Claquete 05 de novembro de 2004
Começa hoje, indo até o dia 11 de novembro, o mais importante evento na área de cinema, em Natal: o XIV FESTIVAL DE CINEMA DE NATAL, o FestNatal, que acontece no Cine Natal 2. O festival abrange uma mostra competitiva, com seis filmes, que concorrem ao troféu Estrela do Mar, a mostra Vidas na Tela, com sete filmes fora do circuito, e, três filmes convidados. Além dos longas-metragens, o FestNatal também apresentará, nos dias 17 e 18 de novembro, o 4º Festival do Vídeo Potiguar de Natal. Claquete desta semana, excepcionalmente, será dedicada ao FestNatal.
Tributo a Nelson Gonçalves
Merecida homenagem ao maior cantor do Brasil, este misto de documentário e ficção, originalmente pensado como minissérie, traz para as telas de cinema a vida de um dos maiores ícones artísticos de nossa cultura. O filme narra fatos da carreira de um dos maiores mitos da MPB, com riqueza de detalhes, mostrando os altos e baixos da movimentada vida do cantor, falecido em 18 de abril de 1998. O filme traz detalhes, como a tentativa de tornar-se boxeador, o problema de gagueira que o afligiu, o conturbado romance com a cantora Lourdinha Bittencourt, os problemas com a cocaína, tudo isso com preciosos depoimentos de pessoas ligadas ao cantor. A parte ficcional traz o ator Alexandre Borges interpretando o cantor, Julia Lemmertz como Lourdinha Bittencourt, além das pequenas participações de Taumaturgo Ferreira e Jandir Ferrari. A direção é de Elizeu Ewald. Mostra “Vidas na Tela”, em exibição nesta sexta-feira, dia 8, sessões de 12h, 14h, e, 16h.
As Filhas do Vento
“As Filhas do Vento” aborda temas pertinentes às mulheres de qualquer parte do mundo, mas, numa pequena cidade do interior do Brasil, os fantasmas da escravidão, e, do racismo, afetam a vida das personagens, de forma sutil. Em uma brilhante peça ficcional de cunho político e social, o diretor Joel Zito Araújo substitui os tradicionais papéis estereotipados, comumente interpretados por atores negros, nas telenovelas brasileiras, por uma rica e multifacetada construção de personagens. O filme ganhou 5 Kikitos de Ouro no Festival de Gramado, nas categorias Diretor, Ator (Mílton Gonçalves), Atriz (Ruth de Souza e Léa Garcia), Ator Coadjuvante (Rocco Pitanga), Atriz Coadjuvante (Taís Araújo e Thalma de Freitas), e, Prêmio da Crítica. Filme convidado, em exibição nesta sexta-feira, dia 5, sessões de 18h e 21h.
Glauber, o Filme. Labirinto do Brasil
Vida e a morte de Glauber Rocha, o polêmico cineasta baiano que revolucionou o cinema, promovendo uma radical revisão na cultura brasileira. Imagens do enterro, depoimentos recentes de quem acompanhou sua trajetória, seus pensamentos e idéias, explodem na tela, num filme-tributo à memória de um artista que idealizava um cinema independente e libertário. Ganhou o Troféu Candango de Melhor Filme – Júri Popular e o Prêmio da Crítica, no Festival de Brasília. Com imagens inéditas do funeral do cineasta: As imagens do funeral do cineasta foram interditadas pela família durante dezoito anos. No entanto, o diretor Silvio Tendler não desistiu de fazer um filme com aquelas imagens. A longa espera serviu para amadurecer a idéia e convencer dona Lúcia, mãe de Glauber, a liberar o material. Mostra “Vidas na Tela”, em exibição no sábado, dia 6, sessões de 12h, 14h, e, 16h.
Lost Zweig
O diretor Sylvio Back traz, em “Lost Zweig”, a última semana de vida do escritor judeu-austríaco Stefan Zweig (Rüdiger Vogler), autor do famoso livro “Brasil, País do Futuro”, e, de sua jovem esposa Lotte (Ruth Rieser). O casal, num pacto cercado de mistério, suicida-se em Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, logo após o carnaval de 1942. filme de Sylvio Back, ganhador de três prêmios no Festival de Brasília de 2002, é uma homenagem ao intelectual e pacifista austríaco que, no início dos anos 1930, fez um apelo visionário pela unificação da Europa. A trama conta como o escritor viu o seu refúgio dos nazistas nos trópicos transformar-se em um pesadelo sem volta. Transformado pelo governo de Vargas em herói nacional por exaltar o Brasil em seu livro, Zweig se exila no país, ao lado de sua jovem esposa Lotte, em 1942. A idéia do escritor era fazer do Brasil a pátria para outros judeus em fuga da Europa tomada pelos nazistas. Mas, o governo de Getúlio Vargas mostra-se pouco aberto a isso, e, propõe a Zweig um livro, sob encomenda, a respeito de Santos Dumont, para dar continuidade à boa propaganda do país feita no exterior. Seleção Oficial do FestNatal (Mostra competitiva), em exibição no sábado, dia 6, sessões de 18h e 21h.
Barra 68
A luta de Darcy Ribeiro, nos anos 60, para criar e implantar a Universidade de Brasília, e, as repetidas agressões, sofridas pela UNB, após já estar concluída, desde o golpe militar, até os acontecimentos de 1968, quando foram detidos, numa quadra de esportes, cerca de 500 estudantes. Recebeu uma indicação ao Grande Prêmio BR de Cinema, na categoria de Melhor Documentário. Direção de Vladimir Carvalho. Mostra “Vidas na Tela”, em exibição no domingo, dia 7, sessões de 12h, 14h, e, 16h.
Uma Vida em Segredo
Após a morte de seu pai, a jovem Biela, de 17 anos, passa a morar com Conrado, seu primo, que a leva para viver junto com sua família, em uma pequena cidade. Constança, esposa de Conrado, busca adaptar Biela a uma vida social, de acordo com as posses da família, e, para tanto, encomenda vestidos ricos, e, a ensina a portar-se como uma jovem educada e rica. Entretanto, Biela apenas se sente bem ao lado dos empregados da fazenda onde mora, com quem passa a conviver, após uma grande desilusão amorosa. Recebeu cinco indicações ao Grande Prêmio Cinema Brasil, nas categorias Roteiro Adaptado, Figurino, Maquiagem, Direção de Arte e Fotografia. Ganhou o prêmio de Melhor Atriz (Sabrina Greve), no Festival de Brasília, e, quatro prêmios no Cine Ceará, nas categorias Melhor Filme, Melhor Atriz (Sabrina Greve), Melhor Fotografia e Melhor Direção de Arte. A direção é de Suzana Amaral. Seleção Oficial do FestNatal (Mostra competitiva), em exibição no domingo, dia 7, sessões de 18h e 21h.
Passaporte Húngaro
A diretora Sandra Kogut pesquisa a construção da identidade de um povo através de uma família dividida em dois mundos distintos. Através do pedido de um passaporte, o documentário parte em busca da história de uma família, dividida entre dois mundos e dois exílios: aqueles que se foram e aqueles que permaneceram onde estavam. Produção franco-brasileira, “Passaporte Húngaro” recebeu uma indicação ao Grande Prêmio Cinema Brasil de Melhor Documentário. Mostra “Vidas na Tela”, em exibição na segunda-feira, dia 8, sessões de 12h e 14h.
Apolônio Brasil – O Campeão da Alegria
Apolônio Brasil (Marco Nanini) foi um pianista cultuado nas noites boêmias do Rio de Janeiro, nas décadas de 50 e 60, amado pelas mulheres, e, invejado, e, adorado pelos amigos e pelo público. Atendendo ao seu último desejo, seu cérebro foi retirado de seu corpo após sua morte. Anos mais tarde, uma intensa disputa ocorre pelo cérebro de Apolônio envolvendo seus antigos amigos, o filho que nunca o conheceu, e, ainda, um cientista americano, que deseja extrair dos neurônios de Apolônio o gene da alegria, e, com ele, iniciar um lucrativo mercado internacional. Com direção de Hugo Carvana, o filme traz, no elenco, além de Nanini, Louise Cardoso, Antônio Pitanga, Marcos Paulo, Sílvia Bandeira, Jonas Bloch, e, José Lewgoy. Filme convidado, em exibição na segunda-feira, dia 8, sessão de 16h.
Contra Todos
Na aridez de um bairro da periferia de São Paulo vivem Teodoro, sua filha adolescente, Soninha, e sua segunda mulher, Cláudia. Mas o dia-a-dia dessa família classe média baixa está assentado sobre mentiras. Por trás da fachada de homem religioso, Teodoro ganha a vida como matador, bate na revoltada Soninha e tem uma relação extraconjugal com Terezinha, sua companheira de culto. Vaidosa e insatisfeita no casamento, Cláudia vive um caso com Júlio, filho do açougueiro da vizinhança. Em torno do grupo, orbita Waldomiro, amigo e sócio de Teodoro e objeto do desejo de Soninha. A ação é desencadeada pelo assassinato de Júlio. Culpando o marido, Cláudia destrói a casa e foge. Num hotel do Centro, conhece o porteiro Lindoval, com quem começa um namoro. Exausto, Teodoro decide deixar sua vida em São Paulo, casar-se com Terezinha e mandar Soninha para a casa da avó. Mas nada sai como planejado. Quando Lindoval é espancado por carecas até quase a morte, Cláudia suspeita do ex-marido. Na mesma noite, Terezinha recebe em casa uma fita de vídeo em que Teodoro transa com Cláudia. O matador atribui a idéia da fita a Cláudia. O engano duplo prepara o desfecho chocante da história, entrecortado por várias revelações e por uma surpresa final. Direção de Roberto Moreira. Seleção Oficial do FestNatal (Mostra competitiva), em exibição na segunda-feira, dia 8, sessões de 18h e 21h.
Ônibus 174
Uma investigação cuidadosa, baseada em imagens de arquivo, entrevistas e documentos oficiais, sobre o seqüestro de um ônibus, em plena Zona Sul do Rio de Janeiro. O incidente, que aconteceu em 12 de junho de 2000, foi filmado e transmitido ao vivo, pela TV, durante quatro horas, paralisando o país. No filme, a história do seqüestro é contada paralelamente à história de vida do seqüestrador, intercalando imagens da ocorrência policial feitas pela televisão. É revelado como um típico menino de rua carioca, transforma-se em bandido, e, as duas narrativas dialogam, formando um discurso que transcende a ambas, mostrando ao espectador porque o Brasil é um país é tão violento. Com direção de José Padilha, o filme ganhou o prêmio de Melhor Filme – Documentário, no Festival do Rio BR 2002. Mostra “Vidas na Tela”, em exibição na terça-feira, dia 9, sessões de 12h, 14h, e, 16h.
Onde Anda Você
Felício Barreto (Juca de Oliveira) é um comediante veterano que vive triste e solitário. Em busca de ser novamente feliz, ele passa a inventar uma aventura delirante, onde reencontra seu antigo parceiro e sua ex-esposa, ambos já falecidos. Em sua saga Felício é levado da fria São Paulo para um lugar paradisíaco, onde encontra uma atraente mulher. Dirigido por Sérgio Rezende (Guerra de Canudos) e com Juca de Oliveira, José Wilker, Regiane Alves, Drica Moraes e José Dumont no elenco. O título “Onde Anda Você” é uma referência à música de mesmo nome, composta por Vinícius de Moraes e Hermano Silva. Seleção Oficial do FestNatal (Mostra competitiva), em exibição na terça-feira, dia 9, sessões de 18h e 21h.
A Cobra Fumou
Em novembro de 1999, uma equipe de cinema vai do Rio de Janeiro a Brasília para documentar o 11º Encontro Nacional dos Veteranos da 2ª Guerra. A equipe retorna ao Rio de Janeiro, e, inicia uma série de entrevistas, com veteranos e ex-combatentes, que contam suas experiências no front da Itália, um país arrasado pelo conflito, e, em cujo território ainda havia exércitos nazi-fascistas. Em fevereiro de 2000, a mesma equipe segue para o norte da Itália para documentar as cidades por onde as tropas brasileiras passaram, nas regiões da Emilia Romana e da Toscana. Primeiro longa-metragem do diretor Vinícius Reis, “A Cobra Fumou” é o segundo filme de uma trilogia, produzida pela BSB Cinema, sobre a participação do exército brasileiro na 2ª Guerra Mundial. O filme anterior foi “Senta a Pua!”. Com narração da atriz Bete Mendes, mesclada com comentários do diretor, “A Cobra Fumou” é um “diário” de seus próprios dias de filmagem, onde apresenta, ao público, emocionantes depoimentos de pracinhas da Força Expedicionária Brasileira (FEB), relembrando importantes fatos históricos, como a conquista da cidade de Montese e a tomada de Monte Castelo, na Itália. Mostra “Vidas na Tela”, em exibição na quarta-feira, dia 10, sessões de 12h, 14h, e, 16h.
As Tranças de Maria
Maria, uma jovem camponesa, é obrigada, por seu pai, a casar-se com Ize, um homem que admira, mas, não ama. Um dia, Maria vai buscar água no córrego, e, desaparece, sem deixar vestígios. O noivo vai procurá-la no campo, na cidade, nas “casas da luz vermelha”, em toda parte. Como não a encontra, Izé perde o gosto pelo trabalho e enlouquece. Meses depois, um grupo de caçadores passa pelo lugar. No riacho onde Maria costumava buscar água, os cães acham uma gigantesca sucuri, que é abatida a tiros. Dentro da cobra, os caçadores descobrem as tranças de Maria. Patrícia França vive a personagem-título de “As Tranças de Maria”, do diretor Pedro Rovai, inspirado na poesia homônima de Cora Coralina. No longa-metragem, aparece com apliques, para interpretar a adolescente que mora em uma fazenda. Seleção Oficial do FestNatal (Mostra competitiva), em exibição na quarta-feira, dia 10, sessões de 18h e 21h.
Raízes do Brasil
A vida e obra de Sérgio Buarque de Hollanda, um dos principais intelectuais do Brasil no século XX e autor dos livros “Raízes do Brasil” e “Visões do Paraíso”. Dividido em duas partes, o filme mostra desde o cotidiano de Sérgio, incluindo o modo como interagia com a família e amigos, até um panorama cronológico de sua época, em que lidou com o nazismo, os anos de Getúlio Vargas no poder, e, a ascensão do movimento modernista no Brasil. “Raízes do Brasil” é dividido em duas partes, cada uma com 74 minutos de duração. Na primeira parte, são exibidas entrevistas, com familiares, e, amigos de Sérgio Buarque de Hollanda, que revelam sua intimidade. Já na segunda, são mostrados os principais fatos da vida de Sérgio, em ordem cronológica, com imagens de arquivo e trechos de seus livros sendo lidos por Sílvia Buarque e Zeca Buarque. Direção de Nelson Pereira dos Santos. Mostra “Vidas na Tela”, em exibição na quinta-feira, dia 11, sessões de 12h e 14h.
Viva Sapato!
Dolores (Laura Ramos) é uma bela dançarina cubana que decide abandonar seu casamento desastroso, para abrir um restaurante à beira-mar, em parceria com a tia (Irene Ravache), que mora no Brasil. Precisando de dinheiro para concluir as obras do restaurante, Dolores fica furiosa, ao receber como presente, da tia, um par de sapatos de dança, em vez da ajuda financeira prometida. Sem dinheiro, vende os sapatos por alguns trocados. Todos os seus planos parecem ter ido por água abaixo, até que ela descobre que o dinheiro estava escondido nos grandes saltos dos sapatos. Dirigido por Luiz Carlos Lacerda (“For All – O Trampolim da Vitória”), filme ganhou o prêmio de Melhor Filme – Voto Popular, no Festival de Cinema Brasileiro de Miami. Ganhou, também, quatro prêmios no Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá, nas categorias Melhor Ator (Jorge Sanz), Melhor Atriz (Laura Ramos), Melhor Direção de Arte e Melhor Trilha Sonora. Filme convidado, em exibição na quinta-feira, dia 8, sessão de 16h.
Durval Discos
Durval e sua mãe Carmita vivem, há muitos anos, na mesma casa onde funciona a loja Durval Discos. A loja já foi famosa, no passado, mas, hoje, vive uma fase de decadência, devido à decisão de Durval em não vender CDs, e, manter-se fiel aos discos de vinil. Para ajudar sua mãe, no trabalho de casa, Durval decide contratar uma empregada, sendo que o baixo salário acaba atraindo Célia (Letícia Sabatella), uma estranha candidata que chega junto com Kiki (Isabela Guasco), uma pequena garota. Após alguns dias de trabalho Célia simplesmente desaparece, deixando Kiki e um bilhete avisando que voltaria para buscá-la dentro de três dias. Durval e Carmita ficam surpresos com tal atitude, mas acabam cuidando da garota. Até que, ao assistir o telejornal, mãe e filho ficam cientes da realidade em torno de Célia e Kiki. Dirigido por Anna Muylaer, “Durval Discos” ganhou sete Kikitos de Ouro no Festival de Gramado, nas categorias Melhor Filme, Prêmio do Júri Popular, Prêmio da Crítica, Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia e Melhor Direção de Arte. Seleção Oficial do FestNatal (Mostra competitiva), em exibição na quinta-feira, dia 11, sessões de 18h e 21h.