Claquete – 02 de março de 2007

Newton Ramalho – colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Com as águas de Março, continuamos na seca. O mais próximo que chegamos do Oscar é “Os Infiltrados”, que já saiu até em DVD. De novo nos cinemas, temos “Motoqueiro Fantasma”, com Nicolas Cage, e “Letra e Música”, comédia romântica com Hugh Grant e Drew Barrymore. Continuam em cartaz a comédia nacional “A Grande Família! O Filme”, o drama “À Procura Da Felicidade”, “Rocky Balboa”, o desenho de Mauricio de Sousa “Turma da Mônica – Uma Aventura no Tempo”, a comédia escatológica “Borat”, e “Uma Noite no Museu”. Nas programações exclusivas, no Cinemark tem o oscarizado “Cartas de Iwo Jima”, de Clint Eastwood, “Anjos da Vida – Mais Bravos Que o Mar” e “Operação Limpeza”. No Moviecom, continuam em cartaz o documentário “Uma Verdade Inconveniente” (veja em Filme da Semana), a ação “Adrenalina” e, “Os Infiltrados”, Oscar de Melhor Filme e Diretor.

Estréia 1: “Motoqueiro Fantasma”

Johnny Blaze (Nicolas Cage) trabalha como dublê e piloto de motocicleta. Muito tempo atrás, ele fez um pacto com as forças do mal para proteger as duas pessoas que mais amava: seu pai, Barton (Brett Cullen), e sua namorada de adolescência, Roxanne Simpson (Eva Mendes). Anos mais tarde é procurado por Mefistófeles (Peter Fonda), que oferece sua liberdade se ele aceitar uma missão: encarar Coração Negro, o filho rebelde do senhor do inferno, que está solto na Terra. Para tanto, Johnny Blaze será transformado no Espírito da Vingança, uma criatura com o crânio em chamas, armada com uma corrente e montada em uma motocicleta com rodas de fogo. Forçado a obedecer às ordens de Mefistófeles, Johnny decide enfrentá-lo, usando sua maldição para proteger pessoas inocentes. O filme é baseado no gibi “Motoqueiro Fantasma”, que surgiu nos anos 40. A série foi comprada pela Marvel e reinventada nos anos 70, quando ganhou os moldes atuais. A direção é de Mark Steven Johnson. “Motoqueiro Fantasma” estréia nesta sexta-feira, na Sala 2 do Cinemark, e no Cine 6 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.

Estréia 2: “Letra e Música”

Alex Fletcher (Hugh Grant) é um decadente astro da música pop, que fez muito sucesso na década de 80, mas, que agora apenas se apresenta no circuito nostálgico de feiras e parques de diversão. A chance de mais uma vez fazer sucesso bate à sua porta quando Cora Corman (Haley Bennet), a atual diva do pop, o convida para compor uma canção e gravá-la com ela, em dueto. O problema é que Alex há anos não compõe uma canção sequer, além de jamais ter escrito uma letra de música. Sua salvação é Sophie Fisher (Drew Barrymore), a encarregada de cuidar das plantas de Alex, cujo jeito com as palavras serve de inspiração para Alex. Inicialmente reticente em trabalhar com Alex, devido ao término conturbado de um relacionamento e à fobia dele a compromissos, Sophie termina por aceitar a parceria. “Letra e Música” estréia nesta sexta-feira, na Sala 1 do Cinemark, e no Cine 4 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.

Novidades

“O Ilusionista”, em DVD

Mal saiu do cinema, e já está chegando em DVD. “O Ilusionista” conta a história de Eisenheim (Edward Norton), um prodigioso ilusionista, que assombra as platéias de Viena com seu impressionante espetáculo de mágica. Suas apresentações despertam a curiosidade de um dos mais poderosos e céticos homens da Europa, o Príncipe Leopold (Rufus Sewell). O que complica mais a situação é que a noiva de Leopold, Sophie (Jessica Biel), foi a paixão juvenil do mágico. Nas locadoras.

“A Grande Ilusão”, em DVD

“A Grande Ilusão” conta a história de Willie Stark (Sean Penn), sujeito humilde, morador de uma comunidade rural que se elege como político. À medida que cresce na profissão e ganha notoriedade, ele perde seus valores e passa a ser tão corrupto quanto os que costumava condenar. O protagonista foi inspirado no americano Huey P. Long, ex-governador da Louisiana e ex-senador, conhecido como ‘Kingfish’. O filme retrata a espetacular ascensão e queda de um político carismático do sul dos Estados Unidos. O elenco conta, ainda, com Jude Law, Kate Winslet e Anthony Hopkins.

I Mostra Cineclubista de Curtas Potiguares (1)

O Cineclube Natal e o Teatro da Cultura Potiguar estarão promovendo a “I Mostra Cineclubista de Curtas Potiguares”. As sessões são gratuitas e começam sempre às 18h. Além de abrir espaço para a divulgação dos curtas-metragens produzidos no RN, o evento também funciona como estimulante para que novos autores levem para as ruas suas idéias e câmeras. As sessões são gratuitas e começam sempre às 18h, no próprio TCP, ao lado da Fundação José Augusto (rua Jundiaí, 641, Tirol). A classificação etária é 14 anos.

I Mostra Cineclubista de Curtas Potiguares (2)

No sábado, dia 03, serão exibidos sete filmes: “Vos Apresento o Amor”, do diretor Paulo Henrique Borges; “Com quantas ave-marias se faz uma santa?”, de Albery Lúcio; “Entre Sonho e Carne”, de Sérgio Oliveira, “Sibaúma – Um Povo de Fibra”, de Sara Jane Freitas de Vasconcelos, “Viva a Diferença”, de Alexandre Santos, “Renato Russo Biografia”, de Sílvio Fernandes e “Cidade Mídia – Ou Você Adere ou Você Picha”, dirigido por Anastácia Vaz, Carlos Nathan, Catarina Doolan, Priscila Adélia, Túlio Dantas e Vítor Azevedo.

I Mostra Cineclubista de Curtas Potiguares (3)

No domingo, dia 04, serão exibidos: “Natal – 60 Anos Depois”, de Carlos Eduardo Ataíde Guilherme, Denise Cristina, Letícia Mandel, Maíra Costa, Rodrigo Freire Xavier e Vinícius Felipe da Silva; “Vida e Morte Nike Shox”, de Fernando Francisco M.V; “Quando Você Percebe”, de Cássio Augusto, Clara Tavares, Luiz Augusto Soares, Michel Heberton e Rudá Almeida; “A Flor do Amador”, de Walfran Guedes; “Quixotes”, de Babiane Azevedo, Bruno Sarmento, Carolina Barros, Pedro Fiuza e Vítor Bezerra; “Ela e a Bicicleta”, de Érica Lima; “Poetisa dos Sonhos – Biografia de Lêda Maciel”, de Graciele Silva e Karla Correa e “Marrom”, de Emanuel Grilo.

Festival Pocket Films

Estão abertas as inscrições para a terceira edição de um festival de filmes produzidos com aparelhos celulares, o Festival Pocket Films. Os filmes selecionados serão exibidos em junho, no Centro Georges Pompidou, em Paris. Poderão se inscrever candidatos de qualquer país, até o dia 30 de março (não é a data da postagem que vale, é a do recebimento). No site do festival (www.festivalpocketfilms.fr), estão a ficha de inscrição e o regulamento (em francês e inglês), além de alguns dos filmes da última edição.

Festival Luso-Brasileiro de Curtas-Metragens

Estão abertas, até o dia 10 de março, as inscrições para a sétima edição do Festival Luso-Brasileiro de Curtas-Metragens de Sergipe (Curta-SE 7). O evento acontecerá de 28 de abril a 6 de maio nas cidades de Aracaju e São Cristóvão (Sergipe, Brasil). Realizadores brasileiros e também de Portugal poderão inscrever suas obras em curta-metragem de até 20 minutos para concorrer a prêmios nas mostras competitivas das categorias 35mm e Vídeos. Mais informações e inscrições no site http://www.curtase.org.br/.

Filme da Semana: “Uma Verdade Inconveniente”

A fervura do sapo

Não é novidade nenhuma um político utilizar algum tema da moda para se autopromover, e não há tema mais na moda do que aquecimento global e os seus efeitos na natureza. O que há, então, no documentário “Uma Verdade Inconveniente”, ganhador do Oscar de Melhor Documentário, que o torna diferente de uma simples promessa de campanha? Talvez se deva ao fato de que, ao invés de falar de hipóteses futuristas, Al Gore fale de coisas que estão acontecendo AGORA, ao nosso redor. E a maioria de nós não está percebendo.

Al Gore, ex-vice-presidente americano na administração Clinton, foi derrotado por George W. Bush numa eleição confusa, com muitos pedidos de recontagem e decisões judiciais, que deixaram os Estados Unidos em suspense semanas a fio. Após a derrota, Gore dedicou suas energias para um tema, que, como está no documentário, pesquisa e defende há quatro décadas: o aquecimento global.

Percorrendo os mais diversos lugares de nosso planeta, Gore vem apresentando suas idéias incansavelmente, e, a documentação dessa cruzada foi organizada em um documentário onde ele expõe, de forma didática e muito ilustrada, o problema que afeta o mundo inteiro. Certamente, essa resenha será muito menos interessante do que o próprio documentário.

O interesse pelo problema do aquecimento vem desde sua época de estudante universitário, quando Gore foi apresentado ao problema. A preocupação com o dano à natureza, aliado a um problema familiar, que é apresentado no documentário, incentivou-o a prosseguir em sua cruzada quase quixotesca.

Através de pesquisas comprovadas com fotos de satélites, datações feitas a partir de perfurações no gelo da Antártida e do Pólo Norte, é possível constatar que, não só o nível da emissão de carbono está crescendo, ao longo da história, como, nos últimos anos, esta emissão aumentou vertiginosamente. E, o aquecimento global segue a tendência da emissão de carbono, apontando para níveis assustadores.

Esse tipo de efeito é facilmente demonstrado através de fotos históricas, onde geleiras da Europa e da América do Sul simplesmente não existem mais. Regiões imensas das geleiras da Antártida também desaparecem com uma rapidez que surpreende mesmo os cientistas mais pessimistas. Grandes acumulações de água, como o Lago Chad, na África Central, simplesmente está desaparecendo.

Crítico feroz de seu próprio país, Gore faz uma interessante analogia, ao comparar o desinteresse da indústria americana pelo assunto, com a ação dos fabricantes de cigarro nos anos 50, quando o Ministério da Saúde americano reconheceu a relação entre o fumo e o câncer de pulmão.

Tem surgido algumas críticas sobre o documentário, como se não houvesse ação de ninguém, enquanto existe um organismo da ONU, o IPCC (Painel Intergovernamental em Mudança de Clima) desde 1988. Mas, o documentário fala de mais de novecentos trabalhos científicos que reconhecem a mudança de clima e seus efeitos maléficos. Fala, também, sobre um assessor da Casa Branca que editou um relatório científico, deixando-o menos revelador.

É preciso separar as coisas. O trabalho do IPCC e de milhares de cientistas ao longo do mundo serve para comprovar solidamente os efeitos do aquecimento e propor soluções. O de Gore, através deste documentário, é o de alcançar um número de pessoas inimaginável, principalmente em seu próprio país, cujos habitantes são extremamente alienados do que acontece fora de sua vizinhança.

É bom que se veja o documentário, critique, procure novas fontes, confronte resultados, provoque discussões, e, principalmente, crie a preocupação com o que está acontecendo. O problema é de todos. A solução, também.