Claquete 28 de outubro de 2005

Newton Ramalho – colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Passada a emoção do referendo, é hora de nos preocuparmos com os reais problemas do Brasil. Enquanto as CPIs continua, sem grandes novidades, as estréias começam a chegar por aqui. Neste final de semana estréiam a aventura capa-e-espada “A Lenda do Zorro”, com Antonio Banderas e Catherine Zeta-Jones, o elogiado drama “Crash – No Limite”, e, a comédia besteirol “O Virgem de 40 Anos”. Nas continuações, a ótima animação “A Noiva Cadáver”, do diretor Tim Burton, “Carga Explosiva 2”, filme de ação com Jason Statham, “O Jardineiro Fiel”, primeiro filme internacional do brasileiro Fernando Meirelles, o besteirol “Gigolô Europeu por Acidente”, “O Coronel e o Lobisomem”, com Diogo Vilela e Selton Mello, “Os Irmãos Grimm”, fantasia unindo os criadores de contos de fadas e suas criações, “2 Filhos de Francisco”, cine-biografia da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, representante brasileiro no Oscar, e, “Wallace & Gromit – A Batalha dos Vegetais”, excelente animação, dos mesmos criadores de “A Fuga das Galinhas”. Nas próximas quarta e quinta-feira, acontece a pré-estréia do terror “Jogos Mortais 2”.

Estréia 1: “A Lenda do Zorro”

O herói mascarado, que marca os inimigos com um “Z”, está de volta às telas. Antonio Banderas e Catherine Zeta-Jones revivem os seus personagens de “A Máscara do Zorro”. No ano de 1850, a população da California está ansiosa para juntar-se à grande república americana, o que vai de encontro aos interesses de uma misteriosa organização medieval. Ao mesmo tempo, McGivens (Nick Chinlund) intimida os moradores da California, apossando-se de suas terras. Estes eventos fazem com que Don Diego de la Vega (Banderas) precise ressuscitar o justiceiro Zorro, tendo que dividir seu tempo entre os feitos heróicos, e, a atenção dada à sua esposa Elena (Zeta-Jones), e, seu filho de 10 anos, Joaquin (Adrian Alonso). Embora façam falta nomes como Anthony Hopkins, que participou do primeiro filme, “A Lenda do Zorro” é diversão sem compromisso, do tipo “desligue o cérebro e aproveite”. Esta é mais uma aventura do personagem criado em 1919, pelo reporter Johnston McCulley. Zorro já foi vivido por celebridades como Douglas FairBanks, Guy Williams (da série “Perdidos no Espaço”), Alain Delon, e, muitos outros. O site IMDB cita 67 filmes com o personagem. A direção é de Martin Campbell, que também dirigiu o filme anterior. “A Lenda do Zorro” estréia nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.

Estréia 2: “Crash – No Limite”

Jean Cabot (Sandra Bullock) é a rica, e, mimada esposa de um promotor, em uma cidade ao sul da Califórnia. Ela tem seu carro de luxo roubado por dois assaltantes negros. O roubo culmina num acidente, que acaba por aproximar habitantes de diversas origens étnicas, e, classes sociais, de Los Angeles: um veterano policial racista, um detetive negro e seu irmão traficante de drogas, um bem-sucedido diretor de cinema e sua esposa, e um imigrante iraniano e sua filha. Sem ter uma história linear, “Crash – No Limite”, é uma complexa colcha de retalhos, que apresenta sete histórias diferentes, que, sempre passando pelo tema de preconceito racial, acabam se cruzando, de alguma maneira. O filme é a estréia na direção de Paul Haggis, que recebeu uma indicação ao Oscar pelo surpreendente roteiro de “Menina de Ouro”. No elenco, outros nomes conhecidos, como Don Cheadle, Thandie Newton, Ryan Phillippe, Matt Dillon e Brendan Fraser. Não confundir com “Crash – Estranhos Prazeres”, de David Cronenberg. “Crash – No Limite” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 7 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.

Estréia 3: “O Virgem de 40 Anos”

Andy Stitzer (Steve Carell) é um homem de quarenta anos, que possui um bom emprego, um apartamento próprio, e, mantém uma enorme coleção de bonecos e revistas em quadrinhos. Porém, apesar da idade, Andy permanece virgem. Ele nem dá muita importância para isso, mas, seus amigos, não se conformam. Decididos a fazer com que Andy perca a virgindade, eles tentam fazer com que Trish (Catherine Keener), uma mãe solteira que também tem quarenta anos, se torne sua parceira. Mais um besteirol americano, sem grandes pretensões, além das situações ridículas dos personagens, arrecadou mais de cem milhões de dólares, somente no mercado americano. A direção é de Judd Apatow. “O Virgem de 40 Anos” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 4 do Moviecom. Para maiores de 16 anos.

Pré-Estréia: “Jogos Mortais 2”

Enquanto investigam os resultados sangrentos de um terrível assassinato, o Detetive Eric Mason tem a intuição de que trata-se de outro crime de Jigsaw, o notório assassino em série, que desapareceu, deixando um rastro de corpos — e membros — para trás. E, Mason está certo. Jigsaw está agindo novamente. Mas, ao invés de duas pessoas trancadas numa sala com apenas uma impensável saída, há oito. Oito estranhos — desavisados de sua ligação uns com os outros — são forçados a entrar no jogo, que desafia sua inteligência, e, coloca suas vidas em perigo. Seqüência do violento “Jogos Mortais”, de 2004, com mesmo serial Killer, Jigsaw. “Jogos Mortais” terá pré-estréia, nas próximas quarta e quinta-feira, no Cine 7 do Moviecom. Para maiores de 16 anos, que não tenham estômagos fracos.

Anunciado primeiro cinema IMAX do Brasil

A IMAX Corporation, cuja tecnologia de imensas telas de alta definição domina o mundo dos museus e cinemas 180°, anuncia sua chegada ao Brasil. A nova sala será instalada no Palladium Shopping Center, que será construído em Curitiba. As salas IMAX, que, inicialmente, eram utilizadas para documentários científicos, já exibem filmes comerciais fora do comum, como “Matrix”, “Senhor dos Anéis”, e, a série “Harry Potter”. O IMAX de Curitiba fará parte de um multiplex com dez salas, e, terá capacidade de exibir, tanto filmes comerciais, como as produções culturais e educativas criadas para o sistema.

Trilha sonora de “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, na internet

Já está disponível, na página da AOL Music, a trilha sonora integral do filme “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, que estréia em 25 de novembro, no Brasil. As músicas foram compostas por Patrick Doyle (“Grandes Esperanças”, “Razão e Sensibilidade”), que substituiu John Williams, autor das trilhas dos primeiros filmes. O novo compositor mudou radicalmente o estilo das músicas do filme, colocando três canções com vocais de Jarvis Cocker, do Pulp, na trilha (“Magic Works”, “This Is The Night”, “Do The Hippogriff”), além de um tom mais grave, mais de acordo com a censura do filme, agora dirigido para maiores de 13 anos. Para conferir as músicas, acesse o site music.aol.com e procure pelo álbum “Harry Potter & The Goblet of Fire”.

“Lavoura Arcaica” na Casa da Ribeira

A Casa da Ribeira, na sua sessão Cinema e Psicanálise, exibe hoje, às 19h, o filme “Lavoura Arcaica”, de Luiz Fernando Carvalho. André (Selton Mello) é um filho desgarrado, que saiu de casa devido à severa lei paterna, e, o sufocamento da ternura materna. Pedro, seu irmão mais velho, recebe, de sua mãe, a missão de trazê-lo de volta ao lar. Cedendo aos apelos da mãe e de Pedro, André resolve voltar para a casa dos seus pais, mas, irá quebrar, definitivamente, os alicerces da família, ao se apaixonar por sua bela irmã Ana. “Lavoura Arcaica” ganhou inúmeros prêmios em festivais nacionais e internacionais, em Montreal, Havana e Cartagena.

“Os Caça-Fantasmas”, em DVD

Filme que fez um estrondoso sucesso, nos anos 80, levando ao estrelato Bill Murray e Dan Aykroyd, “Os Caça-Fantasmas” chegam ao mercado doméstico, em DVD, numa edição especial, com os dois filmes da série, e, farto material extra. Além dos filmes, os discos trazem comentários de Ivan Reitman, Harold Ramis e Joe Medjuck, os documentários “Na Trilha dos Fatos”, “Cemitério de Cenas”, “Especial de 1984”, “Efeitos Especiais”, “Série Animada: Citizen Ghost, Partners in Slime”, e, Elenco e Equipe. O formato de tela foi mantido widescreen anamórfico, e, o áudio, inglês (DD 5.1), português (mono) e espanhol (2.0). Nas locadoras.

Filme recomendado: “Priscilla, a Rainha do Deserto”

A alegria do exagêro

O homossexualismo no cinema tem sido um tema recorrente, principalmente nos últimos anos, em função de uma maior abertura nos padrões de moral, e, questões como a AIDS, que têm influência sobre todos. Contudo, poucos filmes exploraram o universo das drag queens, e, nenhum com o bom humor e a irreverência de “Priscilla, a Rainha do Deserto”.

O filme, de 1994, narra a divertida jornada de três drag queens no deserto australiano, com todos os percalços e sobressaltos de um verdadeiro road-movie. Nos papéis principais, três atores que sempre atuaram como personagens totalmente masculinos: Terence Stamp (“Star Wars Episódio I: A Ameaça Fantasma”), Hugo Weaving (“Matrix”), e, Guy Pearce (“Amnésia”, “Los Angeles, Cidade Proibida”).

A decisão de viajar surge devido a um convite para apresentar um show num hotel de luxo, em pleno sertão australiano. Tick (Weaving) está decepcionado, pois as platéias já não dão valor às suas apresentações. O convite para o show chega no momento certo, pois ele está farto da sua vida atual, sem perspectivas nem objetivos.

O momento da viagem coincide com a morte do marido de Bernadette (Stamp), um transexual de quem Tick é muito amigo. Enquanto Tick quer livrar-se das frustrações, Bernadette quer esquecer a dor da perda do amado, Adam simplesmente quer cair na gandaia, pois, para ele, tudo é festa! Enquanto os outros pensam como viajarão, Adam convence a mãe a comprar um velho ônibus de excursão, que ele batiza com o nome dela: Priscilla, a Rainha do Deserto.

Logo caem na estrada, e, a monotonia das estradas desertas domina-os, ajudando a acirrar a animosidade entre Bernadette e Adam. No caminho, passam por cidades minúsculas, onde o tempo parece ter parado, e, causam um choque, com seus esfuziantes modelitos, além das performances longe do convencional.

Para cortar caminho, resolvem pegar um atalho pelo deserto, e, não tarda muito, o ônibus quebra, deixando-os à mercê do tempo, longe de qualquer sinal de civilização. São salvos por um animado aborígene, que logo se enturma na troupe, enquanto um velho mecânico, ardoroso fã do “Le Girls”, tenta dar apoio ao grupo, enquanto conserta o ônibus e tenta controlar a espevitada mulher.

A jornada prossegue, entre marchas e contra-marchas, e, finalmente, o grupo consegue chegar ao hotel, onde a gerente, a ex-mulher de Tick, reserva mais uma surpresa para ele: o filho, de dez anos, espera, ansioso, o momento de conhece-lo.

A jornada de Priscilla, mais do que uma simples viagem, revela-se uma redescoberta da vida, para os personagens principais. Bernadette, descobre novas aspirações, Tick, um filho, com o qual nunca convivera, e, Adam, um princípio de maturidade. Nenhum deles voltará incólume da viagem.

Além da fotografia maravilhosa do sertão australiano, “Priscilla” exibe um figurino vencedor do Oscar, além de estar recheado de apresentações do grupo, com o exagero comum a este tipo de show, embalado por uma trilha sonora fantástica, com músicas do conjunto ABBA, Village People, Gloria Gaynor, Peaches & Herb.

O mais interessante do filme é a naturalidade com que os atores encarnaram as suas personagens. Embora tenham feito muitos filmes como heróis machões, antes e depois de “Priscilla”, todos estão muito à vontade, o que não aconteceu na versão americana do filme, “Para Wong Foo, obrigada por tudo, Julie Newmar”, estrelado por Patrick Swayze e Wesley Snipes.

Apesar de já ter sido lançado no mercado americano há anos, só agora, a edição em DVD foi lançada no Brasil. Apesar de não trazer nenhum extra, além do trailer de cinema, o disco mantém o formato de tela original, em widescreen anamórfico, e, oferece o som em inglês (Dolby Digital 5.1) e português (2.0).