Claquete – 01 de junho de 2007

Newton Ramalho – colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Chegamos ao mês de junho, de férias escolares e festas juninas. As chuvas e a programação dos cinemas não ajudam muito, pois as opções para a garotada ficam bem resumidas. Nas estréias da semana, temos apenas os suspenses “Um Crime de Mestre”, com o genial Anthony Hopkins, e “Premonições”, com Sandra Bullock. Nas continuações, “Homem-Aranha 3” e “Piratas do Caribe 3 – No Fim do Mundo”. Nas programações exclusivas, o Cinemark oferece o infantil “A Família do Futuro”, da Disney, e o Curta Infantil 2, sempre às 18h. Não deixe de conferir a matéria sobre os DVDs piratas.

Estréia 1: “Um Crime de Mestre”

Willy Beachum (Ryan Gosling) é um jovem e ambicioso promotor público, que está no melhor momento de sua vida profissional. Ele tem 97% de vitória nos casos em que atuou, e está prestes a assumir um cargo em um famoso escritório de advogados. Porém, antes de deixar o cargo de promotor ele tem um último desafio pela frente. O milionário Ted Crawford (Anthony Hopkins) mata sua esposa, quando descobre que ela está tendo um caso com o detetive Rob Nunally. O policial, ainda sem saber quem é a vítima e o acusado, consegue facilmente a confissão de Ted, que se entrega sem resistência. Com as provas necessárias para a condenação, Beachum aceita o caso, que acaba se tornando bem mais complicado do que parecia. Quando a polícia examina a arma entregue, percebe que não foi a usada para atirar na vítima. Além disso, como Nunally era amante da esposa de Crawford, a confissão é invalidada pela juíza. O que parecia um caso simples, um crime premeditado e com uma confissão clara, fica embaralhado, com as artimanhas de Ted. O que acontece agora é um jogo de gato e rato, onde só o mais inteligente vencerá. A direção é de Gregory Hoblit. “Um Crime de Mestre” estréia nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom, e na Sala 4 do Cinemark. Para maiores de 14 anos.

Estréia 2: “Premonições”

Linda Hanson (Sandra Bullock) é uma mulher suburbana que um dia é avisada que seu marido, Jim (Julian McMahon), morreu em um terrível desastre automobilístico. Porém, ao acordar no dia seguinte, tudo está perfeitamente normal em sua vida e Jim está vivo. A única diferença é que Bridgette (Courtney Taylor Burness), sua filha mais velha, está com cicatrizes horríveis no rosto, que Linda não tem a menor idéia de como surgiram. Sem entender o que está acontecendo, Linda começa a pôr em dúvida sua própria sanidade mental. A direção é de Mennan Yapo. “Premonições” estréia nesta sexta-feira, no Cine 1 do Moviecom, e na Sala 7 do Cinemark. Para maiores de 16 anos.

Pré-Estréia: “Shrek 3”

Shrek e Fiona, agora, são rei e rainha do reino de “Tão, Tão Distante”, porque o Rei Harold virou um sapo. Como o casal quer voltar a viver no pântano, Harold propõe que eles encontrem o novo herdeiro da coroa, para tomar conta do reino no lugar deles. Shrek, Burro e Gato-de-Botas vão para o lado mais distante do reino, onde o jovem Artie, sobrinho da Rainha Lilian, está prestes a completar seus estudos. Artie é o jovem Rei Arthur, e os três têm que convencer esse jovem extremamente rebelde a voltar e assumir o trono. Enquanto isso, Fiona fica sozinha no reino de “Tão, Tão Distante” e o Príncipe Encantado tenta aplicar um golpe de estado. Para impedi-lo, ela forma um movimento de resistência junto com todas as princesas. A pré-estréia de “Shrek 3” será na próxima quinta-feira, no Cine 3 do Moviecom, na sessão de 16h45. Censura livre. Cópia dublada.

Novidades

“Déjà Vu”, em DVD

Chamado para recuperar provas após um atentado que explodiu uma balsa em New Orleans, o agente federal Doug Carlin (Washington) acaba envolvido em um projeto ultra-secreto do governo americano: um laboratório que manipula a relação entre o tempo e espaço, para ajudar a prevenir crimes no futuro. Mas será que essa máquina pode mudar o passado? Com o vencedor do Oscar Denzel Washington. O disco traz formato de tela widescreen anamórfico e som Dolby Digital. Como extras, Trailer de Cinema, Cenas Ampliadas: Cena Estendida das Conseqüências da Balsa, Comentários do Diretor da Cena Estendida e Janela de Vigilância: Filme com Comentários mais Bastidores. Nas locadoras.

“Mais Estranho Que a Ficção”, em DVD

Um dia, um homem passa a ouvir uma voz feminina, que narra exatamente seus pensamentos, atos e sentimentos. Apenas ele pode ouvir a voz. Quando ela diz que ele está prestes a morrer, ele busca algum meio de evitar que isto ocorra. Dirigido por Marc Forster (“Em Busca da Terra do Nunca”) e com Will Ferrell, Emma Thompson, Maggie Gyllenhaal, Queen Latifah e Tom Hulce. O disco traz, como extras, os documentários “Atores à Procura de uma História: Montando o Time”, “Locação em Chicago”, “Palavras em uma Página”, “A Evolução de um Efeito Visual”, “No Set de Filmagem”, Cenas Excluídas e Estendidas e Trailers de cinema. Nas locadoras.

“Senhor dos Anéis” versão estendida, no projeto Cinema & Literatura

O Cineclube Natal e a Livraria Bortolai exibirão “Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel”, versão estendida, no Projeto “Cinema e Literatura”. O filme, baseado nos livros escritos por John R. R. Tolkien, levado às telas por Peter Jackson ganhou quatro Oscars, nas categorias Trilha Sonora, Efeitos Especiais, Maquiagem e Fotografia. O diferencial desta versão é trinta minutos adicionais, com imagens e músicas inéditas. Mas, atenção, esta sessão especial acontecerá no domingo, dia 3, às 15h, no auditório da própria livraria, na Avenida Afonso Pena, 805, Tirol. O acesso é gratuito, mas, deve ser feita a reserva de vagas por meio do telefone 3201 – 2611, ou, do e-mail atendimento@bortolai.com.br. Para maiores de 14 anos.

Loja brasileira lança leitor híbrido Blu-Ray e HD-DVD

Atenção, early-adopters, já tem loja brasileira vendendo o primeiro leitor híbrido Blu-Ray e HD-DVD. Se você é daqueles que adoram estar na frente, em termos de experimentar tecnologia, chegou a hora. A vantagem de ser híbrido é por conta da sangrenta disputa dos fabricantes, para definir o sucessor do DVD. O player pode exibir imagens no padrão 1080p (1080 linhas horizontais de resolução) e processar filmes em até 30 frames por segundo. O equipamento pode, ainda, rodar DVDs comuns, mas, não lê CDs. Gostou? Então prepare a carteira, pois o bichinho custa a bagatela de 5 mil reais. Vais encarar?

IV Bienal do Livro de Natal

Olha aí, pessoal, uma boa alternativa à mesmice nos cinemas. A IV Bienal do Livro de Natal, que acontece entre os dias 31 de maio e 9 de junho, traz, este ano, algumas novidades, como discussões com os temas Cinema e Literatura, Música e Literatura e Quadrinhos. Os natalenses, poderão ver de perto nomes importantes da cultura nacional como Ziraldo, Maurício de Sousa, Nélida Piñon, Eduardo Shinyashiki, Gilberto Dimenstein, Gabriel o Pensador, Nei Leandro de Castro, Moacir de Goés, entre muitos outros. Mais informações no site do evento, http://www.bienaldenatal.com.br/.

Invasão dos “3” no circuito de cinemas brasileiros

Olha só que coisa interessante. De acordo com o site http://www.epipoca.com.br/, das cerca de duas mil salas de cinema do circuito exibidor brasileiro, 700 estão exibindo “Homem-Aranha 3” e 769 foram ocupadas com a estréia de “Piratas do Caribe 3”. Ou seja, 1469 salas estão exibindo dois títulos, restando 28% de todas as salas do Brasil para os outros filmes em cartaz! Se lembrarmos que “Shrek 3” vai entrar na outra semana, é possível que a programação dos cinemas fique reduzida a estes três títulos.

Especial: Piratas do calçadão

A intenção era fazer a resenha de “Piratas do Caribe 3”, mas, como não tive acesso ao filme, vamos falar de outros piratas, bem mais próximos de nós, e que estão presentes no mundo inteiro: os DVDs piratas.

Seria interessante definir o que é pirata ou não, mas, a controvérsia já começa a partir da fonte de consulta. Para o distribuidor oficial, qualquer cópia é ilegal. Alguns usuários, porém, defendem que o proprietário de um disco comprado legalmente pode fazer uma cópia para seu uso. Vamos evitar tecnicismos e julgamentos de valor e manter uma visão jornalística, olhando para o mundo ao nosso redor. Nem é preciso andar muito, pois os discos “alternativos” inundam as calçadas de maior circulação, seja no popular comércio do Alecrim ou em frente aos bancos da Zona Sul.

Existem três tipos de produtos muito distintos, nesse mercado. O primeiro, e mais comum, é a cópia dos DVDs que são lançados nas locadoras. O segundo, contém cópias de filmes que ainda estão no cinema, feitos a partir de gravações clandestinas e colocadas na Internet. O terceiro, menos comum, são as coletâneas de clipes ou trechos de show, organizados e montados de acordo com um determinado tema (“Flashback Romântico” ou “Coletânea Nacional”, por exemplo), cuja fonte pode ser a Internet ou trechos de outros DVDs.

Todas as opções acima, deixando de lado a questão da legalidade, têm pontos negativos, que dependem de quem fez, ou, de como foi feita a gravação. De todas, a pior escolha é a dos filmes gravados no cinema. Por ser um ato muito mais próximo de um crime real, as filmagens são realizadas às escondidas, com ângulos ruins, imagens tremidas, e, quase sempre, muito escuras. As legendas são quase ilegíveis, e o som, péssimo. A única razão para alguém aceitar um produto tão ruim assim é a ansiedade para assistir ao filme, sem ter que pagar o ingresso na bilheteria do cinema. Claro que existe uma discussão sobre o fato de que, atualmente, ir ao cinema é programa de classe média, mas, tem muita gente abastada que consome este tipo de produto.

A opção “cópia do DVD de locadora”, teoricamente, seria a de melhor qualidade. O problema é que, enquanto o disco original é gravado em duas camadas, a cópia é feita em um disco de camada única. Para colocar seis, sete ou oito gibabytes de informações em um disco onde só cabem 4,7, os copiadores aumentam muito a taxa de compressão, o que prejudica a qualidade final da imagem, ou, retiram partes do conteúdo. Como o objetivo maior é a população de baixa renda, geralmente são retiradas as trilhas sonoras originais e legendas, restando apenas a dublagem em português. O pior é que os menus são mantidos, o que causa uma falsa expectativa no usuário. Bem, quem mandou comprar produto pirata?

As coletâneas são um caso à parte. A qualidade de som e imagem depende muito da origem da fonte original. Em termos práticos, discos com vinte e poucas músicas, foram copiado de outros DVDs, o que garante uma qualidade de som e imagem melhores. Mas, aqueles que têm 50, 70, 80 músicas, são compostos de clipes com baixa resolução, imagem borrada e som, no máximo, estéreo, baixados da Internet.

E o que podemos dizer sobre as razões deste fenômeno, que é universal, a ponto de despertar preocupações de governos do primeiro mundo? Seria muito simplismo dizer que quem consome produtos piratas é um malfeitor em potencial, ou, que tudo se resume a preço. Não há dúvidas de que o preço é uma das causas da pirataria. Enquanto um DVD pirata é vendido por três reais no calçadão da avenida Rio Branco, o mesmo título é alugado, nas locadoras, por cinco ou seis reais, algumas, inclusive, exigindo a devolução em 24 horas.

Uma das explicações para os preços altos de locação, segundo as locadoras, é que, um título rental, o lançamento para aluguel, é comprado pela locadora, por um preço que varia de 110 a 120 reais, além do frete. Claro que, neste preço de 110 a 120 reais, estão embutidos os custos de produção, distribuição, royalties, propaganda e mais uma infinidade de coisas.

Mas, o curioso é que, este mesmo título, três meses depois, chega ao usuário, nas vendas diretas das lojas, entre 40 e 50 reais. Não demora muito, e lá vai o mesmo disco para um balcão promocional, onde é vendido por vinte reais. Ultimamente, têm ocorrido inúmeras promoções, até com DVDs duplos, e títulos famosos, por cerca de treze reais. O mesmo empresário que reclama do pirata vendendo a três reais, poderia explicar o porquê desta variação tão grande no preço do disco original.

Bem, estarão dizendo os meus queridos e pacientes leitores, está tudo muito bem, mas, qual a solução para a pirataria? Colocar batalhões de polícias nas ruas? Se alguém sugerir isso, imediatamente um outro vai lembrar que muita gente sobrevive disso, sempre um subemprego. Ninguém lembra que as locadoras estão fechando, e outras pessoas estão perdendo emprego, empregos esses formais, que simplesmente deixam de existir.

Lamento decepcionar quem esperava uma solução, mas creio que não existe mágica disponível. É necessário repensar a política de preços, tanto de vendas, quanto de locações. É importante informar os usuários que a pirataria não é apenas uma contravenção ou crime menor, mas, também, um prejuízo para o seu próprio consumo, já que é um produto de baixa qualidade, com som e imagem ruins e informações incompletas. Mas, como querer esse nível de exigência, quando a maioria dos brasileiros que tem DVD o utiliza ligado diretamente em uma tv de 20 polegadas, competindo com a novela da tv aberta?

A solução, se existe, deve ser menos polícia, e mais política. De boa qualidade, para variar. Não a pirata, tão freqüente nos noticiários.