Claquete 26 de maio de 2006
Newton Ramalho – claquete@interjato.com.br
O que está em cartaz
Situação curiosa, a deste final de semana. Com a estréia de “X-Men: O Confronto Final” (veja mais em Filme Recomendado), último capítulo da trilogia dos X-Men, as 14 salas de Natal estarão exibindo, na prática, três filmes. Além do filme dos mutantes, continuam, apenas, o polêmico “O Código Da Vinci”, com Tom Hanks, Audrey Tautou, Jean Reno, Paul Bettany e Ian McKellen, e, “Missão Impossível III”, com Tom Cruise. Em solitárias sessões, o nacional “Tapete Vermelho”, com Matheus Nachtergaele, no Moviecom, e, “Terapia do Amor”, com Uma Thurman, no Cinemark.
Estréia: “X-Men: O Confronto Final”
É descoberta uma cura para os mutantes, que agora podem optar por manter seus poderes, ou, se tornarem seres humanos normais. A descoberta põe, em campos opostos, Magneto (Ian McKellen), que acredita que esta cura se tornará uma arma contra os mutantes, e, os X-Men, liderados pelo professor Charles Xavier (Patrick Stewart). “X-Men: O Confronto Final” estréia, nesta sexta-feira, nos Cines 1, 3 e 6 do Moviecom (todas as cópias legendadas), e, nas Salas 3 (cópia dublada), 2 e 7 (cópias legendadas) do Cinemark. Para maiores de 12 anos.
“Nem Tudo é o Que Parece”, em DVD
Planejando se aposentar, sr. X (Daniel Craig), um traficante bem sucedido de West End, recebe um pedido de um último favor: negociar a venda de um milhão de pílulas de ecstasy. Infelizmente para o sr. X., as pílulas foram roubadas de um grande traficante sérvio, que irá cortar sua cabeça, se ele vendê-las. E, com um czar do crime de Londres (Michael Gambon) prometendo aposentá-lo permanentemente se ele não vender, sr. X tem toda razão de estar preocupado com o seu futuro. Não há nada pelo qual valha a pena perder a cabeça. Já nas locadoras.
“A Hora da Estrela” no projeto Cinema e Literatura
O projeto Cinema e Literatura, uma iniciativa da livraria Bortolai em parceria com o Cineclube Natal, cria um novo espaço de discussão literária e exibição de filmes na cidade. A sessão inaugural será neste sábado, dia 27, com o filme “A Hora da Estrela”, de Suzana Amaral, inspirado no romance de Clarice Lispector, com o qual Marcélia Cartaxo ganhou o Urso de Prata de Melhor Atriz no Festival de Berlim de 1986. A programação começa às 19h, no auditório da livraria, na Avenida Afonso Pena, 805, Tirol. O acesso é gratuito.
“Carrie, a Estranha”, em DVD
Carry White (Sissy Spacek) é uma jovem sem amigos, em virtude de morar em quase total isolamento com Margareth (Piper Laurie), sua mãe, uma pregadora religiosa que se torna cada vez mais ensandecida. Uma professora fica espantada pela sua falta de informação e Sue Snell (Amy Irving), uma das alunas que zombaram dela, fica arrependida e pede a Tommy Ross (William Katt), seu namorado e um aluno muito popular, para que convide Carrie para um baile no colégio. Mas Chris Hargenson (Nancy Allen), uma aluna que foi proibida de ir à festa, prepara uma terrível armadilha que deixa Carrie ridicularizada em público. Mas ninguém imagina os poderes paranormais que a jovem possui, e, muito menos, de sua capacidade vingança quando está repleta de ódio. Ótimo suspense de Brian de Palma, revelou inúmeras estrelas em ascensão, inclusive John Travolta.
“O Segredo de Brokeback Mountain”, em DVD
A surpreendente história de amor entre dois vaqueiros, ganhadora de três Oscars, incluindo o de Melhor Diretor, para Ang Lee, chega, agora, nas locadoras, em formato digital. Jack Twist e Ennis Del Mar são dois jovens cowboys que moram numa fazenda em Wyoming. Quando se conhecem, no verão de 1963, logo se apaixonam. Os sentimentos acabam chocando com a sociedade rural, trazendo amargos conflitos aos protagonistas. Disponível, para locação, a partir de 6 de junho.
Festivais
Quem for ao Sul-Maravilha, por estes dias, terá a chance de conferir o 11º Festival Brasileiro de Cinema Universitário, que acontece em três versões: de 30/05 a 11/06, no Centro Cultural dos Correios e no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, de 05 a 11/06, o evento é no Centro de Artes da Universidade Federal Fluminense, em Niterói, e, de 15 a 18/06, será na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. Informações no site www.fbcu.com.br. E, mais perto de nós, acontece o 16º Cine Ceará – Festival Ibero-Americano de Cinema, de 30/05 a 08/06, na capital cearense. Mais informações no site do evento: www.cineceara.com.br.
Filme Recomendado: “X-Men: O Confronto Final”
Ser Mutante, ou, não ser, eis a questão…
Dos idos da Grécia antiga, onde o berço da democracia pregava a igualdade dos homens, aos dias de hoje, onde as desigualdades sociais são freqüentadoras assíduas das manchetes de jornais, explora-se este tema, o da diferença entre os homens. Na convulsiva década de 60, repleta de movimentos sociais explosivos, o quadrinista Stan Lee criou os X-Men, humanos mutantes, detentores de estranhos poderes, o que os tornava diferentes – e, odiados. Sucesso em quadrinhos, os personagens chegaram às telas em 2000, 2003, e, agora, no capítulo final da trilogia, “X-Men: O Confronto Final”.
A revista “The X-Men”, da editora Marvel, surgiu em setembro de 1963, assinada pelos geniais Stan Lee e Jack Kirby. Como outros personagens da editora, os X-Men tinham um apelo social: a discriminação de minorias. Questões raciais e políticas passaram a ser discutidas, de maneira disfarçada, através do grupo de cinco jovens mutantes, liderados por um adulto em sua cadeira de rodas. O nome “X-Men”, vinha de “eXtraordinary”, ou, de eX-Homens.
Numa época em que a radioatividade ainda era algo nebuloso, atribuía-se a ela a capacidade de gerar poderes aos mutantes, citados muitas vezes como os “Filhos do Átomo”. Os X-Men eram Ciclope (Scott Summers), capaz de disparar raios de energia dos olhos; Anjo (Warren Worthington), dotado de asas e com o poder de vôo; Fera (Hank McCoy), com força e habilidades acrobáticas fora do normal e mãos e pés enormes; Homem de Gelo (Bobby Drake), capaz de congelar o ar ao seu redor e cobrir seu corpo com gelo; Garota Marvel (Jean Grey), possuidora de habilidades telecinéticas; e o Professor X (Charles Xavier), o maior telepata da Terra.
Na versão cinematográfica, iniciada em 2000, os principais personagens são Wolverine (Hugh Jackman), meio lobo, meio homem, que possui impressionantes poderes de cura, garras de adamantium retráteis, e, a fúria de um animal, Tempestade (Halle Berry), que pode manipular todas as formas de clima – e voar, Ciclope (James Marsden), que produz raios destruidores com os olhos, Jean Grey (Famke Janssen), telepata e telecinética, Vampira (Anna Paquin), capaz de absorver poderes ao tocar nos outros, todos liderados pelo professor Xavier (Patrick Stewart), um poderoso telepata. Enquanto este grupo luta pela convivência com os humanos, a turma de Magneto (Ian McKellen) quer dominar o mundo com os seus poderes extraordinários.
Em “X-Men: O Confronto Final”, a princípio, o útlimo filme da trilogia X-Men, uma importante descoberta pode fazer desaparecer os mutantes, através de uma “cura” para as suas mutações. Pela primeira vez, os mutantes têm, à sua disposição, a escolha entre manter características que os tornam únicos, ainda que desprezados pelo resto da humanidade, ou, desistir de seus poderes, para serem aceitos por ela. Os líderes dos mutantes Charles Xavier, que prega a tolerância, e, Magneto, que acredita na sobrevivência dos mais fortes, defendem pontos de vista opostos, e, por isso, terão que iniciar uma guerra definitiva, que redesenhará a história do Homem.
Ao lado de Magneto estão Mística (Rebecca Romijn), capaz de imitar qualquer outro ser, homem, ou, mutante, Pyro (Aaron Stanford), o lança-chamas humano, além de novos personagens, como Homem-Múltiplo (Eric Dane), Fanático (Vinnie Jones) e Callisto (Dania Ramirez). Os heróis também terão o reforço de Fera (Kelsey Grammer), Colossus (Daniel Cudmore) e Kitty Pryde (Ellen Page).
Além das inúmeras cenas de ação, o espectador pode contar com muitos e elaborados efeitos especiais, para os quais foram destinados boa parte dos 150 milhões de dólares do custo do filme. Um dos pontos altos é a destruição da Golden Gate, cujo set tinha nada menos do que 762 metros!
Como é freqüente, ao se retratar personagens de histórias em quadrinhos, algum grupo ficará insatisfeito, os aficionados pelas revistas, ou, os cinéfilos, já que são linguagens de comunicação diferentes. Em “X-Men: O Confronto Final”, a balança pendeu para o lado dos quadrinhos, dedicando menos tempo para um aprofundamento dramático dos personagens, em função de uma maior fidelidade à história original.
Além de estar repleto de ação, o que, para os críticos pode significar uma infantilização do tema, o filme traz uma profusão de personagens das revistas, alguns, como Anjo (Ben Foster) que, literalmente, é depenado, com uma participação mínima. Em compensação, a personagem Jean Grey, a Fênix, dada como morta, no segundo filme, reaparece, surpreendente, do lado do mal, graças a uma personalidade dupla, o que garante um embate final poderoso, com dezenas e dezenas de mutantes.
Para os que sempre gostam dos fatos inusitados, fique atento à participação de Stan Lee, que faz uma pequena ponta, como em “Hulk”, onde apareceu ao lado do ator que estrelou a série na TV.
Ao contrário de “O Código Da Vinci”, que, falsamente, se diz retratar a realidade, “X-Men: O Confronto Final” é extremamente honesto, com suas miríades de personagens superpoderosos, que têm, como finalidade, apenas o entretenimento e o exercício da imaginação das crianças dos oito aos oitenta anos. Seja fã dos quadrinhos, ou, se assistiu os dois filmes anteriores, não deixe de ver o filme. Se será o capítulo final, dependerá das bilheterias e ganhos com os DVDs, números capazes de balançar o coração dos executivos de Hollywood.