Claquete – 09 de março de 2007

Newton Ramalho – colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Finalmente, começam a pingar, por aqui, os ganhadores do Oscar. Nas estréias desta semana, teremos “A Rainha”, que deu o prêmio de Melhor Atriz a Helen Mirren, e “Dreamgirls – Em Busca de um Sonho” (só no Cinemark), Oscars de Melhor Atriz Coadjuvante (Jennifer Hudson) e Melhor Som. De lambuja, Eddie Murphy estrela a comédia “Norbit”, onde interpreta diversos personagens. Nas continuações, temos “Motoqueiro Fantasma”, com Nicolas Cage, e “Letra e Música”, comédia romântica com Hugh Grant e Drew Barrymore (veja em Filmes da Semana), a comédia nacional “A Grande Família! O Filme”, o drama “À Procura Da Felicidade”, o desenho de Mauricio de Sousa “Turma da Mônica – Uma Aventura no Tempo”, a comédia escatológica “Borat”, e “Uma Noite no Museu”. Nas programações exclusivas, no Moviecom, sessão especial de “Os Infiltrados”, Oscar de Melhor Filme e Diretor, com direito a meia-entrada para todos.

Estréia 1: “A Rainha”

A notícia da morte da princesa Diana se espalha rapidamente pelo mundo. Incapaz de compreender a reação emocional do público britânico, a rainha Elizabeth II (Helen Mirren) se fecha com a família real no palácio Balmoral. Tony Blair (Michael Sheen), o recém-apontado primeiro-ministro britânico, percebe que os líderes do país precisam tomar medidas que os reaproximem da população e é com essa missão que ele procura rainha. “A Rainha” ganhou o Oscar de Melhor Atriz (Helen Mirren), além de ser indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original, Melhor Figurino e Melhor Trilha Sonora. A direção é de Stephen Frears. “A Rainha” estréia nesta sexta-feira, na Sala 1 do Cinemark, e no Cine 7 do Moviecom. Censura livre.

Estréia 2: “Dreamgirls – Em Busca de um Sonho”

Detroit, década de 60. Curtis Taylor Jr. (Jamie Foxx) é um vendedor de carros, que sonha em deixar seu nome marcado no mundo da música. Ele deseja abrir sua própria gravadora, mas ainda não tem o formato e o produto certo para vender ao público. Curtis encontra o que procura ao conhecer o grupo The Dreamettes, formado pelas cantoras Deena Jones (Beyoncé Knowles), Lorrell Robinson (Anika Noni Rose) e Effie White (Jennifer Hudson). Elas se apresentam em um show de talentos local, usando perucas baratas e vestidos feitos em casa. Suas vidas mudam quando Curtis, já seu agente, consegue que elas façam o backup do show de James “Thunder” Early (Eddie Murphy), o pioneiro de um novo som em Detroit. Posteriormente o grupo alça vôo solo, mudando de nome para The Dreams. Porém Curtis sabe que para alcançar o sucesso o grupo precisará apostar na beleza provocante e tímida de Deena, mesmo que tenha que deixar de lado a voz potente de Effie.. “Dreamgirls”, que ganhou os Oscars de Melhor Atriz Coadjuvante (Jennifer Hudson) e Melhor Som, estréia nesta sexta-feira, na Sala 4 do Cinemark. Para maiores de 12 anos.

Estréia 3: “Norbit”

Norbit (Eddie Murphy) foi criado no orfanato do sr. Wong (Eddie Murphy). Foi neste local que ele conheceu sua alma gêmea, Kate (Thandie Newton). Eles se tornam amigos inseparáveis, até ela ser adotada e deixar o local. Aos nove anos, Norbit é ameaçado por três garotos da escola mas é salvo por Rasputia (Eddie Murphy), uma robusta garota de 10 anos. Os dois crescem, namoram e se casam. Juntamente com seus irmãos Jack Grandão (Terry Lewis), Azulão (Mighty Rasta) e Earl (Clifton Powell), Rasputia administra a Construtora Latimore. Norbit é empregado da empresa, sendo sempre ridicularizado pelos cunhados. A vida de Norbit não anda nada bem, mas, ela muda após reencontrar Kate, que decide comprar o antigo orfanato do sr. Wong. Porém, o que Kate não sabe é que seu noivo, Deion (Cuba Gooding Jr.), planeja transformar o local em um bar de strip-tease, contando com a ajuda dos irmãos de Rasputia.. “Norbit” estréia nesta sexta-feira, na Sala 2 do Cinemark, e no Cine 4 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.

Novidades

“Anjos da Vida – Mais Bravos Que o Mar”, em DVD

Na semana passada ainda estava no cinema e já está disponível em DVD. Ben Randall (Kevin Costner) é um lendário nadador de resgate que se torna o único sobrevivente de um acidente causado por uma forte tempestade. Ele é levado para treinar jovens recrutas para nadadores de resgate. Randall decide deixar de lado o programa de treinamento e aplicar seus próprios métodos de trabalho. Ele logo se desentende com Jake Fisher (Ashton Kutcher), um arrogante campeão de natação. Randall vê potencial em Fisher para se tornar um grande nadador de resgate, caso consiga equilibrar o lado emocional e a dedicação que a tarefa exige. Nas locadoras.

“Adrenalina”, em DVD

Jason Stathan (“Carga Explosiva”) é Chev Chelios, um assassino profissional que foi envenenado e luta contra o tempo para se manter vivo e se vingar. O filme, que marca a estréia da dupla de diretores Mark Neveldine e Brian Taylor, tem um ritmo acelerado, já que Chelios não pode deixar baixar a adrenalina do corpo, pois só assim ele retarda o efeito do veneno. Tipo “desligue o cérebro e curta a ação”. Nas locadoras.

Abertas inscrições para o 6º Curta Natal

Estão abertas, até 30 de março, as inscrições para a sexta edição do Festival Curta Natal de Cinema e Vídeo, evento que integra a programação do Festival MADA. Serão cinco dias, de 16 a 20 de abril, reunindo as diversas linguagens e conceitos do curta-metragem potiguar, nordestino e brasileiro, entre videoclipes, cinema de animação, Mostra Festival do Minuto, Mostra Mix – Festival da Diversidade Sexual, Mostra competitiva Nordeste, Curta Celular e outros. Mais informações no site http://www.curtanatal.com.br/.

Lançamento de “O Vôo Silenciado do Jucurutu”

Na próxima quinta-feira, dia 15, será lançado o documentário “O Vôo Silenciado do Jucurutu”, sobre a cineasta potiguar Jussara Queiroz, que teve como base o roteiro vencedor do DOC-TV III-RN, de autoria de Paulo Roberto Ribeiro Laguardia. A exibição será às 19h30, na Casa da Indústria-FIERN, na Av. Senador Salgado Filho, 2860.

Cineclube Mossoró

Os mossoroenses ganharam mais uma opção de curtir a Sétima Arte. Foi criado o Cineclube Mossoró, que, em sua sessão de estréia, exibiu o clássico do Cinema Novo “Terra em Transe”, de Glauber Rocha. Desejamos que tenha vida longa, a exemplo do cineclube de Natal. A coordenação é de Giovanni Rodrigues. Para novas programações, entrar em contato através do email franciscogrodrigues@yahoo.com.br.

Revista Cahiers du Cinema terá versão na rede

A influente revista francesa de cinema “Cahiers du Cinéma” lançará esta semana a e-Cahiers, versão online em língua inglesa da publicação mensal. A revista, que foi fundada, entre outros, pelo 1951 pelo famoso crítico André Bazin, é vista como responsável por reinventar as bases da crítica de cinema e por formular a teoria do cinema de autor. A edição de março da “Cahiers du Cinéma” estará disponível na Web a partir da próxima semana, no endereço http://www.e-cahiersducinema.com/.

Filmes da Semana: “Motoqueiro Fantasma” e “Letra e Música”

De motos e de músicas

Nem sempre as estréias são maravilhosas, mas, a programação dos cinemas não é feita só de obras-primas. Entre os extremos (bons e ruins) muita coisa é exibida para puro e simples entretenimento dos espectadores. Não poderia haver melhor exemplo do que a ação “Motoqueiro Fantasma” e o romance “Letra e Música”, que, certamente, agradarão os fãs dos respectivos gêneros.

“Motoqueiro Fantasma” segue uma tradição de personagens de quadrinhos levados às telas. Como Homem-Aranha, Batman e outros, os roteiristas quebram a cabeça para transformar a complicada linguagem dos quadrinhos na linguagem de cinema, com movimento e som, usando e abusando dos efeitos especiais.

Este personagem tem alguns complicadores a mais do que a média. Para começo de conversa, não tem a mesma abrangência de outros heróis conhecidos mundialmente, embora tenha fãs ardorosos, como o ator Nicolas Cage, que o viveu na telona. Cage é tão fanático pelo herói que tem uma tatuagem dele.

Um outro problema, que deve ter atrapalhado o entendimento do espectador em geral, é que o nome original “Ghost Rider” é traduzido como Motoqueiro Fantasma. Em inglês, porém, rider tanto pode significar motoqueiro quanto cavaleiro. Isso faz mais sentido se pensarmos que o personagem do quadrinho criado nos anos 40 era um caubói do Velho Oeste. Só nos anos 70, quando a série foi comprada pela Marvel, o herói foi modernizado, trocando o cavalo pela moto.

Isso é importante, pois o começo do filme parte do Velho Oeste, cento e cinqüenta anos atrás, quando o primeiro Ghost Rider surgiu. Ele faz um pacto com o demônio e tem a incumbência de levar-lhe um contrato que representa mil almas aprisionadas. Mas, o herói some e leva o documento consigo.

Passado um século e meio, vamos encontrar o jovem Johnny Blaze (Matt Long) apresentando-se ao lado do pai, em shows de acrobacias com motos. Ao descobrir que o pai estava com câncer, Johnny aceita fazer um pacto com Mefisto (Peter Fonda) para salva-lo. O pai de Johnny é curado do câncer, mas logo morre em um acidente no palco. Arrependido, ele sai pelo mundo, abandonando a namorada, Roxanne (Raquel Alessi).

Anos depois, Johnny Blaze (Nicolas Cages) é um astro de manobras arriscadas com motos. Mesmo sofrendo acidentes incríveis, jamais se fere. Ele reencontra a antiga namorada, Roxanne (Eva Mendes), hoje uma repórter de televisão.

Mas, o seu sossego não duraria muito. O filho de Mefisto, Coração Negro (Wes Bentley) foge para a Terra, para recuperar o pergaminho das mil almas e destruir o universo. Para isso, conta com a ajuda de anjos caídos, que utilizam o poder dos elementos. Mefisto vem cobrar o seu acordo com Johnny, obrigando a perseguir Coração Negro. Para isso, ele ganha superpoderes, que só aparecem durante a noite. Enquanto os humanos assistem atônitos, o Motoqueiro Fantasma destrói tudo por onde passa, para encontrar e liquidar os seus desafetos.

Ele só consegue entender e dominar os poderes com a ajuda de um misterioso coveiro (Sam Elliot), que sempre parece saber mais do que aparenta. Curiosamente, uma das maiores armas do Motoqueiro Fantasma é o seu poderoso olhar, que faz com que os criminosos sintam o terror e as dores de suas vítimas.

O duelo final se dará onde tudo começou, numa cidade abandonada no deserto, onde os valores serão postos à prova e Johnny terá que decidir o que fará do que resta de sua vida.

“Letra e Música” não poderia ter uma temática mais diferente, embora seja igualmente divertido. O filme inicia com um engraçado videoclipe dos anos 80, onde uma banda de sucesso, com muitos rebolados, penteados estranhos e roupas exóticas, exibe um dos seus melhores momentos.

Anos depois, um dos astros da antiga banda vive literalmente do passado. Alex Fletcher (Hugh Grant) agora apenas se apresenta no circuito nostálgico de feiras, parques de diversão e festas de ex-alunos. Sua rotina é quebrada quando seu empresário recebe um pedido da popstar Cora Corman (Haley Bennet), uma mistura de Britney Spears, Christina Aguillera e Shakira, para que componha uma nova canção para se apresentar em dueto, com ela.

O problema é que Alex, apesar de ser um bom compositor, nunca conseguira escrever as letras, o que seu antigo parceiro fazia bem. Premido pelo prazo (e pela concorrência com outros músicos) ele tenta compor, sem sucesso.

A salvação vem de onde ele menos espera. Sophie Fisher (Drew Barrymore), aparece por acaso (o que seria dos roteiros sem o “por acaso”), substituindo a encarregada de cuidar das plantas de Alex. Sua facilidade em lidar com as palavras serve de inspiração para Alex, que a convence a ajuda-lo a criar a música.

Pressionados pelo tempo, eles viram a noite para conseguir concluir a música, que é aceita pela diva. O problema, agora, é que ela quer mudanças radicais na letra e no ritmo, para que possa se adaptar ao seu jeito de cantar e dançar. Não sei porque, neste ponto me lembrei das louras do tchan e das bandas de forró…

Enquanto Alex quer preservar a oportunidade a todo custo, Sophie não quer ceder só para satisfazer a cantora. O conflito entre os dois traz à tona frustrações do passado e se complica por que há um envolvimento sentimental mútuo.

O clímax do filme será o show de Cora, onde terá lugar o dueto com a música criada por Alex e Sophie. A moça teme que se repita o que ocorreu em seu passado, quando seu antigo amante e professor a abandonou e ainda a utilizou como personagem em um romance.

Apesar de não ser um musical tradicional, com canções conhecidas, “Letra e Música” é deliciosamente musical. Além da boa química entre o par central, os personagens parecem ter a ver com seus intérpretes, não sendo difícil imaginar um Hugh Grant meio alienado e vivendo dos sucessos passados, e uma Drew atrapalhada e tímida, meio mocinha, meio mulher feita, no início dos trinta.

Este filme parece com tantos que passava na Sessão da Tarde dos anos 80, uma bobagem romântica que encantava a meninada da época. Não se surpreendam se essa mesma meninada hoje adorar “Letra e Música”. Afinal, é para eles que o filme foi feito. Mas, os demais meninos, dos oito aos oitenta, tem grande chance de também curtir bastante. Experimentem.