Claquete 30 de junho de 2006
Newton Ramalho – claquete@interjato.com.br
O que está em cartaz
Enquanto a bola rola solta, nos gramados da Alemanha, por aqui, as estréias são poucas. De novidade, tem a mais recente produção da Pixar-Disney, a animação “Carros”, e, a comédia romântica “Separados Pelo Casamento”, com Jennifer Aniston, a ex-Friends e ex-Brad Pitt. Nas continuações, “Poseidon”, remake de um dos primeiros filmes-catástrofes dos anos 70, “O Destino do Poseidon”, “Tristão e Isolda” (veja em Filme Recomendado), romance clássico, que ganhou uma nova versão, o infantil “Garfield 2”, “X-Men: O Confronto Final”, último capítulo da trilogia dos X-Men, e, o polêmico “O Código Da Vinci”, com Tom Hanks, Audrey Tautou, Jean Reno, Paul Bettany e Ian McKellen.
Estréia 1: “Carros”
Relâmpago McQueen (Marcelo Garcia) é um carro de corridas ambicioso, que já em sua 1ª temporada na Copa Pistão torna-se um astro. Ele sonha em se tornar o 1º estreante a vencer o campeonato, o que possibilitaria que assinasse um patrocínio com a cobiçada Dinoco. A fama faz com que Relâmpago acredite que não precisa da ajuda de ninguém, sendo uma “equipe de um carro só”. Esta arrogância lhe custa caro na última corrida da temporada, fazendo com que seus dois pneus traseiros estourem na última volta da corrida. O problema permite que seus dois principais adversários, o ídolo Rei (Márcio Simões), e, o traiçoeiro Chicks (Samir Murad), cruzem a linha de chegada juntamente com ele, o que faz com que uma corrida de desempate seja agendada na Califórnia. Relâmpago é então levado para o local de corrida por Mack (Renato Rosenberg), um caminhão que faz parte de sua equipe. Ele quer chegar ao local antes de seus competidores e, por causa disto, insiste que Mack viaje sem interrupções. Mack termina dormindo em pleno trânsito, o que faz com que a caçamba se abra e Relâmpago, que também estava dormindo, seja largado em plena estrada. Ao acordar Relâmpago tenta encontrar Mack a todo custo, mas não tem sucesso. Em seu desespero ele chega à pequena Radiator Springs, uma cidade do interior que tem pouquíssimo movimento e que jamais ouviu falar de Relâmpago ou até mesmo da Copa Pistão. Porém, por ter destruído a principal rua da cidade, Relâmpago é condenado a reasfaltá-la. Obrigado a permanecer na cidade contra a sua vontade, aos poucos ele conhece os habitantes locais e começa a se afeiçoar por eles. Entre estes, a bela Porsche Sally (Priscila Fantin), Doc Hudson (Daniel Filho), e, o velho e simpático reboque Mate (Mário Jorge), que o ajudam a ver que há coisas mais importantes que troféus, fama e patrocínios. Nova animação da Pixar, criadora de sucessos como “Os Incríveis”, “Procurando Nemo”, “Monstros S.A.”, que agora pertence aos Estúdios Disney. “Carros” estréia, nesta sexta-feira, nos Cines 4, 6 e 7 do Moviecom e nas Salas 2 e 6 do Cinemark. Censura livre. Atenção, todas as cópias são dubladas.
Estréia 2: “Separados Pelo Casamento”
Brooke (Jennifer Aniston) e Gary (Vince Vaughn) estão juntos a dois anos, e, moram no mesmo apartamento. A vida a dois já não tem a mesma paixão do início, e, os detalhes da rotina fazem com que eles terminem o relacionamento. Entretanto, há um problema: nenhum deles aceita deixar o apartamento que vive, o que faz com que continuem morando juntos. Inicialmente, eles tentam viver pacificamente, mas, logo descobrem que a melhor saída é tornar a vida do outro um inferno, de forma que saia do apartamento o mais rapidamente possível. A direção é de Peyton Reed. “Separados Pelo Casamento” estréia nesta sexta-feira, na Sala 2 do Cinemark, e, no Cine 3 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.
“O Castelo Animado”, em DVD
Graças a uma maldição, a jovem Sophie transforma-se numa velha senhora. Incapaz de continuar trabalhando na loja de chapéus de sua mãe, ela passa a morar no castelo do notável bruxo Howl, e, faz amizade com o demônio de fogo Calcifer, que está ligado a Howl por meio de um contrato. Calcifer e Sophie, então, prometem ajudar-se mutuamente – ele quebrará a maldição, e, ela o ajudará a fugir do castelo. Entretanto, Howl percebe que Sophie está amaldiçoada, e, apaixona-se por ela. Adaptação do livro da escritora Diana Wynne Jones, foi escrito e dirigido por Hayao Miyazaki (“A Viagem de Chihiro”), recebendo uma indicação ao Oscar de Melhor Filme de Animação. Nas lojas e locadoras.
“Zathura – Uma Aventura Espacial”, em DVD
Após encontrarem um jogo no porão, os irmãos Walter (Josh Hutcherson) e Danny (Jonah Bobo) decidem jogá-lo. Só que não esperavam que o jogo fizesse com que sua casa fosse magicamente arrancada da Terra, ficando vagando pelo espaço. Qualquer semelhança entre este filme e “Jumanji” (1995) não é mera coincidência. Os dois filmes infantis são baseados em livros do escritor Chris Van Allsburg, autor também de “O expresso polar”. Muitos efeitos especiais em cenas de tirar o fôlego. Nas lojas e locadoras.
Brasil escolhe o sistema japonês de TV Digital
Agora, a sorte está lançada. O governo brasileiro optou pelo modelo japonês, para o novo sistema de televisão digital brasileira. Nesta quinta-feira, o presidente Lula assinou o decreto que implanta a TV digital no Brasil, que terá sete anos para cobrir todo o país. O Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre vai ser baseado no padrão de sinais japonês (ISDB-T), incorporando inovações tecnológicas brasileiras. Em seis meses, as emissoras terão que apresentar o projeto de instalação da estação transmissora, e, em 18 meses, iniciar a transmissão digital. Além do próprio Japão, só o Brasil adotou este sistema.
Filme Recomendado: “Tristão e Isolda”
Amores impossíveis
Quem tiver lido apenas o subtítulo acima, certamente pensará em Romeu e Julieta, como o exemplo mais famoso de um amor impossível. O grande Will Shakespeare soube encantar as suas platéias com o amor trágico dos dois jovens, mas, outros casais também encantaram os românticos, como o caso verídico de Abelardo e Heloísa, levado às telas no filme “Em Nome de Deus”, e, do mito irlandês Tristão e Isolda, que já foi tema de ópera de Wagner, e, agora chega às telas, pelas mãos do diretor Kevin Reynolds.
Quando a antiga colônia romana, onde hoje é a Inglaterra, foi abandonada pelo Império Romano, a região era dividida vagamente em áreas tribais, dominadas por líderes locais, o que os tornava presas fáceis dos irlandeses, uma nação poderosa, que nunca tinha sido dominada. Um desses líderes, Rivalin, pai de Tristão, conclama os colegas a unirem-se, em torno de seu cunhado, Mark (Rufus Sewell), rei da Cornualha. Mas, os irlandeses sabem do encontro, e, atacam o castelo, matando os pais de Tristão e a mulher de Mark, que, o adota, como filho.
Tristão (James Franco) cresce como um guerreiro, destemido e respeitado por seus homens. Novamente, os líderes britânicos pretendem unir-se contra os irlandeses, e, desta vez, atacam uma expedição militar, que vinha cobrar tributos e levar escravos para a corte do rei Donnchadh (David O’Hara), comandada pelo sádico Morholt (Graham Mullins).
Os homens de Tristão vencem os irlandeses, mas, ao matar Morholt, o jovem é ferido pela espada envenenada do inimigo, o que o coloca em estado de morte aparente. Pensando que morrera, os companheiros, seguindo a tradição, colocam o corpo em um barco, lançando-o ao mar.
O barco, à deriva, vai bater na costa da Irlanda, onde é encontrado pela jovem Isolda (Sophia Myles), filha do rei Donnchadh, que reconhece o efeito do veneno, e, prepara um antídoto. Com medo de que o jovem fosse descoberto pelos soldados de seu pai, Isolda, com a ajuda da aia Bragnae, esconde Tristão em uma pequena cabana na praia.
Ao longo do tempo em que cuida dele, os dois vão se tornando cada vez mais íntimos, e, o amor floresce, sem que Isolda revele a sua verdadeira identidade. O idílio só é quebrado quando os homens de Donnchadh descobrem que o matador de Morholt está em algum lugar próximo. Com o coração partido, os dois se despedem, e, Tristão retorna à Inglaterra.
Enquanto os ingleses continuam os esforços para se unir, o rei da Irlanda prepara um novo plano para manter o seu poderio sobre eles. Oferecendo a própria filha, Isolda, como prêmio, ele organiza um torneio, onde prepara tudo para que o vencedor seja o pérfido Wictred (Mark Strong), um inglês, capaz de vender a alma, para conseguir o poder.
Mas, contrariando todos os presságios, Tristão vence o torneio, requisitando a princesa para casar-se com o rei Mark, seu tio. Qual não é a surpresa, quando ele reconhece, na filha do rei, a jovem que o curara do veneno. Mais surpresa ficou a jovem, quando soube que não seria dada em casamento para o vencedor do torneio, e, sim, para um desconhecido.
A partir daí, os dois jovens vivem em um inferno. Obrigados a permanecer próximos, na corte de Mark, os dois sofrem pela impossibilidade de tocar-se, e, para Tristão, o ciúme rivaliza com a lealdade ao tio, que o criara. Ele tenta, por todos os meios, manter-se distante do seu objeto de desejo, mas, o próprio rei insiste em tê-lo por perto, ignorante do sofrimento dos dois jovens.
Finalmente, não conseguindo mais resistir aos sentimentos, os jovens amantes quebram todas as regras, encontrando-se às escondidas, enfrentando a rigorosa tradição palaciana, aproveitando cada segundo para demonstrar o amor pelo outro.
Fatalmente, o caso é descoberto, por ninguém menos que Wictred, que aproveita para armar uma nova conspiração, de comum acordo com o rei da Irlanda. Durante a cerimônia de coroação de Mark, o caso de Tristão e Isolda é exposto, e, não restará ao rei outra solução do que condenar os dois jovens. Ponto. Para saber mais, assista ao filme.
O mito irlandês foi modificado, para ficar mais palatável ao gosto das platéias atuais, embora não deixe de ser uma tragédia, aviso aos navegantes. Contudo, o filme consegue unir elementos de aventuras épicas com os de um belo romance, resultando em uma produção agradável de assistir. Além do mais, não existem aqui os diálogos rebuscados de “Shakespeare Apaixonado” e “Romeu e Julieta”, que desagradam os mais jovens.
O elenco, apesar de não ter nenhuma estrela de primeira grandeza, não compromete o filme, embora o vilão Wictred esteja muito estereotipado, covarde, malvado, traiçoeiro, desleal. É difícil imaginar que alguém reunisse tantas más qualidades, e, ainda se mantivesse á frente de um pequeno reino. Mas, em cinema tudo é possível, e, meu papel é criticar, à luz do meu entendimento, e não, dizer o que o diretor deveria ter feito.
Restrições à parte, a bela história do amor impossível dos dois jovens certamente mexerá com o coração mais empedernido, trazendo aquela dose de romantismo que permanece esquecida, mas, não, morta, no íntimo de nossas almas. Como diz o personagem principal, em um dos momentos cruciais do filme: “a morte é maior do que a vida, mas, o amor é maior que ambos”. Confiram.