Runner – O Caçador de Andróides” e “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”.
Na versão original, a dublagem do malévolo Auto é de Sigourney Weaver, que penou com o monstro dos “Aliens”. O criador das vozes de Wall-E e EVA foi Ben Burtt, o sonoplasta que inventou a “voz” de R2D2 e o som dos sabres de luz em “Guerra nas Estrelas”. A fotografia teve a consultoria de Roger Deakins, que ajudou a imprimir nas imagens os efeitos das câmeras de 70 mms usadas na época das grandes ficções científicas.
“Wall-E”, ao contrário de recentes produções infanto-juvenis, que não são mais do que um amontoado de efeitos gráficos, traz uma mensagem interessante, sob a preservação do meio-ambiente, revestido de uma história agradável que traz temas tão caros como amor, amizade e dever. Claquete recomenda.