Claquete 23 de dezembro de 2005

Newton Ramalho – colunaclaquete@gmail.com
O que está em cartaz

Chegou o Natal, época em que, mesmo para os que não são cristãos, reunir-se com as pessoas queridas, e, colocar as emoções em dia, é sempre muito bom. Enquanto isso, nos cinemas, estréiam “E Se Fosse Verdade”, comédia romântica com toques de espiritismo, estrelada por Reese Whiterspoon, e, o desenho animado “Xuxinha e Guto Contra os Monstros do Espaço”. Nas continuações, “King Kong”, de Peter Jackson (veja em Filme Recomendado), “As Crônicas de Nárnia”, com batalhas épicas entre personagens lendários, “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, quarto filme do bruxinho mais famoso do mundo, e, o terror “O Exorcismo de Emily Rose”. Acontece, também, a pré-estréia da comédia nacional “Se Eu Fosse Você”. E, para todos, cristãos, budistas, islamitas, agnósticos, e, ateus, um maravilhoso e feliz Natal!

Estréia 1: “E Se Fosse Verdade”

Quando David (Mark Ruffalo) alugou um apartamento em São Francisco, o que ele menos esperava – e desejava! – era ter que dividir a sua casa com alguém. Mas, de uma hora para outra, aparece uma bonita médica chamada Elizabeth (Reese Whiterspoon), que insiste que o apartamento é dela. A moça desaparece tão misteriosamente como chegara, e, não adianta David trocar as fechaduras, pois ela continua indo e vindo à vontade. Convencido de que ela é um espírito, David tenta ajudá-la a passar para o “outro lado”, mas, ela não acredita que tenha chegado o seu momento, ainda. Na medida em que tentam descobrir o que Elizabeth realmente é, e, qual o seu destino, os dois vão se envolvendo numa relação amorosa. Infelizmente, o tempo que terão juntos parece destinado a desaparecer… Comédia romântica dirigida por Mark Waters, “E Se Fosse Verdade” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 7 do Moviecom. Censura livre.

Estréia 2: “Xuxinha e Guto Contra os Monstros do Espaço”

Primeiro desenho animado da Turma da Xuxa para o cinema, protagonizado por Xuxinha, versão mirim da rainha dos baixinhos. A história começa com Xuxa Meneghel contando, ao seu sobrinho Juliano (Pedro Malta), uma experiência ocorrida com Xuxinha. Xuxinha é o anjo da guarda de Guto, um menino de sete anos, que, ao lado de seu amigo Jonas, descobrem que a Terra foi invadida por terríveis monstros, comedores de lixo, de um planeta chamado XYZ, de uma galáxia distante da nossa. A produção também promete agradar as crianças, com músicas elaboradas exclusivamente para o filme, compostas por Dudu Falcão, Rogério Meanda, Róbson Vidal e Ary Sperling, entre outros. “Xuxinha e Guto Contra os Monstros do Espaço” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom. Censura livre.

Pré-Estréia: “E Se Eu Fosse Você”

Um dos casais mais carismáticos da televisão brasileira, Glória Pires e Tony Ramos, protagoniza a comédia “Se Eu Fosse Você”, do diretor Daniel Filho. Cláudio (Tony Ramos) é um publicitário bem sucedido, dono de sua própria agência, que é casado com Helena (Glória Pires), uma professora de música que cuida de um coral infantil. Acostumados com a rotina do dia-a-dia, e, do casamento de tantos anos, eles, volta e meia, têm uma discussão. Um dia, eles têm uma briga maior do que o normal, que faz com que algo inexplicável aconteça: eles trocam de corpos. Apavorados, Cláudio e Helena tentam aparentar normalidade, até que consigam reverter a situação. Porém, para tanto, eles terão que assumir, por completo, a vida do outro. Cine 2 do Moviecom, a partir de domingo, sempre na sessão de 21h45.

Que tal um DVD, como presente de Natal?

Certamente, uma das coisas difíceis, hoje em dia, é equilibrar a verba dos presentes, com a vontade de agradar uma pessoa querida, com uma lembrança de Natal. Uma opção interessante são os DVDs, já que, o formato está cada vez mais presente em todos os lares, e, existem ofertas para todos os gostos. Para os saudosistas, que tal dar uma garimpada nos balcões de ofertas dos hipermercados? Por dez reais, é possível encontrar filmes de John Wayne, da dupla O Gordo e o Magro, da série Bonanza, e, acredite se quiser!, seriados da década de 30, como Flash Gordon, com direito a divertidíssimos “defeitos especiais”. É possível encontrar filmes mais recentes, nos saldões promocionais, a preços de 13 ou 20 reais, bem como os pacotes, do tipo “leve dois, pague um”, ou “leve três, pague dois”. Procure com fé.

Outros presentes

Se a idéia for um presente para toda a família, que tal dar uma incrementada na sua sala? A parte mais barata, hoje em dia, é o DVD player, que pode ser encontrado a partir de 200 reais, das marcas tipo “xing-ling”, até 400 reais, de fornecedores mais famosos. As TVs, para assistir filmes, devem ser no mínimo de 29 polegadas, já que telas menores ficam ruins, para assistir em widescreen. Dê preferência para as de tela superplana, pois os seus olhos irão agradecer. Para dar vôos mais altos, que tal aquele hometheater tão sonhado? Existem opções para todos os bolsos, os mais simples, de 500 a 1500 reais. Obviamente, a qualidade é proporcional ao preço. Para os mais exigentes, o céu é o limite, tanto para a qualidade, como para o preço. E, reserve uns trocados para os cabos, pois comprar um equipamento bom, e, ligar com fios vagabundos, será o mesmo que chupar bombom com o papel!

Que filme escolher, no Natal?

Uma pergunta que me fizeram foi qual filme escolher, para ver no Natal. A primeira opção, para os religiosos, seriam os clássicos, como “O Manto Sagrado”, “O Rei dos Reis”, ou, “Irmão Sol, Irmã Lua”, de Zefirelli. Se a opção for uma comédia leve, que tal um dos “Esqueceram de Mim”, com Macauley Culkin? Para os românticos, “Simplesmente Amor”, ou, “Edward Mãos de Tesoura”. Para os que amam os clássicos, nada melhor do que “Natal Branco”, com Bing Crosby e Danny Kaye, ou, “Felicidade Não se Compra”, de Frank Capra. Mas, é bom lembrar que, no Natal, a melhor programação é confraternizar com as pessoas que se ama. Portanto, meus amigos, desliguem a televisão, e, troquem beijos e abraços, que serão os melhores presentes do mundo!

Centenário de Érico Veríssimo

No último dia 17, foi comemorado o centenário de nascimento de Érico Veríssimo, um dos mais importantes escritores brasileiros de todos os tempos. Curiosamente, nenhuma de suas obras chegou ao cinema, embora algumas tenham sido transformadas em novelas e minisséries, como “O Sobrado”, “O Tempo e o Vento”, “Ana Terra”, e, “Um Certo Capitão Rodrigo”. Duas minisséries, “Incidente em Antares”, de 1994, e, “O Tempo e o Vento”, de 1985, estão disponíveis em DVD. Esta última, além de 450 minutos da minissérie, traz, ainda, Making Of, Bastidores, Entrevistas, e, Depoimentos.

Filme recomendado: “King Kong”

O planeta do macaco

Qual o sentido de se fazer uma refilmagem, quando todos já conhecem a história retratada, e, o filme original é ainda da época do cinema mudo? Bem, para saber o porquê de Peter Jackson ter decidido refilmar “King Kong”, só perguntando diretamente a ele, mas, isso só foi possível graças ao sucesso alcançado com a trilogia “O Senhor dos Anéis”, o que o transformou em um dos cineastas mais poderosos da indústria.

Ao invés de tentar atualizar a história, como tentaram fazer, na versão de 1976, Jackson optou por refazer a primeira versão, a de 1933, mas, utilizando cores, e, toda a parafernália digital, disponível nos dias de hoje.

A história não difere muito da original, embora tenha alguns toques sutis, aqui, e, ali. Tudo acontece em 1933, quando os Estados Unidos, e, o resto do mundo, vivia as agruras da Grande Depressão, provocada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929. A pobreza, e, a fome, eram uma constante, e, os poucos que tinham algum trabalho eram considerados felizardos.

Nesse ambiente, duas pessoas, vindas de meios diferentes, terminam por ter os destinos cruzados. Ann Darrow (Naomi Watts), uma atriz de vaudeville, enfrenta dificuldades para se sustentar, pois até o modesto teatro onde trabalhava, tivera que fechar as portas. Mesmo acossada pela fome, um resto de dignidade a impede de aceitar trabalhar em um cabaré, mas, ao roubar uma maça, é ameaçada de prisão, sendo salva pelo cineasta Carl Denham (Jack Black).

Carl tinha os seus próprios problemas, pois um filme sobre a vida selvagem que estava dirigindo fora recusado pelos produtores, que queriam demiti-lo. Roubando o seu próprio filme, ele decide terminá-lo, a qualquer custo, mesmo ameaçado de ir para a cadeia.

Como perdera a sua atriz principal, convida Ann para fazer o papel, pois, a moça tinha o mesmo manequim das roupas que já estavam prontas. A jovem fica indecisa, pois o seu sonho era trabalhar no teatro, mas, ao ouvir, de Carl, que o roteiro do filme era de Jack Driscoll, termina aceitando, pois ela admirava muito o trabalho do autor.

Jack (Adrien Brody), na verdade, era amigo de Carl, e, fizera um esboço do roteiro do filme mais por amizade do que por dinheiro. Na hora em que está entregando o script para o cineasta, Carl, na verdade, estava fugindo de ser preso, e, apressa o comandante do navio, para que zarpem antes da chegada da polícia. Quando Jack se dá conta, está navegando, rumo ao desconhecido, junto com a pequena equipe de Carl, e, uma tripulação pouco amistosa.

Quando, finalmente, chegam à misteriosa Ilha da Caveira, coisas estranhas começam a acontecer. A primeira surpresa fica por conta de uma poderosa muralha, que, parece ter sido construída para prender algo, e, não para defender de invasores de fora. Após um primeiro contato desastroso, com os selvagens habitantes da ilha, Ann é seqüestrada, e, oferecida, em sacrifício, para Kong, o gigantesco gorila, que eles idolatram.

Logo, Jack e o resto da tripulação organizam uma expedição, para resgatar a moça, tendo que enfrentar monstros pré-históricos, insetos gigantescos, além da fúria do macaco gigante.

Enquanto isso, Ann tem que administrar as suas próprias dificuldades, pois o monstruoso gorila a trata como um brinquedo, e, logo aparecem outros “convidados” para brincar com ela, nada menos do que três Tiranossauros Rex!

Quando, finalmente, Jack consegue resgatar a moça, eles descobrem que Carl tinha outros planos para o macacão. Aproveitando-se de que o navio possuía uma grande carga de clorofórmio, um poderoso anestésico, ele e o capitão do navio montam uma armadilha para capturar Kong.

De volta a Nova York, o cineasta está no topo da fama, graças à sua nova aquisição. Montando um superespetáculo, ele apresenta Kong ao público, preso a poderosas correntes, enquanto encena a sua própria versão dos acontecimentos da ilha. O que ele não contava era que a fúria do macaco seria mais poderosa que as correntes. Kong consegue se livrar, partindo em busca de Ann.

Deixando um rastro de destruição, por onde passa, Kong persegue Jack, com quem associa o desaparecimento da moça. Ann, por sua vez, percebe que o macaco está à sua procura, e, vai ao seu encontro.

Procurando abrigo, Kong procura o ponto mais alto que encontra, pois, na sua ilha, o seu refúgio era no topo de uma montanha. Assim, ele escala o topo do Empire State Building, na época, o edifício mais alto do mundo. Mas, ninguém vai deixá-lo em paz, pois logo chega uma esquadrilha de aviões, para derrubá-lo. Assim, Kong encontrará o seu destino final.

Quem entra no cinema, certamente, já sabe de toda essa história, e, inclusive, do final. Mas, qual, então, é o atrativo do filme? Assim como os seus antecessores, em 1933 e 1976, as grandes estrelas dos filmes são os efeitos especiais, e, o enfoque dado ao relacionamento entre Kong e Ann.

No filme de 1933, mesmo com as limitações da época, foram conseguidos prodígios, utilizando-se um boneco de massa, com 40 centímetros, que simulava um gigante de 15 metros de altura. Os movimentos eram conseguidos graças à técnica de stop-motion, com filmagens de poucos segundos, enquanto o boneco era alterado. A cena em que King Kong escala o Empire State Building foi rodada com um homem, vestido de macaco, escalando uma torre em miniatura, idêntica à original. Apesar de agir como um monstro, o Kong se apaixona pela moça (Fay Wray), raptando-a para a cena final.

Em 1976, na tentativa de atualizar a história, a filmagem é substituída por uma inverossímil expedição petrolífera, e, a mocinha, vivida por Jessica Lange, mantém uma inusitada relação erótica com o macacão. O filme ganhou um Oscar especial, por seus efeitos especiais, além de ter sido indicado em Melhor Som e Melhor Fotografia, além de ter rendido o Globo de Ouro de Melhor Revelação Feminina para Jessica Lange. Inicialmente, o personagem King Kong seria um gorila mecânico, construído por Carlo Rambaldi. Porém, como esta construção sairia cara, o maquiador Rick Baker fez uma roupa de gorila para o personagem, que saiu muito mais barata. A roupa terminou sendo utilizada pelo próprio Baker, durante as filmagens.

Na versão atual, a computação gráfica imperou, consumindo a maior parte dos 207 milhões de dólares gastos no filme. Para se ter idéia, em 80% das cenas, o elenco atuou em frente a uma tela verde. Utilizando a mesma técnica usada para o personagem Golum, de “O Senhor dos Anéis”, e, no Aslan, de “As Crônicas de Nárnia”, a empresa WETA, de efeitos digitais, usou uma mescla de efeitos por computador, associados a mapeamento de movimentos, e, uso de animatronics. Foram feitas 60 mil construções em maquetes, enquanto, com a ajuda de um levantamento aéreo dos anos 30, foi reconstituída, em 3D, a cidade de Nova York daquela época. Não precisa dizer que as cenas aéreas, ficaram impressionantes, gerando um frio na barriga, para quem não gosta de lugares altos.

Curiosamente, apesar de ser um lançamento mundial, “King Kong” tem atraído menos espectadores do que Harry Potter, ou, “As Crônicas de Nárnia”. Isso se deve à censura, de 12 anos, ao fato de ser legendado, e, a cenas consideradas fortes, como a de um homem devorado vivo por vermes gigantes. Quanto à questão de ser fantasioso, quem quiser ver documentário sobre gorilas, recomendo o National Geographics. Cinema é fantasia, por excelência, e, muita diversão. E, isso, “King Kong” tem, de sobra.