Claquete – 18 de maio de 2007

Newton Ramalho – colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Ainda sob o impacto do Homem-Aranha, e próximo da chegada de “Piratas do Caribe 3”, as estréias são poucas e tímidas. O mais famoso é “Maria Antonieta”, de Sofia Coppola, com Kirsten Dunst no papel-título, estreando apenas no Cinemark. Tem ainda a comédia “Escola de Idiotas”, o drama “Pecados Íntimos”, com Kate Winslet e Jennifer Connely, e o nacional “O Cheiro do Ralo”, drama, com Selton Mello, os dois últimos apenas no Moviecom. Nas continuações, “Número 23”, suspense, com Jim Carrey, “Homem-Aranha 3”, e a animação “A Família do Futuro”. Nas programações exclusivas, o Cinemark exibe a comédia romântica “Minha Mãe Quer Que Eu Case” e o Moviecom mantém em cartaz o drama “O Bom Pastor”, de Robert de Niro. O Cinemark promove uma sessão de estréia de “Piratas do Caribe 3”, no primeiro minuto do dia 25 de maio.

Estréia 1: “Maria Antonieta”

A princesa austríaca Maria Antonieta (Kirsten Dunst) é enviada, ainda adolescente, à França, para se casar com o príncipe Luis XVI (Jason Schwartzman), como parte de um acordo entre os dois países. Na corte de Versalhes, ela é envolvida em rígidas regras de etiqueta, ferrenhas disputas familiares e fofocas insuportáveis, mundo em que nunca se sentiu confortável. Praticamente exilada, ela decide criar um universo à parte, dentro daquela corte, no qual pode se divertir e aproveitar sua juventude. Só que, fora das paredes do palácio, a Revolução não pode mais esperar para explodir. Ganhador do Oscar de Melhor Figurino. A direção é de Sofia Coppola. “Maria Antonieta” estréia nesta sexta-feira, na Sala 3 do Cinemark. Para maiores de 14 anos.

Estréia 2: “Escola de Idiotas”

Roger (Jon Heder) é um jovem guarda de trânsito que sofre de ansiedade e baixa estima. Para superar estes problemas ele decide se matricular em um curso secreto, ministrado pelo estiloso Dr. P (Billy Bob Thornton), que promete tornar as pessoas mais confiantes. Só que o Dr. P é na verdade um picareta e, com a ajuda de seu assistente Lesher (Michael Clarke Duncan), usa métodos nada ortodoxos e até mesmo perigosos. A direção é de Todd Phillips. “Escola de Idiotas” estréia nesta sexta-feira, na Sala 1 do Cinemark, e no Cine 7 do Moviecom. Para maiores de dez anos.

Estréia 3: “Pecados Íntimos”

Em um bairro elegante do subúrbio, famílias de classe média alta criam os seus filhos para um futuro brilhante. Um mundo de filhos e pais perfeitos…pelo menos durante o dia, é claro. À noite, entre quatro paredes, tudo se transforma. Os papais e mamães perfeitos tentam escapar de suas rotinas nada excitantes recorrendo à pornografia na internet ou então a casos extraconjugais. E, enquanto estes casais tentam recuperar, em segredo, a intensidade de seus dias de adolescência, suas vidas começam a se cruzar de maneira surpreendente e muito perigosa. O filme, indicado para três Oscars, tem Kate Winslet e Jennifer Connely, no elenco. A direção é de Todd Field. “Pecados Íntimos” estréia nesta sexta-feira, no Cine 1 do Moviecom. Para maiores de 16 anos.

Estréia 4: “O Cheiro do Ralo”

Lourenço (Selton Mello) é o dono de uma loja que compra objetos usados. Aos poucos, ele desenvolve um jogo com seus clientes, trocando a frieza pelo prazer que sente ao explorá-los, já que sempre estão em sérias dificuldades financeiras. Ao mesmo tempo, Lourenço passa a ver as pessoas como se estivessem à venda, identificando-as através de uma característica ou um objeto que lhe é oferecido. Incomodado com o permanente e fedorento cheiro do ralo que existe em sua loja, Lourenço vê seu mundo ruir quando é obrigado a se relacionar com uma das pessoas que julgava controlar. “Cheiro do Ralo” estréia nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom. Para maiores de 16 anos.

Novidades

“Babel”, em DVD

Foi lançado, para locação, o filme “Babel”, ganhador do Oscar de Melhor trilha Sonora e o Globo de Ouro de Melhor Filme – Drama. O filme conta a história de pessoas comuns, em diferentes locais do mundo, com personagens que, em algum momento, se cruzam em situações aparentemente banais, mas que levam a desfechos inesperados, que afetarão a vida de todos. Dirigido por Alejandro González-Iñárritu (“Amores Brutos”) e com Brad Pitt, Cate Blanchett e Gael García Bernal no elenco. O disco traz formato de tela widescreen, áudio em inglês DD 5.1 e nenhum extra.

“Uma Verdade Inconveniente”, em DVD

O ex-vice-presidente americano Al Gore apresenta uma advertência e impressionante visão do futuro de nosso planeta de nossa civilização, no documentário mais importante do ano, merecedor do Oscar da categoria. Trata-se de um alerta que perpassa mitos e conceitos errados, para revelar a mensagem que o superaquecimento global é um perigo real e imediato. O disco traz formato de tela widescreen anamórfico e som Dolby Digital 5.1. Como extras, comentários do diretor Davis Guggenheim, dos produtores, o documentário “Uma conversa com o Ex-Vice-Presidente Al Gore”, Making Of, o Clipe de Melissa Etheridge “I Need to Wake Up”, ganhadora do Oscar de Melhor Canção Original, e um DVD do Greenpeace, com 64 min.

Cineclube Natal exibe “Café da Manhã em Plutão” no seu segundo aniversário

O Cineclube Natal, comemorando o seu segundo ano de atividades, exibe neste domingo, dia 20, “Café da Manhã em Plutão”, do diretor irlandês Neil Jordan. O filme, que continua inédito no circuito local, será apresentado em parceria com o Teatro de Cultura Popular (TCP). A exibição começa às 17h, no TCP, ao lado da Fundação José Augusto. Após o término da sessão haverá debate e sorteio de DVD´s e pôsteres. Excepcionalmente, não será cobrado ingresso. A censura é 16 anos. Claquete parabeniza a direção e os sócios do Cineclube, pela persistência e amor à Sétima Arte.

“He-Man” e “She-Ra”, em DVD

“Eu tenho a força!”. Este bordão, que ecoou em muitos lares nos anos 80, está de volta, graças à magia do DVD. A primeira temporada do herói de Etérnia, sempre às voltas com o Esqueleto, foi lançada em um box com seis discos, contendo 33 episódios. Para alegria dos saudosistas, a dublagem em português é a mesma da televisão, gravada pelos estúdios Herbert Richers. Foi lançado, também, uma lata com os cinco melhores episódios de She-Ra, o longa “O Segredo da Espada Mágica” e a primeira temporada de He-Man. Nas lojas e locadoras.

Concurso de fotografia

Estão abertas as inscrições para o Concurso Fotográfico “Um olhar sobre a cultura potiguar”, promovido por alunos do Curso de Comunicação da UFRN. As inscrições, que são gratuitas, podem ser feitas até o dia 1° de julho. O edital está disponível, através do site www.olharcultural.com. Os participantes podem inscrever até três fotografias, medindo 20x30cm, em papel fotográfico fosco, e enviar para o endereço: Concurso Fotográfico “Um olhar sobre a cultura potiguar” Caixa Postal 1653, CEP 59078-970 – Natal/RN. Serão selecionadas 20 fotografias, que serão exibidas na Mostra Fotográfica Itinerante, realizada nas agências do Banco do Nordeste. A premiação será de R$ 4.800,00, distribuídos entre os 20 primeiros classificados.

“A Classe Operária Vai ao Paraíso”, no Ciclo de Filmes e Debates

O Ciclo de Filmes e Debates “O Trabalho no Mundo Contemporâneo”, coordenado pelo professor Gabriel Vitullo, do Departamento de Ciências Sociais, exibirá, na próxima quarta-feira, dia 23, o filme “A Classe Operária Vai ao Paraíso”, do diretor Elio Petri. A programação segue até novembro deste ano, com duas exibições por mês, sempre às 19h, no auditório A, do Núcleo Avançado de Políticas Públicas, prédio do “Azulão”. Mais informações através dos emails gvitullo@hotmail.com e fas@digizap.com.br.


Filme da Semana: “Retratos da Vida”

O jacaré de Lelouch

Quem já foi na praia do Jacaré, em João Pessoa, deve ter se encantado ao assistir o sol se pondo ao som do Bolero de Ravel. Essa cena evoca uma outra, onde esse mesmo Bolero serve de abertura e encerramento do filme “Retratos da Vida”, do diretor francês Claude Lelouch, no antológico balé de Jorge Donn, em pleno Trocadero parisiense.

Lelouch, autor do maravilhoso “Um Homem, Uma Mulher”, que lhe rendeu o Oscar de Melhor Roteiro Original, pensou grande, em “Retratos da Vida”. Partindo da idéia de que, no mundo, há poucas histórias de vida, que se repetem ao sabor do destino, ele percorre quatro décadas de história, acompanhando a saga de algumas pessoas, nos Estados Unidos, França, Alemanha e Rússia. O que há de comum entre eles? O amor pela música.

Nos Estados Unidos, no final dos anos 30, o band leader Jack Glenn (James Caan) comemorava o nascimento da filha Sarah, ao lado da mulher, Suzan (Geraldine Chaplin) e do filho Jason. Do outro lado do mundo, a jovem bailarina Tatiana (Rita Poelvoorde), se não conseguiu uma vaga no concorrido corpo de balé Bolshoi, encontrou o amor de sua vida, Boris Itovitch (Jorge Donn). Na Alemanha, o jovem pianista Karl Kremer (Daniel Olbrychski) tinha a honra de ser cumprimentado pelo líder máximo do país, Adolf Hitler, que ficara encantado com a sua apresentação. Na França, a jovem violinista Anne Meyer (Nicole Garcia) conhece e se casa com o pianista Simon Meyer (Robert Hossein), enquanto que Evelyne (Evelyne Bouix), que viera de Dijon para casar-se, desencontra do noivo e passa a ganhar a vida como cantora nos night clubs de Paris.

A Segunda Guerra Mundial abala profundamente todas estas histórias. O russo Boris morre no front, obrigando sua mulher a criar, sozinha, o filho Sergei. Anne e Simon, ambos judeus, são enviados para um campo de extermínio. Pressentindo que não haveria futuro para eles, Simon aproveita uma parada do trem para deixar o filho bebê nos trilhos. O garoto é salvo por um camponês, que o deixa na casa de um padre. Simon morre na câmara de gás, enquanto Anne consegue sobreviver, mas, não tem notícia do paradeiro do filho.

Karl, promovido a oficial, comanda evoluções de uma banda militar na Paris ocupada, atraindo a atenção de Evelyne. Os dois têm um romance que irá ser interrompido com o fim da guerra. Karl é extraditado de volta para a Alemanha, onde descobre que o único filho morrera em um bombardeio, enquanto que Evelyne é castigada por populares, por relacionar-se com um alemão. A volta para a casa dos pais, com uma filha recém-nascida, é tão humilhante, que ela não consegue resistir à pressão, e se suicida.

Vinte anos depois, nos efervescentes anos 60, outras guerras estão acontecendo, no Vietnã e na Argélia. As crianças agora estão adultas, cada qual com os seus próprios problemas. Sarah (Geraldine Chaplin) enveredou pela profissão de cantora, ao lado do irmão Jason (James Caan), que tem dificuldades para lidar com a própria sexualidade. Na Rússia, Sergei firma-se como bailarino, mas decide fugir para o Ocidente, durante uma turnê pela Europa. Robert Prat (Robert Hussein), o jovem órfão criado pelo padre, inicia uma carreira como advogado, enquanto Edith (Evelyne Bouix) repete os passos da mãe, saindo de Dijon para Paris, sonhando com uma carreira artística.

Um novo salto no tempo, nos anos 80, e já encontramos uma nova geração iniciando no mundo artístico. Os encontros e desencontros vão acontecendo, finalizando em um grande concerto promovido pela Unicef para levantar fundos, onde todos os personagens irão participar.

Não é errado classificar “Retratos da Vida” como um musical, pois a música e a dança perpassam todo o filme, fazendo parte da composição de cada personagem, graças à maravilhosa trilha de Francis Lai e Michel Legrand. Mas, este filme é muito mais do que um simples musical. Lelouch consegue mostrar a sua visão da história, nos tornando cúmplices em seu voyeurismo silencioso, sem tomar partidos ou fazer julgamentos de valor. O elenco estelar, que valoriza extremamente o filme, reúne grandes nomes do cinema europeu, como Robert Hussein, Fanny Ardant, como do americano, tipo Geraldine Chaplin e James Caan. É difícil não perceber uma ponta da estreante Sharon Stone, no final do filme.

Aliás, foi uma jogada de mestre o uso de um mesmo ator para fazer pais e filhos, já que, em uma história com tantos personagens, fica mais fácil acompanhar a trajetória de cada família através dos rostos conhecidos.

Este filme era ansiosamente aguardado pelos fãs, que demorou a ser lançado em DVD. A edição, da cearense Classicline, não traz nenhum extra, mas, ao menos o formato de tela está em widescreen e o som Dolby Digital 2.0. Embora seja difícil de encontrar este disco em uma loja física, é possível comprá-lo pela internet, inclusive com descontos promocionais. Isso é um incentivo a mais, para ter esta jóia em sua prateleira. Afinal, ao contrário do por do sol do Jacaré, teremos quase três horas de deleite para olhos e ouvidos. Experimente.