Claquete 30 de dezembro de 2005
Newton Ramalho – colunaclaquete@gmail.com
“Entra ano, sai ano, e, nada vem. Meu sertão continua, ao deus-dará…”, já dizia, há muito, o hoje ministro Gilberto Gil. Bem, precisamos olhar o futuro com otimismo, e, fazer a nossa parte, ao invés de ficar só reclamando. Nos cinemas, várias estréias, embora nenhuma expressiva. Calma, o ano está apenas começando. De novo, tem “A Passagem”, drama estrelado por Ewan McGregor e Naomi Watts, e, as comédias “Os Produtores”, com Nathan Lane, Uma Thurman e Matthew Broderick, “Se Eu Fôsse Você”, com Tony Ramos e Glória Pires, e, “Doze é Demais 2”, com Steve Martin. Nas continuações, “E Se Fosse Verdade”, comédia romântica com toques de espiritismo, estrelada por Reese Whiterspoon, o desenho animado “Xuxinha e Guto Contra os Monstros do Espaço”, “King Kong”, de Peter Jackson, também com Naomi Watts, “As Crônicas de Nárnia”, com batalhas épicas entre personagens lendários, e, “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, quarto filme do bruxinho mais famoso do mundo. Lembrando que, devido às festas de fim de ano, no no dia 31, a última sessão inicia às 15h50, e, no dia primeiro de janeiro, a primeira sessão só inicia às 16:55h. E, para todos, um feliz e próspero 2006!
Estréia 1: “A Passagem”
Sam Foster (Ewan McGregor) é um psicólogo, que trabalha numa prestigiosa universidade americana. Certo dia, um de seus jovens pacientes o procura, dizendo que planeja cometer suicídio em breve. À medida que Sam estuda o caso, o rapaz começa a fazer estranhas e terríveis profecias, que sempre se realizam. Aterrorizado, Sam tenta ajudar seu paciente, e, impedir o suicídio de todas as maneiras, mas, acaba se envolvendo numa misteriosa jornada da alma. Drama com toques de suspense, dirigido por Marc Foster (“Em Busca da Terra do Nunca”), conta, também, com Naomi Watts, Bob Hoskins e Janeane Garofalo. “A Passagem” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 2 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.
Estréia 2: “Os Produtores”
Max Bialystock (Nathan Lane) é um produtor teatral astuto, que tem Leo Bloom (Matthew Broderick) como contador. Um dia, Leo surge com o plano perfeito para conseguir muito dinheiro: arrecadar muito mais do que o necessário, para produzir um show para a Broadway, que seja, de antemão, um fracasso garantido. A idéia é que, por ser um fracasso, ninguém espere receber algo, o que permitiria que Max e Leo embolsassem a diferença. A dupla segue o plano, iniciando a busca pela pior peça teatral já escrita. A escolhida é o musical “Primavera para Hitler”, escrita por Franz Liebkind (Will Ferrell), que é produzida. Mas, para a surpresa de Max e Leo, a peça se torna um estrondoso sucesso. A dupla ainda terá que aguentar os humores da estrelaUlla (Uma Thurman). Refilmagem de “Primavera Para Hitler”, de 1968, dirigido pelo genial Mel Brooks, com Zero Mostel, como Max Bialystock, e, Gene Wilder, como Leo Bloom. A direção é de Susan Stroman. “Os Produtores” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 5 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.
Estréia 3: “Se Eu Fosse Você”
Um dos casais mais carismáticos da televisão brasileira, Glória Pires e Tony Ramos, protagoniza a comédia “Se Eu Fosse Você”, do diretor Daniel Filho. Cláudio (Tony Ramos) é um publicitário bem sucedido, dono de sua própria agência, que é casado com Helena (Glória Pires), uma professora de música que cuida de um coral infantil. Acostumados com a rotina do dia-a-dia, e, do casamento de tantos anos, eles, volta e meia, têm uma discussão. Um dia, eles têm uma briga maior do que o normal, que faz com que algo inexplicável aconteça: eles trocam de corpos. Apavorados, Cláudio e Helena tentam aparentar normalidade, até que consigam reverter a situação. Porém, para tanto, eles terão que assumir, por completo, a vida do outro. Dirigido por Daniel Filho, além de Glória Pires e Tony Ramos, o elenco conta, também, com Thiago Lacerda, Danielle Winits, Patrícia Pillar e Glória Menezes. “Se Eu Fôsse Você” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom. Para maiores de dez anos.
Estréia 4: “Doze é Demais 2”
Sequência do sucesso de bilheteria “Doze é Demais”, de 2003, protagonizado por Steve Martin. Agora, nessa segunda aventura, a família Baker vai sair de férias para o campo e terá que competir com uma família de oito filhos, bem oposta da sua: são totalmente organizados. Comédia estilo pastelão, com muitas confusões e gags, envolvendo as desavenças familiares e com os vizinhos. Refilmagem de um pequeno clássico de 1950, dirigido por nada menos que Walter Lang, com Clifton Webb como o pai (nessa versão, chamado Frank) e Jeanne Crain, como a mãe. “Doze é Demais 2” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.
Filmes em promoção
Se você quer montar o seu próprio acervo de filmes, sem gastar “os olhos da cara”, como se diz na Paraíba, acostume-se a dar uma passeada pelos principais hipemercados da cidade. Nesta última semana, era possível encontrar edições duplas de “O Grande Ditador”, “Estranho no Ninho”, “Ben-Hur”, e, a trilogia de “O Senhor dos Anéis”, por módicos R$12,90! Um outro hipermercado fez promoção-relâmpago com desconto de 50% nos títulos da Fox, que incluía os “Guerra nas Estrelas”, entre outros. Era, também, possível encontrar a edição dupla de “O Aviador”, que na semana anterior tinha preço de lançamento, por R$19,90! Infelizmente, os shows e musicais dificilmente entram nestas promoções, o que termina beneficiando o ambulante, que vende as edições piratas…
Retrospectiva 2005
O cinema está morto, viva o cinema!
Pode-se dizer que, em termos de cinema, o ano de 2005 começou com um conquistador, e, terminou com um macaco… Bastante aguardado, o épico “Alexandre”, de Oliver Stone, causou muito frisson, ao ser lançado, em janeiro, ao mostrar, de uma maneira exacerbada, a tendência bissexual do jovem imperador. Quem se saiu melhor foi Peter Jackson, que fechou o ano com a sua sonhada produção de “King Kong”, que conseguiu ser mais cara do que “Titanic”.
2005 confirmou uma tendência, nos cinemas do mundo todo, de queda nas bilheterias. Mesmo na rica sociedade americana, acontece uma progressiva redução na frequencia das pessoas nos cinemas. Embora a indústria do cinema culpe a pirataria, está acontecendo, em nível mundial, uma mudança na forma que o espectador procura os filmes. Muito distante do tempo em que a única maneira de ver filme era nas salas de projeção, hoje em dia, com os modernos hometheater, ou, mesmo, um simples dvd ligado a uma tv, já proporciona diversão para toda a família. Se levarmos em conta que uma ida ao cinema é um programa caro, distante da maioria dos trabalhadores, e, ainda, a oferta dos piratões, ao preço de um aluguel, o quadro estará completo.
Mas, Hollywood continua atirando, em todas as direções. As refilmagens continuam sendo um filão fiel, pois o filme original já assegura alguma fama. Entre as novas/velhas produções de 2005, “A Volta ao Mundo em 80 Dias”, onde Jackie Chan assume o papel que foi de Cantinflas, “O Fantasma da Ópera”, de Joel Schumacher, “Guerra dos Mundos”, de Spielberg, e, “A Fantástica Fábrica de Chocolates”, de Tim Burton, “Mergulho Radical”, e, o já mencionado “King Kong”. Destes, a maior decepção foi “Guerra dos Mundos”, que apresentou efeitos especiais maravilhosos, mas, reduziu o texto de H.G. Wells ao um samba do alienígena doido. Para ser sincero, o Willy Wonka com cara de Michael Jackson, em “Fábrica de Chocolates” também não agradou muito. Para os saudosistas, como eu, sempre existem as versões, em DVD, dos filmes originais.
E, como não poderia deixar de ser, não faltaram as continuações. Além do esperado “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, certamente, o melhor filme da série, outros não conseguiram manter a qualidade, como os patéticos “A Lenda do Zorro”, e, “Miss Simpatia 2”. Outros, porém, surpreenderam, como “Jogos Mortais 2”, considerado melhor que o anterior. Uma outra decepção foi “Star Wars III: A Vingança dos Sith”, que perdeu o rumo, em meio à profusão de efeitos especiais.
Na esteira do sucesso de Harry Potter, outros livros infantis também chegaram às telas, como “Desventuras em Série”, com Jim Carrey no papel do vilão, e, “As Crônicas de Nárnia”, baseadas no livro de C.S. Lewis. Os quadrinhos também renderam vários títulos, como “Elektra”, “Quarteto Fantástico”, e, “Batman Begins”. Este último, apesar de ser o sexto filme com o personagem, nos cinemas, deu uma nova vida ao Morcegão, e, foi considerado o melhor de todos.
Os quadrinhos adultos também geraram bons filmes, como o estranho “Constantine”, com Keanu Reeves, e, “Sin City – A Cidade do Pecado”, que reuniu uma penca de gente boa, como os diretores Robert Rodriguez, Quentin Tarantino e Frank Miller, e, com Bruce Willis, Mickey Rourke, Clive Owen, Rosario Dawson, Rutger Hauer, Elijah Wood, Brittany Murphy, Josh Hartnett e Michael Clarke Duncan no elenco.
Nos filmes baseados em pessoas reais, a safra foi boa. O primeiro do ano foi “Em Busca da Terra do Nunca”, onde Johnny Depp vive J.M. Barrie, o criador de “Peter Pan”. Jamie Foxx encarnou o papel-título em “Ray”, sobre a vida do músico Ray Charles, o que lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator. Teve “Hotel Ruanda”, sobre um episódio pouco conhecido, na guerra civil na Ruanda. E, finalmente, “O Aviador”, sobre o magnata Howard Hughes, vivido por Leonardo DiCaprio, dirigido por Martin Scorsese, ganhador de cinco Oscars e três Globos de Ouro.
Mas, entre os campeões, o melhor mesmo foi “Menina de Ouro”, delicado drama, dirigido por Clint Eastwood, que ganhou os Oscars de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz (Hilary Swank), e, Melhor Ator Coadjuvante (Morgan Freeman), além de três outras indicações. É de lamentar, apenas, a péssima edição, em DVD, lançada para locação, no Brasil.
Nos infantis, vale à pena destacar as animações “Robôs”, que teve a co-direção do brasileiro Carlos Saldanha, “Madagascar”, da Dreamworks, e, “O Galinho Chicken Little”, da Disney.
E, o cinema brasileiro fez bonito, este ano, não apenas nas produções internas, mas, também de profissionais como Walter Salles, que dirigiu o suspense “Água Negra”, e, Fernando Meirelles, com o seu surpreendente “O Jardineiro Fiel”. No feijão-com-arroz, a safra 2005 produziu bons filmes, como “O Coronel e o Lobisomem”, excelente adaptação do livro de José Candido de Carvalho, e, “2 Filhos de Francisco”, de Breno Silveira, que será o representante do Brasil na categoria Melhor Filme Estrangeiro do Oscar.
Mas, entre tantos filmes, alguns, surpreenderam, por diferentes aspectos. Nos orientais, o belíssimo “O Clã das Adagas Voadoras”, de Zhang Yimou, com a sua fotografia surpreendente, e, “Kung-Fusão”, escrito, dirigido, produzido, e, estrelado por Stephen Chow, numa deliciosa mistura de ação e comédia no melhor estilo desenho animado. O ponto fraco foi “Herói”, que depois de anos de espera, para os fãs, passou exatos quatro dias em exibição nos nossos cinemas.
Dois filmes, em especial, me causaram uma ótima impressão. O primeiro foi “Cão de Briga”, com Jet Li e Morgan Freeman, que, apesar de estar cheio de pancadarias, tinha uma interessante abordagem do que é ser humano. O outro foi “A Intérprete”, que assisti, no meu aniversário, num sábado, e, dois dias depois, estava visitando a ONU, apreciando, ao vivo, as locações onde a produção fora filmada.
No plano local, o Festnatal conseguiu manter-se vivo, e, agora, faz parte do calendário cultural da cidade de Natal. O ponto a lamentar foi o fechamento dos cinemas do Natal Shopping, da rede Severiano Ribeiro. O natalense ainda aguarda as prometidas salas do Midway, que ainda não foram inauguradas.
O cinema, como algo vivo, vai mudando, e, se adaptando aos novos tempos. Certamente, 2006 nos trará produções surpreendentes, novidades de tecnologia, e, muitas razões mais, para continuar amando a Sétima Arte. Um ótimo Ano Novo a todos!