Claquete – 10 de agosto de 2007
Newton Ramalho – colunaclaquete@gmail.com
O que está em cartaz
Dia dos Pais e o aniversário da Claquete, temos muito o que comemorar neste final de semana. Melhor ainda, com várias estréias, a começar com o drama nacional “Primo Basílio”, baseado na obra de Eça de Queiroz, “Sem Reservas”, romance com Catherine Zeta-Jones e Aaron Eckhart, e o terror “Extermínio 2” (só no Moviecom). Nas continuações, Bruce Willis revive o durão John McClane, em “Duro de Matar 4.0”, Steve Carell e Morgan Freeman estrelam comédia “A Volta do Todo Poderoso” (veja em Filme da Semana), e Jane Fonda arrasa no ótimo drama “Ela é a Poderosa”. Continuam em cartaz, ainda, “Transformers” e “Harry Potter e a Ordem da Fênix”, e a deliciosa animação “Ratatouille”. Na próxima quinta-feira acontece a pré-estréia de “Os Simpsons – O Filme”.
São Paulo, 1958. Luísa (Débora Falabella) é uma jovem romântica e sonhadora, casada com Jorge (Reynaldo Gianecchini), um engenheiro envolvido na construção de Brasília. Um dia, Luísa reencontra Basílio (Fábio Assunção), seu primo e também sua paixão de juventude. Quando Jorge é chamado a trabalho para Brasília, Luísa fica em casa apenas em companhia das empregadas Juliana (Glória Pires) e Joana (Zezeh Barbosa). Basílio passa a visitá-la, conquistando-a com as histórias de suas viagens. Quando Juliana encontra as cartas de amor trocadas entre os primos, passa a chantagear Luísa para conseguir uma generosa aposentadoria. “Primo Basílio”estréia nesta sexta-feira, na Sala 1 do Cinemark, e no Cine 6 do Moviecom. Para maiores de 16 anos.
Estréia 2: “Sem Reservas”
Kate Armstrong (Catherine Zeta-Jones) é a chef de um sofisticado restaurante de Nova York. Ela é obcecada pelo trabalho, o que assusta as pessoas ao seu redor. Sua natureza perfeccionista é colocada à prova quando é contratado Nick (Aaron Eckhart), um animado subchef que tenta alegrar a todos na cozinha e gosta de ouvir ópera enquanto trabalha. Ao mesmo tempo, Kate precisa lidar com a súbita chegada de Zoe (Abigail Breslin), sua sobrinha de nove anos, que se sente deslocada na rotina da tia. “Sem Reservas” estréia nesta sexta-feira, na Sala 7 do Cinemark, e no Cine 4 do Moviecom. Censura livre.
Estréia 3: “Extermínio 2”
Um vírus mortal aniquilou a Grã-Bretanha inteira. Seis meses depois, os Estados Unidos anunciam que a guerra contra a contaminação foi vencida, com a reconstrução do país tendo início. O primeiro grupo de refugiados retorna ao país, o que faz com que uma família seja mais uma vez reunida. Porém, um de seus integrantes carrega consigo uma variação do vírus, ainda mais mortífero que o original. Seqüência de “Extermínio”. “Extermínio 2” estréia nesta sexta-feira, no Cine 1 do Moviecom. Para maiores de 18 anos.
Pré-Estréia: “Os Simpsons – O Filme”
Devido ao seu novo bicho de estimação, um porco, Homer Simpson provoca um desastre de grandes proporções em Springfield. Isto faz com que uma multidão sedenta por vingança se reúna diante da casa dos Simpsons. Eles conseguem escapar, mas, a partir de então, os Simpsons passam a discutir e se dividir sobre o ocorrido. Paralelamente, o ocorrido chama a atenção do presidente dos Estados Unidos, Arnold Schwazenegger, e do chefe da Agência de Proteção Ambiental, Russ Cargill, que pretende realizar um plano diabólico para conter o desastre ocorrido. “Os Simpsons – O Filme” terá pré-estréia na próxima quinta-feira, na Sala 3 do Cinemark, e no Cine 1 do Moviecom. Censura livre. Atenção, todas as cópias são dubladas.
Lançamentos em DVD
“De a Louca em Hollywood”, em DVD
“Miss Potter”, em DVD
Cinebiografia da escritora de livros infantis Beatrix Potter, autora de Peter Rabbit. O filme narra, usando elementos de animação, a vida instrospectiva da escritora, nascida numa aristocrática família inglesa e que manteve com os seus personagens uma relação de cumplicidade. Com Renée Zellweger, Ewan McGregor e Emily Watson. O disco traz o filme com formato de tela widescreen e som Dolby Digital, e, como extras, trailer de cinema e entrevistas. Nas locadoras.
“Esse Obscuro Objeto do Desejo”, em DVD
Último filme do grande diretor espanhol Luis Buñuel. Após jogar um balde de água numa bela jovem, Mathieu (Fernando Rey) resolve explicar a razão do seu ato e conta que ficou obcecado por Conchita (Carole Bouquet), uma bela arrumadeira que parecia nunca ter trabalhado antes com as mãos. Começou, então, um jogo de gato e rato, no qual Mathieu, um homem rico e sofisticado, tenta obsessivamente ganhar os afetos de uma jovem de 18 anos. Ela manipula o desejo carnal dele e cada um tenta ganhar absoluto controle sobre o outro. Este filme teve duas indicações ao Oscar. O disco traz, como extras, Biografias, Filmografias e Galeria de Posters.
Eventos
No dia 8 de agosto de 2002 era publicada a primeira coluna Claquete, que chega ao quinto aniversário com muito orgulho. Agradeço a paciência dos meus leitores e o suporte do Jornal de Hoje.
Filme da Semana: “A Volta do Todo Poderoso”
Noé no Congresso
Quando saí de casa, no domingo, para assistir “A Volta do Todo Poderoso”, confesso que não estava muito animado. Afinal, para quem é membro do grupo “Detesto filme dublado”, no Orkut, assistir uma comédia americana, dublada, ainda por cima, só mesmo por amor ao cinema e dever para com os meus leitores. Para minha surpresa, gostei do que vi!
Certamente, a pior indicação para este filme era ser a seqüência de “Todo Poderoso”, que, tirando as caretas do Jim Carrey, se resumia a quase nada, levando um banho do nosso “Deus é Brasileiro”, de Cacá Diegues, mais ou menos da mesma época.
Em “A Volta do Todo Poderoso”, o escolhido é Evan Baxter (Steve Carell), personagem secundário do filme original, que deixa o seu emprego de apresentador de telejornal para assumir o posto de deputado no Congresso americano. Tudo parece sorrir para Baxter, que está de emprego novo, carro novo e casa nova.
No seu primeiro dia como congressista, Baxter é surpreendido por um estranho, que se apresenta como Deus (Morgan Freeman) e diz tê-lo escolhido para uma missão. Achando que é loucura, Baxter não dá muita atenção, e logo é assediado por Long (John Goodman), um corrupto e sedutor político, que quer o apoio do novato para um projeto de lei que permitirá a apropriação de terras públicas.
Meio no tranco, Baxter é convencido a assumir a missão de construir uma Arca, para recolher animais e sobreviver a um novo dilúvio. Entregas misteriosas de materiais e ferramentas acontecem a todo instante, e Baxter vai incorporando a figura do profeta, com direito a barbas brancas e um novo e confortável traje hebreu! Isso lhe vale o jocoso apelido de Noé de Nova York.
Ridicularizado por vizinhos e pela imprensa, rejeitado pelos colegas e até pela família, Baxter assume a sua missão com determinação, enfrentando a tudo e a todos. Uma discreta intervenção divina (que é um dos melhores momentos do filme), na forma de uma conversa entre Deus e a mulher de Baxter, Joan (Lauren Grahan), fará com que esta resolva apoiar o marido em sua louca missão.
A construção da Arca assume proporções homéricas, já que Baxter passa a contar não só com a ajuda da família, mas, de milhares de bichos que aparecem de todo canto do mundo, coexistindo na maior harmonia, e participando das tarefas.
O clímax do filme acontece em meio à descrença geral na loucura de Baxter, de um grupo de policiais com ordem de destruir a Arca e uma multidão de vizinhos, que veio gozar da inusitada obra. O dilúvio virá mesmo ou será delírio do congressista? A coisa só melhora, daí pra frente, indo até depois do “the end” (é isso aí, não saia antes dos créditos finais…).
O que, afinal, tem este filme de interessante, já que a história é de uma simplicidade que beira o infantil? Para começo de conversa, a simplicidade do roteiro já é um atrativo, pois não tenta vender o que não irá entregar. Depois, Steve Carell é muito melhor do Jim Carrey, considerando-se o conjunto da obra. Carell, que fez um bom trabalho em “O Virgem de 40 Anos”, mostra-se igualmente eficiente em “A Volta do Todo Poderoso”, e prova que, para um filme ser engraçado, as situações é que tem que ser engraçadas, não o ator. Para quem duvida, é só rever os filmes de Buster Keaton para saber do que estou falando.
Além de uma bonita mensagem sobre a importância da união da família, de se ter um objetivo a cumprir, de valores decentes a cultivar, o filme também toca num ponto extremamente interessante. Num certo momento, no diálogo entre Deus e Baxter, eles falam sobre o significado do que se pede ao Criador. Deus exemplifica dizendo que, quando pedimos paciência, estamos pedindo a oportunidade de exercer a paciência. Sim, pois o maior presente que Deus entregou aos Homens foi justamente o livre-arbítrio. O que nós somos depende das escolhas que fazemos, até o Homem-Aranha disse isso.
Se não tiverem restrições a filmes dublados e comédias americanas, experimentem “A Volta do Todo Poderoso”. E não precisa rever o filme original.