Claquete 25 de novembro de 2005

Newton Ramalho – colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Enquanto uns natalenses aguardam o Carnatal, e, outros, o FESTNATAL, a única novidade do final de semana fica por conta da estréia de “Harry Potter e o Cálice de Fogo”. O filme do bruxinho ocupará quatro das sete salas de exibição disponíveis em Natal, mas, certamente, a procura dos fãs será grande. Dividindo as outras três salas, continuam em cartaz a produção nacional “Cidade Baixa”, estrelada por Lázaro Ramos, Wagner Moura, e, Alice Braga, “Mergulho Radical”, ação, com Paul Walker e Jessica Alba (veja em Filme Recomendado), a animação da Disney “O Galinho Chicken Little”, com as vozes de Daniel de Oliveira e Mariana Ximenes, o elogiado suspense “Jogos Mortais 2”, o drama “Tudo Acontece em Elizabethtown”, com Orlando Bloom e Kirsten Dunst, a aventura capa-e-espada “A Lenda do Zorro”, com Antonio Banderas e Catherine Zeta-Jones, e, “O Coronel e o Lobisomem”, com Diogo Vilela e Selton Mello.

Estréia: “Harry Potter e o Cálice de Fogo”

Harry Potter, Rony Weasley e Hermione Granger voltam a enfrentar o malévolo Voldemort, no filme “Harry Potter e o Cálice de Fogo” (veja mais em Diversão & Arte). Em seu quarto ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, Harry Potter (Daniel Radcliffe) é misteriosamente selecionado para participar do Torneio Tribruxo, uma competição internacional, em que precisará enfrentar alunos mais velhos, e, experientes, de outras escolas de magia. Além disso a aparição da marca negra de Voldemort (Ralph Fiennes) ao término da Copa do Mundo de Quadribol põe a comunidade de bruxos em pânico, já que sinaliza que o poderoso bruxo está preste a retornar do mundo dos mortos. O filme já estreou até no espaço, sendo exibido para os tripulantes da Estação Espacial Internacional (ISS). A direção é de Mike Newell. “Harry Potter e o Cálice de Fogo” estréia, nesta sexta-feira, nos Cines 4 e 5 (cópias dubladas) e 6 e 7 (cópias legendadas), do Moviecom. Para maiores de 12 anos.

Hollywood e Bit Torrent fazem acordo para evitar pirataria

O criador do site Bit Torrent, Bram Cohen, fez um acordo com a associação de cinema americano (MPAA), que defende os interesses dos estúdios de Hollywood, para que sejam retirados, do seu site, todos os vínculos com filmes pirateados. A informação foi publicada no jornal The Financial Times. A ferramenta de busca, em atividade no BitTorrent.com, deixará de oferecer acesso a materiais pirateados, segundo o acordo. As redes de troca P2P são consideradas, pela indústria do entretenimento, um incentivo à pirataria de músicas e filmes, tendo sofrido severas punições, na justiça americana.

“Tomates Verdes Fritos”, em DVD

Este adorável filme, de 1991, chega, agora, em DVD, numa versão estendida. Evelyn Couch (Kathy Bates) é uma dona de casa, emocionalmente reprimida, que, habitualmente, afoga suas mágoas comendo doces. Ed (Gailard Srtain), o marido dela, quase não nota a sua existência. Toda semana eles vão visitar uma tia em um hospital, mas, a parente nunca permite que Evelyn entre no seu quarto. Uma semana, enquanto ela espera que Ed termine sua visita, Evelyn conhece Ninny Threadgoode (Jessica Tandy, maravilhosa), uma debilitada, mas, gentil senhora, de 83 anos, que adora contar histórias. Ao longo das visitas, ela faz relatos sobre duas jovens, Idgie (Mary Stuart Masterson), e, Ruth Jamison (Mary-Louise Parker), que perturbam os cidadãos de Whistle Stop. Mas, elas fazem um tomate frito que é conhecido como uma iguaria por todos da região. Assim cativam até os mais hostis, como também a Evelyn, que ouve a história, e, a partir de então, resolve mudar algumas coisas em sua vida. Este filme mereceu duas indicações ao Oscar, e, três ao Globo de Ouro. O disco, infelizmente, está em tela cheia, e, com o som estéreo. Como extras, biografias e Making Of. A versão estendida está com 136 minutos de duração. Confiram!

“2 Filhos de Francisco”, em DVD

Depois das polêmicas notícias sobre os DVDs piratas deste filme, que passearam até no jato presidencial, finalmente, sai o disco oficial, e, pasmem!, numa edição de boa qualidade. A comovente história do início de carreira da dupla Zezé di Camargo e Luciano, que conta a vida da família, desde a infância pobre, no interior de Goiás, à batalha na cidade grande, a perda de um dos irmãos, até chegar ao apoteótico sucesso atual, foi mantida, no formato digital, com a mesma qualidade do cinema. O formato de tela é widescreen, e, o áudio, português Dolby Digital 5.1. Nos extras, 42 minutos de materiais, como Making Of, Documentário Zezé Di Camargo & Luciano, Cenas Excluídas, Erros de Gravação, e, Galeria de Fotos. A Sony apostou alto, com uma tiragem de 470 mil cópias. Vamos ver se a qualidade do disco, e, os materiais extras, convencem o espectador a comprar o original, ao invés do pirata. Chega dia 7 de dezembro.

FESTNATAL começa na próxima quinta-feira

Enquanto Natal mergulha na baboseira do Carnatal, um evento igualmente importante, começa, na próxima quinta-feira: o 15º Festival de Cinema de Natal, ou, como é mais conhecido, o FESTNATAL. A Mostra Competitiva premiará, com o troféu Estrela do Mar, 14 categorias de longa-metragem, duas categorias de curta-metragem de ficção e não ficção, e duas para o vídeo potiguar, em documentário e ficção. Outras mostras e eventos acontecerão, em paralelo, bem como oficinas e seminários. As homenagens do festival deste ano serão para a atriz Nathalia Timberg, e, homenagem póstuma a Grande Otelo. Para mais detalhes, sobre a programação dos filmes e eventos, consulte o site do festival: www.festnatal.com

“A Queda: As Últimas Horas de Hitler”, na Casa da Ribeira

A Casa da Ribeira, na sua programação da Sessão de Cinema e Psicanálise, exibe, nesta sexta-feira, dia 25, o filme “A Queda: As Últimas Horas de Hitler”, do diretor Oliver Hirschbiegel. Em 1942, a jovem Traudl Junge (Alexandra Maria Lara) foi selecionada para trabalhar como secretária pessoal de Hitler, na época, um dos homens mais poderosos do mundo. Três anos depois, em abril de 1945, o cenário era outro. Uma Alemanha dizimada resistia, como podia, ao avanço dos Aliados. Berlim sucumbia ante as tropas russas. Em meio a tudo isso, Hitler mantinha a sua pose e arrogância, ainda acreditando em uma hipotética vitória. O filme narra as últimas horas do ditador, do ponto de vista da jovem Traudl, que sobreviveu, para contar o que viu, no livro que serviu de base para este filme. Na Casa da Ribeira, às 19h.

I Ciclo de Palestras do Cineclube Natal

Cineclube Natal promove nos próximos dias 24, 25 e 26 o I Ciclo de Palestras. O evento será realizado no auditório Franco Jasielo, da Fundação José Augusto (Rua Jundiaí, 641, Tirol). As palestras, seguidas de debate, serão ministradas pelos professores Josimey Costa da Silva e Francisco Giovanni Rodriges e começarão às 19h. No sábado haverá exibição do filme Vidas Secas às 17h. O acesso será feito mediante a entrega de um quilo de alimento não perecível (exceto sal), válido para todo o evento. Os alimentos arrecadados serão entregues a entidades beneficentes da cidade. Na sexta-feira, dia 25, a palestra “O Cineclubismo: história e perspectivas”, será proferida pelo jornalista e professor Francisco Giovanni Rodrigues. Giovanni atua no movimento cineclubista desde da década de 70, quando participou ativamente do Cineclube Tirol (1974 a 1982), sendo, também, idealizador do Cineclube Natal.

Filme recomendado: “Os Esquecidos”

A Volta dos Que Não Foram

O que você faria, se, ao acordar, de manhã, descobrisse que o seu filho de sete anos nunca existiu? E, mesmo que você lembrasse de cada minuto, de cada evento importante da vida dele, não existisse mais nenhuma evidência, foto, vídeo, ou, até mesmo, lembranças, na memória das pessoas que conviveram com ele? Este é o tema de “Os Esquecidos”, trama de suspense e ficção-científica, do diretor Joseph Ruben.

Kelly (Julianne Moore) é uma mulher atormentada pelas lembranças de Sam, o filho único, que morrera em um acidente aéreo, há pouco mais de um ano (“catorze meses e seis dias”, diz ela, garantindo poder precisar até as horas e minutos). Apesar do apoio do marido (Anthony Edwards, o doutor Greene, de “Plantão Médico”), Kelly é obrigada a recorrer ao suporte de um psiquiatra (Gary Sinise), já que as lembranças continuam dolorosamente presentes.

Um certo dia, coisas estranhas começam a acontecer, com Kelly. As fotos de Sam desaparecem, e, as fitas de vídeo, com os registros de aniversários e jogos, que ela assistia continuamente, simplesmente foram apagadas. E, pior, tanto o marido, como o médico, insistem em afirmar que ela jamais teve um filho, que tudo é fruto de uma imaginação doentia, afetada por um aborto, muitos anos atrás. Sem querer admitir, Kelly procura a vizinha, que, às vezes, tomava conta de Sam, mas, ela também não tem lembrança alguma do garoto.

Indignada, com o que parece ser uma conspiração orquestrada pelo marido, ela vai a uma biblioteca pública, procurar notícias do acidente, nos jornais da época. Para seu desespero, não há uma única referência a um acidente aéreo com crianças.

Transtornada, Kelly procura Ash (Dominic West), pai de Lauren, amiga do filho, desaparecida no mesmo acidente. O homem a reconhece, mas, afirma jamais ter tido filho algum. Pensando que ela é louca, ele resolve chamar a polícia. Antes que os policiais a levem, porém, Kelly consegue reavivar as lembranças de Ash, que resolve ajuda-la a fugir da polícia.

A partir daí, começa uma fuga desesperada, pois, além do marido de Kelly, a polícia, e, até o NSA, a agência de segurança nacional americana, iniciam uma perseguição.

Passo a passo, Kelly e Ash vão seguindo as pistas disponíveis, ao mesmo tempo em que tomam consciência de que algo muito maior está por trás do misterioso desaparecimento dos filhos, e, de suas memórias. Um homem assustador, que sobrevive a qualquer ataque, os segue em todas as ocasiões, enquanto as pessoas que tentam interferir, ou, ajudar, desaparecem, literalmente, no ar.

Finalmente, ao descobrir o que realmente está acontecendo, Kelly terá que enfrentar o maior dos seus desafios, tendo, como prêmio, a possibilidade de reencontrar o filho desaparecido.

Este filme, um suspense com elementos de ficção-científica, lembra, em muitos aspectos, o badalado “Matrix”, onde inteligências poderosas controlam o destino dos indefesos humanos.

A princípio, quando o espectador suspeita de que tudo seria uma armação do próprio governo americano, fica difícil imaginar que se poderia “apagar” todas as memórias e provas da existência de uma pessoa, mas, quando se pensa no universo virtual de “Matrix”, a coisa fica mais plausível (na ficção, pelo menos…). O que ninguém espera, é que a ligação materna com o filho seja mais forte do que qualquer intervenção sobre-humana.

O filme é bem conduzido, com um ritmo bem controlado, fotografia bem cuidada, mostrando ângulos pouco conhecidos de Nova York, mesclada com alguns efeitos especiais, e, principalmente, a atuação de um elenco experiente, capaz de passar a carga emocional que o roteiro exige.

A edição em DVD é de boa qualidade, tendo sido preservado o formato de imagem original, em widescreen anamórfico, e, o áudio em Dolby Digital 5.1. Nos extras, além dos comentários em áudio do diretor (com legendas), estão disponíveis, também, dois documentários, “Relembrando os Esquecidos), e, o Making Of, num total de 35 minutos, cenas excluídas, com um final alternativo, e, trailer de cinema.

“Os Esquecidos” é um thriller interessante, unindo mistério, ação e ficção-científica, que foge ao lugar comum da maioria das produções atuais. Vale à pena conferir.

Fim da infância em “Harry Potter e o Cálice de Fogo”

Dois e meio bilhões de dólares de arrecadação de toda a série, e, cem milhões de dólares apenas nos três primeiros dias de exibição do quarto filme. Numa cultura onde o dinheiro é o melhor indicador, não há dúvidas quanto ao êxito da série Harry Potter. Mas, o melhor é que, a grife do bruxinho vem rendendo obras cada vez melhores, como acontece hoje, com a estréia nacional de “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, e, do sexto livro da série, “Harry Potter e o enigma do Príncipe”, que chega às livrarias no sábado.

Percebe-se, desde o início de “Cálice de Fogo, que Harry Potter está crescendo. O bruxinho, que, ainda bebê, conseguiu derrotar o poderoso Você-Sabe-Quem, o lorde Voldemort, já não é mais criança. Aos 14 anos, o aspirante a bruxo, aluno da escola de Hogwarts, terá que enfrentar novos desafios, além de feiticeiros malignos e segredos misteriosos. Com os hormônios em alta, Harry (Daniel Radcliffe), Rony (Rupert Grint), Hermione (Emma Watson), e, seus amigos, começam a perceber a existência do sexo oposto, e, que não é tanto oposto assim. Mas, vamos aos “fatos”.

O ano de Harry começa empolgante, pois ele tem a chance de assistir a Copa Mundial de Quadribol, o maior evento esportivo do mundo dos bruxos. Mas, o evento é brutalmente interrompido, por um ataque dos Comensais da Morte, os seguidores de Lorde Voldemort, grupo que pensava estar extinto, com o desaparecimento do seu líder máximo. O ataque é um prenúncio de que coisas piores estão por vir.

Quando chegam em Hogwarts, Harry e os demais alunos são surpreendidos por uma novidade. Este ano, ao invés da tradicional disputa entre as casas da escola, acontecerá o Torneio Tribruxo, com a participação de alunos de duas outras entidades, a francesa Beauxbatons, e, a búlgara Durmstrang. Somente alunos acima de 17 anos poderiam competir, mas, estranhamente, Harry também é selecionado, embora o representante oficial de Hogwarts seja Cedrico Diggory (Robert Pattinson), o simpático e popular capitão do time de quadribol do Lufa-Lufa. Os dois irão competir com os representantes das escolas visitantes, Vitor Krum (Stanislav Yanevski), que irá mexer com o coração de Hermione, e, Fleur Delacour (Clémence Poesy), a linda e arrogante francesa.

Como se poderia esperar, a competição não será fácil para ninguém, principalmente para Harry, que, terá de enfrentar dragões e seres submarinos. Como se isso não fosse suficiente, Harry terá que enfrentar outros obstáculos, já que se apaixona pela linda Cho Chang (Katie Leung), mas, não consegue vencer a timidez e vê o adversário, Cedrico, tornar-se o namorado da moça.

A vida de Harry também não será fácil, em outros aspectos. Além do antipático professor Snape, e, do inimigo Draco Malfoy, surge, também, em Hogwarts, Rita Skeeter (Miranda Richardson), jornalista do Profeta Diário, que persegue o bruxinho, distorcendo as suas declarações, e, publicando fotos em que ele aparece da maneira mais desastrosa.

Um dos novos personagens a entrar na história é Olho-Tonto Moody (Brendan Gleeson), que será o novo professor de Defesa Contra Artes das Trevas, e, um dos aliados de Harry, no futuro. Outros personagens secundários, mas, nem por isso, menos interessantes, são Igor Karkarof (Pedja Bjelac), diretor de Durmstrang, e, Olímpia Maxime (Frances de La Tour), diretora de Beauxbatons. Olímpia, que também é uma meia-gigante, fará um inusitado par romântico com Hagrid.

Além dos atores adultos veteranos, os garotos estão cada vez mais à vontade, em seus papéis, em especial Rupert Grint, o Rony, e, a lindinha Emma Watson, que vive a sabichona Hermione. É neste filme que os dois começam a se descobrir, embora vá demorar um bocado até que se entendam. Daniel Radcliffe, bem mais crescido e seguro, andou tendo uns ataques de estrelismo, declarando não saber se iria querer atuar nos próximos capítulos da série. Alguém deve ter-lhe aplicado um puxão de orelhas, pois já voltou atrás, elogiando o personagem no último livro. Quem ganha dez milhões de dólares por filme, aos 16 anos, certamente está sujeito a essas coisas…

Mas, o personagem mais esperado é mesmo Lorde Voldemort, que retorna ao mundo dos vivos no clímax do “Cálice de Fogo”, interpretado por Ralph Fiennes, numa caracterização que nada tem a ver com o sofrido viúvo de “O Jardineiro Fiel”. Na cena mais forte do filme, num sombrio cemitério, ocorre a primeira morte da série, numa explosão da força malévola do senhor dos Comensais da Morte. Com roupas negras esvoaçantes, e, uma calva com palidez cadavérica, ele consegue ser a própria encarnação do Mal.

Esse é o tom deste filme, que foge ao ritmo de parque de diversões, que caracterizou o primeiro, e, o segundo filme. Claramente dirigidos a um público mais jovem, os dois capítulos iniciais, “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, e, “Harry Potter e a Câmara Secreta”, dirigidos por Chris Columbus, sofreram uma forte compressão, para mostrar o máximo do mundo mágico de Hogwarts.

O terceiro filme, “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”, de Alfonso Cuarón, trouxe uma atmosfera mais sombria, crescendo com os fãs, trazendo mais seriedade ao mundo dos bruxos, reforçando a sensação de perigo, com os pavorosos Dementadores sugando a felicidade das pessoas.

O novo filme, “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, é o primeiro a ter um diretor inglês, Mike Newel, de “Quatro Casamentos e um Funeral”. Além de manter o clima sombrio, iniciado por Cuarón, Newel trouxe, também, o sutil humor inglês, presente nos livros de J. K. Rowling, a autora da série.

Diferentemente dos primeiros livros, que eram menos volumosos, “Cálice de Fogo” é muito extenso, e, a Warner cogitou fazer dois filmes, para explorar as diferentes tramas presentes no livro. Mas, a opção que prevaleceu foi a defendida pelo diretor, que preferiu abrir mão de tramas secundárias, em favor de um filme mais uniforme. O leitor certamente estranhará a ausência dos acontecimentos na casa dos tios de Harry, e, outros menos importantes. Isso, porém, não afetou o entendimento da história, que ficou menos fragmentada.

Os efeitos especiais, obviamente, estão presentes ao longo de todo o filme. São nada menos do que 1600 cenas, que tiveram efeitos de computação gráfica, para dar vida a todos os espantosos seres presentes no filme. Uma curiosidade chama a atenção: parte dos retoques em computação gráfica foram destinados a apagar as espinhas dos rostos dos adolescentes em cena, coisas que a maquiagem não deu conta…

E, nem bem o quarto filme chegou nos cinemas, a sua seqüência já está em andamento. “Harry Potter e a Ordem de Fênix”, o quinto livro da série, já tem diretor definido, o inglês David Yates, e, deve estrear em meados de 2007. Até lá, o fã da série tem que usar a imaginação, e, devorar o sexto livro, “Harry Potter e o Enigma do Príncipe”, cuja edição em português chega às livrarias amanhã.

Sexto livro de Harry Potter chega às livrarias amanhã

Depois de uma espera dolorosa, para os leitores fanáticos das aventuras de Harry Potter, chega, amanhã, às livrarias, a versão em português do mais recente livro da série do famoso bruxinho. “Harry Potter e o Enigma do Príncipe” é o sexto livro sobre Harry Potter, escrito por J. K. Rowling, a autora de maior sucesso literário nos últimos tempos. Diversas livrarias, em todo o Brasil, farão festas de lançamento, da sexta-feira para o sábado, que é o dia oficial do início das vendas.

“Harry Potter e o Enigma do Príncipe” parte do ponto onde o livro anterior parou, quando fica provado que o poder de Voldemort e dos Comensais da Morte, seus seguidores, cresce mais a cada dia. A violenta batalha entre o bem e o mal, que ocorre em pleno Ministério da Magia, provoca a morte de Sirius Black, o padrinho de Harry. A onda de terror provocada pelo Lorde das Trevas estaria afetando, até mesmo, o mundo dos trouxas (não-bruxos), e, sendo agravada pela ação dos Dementadores, criaturas mágicas aterrorizantes que ‘sugam’ a esperança e a felicidade das pessoas.
Harry, que acabou de completar 16 anos, parte rumo ao sexto ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, onde, além de cumprir suas tarefas normais, terá aulas particulares com o professor Dumbledore, o diretor da escola, e, o bruxo mais respeitado em toda comunidade mágica. Harry, longe de ser aquele menino magricela que vivia no quarto debaixo da escada na casa dos tios trouxas, agora é um dos principais nomes, entre aqueles que lutam contra Voldemort. Ao invés de ajudar, a fama o deixa cada vez mais isolado, à medida que se espalham os rumores de que ele é O Eleito, o único capaz de derrotar o Lorde das Trevas.
Além dos acontecimentos estranhos que cercam o colegio, como o atentado a dois estudantes, Harry terá que lidar com o time de quadribol, com as aulas de Poções Mágicas, para as quais ele recebe a misteriosa ajuda do livro do Príncipe, do título, e, das seus problemas sentimentais, já que, apaixonado até a raiz dos cabelos, vê a sua amada nos braços de outro! Além de administrar tudo isso, Harry ainda testemunhará a morte de um dos amigos queridos, o que o colocará, definitivamente, no mundo adulto.
Joanne Kathleen Rowling, ou JK Rowling, como é mais conhecida, já vendeu mais de 250 milhões de exemplares da série Harry Potter, traduzidos para 62 idiomas. Só a edição em inglês do último livro, “Harry Potter e o Enigma do Príncipe”, lançada em julho, teve uma tiragem inicial de dez milhões de cópias, que devem se multiplicar, com as diversas publicações ao redor do mundo. A importância que os fãs dão à série é tamanha, que, poucos dias após o lançamento do livro original, já havia traduções (não-oficiais, é claro) circulando pela internet.
A aventura de Rowling começou numa viagem de trem, de Manchester para Londres, quando começou a idealizar a trama. Mas, ao casar com um jornalista português, mudou-se para Portugal, e, adiou o projeto de escrever o livro, que naquele momento tinha apenas os três primeiros capítulos prontos. Alguns anos depois, ela separou-se de Jorge Arantes, quando a filha tinha apenas três meses de idade, e, voltou para a Escócia, instalando-se em Edimburgo. E, foi lá que Harry Potter, finalmente, ganhou vida. A primeira edição inglesa do livro foi lançada em julho de 1997, com estrondoso sucesso de crítica e público.
Rowling ganhou, entre outros prêmios, o Nestle Smarties Book Prize Gold Medal, o FCBC Children´s Book Prize, o Birmingham Cable Children´s Book Award e o cobiçado British Book Awards Children´s Book of the Year.
Quando se comenta sobre o sucesso literário de J. K. Rowling (Joanne Kathleen, para quem não sabe), é difícil não comparar com outro campeão de vendas, Dan Brown, autor de “Código da Vinci”. Mas, enquanto Brown escreve livros que parecem sair de uma fôrma, sempre com a mesma estrutura, mudando apenas os nomes dos personagens e as situações em que se metem, a saga de Harry Potter é bem diferente.
Começando com “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, Rowling fez um livro de entrada, com uma ótica claramente voltada para o público infantil, apresentando o bruxinho e o mundo mágico que, tanto para o leitor, como para o personagem, era novo, e, apaixonante. À medida que foram sendo lançados os outros títulos, “Harry Potter e a Câmara Secreta”, “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”, “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, “Harry Potter e a Ordem de Fênix”, e, finalmente, “Harry Potter e o Enigma do Príncipe”, o leitor pôde perceber que a obra crescia junto com o personagem, tornando-se mais sombria e pesada, embora, cada vez mais, atraente e empolgante.
Embora tenham sido recebidos com uma inexplicável reação negativa, por parte de alguns grupos religiosos conservadores, os livros de Harry Potter trouxeram, para a geração da tv e do videogame, o prazer de ler, de exercitar a imaginação, e, perceber que pode haver vida inteligente fora da internet.
Falta apenas mais um livro da série, onde a autora promete o desfecho da luta de Harry contra Voldemort. Até lá, muitos rumores irão circular, mundo afora, e, alguns deles, estão no site oficial da autora (www.jkrowling.com), com os comentários dela. Entre os sites não-oficiais, um dos mais divertidos é www.mugglenet.com, que, inclusive, é listado na página de Rowling.
Leia os livros, assista aos filmes, passeie na internet, pois, Harry Potter, mais que um modismo, veio para ficar, instalando-se nas mentes e nos corações daqueles que não tem medo de sempre ser crianças.