Claquete – 29 de junho de 2007

Newton Ramalho – colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

O final de semana está mais para os forrós e quadrilhas de São Pedro, já que a única estréia é a ótima aventura “Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado” (veja em Filmes da Semana). Continuam em cartaz “Treze Homens e um Novo Segredo”, terceiro episódio com George Clooney, Matt Damon e Brad Pitt, a animação “Shrek Terceiro”, e a aventura “Piratas do Caribe 3 – No Fim do Mundo”. Nas programações exclusivas, ainda dá para conferir, no Moviecom, os ótimos os suspenses “Um Crime de Mestre”, com o genial Anthony Hopkins, e “Premonições”, com Sandra Bullock. No sábado e domingo acontece a pré-estréia da mais nova produção da Disney, “Ratatouille”.

Estréia: “Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado”

Reed Richards (Ioan Gruffudd), o Mr Fantástico e Susan Storm (Jessica Alba), a Mulher Invisível, estão prestes a se casar. Porém, durante a cerimônia, algo estranho surge nos céus de Nova York. Trata-se do Surfista Prateado (Doug Jones), um ser alienígena que possui grandes poderes e que trabalha como arauto de Galactus, o destruidor de planetas. O Surfista veio à Terra para prepará-la para ser destruída por seu mestre, mas, para atingir seu objetivo precisará enfrentar o Quarteto Fantástico, formado ainda por Johnny Storm (Chris Evans), o Tocha Humana e Ben Grimm (Michael Chiklis), o Coisa. Seqüência de “Quarteto Fantástico”, de 2005. “Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado” estréia nesta sexta-feira, nas Salas 6 e 1 (dublado) e 2 (legendado) do Cinemark, e nos Cines 4 (legendado) e 6 (dublado) do Moviecom. Para maiores de 12 anos.

Pré-Estréia: “Ratatouille”

Paris. Remy (Patton Oswalt) é um rato que sonha se tornar um grande chef. Só que sua família é contra a idéia, além do fato de que, por ser um rato, ele sempre é expulso de todas cozinhas. Um dia, enquanto estava nos esgotos, ele fica bem embaixo do famoso restaurante de seu herói culinário, Auguste Gusteau (Brad Garrett). Ele decide visitar a cozinha do lugar e lá conhece Linguini (Lou Romano), um atrapalhado ajudante que não sabe cozinhar, e precisa manter o emprego, a qualquer custo. Remy e Linguini realizam uma parceria, em que Remy fica escondido sob o chapéu do rapaz e indica o que ele deve fazer ao cozinhar. O filme, da Pixar/Disney, terá pré-estréia neste sábado e domingo, na Sala 5 do Cinemark, na sessão de 15h10 e no Cine 3 do Moviecom, na sessão de 14h45. Ambas sessões serão dubladas. Censura livre.

Novidades

“O Bom Pastor”, em DVD

“O Bom Pastor” conta a história da CIA, a agência de contra-espionagem americana, desde suas origens, na Segunda Guerra Mundial, quando jovens universitários eram recrutados em Yale para a OSS. Sua história se confunde com a de Edward Wilson (Matt Damon), que se tornou um dos seus líderes. O clímax acontece após a desastrosa tentativa de invasão de Cuba, em 1961. A direção é de Robert de Niro. O formato de tela é widescreen anamórfico e o som Dolby Digital 5.1. Nas locadoras.

“Dreamgirls – Em Busca de um Sonho”, em DVD

Musical adaptado de uma peça da Browdway, o filme se baseia no caso real das cantoras negras Supremes, que partiram de coadjuvantes no palco ao estrelato com um grupo próprio em meio ao Pop um tanto elitista – e branco – dos anos 60. Com Jamie Foxx, Beyonce Knowles, Eddie Murphy, Danny Glover e Jennifer Hudson (Oscar de Coadjuvante). O disco traz formato de tela widescreen e som Dolby Digital, e, como extras, Cenas Originais e Alternativas; Videoclipe “Listen”, de Beyoncé Knowles. Nas locadoras.

“Cavaleiros do Ar”, em DVD

Adaptação dos quadrinhos franceses, este filme conta a história de um avião de caça de última geração que se afasta, misteriosamente, durante a exibição de aviões de ponta em uma feira de aviação. Dois pilotos são enviados para localizar o caça e escoltá-lo de volta. Mas, são surpreendidos quando o Mirage desgarrado assume a posição de ataque e parte para cima deles. Este incidente é só o início de um complexo jogo de intrigas e espionagem internacional. O formato de tela é widescreen anamórfico e o som Dolby Digital 5.1. Nas locadoras.

“Frankenstein”, no Cinema & Literatura

O projeto Cinema & Literatura, parceria do Cineclube Natal com a Livraria Bortolai, apresenta neste sábado, dia 30, “Frankenstein”, de James Whale. O filme, de 1931, é baseado no famoso livro da escritora Mary Shelley, sobre o médico que decide recriar a vida, utilizando pedaços de cadáveres. Mas, a criatura vira contra seu criador. A sessão será às 18h, no auditório da própria livraria, na Avenida Afonso Pena, 805, Tirol. O acesso é gratuito, mas, deve ser feita a reserva de vagas por meio do telefone 3201 – 2611, ou, do e-mail atendimento@bortolai.com.br. Para maiores de 12 anos.

“Kill Bill”

Os dois volumes de Kill Bill, de Quentin Tarantino, serão juntados em um único longa-metragem, em DVD. Será uma caixa com quatro discos, com a junção dos dois filmes, num total de 247 minutos. Nesse meio tempo, Tarantino definiu as premissas para os Volumes 3 e 4. No terceiro filme, dois assassinos do grupo Crazy 88s, que perderam braços e olhos pela espada da Noiva, na Casa das Folhas Azuis, no Volume 1, agora procuram vingança. Já o quarto mostraria o embate entre as filhas de Beatrix Kiddo e Vernita Green.

Filmes da Semana: “Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado” e “Treze Homens e um Novo Segredo”

Heróis e valores

Mesmo correndo o risco de ser apedrejado pelos cinéfilos intelectuais, ainda acho que, apesar de ser uma síntese de todas as artes, o maior objetivo do cinema ainda é o entretenimento. A partir de hoje, estarão em cartaz dois ótimos exemplos do cinema-pipoca, do tipo diversão para o público de doze anos ao infinito. São eles “Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado” e “Treze Homens e um Novo Segredo”.

“Treze Homens e um Novo Segredo” é o terceiro episódio da série iniciada em 2001 com “Onze Homens e um Segredo”, que, por sua vez, era uma refilmagem de um filme homônimo, estrelado por Frank Sinatra e Sammy Davis Jr, de 1960. O tema é sempre o mesmo: um roubo “impossível”, executado por um grupo de simpáticos ladrões.

Desta vez, o grupo se reúne para se vingar de Willie Bank (Al Pacino), um inescrupuloso dono de cassinos, que passou a perna em Reuben Tischkoff (Elliott Gould), levando-o a ter um derrame ou coisa parecida. O grupo decide não apenas roubar o novo hotel-cassino de Bank, preste a ser inaugurado, mas, desmoralizá-lo perante os sócios e o rigoroso sistema de controle de jogos de Las Vegas.

Quem compra o ingresso já sabe o resultado do roubo, mas, o mais divertido é acompanhar as peripécias do grupo, que tem que enfrentar (e, em alguns casos, criam) dificuldades inesperadas. Entre o planejamento minucioso e os improvisos miraculosos, muitas piadas e aparições de gente famosa.

O elenco reúne, nada menos, que George Clooney, Brad Pitt, Matt Damon, Al Pacino, Ellen Barkin, Elliott Gould, Don Cheadle, Scott Caan, Carl Reiner, Julian Sands, Vincent Cassel (marido de Mônica Belluci e o ladrão francês do segundo filme). O passeio de celebridades é tanto que até Oprah Winphrey faz uma aparição, como ela mesma.

O grupo utiliza as artimanhas costumeiras, que vão dos disfarces e trocas de identidades até a utilização das duas perfuratrizes do Eurotúnel, passando por um sem número de engenhocas mirabolantes. Tudo em nome da diversão, que tinha sido perdido no segundo episódio, mas, que foi recuperado no terceiro. Pelo andar da carruagem, nossos netos deverão assistir “85 Homens e Mais um Segredo”…

“Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado” traz, novamente, o universo dos quadrinhos para as telas do cinema. Provavelmente os fãs ardorosos das revistas irão reclamar das licenças poéticas que foram tomadas, mas, lembro sempre que são linguagens diferentes, e é ótimo quando é preservado o espírito original, o que parece ter acontecido aqui. Aliás, duvido que um fã do Surfista não fique arrepiado na primeira aparição do herói, quando ele atravessa o Chrisler Building…

O Quarteto Fantástico é um grupo de cientistas cujos corpos foram afetados por uma tempestade cósmica, criando poderes que os tornaram super heróis. Reed Richards, ou, o Sr. Fantástico (Ioan Gruffudd) pode se elastecer, Susan Storm (Jessica Alba), a Mulher-Invisível, além de desaparecer, pode criar campos de força, Johnny Storm (Chris Evans), a Tocha Humana, além de controlar o fogo, pode voar, enquanto Ben Grimm (Michael Chiklis), o Coisa, é a força bruta do grupo.

Hoje famosos, eles sofrem com o assédio da imprensa e dos fãs, principalmente Reed e Susan, que estão para casar e gostariam de ter mais privacidade. Johnny, o bom vivant do grupo, quer mais é curtir as benesses da fama, enquanto que Ben tenta conviver com a sua forma desumana. Essas diferenças de opinião já provocam a idéia de separação do grupo.

Mas, tudo isso é deixado de lado, quando uma nova ameaça surge do espaço. Um alienígena extremamente poderoso, apelidado de Surfista Prateado (Doug Jones, com a voz de Laurence Fishburn), percorre a Terra, fazendo buracos gigantescos e provocando perturbações climáticas e outros distúrbios.

O ser é tão poderoso que, ao tocar no Tocha, deixa-o instável, a ponto de trocar poderes com os outros Fantásticos que pegam nele. Essas “trocas”, além de gerar algumas ótimas piadas, tem uma função importante na trama.

Mas, o mais aterrador é que o Surfista Prateado é um mero lacaio de um ser muito mais poderoso, Galactus, que, literalmente, devora mundos, sugando a energia térmica e orgânica, deixando apenas rochas sem vida, por onde passa.

Eles são convocados por um obcecado general americano, Hager (Andre Braugher), que quer capturar o alienígena a qualquer custo. Esse, aliás, é um dos pontos negativos do filme. Além do fato de o mundo inteiro falar inglês (aliás, o Universo inteiro, pois até os alienígenas falam inglês entre si), o general americano manda e desmanda, não só nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Alemanha e até na Rússia, para um centro de tortura. Uma das “pérolas” do filme é zombar dos direitos humanos, ao permitir torturar o alienígena, já que ele não é humano…

Uma coisa curiosa é como os valores e objetivos são tratados nos dois filmes. Na versão de “Onze Homens e um Segredo”, de 1960, apesar do roubo ter êxito, o dinheiro é perdido, pois a rigorosa moral da época não permitiria outro final. Nas versões atuais, tudo é justificado, seja porque está se roubando um outro ladrão ou por simples vingança. Os fins justificam os meios? É um triste retrato de nosso tempo.

Em “Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado”, a coisa tem um enfoque muito melhor. Em primeiro lugar, o grupo descobre que só é fantástico enquanto está unido, pois, daí é que vem a sua força. O Surfista Prateado, por sua vez, ao invés de vilão, mostra-se um ser que põe o seu poder a serviço de Galactus para garantir a sobrevivência do seu mundo e da mulher amada.

Um aspecto interessante neste filme, que já tinha sido mostrado no “Homem-Aranha”, é a humanidade dos super heróis. Totalmente diverso da natureza binária do Super-Homem, por exemplo, os Fantásticos tem raiva, sofrem, sacaneiam uns com os outros, e, acima de tudo, valorizam a amizade. Essa “humanidade”, longe de ser uma distorção, mostra a genialidade de Stan Lee, o criador do Quarteto, do Homem-Aranha, Hulk, X-Men e mais um bocado de supers. Lee mantém a tradição de aparecer em pontas nos filmes de seus personagens. Ele aparece como ele mesmo, tentando entrar sem convite no casamento de Reed e Susan.

Para finalizar, uma dica: não saia do cinema logo, pois é mostrado o destino final do Surfista, enquanto rolam os créditos. Boa diversão!