Claquete 03 de junho de 2005
Newton Ramalho – colunaclaquete@gmail.com
O que está em cartaz
Final de semana sem estréias, só muita chuva, mesmo… A única novidade é a pré-estréia de “Sr. e Sra. Smith”, com o novo casal de Hollywood, Brad Pitt e Angelina Jolie. De resto, continuam em cartaz, “Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith”, que faz a ligação entre a nova e a antiga série de George Lucas, o épico “Cruzada”, de Ridley Scott, estrelado pelo ex-elfo Orlando Bloom, o ótimo suspense “A Intérprete”, com a linda Nicole Kidman, às voltas com uma trama de assassinato em plena ONU, o terror sino-tailandês “Visões”, com Eugenia Yuan e Philip Kwok, “Sahara”, aventura no estilo Indiana Jones, com Matthew McConaughey e Penélope Cruz, e, o drama nacional “Quase Dois Irmãos”, que reconta a história política brasileira dos últimos cinqüenta anos. Para as crianças, o desenho “Pooh e o Efalante”, produção dos Estúdios Disney, com o simpático Ursinho Pooh, e, “O Filho do Máskara”. Na sessão Filme de Arte, do Cine Natal 1, a produção coreana “Primavera, Verão, Outono, Inverno e … Primavera”.
Pré-Estréia: “Sr. e Sra. Smith”
John (Brad Pitt) e Jane Smith (Angelina Jolie) trabalham como assassinos de aluguel. Eles são também casados, mas, um não sabe do trabalho do outro, e, vivem, atualmente, umas vidas entediadas. A situação entre eles muda de rumo quando cada um recebe um novo trabalho, que é justamente matar o outro. “Sr. e Sra. Smith” é a adaptação, para o cinema, da série “Mr. and Mrs. Smith”, que foi exibida na TV americana em 1996. Um dos maiores atrativos do filme, além dos tiros e explosões, é que teria começado nas filmagens o romance entre Brad Pitt e Angelina Jolie, que culminou com o fim do casamento de Pitt com Jennifer Anniston. A direção é de Doug Liman, que dirigiu o ótimo “Identidade Bourne”. “Sr. e Sra. Smith” terá pré-estréia, nesta sexta-feira, no Cine Natal 1. Para maiores de 16 anos.
“A Lenda do Tesouro Perdido”, em DVD
Um filme repleto de ação e aventuras mirabolantes, tocando em temas patrióticos dos americanos, “A Lenda do Tesouro Perdido”, produzido pelos Estúdios Disney, chega agora aos usuários domésticos, em DVD. No melhor estilo Indiana Jones, Benjamin Franklin Gates (Nicolas Cage), é um caçador de tesouros, função que já está na terceira geração, em sua família. Durante toda sua vida, Benjamin procurou um tesouro, que ninguém acredita existir. Este tesouro, cuja origem remonta às Cruzadas, teria sido acumulado durante séculos, e, transportado por vários continentes, para evitar que fosse roubado, sempre sob a guarda dos Cavaleiros Templários. As investigações de Benjamin, sobre a localização deste tesouro, fazem com que ele descubra que existe um mapa codificado, escondido na Declaração de Independência dos Estados Unidos. Só que, para conseguir lê-lo, Benjamin terá que enganar o FBI, e, roubar um dos documentos mais preciosos e vigiados do país. Além de Cage, fazem magníficas pontas Harvey Keitel e Jon Voight.
Filme de Arte: “Primavera, Verão, Outono, Inverno e … Primavera”
A sessão Filme de Arte, do Cine Natal 1, traz esta semana a produção coreana “Primavera, Verão, Outono, Inverno e … Primavera”. Ninguém é indiferente ao poder das quatro estações, e, de seu ciclo anual de nascimento, crescimento, e, declínio. Nem mesmo os dois monges que compartilham a solidão, em um lago rodeado por montanhas. Assim como as estações, cada aspecto de suas vidas é introduzido com uma intensidade que conduz ambos para uma grande espiritualidade e para a tragédia. Eles também estão impossibilitados de escapar da roda da vida, dos desejos, sofrimentos, e, paixões, que cercam cada um de nós. Sobre os olhos atentos do velho monge, vemos a experiência da perda da inocência do jovem monge, o despertar para o amor, quando uma mulher entra em sua vida, o poder letal do ciúme, e, da obsessão, o preço do perdão, o esclarecimento das experiências. Assim como as estações vão continuar mudando, até o final dos tempos, na indecisão entre o agora e o eterno, a solidão será sempre uma casa para o espírito. “Primavera, Verão, Outono, Inverno e … Primavera” terá sessão única, às 21h do dia 7 de junho, terça-feira, no Cine Natal 1. Para maiores de 14 anos.
“Sahara”: Boa diversão
Meio atropelado pela estréia de Star Wars, e, com uma crítica desfavorável, “Sahara” está passando quase desapercebido pelo público. Mas, com uma história simples, ação incessante, e, um elenco simpático, o filme é muito divertido, e, um ótimo passatempo. Nos dias atuais, após encontrar uma moeda raríssima, o explorador Dirk Pitt (Matthew McConaughey) parte em uma caça ao tesouro, em uma das regiões mais perigosas do oeste africano. Dirk está em busca do que os nativos chamam de “navio da morte”, um navio couraçado, da época da Guerra Civil Americana, que está desaparecido há séculos, e, que pode ter carregado uma carga preciosa. Dirk recebe a ajuda de Al Giordino (Steve Zahn), seu parceiro de expedições. A dupla conhece a bela Dra. Eva Rojas (Penélope Cruz), uma médica da Organização Mundial de Saúde, que procura a origem de uma perigosa epidemia. Juntos, eles tentam desvendar o mistério, e, encontrar o navio perdido. Corram, pois sai de cartaz esta semana!
“Em Algum Lugar do Passado”, em DVD
Um dos mais belos filmes da década de 80, “Em Algum Lugar do Passado”, chega, agora, às locadoras, em DVD. Unindo uma curiosa história sobre viagem no tempo, um apaixonado romance, fotografia impecável, e, uma trilha sonora que faz parte da coleção de qualquer cinéfilo, garantiram, para este filme, um lugar de destaque. Maio de 1972. Na noite de estréia de sua primeira peça, o jovem escritor Richard Collier (Christopher Reeve) depara-se com uma senhora que, misteriosamente, dirige-se a ele suplicando: “Volte para mim”. Intrigado, Collier procura saber mais sobre essa mulher, e, descobre que ela fora uma famosa atriz de teatro, no início do século, chamada Elise McKenna (Jane Seymour). Cada vez mais obcecado pela mulher, Collier decide viajar, de volta no tempo, com a ajuda da auto-hipnose, onde, afinal, acaba se encontrando com ela. Logo, ambos se apaixonam – o que não é visto com bons olhos pelo agente da atriz, William Fawcett Robinson (Christopher Plummer). Conseguirá o amor de Collier e McKenna sobreviver à diferença “temporal” existente entre eles? E poderá Collier permanecer numa época à qual não pertence? Lamentavelmente, a Universal fez mais um gol contra, colocando o filme em tela cheia, com som 2.0.
Ajuda para montar o seu hometheater
Está pensando em montar um hometheater, mas, está confuso, diante de tantas siglas, equipamentos, padrões, e, acima de tudo, com medo de jogar o seu precioso din-din numa roubada. Pois, saiba que existe vida inteligente, principalmente na internet. No site www.htforum.com.br, é possível tirar dúvidas, e, obter dicas preciosas, sobre aparelhos de DVD, televisores de tubo de imagem, projeção, plasma, amplificadores, caixas de som, projetores, telas, etc.. O melhor de tudo, é que são depoimentos de pessoas reais, que passaram por dificuldades, na hora de escolher ou manter os seus equipamentos. Vale sempre lembrar: o fabricante nunca irá falar dos defeitos dos seus produtos, somente das qualidades. Nessa hora, a voz do usuário é soberana.
Filme recomendado: “Regras do Jogo”
A ética do massacre
Muitas vezes, ao tomarmos conhecimento, através da imprensa, de um fato qualquer, somos levados a fazer um julgamento sumário, condenando o culpado, ou, glorificando o herói. Isso acontece muito em função de como o fato nos é apresentado. Agora imagine se, além da história ser contada de forma distorcida, algumas provas forem escondidas, ou mesmo, forjadas? Para nós, brasileiros, habituados a escândalos e chacinas, isso não parece tão absurdo assim, mas, quando vemos os pretensos mocinhos invadindo o mundo inteiro e torturando prisioneiros, é difícil crer que alguém acredite que, até para atirar nos outros, precisa ter ética. Bem, esta é a pretensão do filme “Regras do Jogo”.
O filme baseia-se numa hipotética ação, passada no Yemem, onde, após resistir ao cerco da embaixada americana, o comandante de um grupo de fuzileiros navais americanos manda abrir fogo sobre um grupo de manifestantes. A ação provoca a morte de oitenta e três pessoas, incluindo mulheres e crianças. Como o massacre provoca comoção mundial, ao voltar para os Estados Unidos, o comandante é acusado de assassinato em massa.
A questão é que o acusado é um profissional muitas vezes condecorado, tendo participado de inúmeras campanhas, em contato direto com o inimigo. Para sua defesa, solicita a ajuda de um amigo, a quem salvara a vida, no Vietnã. Ferido em combate, este amigo dedicara-se ao exercício do direito militar, sem muito sucesso, e, por isso mesmo, reluta bastante em aceitar o caso.
O filme prossegue no embate jurídico entre um jovem e agressivo promotor (Guy Pearce, a drag queen caçula de “Priscilla A Rainha do Deserto”), e, o cínico defensor (Tommy Lee Jones, eficiente como sempre), enquanto o acusado (Samuel L. Jackson) sofre pressões por todos os lados, sendo traído até por altas autoridades do próprio governo dos Estados Unidos, que escondem provas importantes.
O problema é mostrado pela visão do soldado (até porque, ele é quem leva bala) e tenta passar duas coisas: a) eu matei uma porção de gente na casa deles, mas foi por uma boa causa, e, b) o meu governo é mais inimigo que os terroristas árabes. A dúvida é: existe boa causa que justifique matar pessoas inocentes, mesmo que no meio delas existam terroristas? Será que tem diferença entre a situação mostrada no filme, e, a dos sem-terra em Eldorado dos Carajás? Quanto a governo ser inimigo do seu povo, parece ser mais um fenômeno da globalização…
Como o próprio filme insiste em mostrar, existe uma linha muito tênue entre ser acusado de assassinato, e, ser condecorado por heroísmo. Vale a pena conferir para formar a sua própria opinião.
A edição brasileira de “Regras do Jogo” estaria boa, se não fosse o maldito formato da imagem, em tela cheia. Durante as cenas do julgamento, a imagem fica pulando de um personagem para outro, deixando o espectador tonto! O pior é que se sabe que a edição americana era widescreen 2,35:1! No mais, impecável: áudio em inglês Dolby Digital 5.1, e, estéreo 2.0, e, português estéreo 2.0; legendas em português e inglês. Sobre as legendas, parece que não há muito cuidado, traduziram keep together por “prender”, ao invés de “manter juntos”, ou, what I did por “o que farei”, ao invés de, “o que eu fiz”. Como extras, existem dezesseis minutos de entrevistas com atores e equipe de produção (legendadas em português), um Making Of de dez minutos, que, na verdade, é uma filmagem das filmagens; trailer e notas com sinopse, elenco e equipe de produção, tudo em português. O diretor, Billy Friedkan, é mais conhecido pelos grandes sucessos de “O Exorcista” e “Operação França”.