Claquete 27 de agosto de 2004

Newton Ramalho – colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Em plena Olimpíada, a atenção se divide, entre as quase-medalhas, e, as estréias do cinema. Enquanto Fábio Assunção passeia pelo Rio São Francisco em de “Espelho D’água – Uma Viagem no Rio São Francisco”, Tom Cruise ataca – literalmente – de assassino profissional, em “Colateral”. Continuam em cartaz, “Olga”, a impressionante biografia da mulher do líder comunista Luis Carlos Prestes, “Mulheres Perfeitas”, com a talentosa Nicole Kidman, em um misto de drama e suspense, “Mulher-Gato”, filme de ação estrelado pela gatíssima Halle Berry, “Eu, Robô”, ótimo ficção-científica, estrelada pelo rapper Will Smith, o romance “Diário de Uma Paixão”, com os veteranos James Garner e Gena Rowlands, a comédia romântica “Um Príncipe em Minha Vida”, e, o infantil “Garfield”, com o gato mais folgado do mundo. Esta semana não terá Filme de Arte. E, pelo jeito, “Fahrenheit 11 de Setembro” só chegará em setembro…

Colateral

Tom Cruise, quem diria, passou para o lado do “mal”. Depois de tantos filmes como mocinho (tirando o seu dúbio personagem de “Magnólia”), o galã vive agora um assassino profissional, em “Colateral”. O experiente motorisa de táxi Max (Jamie Foxx), calejado por 12 anos rodando nos piores locais de Los Angeles, pensava já ter visto de tudo. Porém, em uma noite aparentemente tranqüila, ele encontra Vincent (Tom Cruise), um homem que embarca em seu táxi, como se fosse um passageiro qualquer. Porém, Vincent é um assassino de aluguel, que está na cidade para completar o plano de um cartel do narcotráfico, que está prestes a ser condenado por um júri federal. Vincent precisa matar as cinco testemunhas-chave do processo, e, conta com Max, para fugir da polícia local e do FBI, logo após cometer os assassinatos. Obrigado a seguir as ordens de Vincent, Max precisa ainda lidar com a possibilidade de ser morto por seu passageiro, a qualquer momento, já que Vincent pode usá-lo para proteção pessoal. “Colateral” estréia, nesta sexta-feira, no Cine Natal 1, e, no Cine 6, do Moviecom. Para maiores de 16 anos.

Espelho D’água

Quer um bom motivo para ir ao cinema? Que tal uma produção nacional, ambientada no mais nordestino dos rios, o São Francisco? Este é o ambiente de “Espelho D’água – Uma Viagem no Rio São Francisco”, que estréia hoje, nos cinemas. Henrique (Fábio Assunção) é um fotógrafo em crise, que decide viajar pelo rio São Francisco. Ao seu encontro parte Celeste (Carla Regina), sua namorada, que deixa o Rio de Janeiro. Durante a viagem, Henrique entra em contato com várias lendas sobre o rio, e, sobre pessoas que dependem dele para viver. Entre eles, está Abel (Francisco Carvalho), um homem que conversa com Sidó, sua canoa de um pau só, e, Penha (Regina Dourado), que passa aos filhos e netos as lendas do rio. Filme de estréia do diretor Marcus Vinícius Cezar, que pesquisou durante quatro anos, antes de iniciar qualquer filmagem. “Espelho D’água” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 5, do Moviecom. Censura livre.


Cientistas elegem “Blade Runner” melhor ficção de todos os tempos

Uma pesquisa realizada pelo jornal inglês “The Guardian”, com 60 dos mais renomados cientistas do mundo, elegeu “Blade Runner – O Caçador de Andróides”, do diretor Ridley Scott, como o melhor filme de ficção científica de todos os tempos. Os cientistas consideraram importante a maneira como os conceitos científicos foram utilizados no filme, além de discutir questões éticas como a clonagem humana, muito antes da Dolly. O filme, de 1982, conta a história de um policial, interpretado por Harrison Ford, que persegue andróides fugitivos, chamados de “replicantes”, em uma obscura Los Angeles do futuro. Curiosamente, “Blade Runner” fez pouco sucesso, na época de seu lançamento, mas virou um filme cultuado por uma fiel legião de fãs, até os dias de hoje. O segundo lugar da lista, de acordo com os cientistas, ficou com “2001: Uma Odisséia no Espaço”, do diretor Stanley Kubrick. Ambos os filmes estão disponíveis em DVD.

Quando setembro vier…

É bom preparar a carteira, pois setembro traz um montão de novidades, em DVD. Para os amantes do futebol, “Pelé Eterno”, para os religiosos, “Paixão de Cristo”, para os(as) fãs de Russell Crowe, “Mestre dos Mares”, em edição dupla, para os saudosistas, as coleções “Hannah-Barbera”, “Os Jetsons”, “Super Amigos”, e, “Mulher-Maravilha”, seriado que fez sucesso, entre 76 e 79, com Lynda Carter. Mas, o lançamento mais esperado mesmo é “Guerra nas Estrelas”, um pacote de quatro discos, com os três filmes originais da saga criada por George Lucas, e, um monte de documentários sobre os três filmes, trailers clássicos de cinema, spots de TV, demos e previews, do jogo que será lançado, em breve, além de raras fotografias garimpadas nos Arquivos da LucasFilm. Todos estes lançamentos já podem ser encontrados para pré-venda nas lojas da internet.

O triunfo do nazismo

Conhecida durante muito tempo como “a cineasta de Hitler”, Leni Riefenstahl – Cineasta oficial do partido Nazista, ao qual nunca se filiou, Leni dispôs de grandes recursos para realizar “O Triunfo da Vontade”, peça de propaganda política, que teve como tema o Congresso do Partido Nacional-Socialista de 1934, em Nuremberg. Independente da mensagem ideológica, o filme impressiona, não só pelas imagens grandiosas e imponentes, mas, pela edição surpreendente, e, inovadora, para a época. O filme é precioso para quem quer ter um retrato da Alemanha entre as duas guerras, com uma população inebriada pelo líder, que salvara o país do caos econômico e social a que fora reduzido, após a derrota na Primeira Guerra Mundial. Pena que não tenha sido lançado “Olympia”, sobre os Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936.

Falha nossa, o livro

Tem muito cabra doido, que assiste filme só para encontrar as famosas falhas de continuidade, ou, erros de filmagem. Coisas como uma tatuagem na perna de um dinossauro, em “Jurassic Park”, ou, um cilindro de gás, atrás de uma biga, em “Gladiador”. O livro, “As Maiores Gafes do Cinema”, já está nas livrarias virtuais ou de tijolo. Publicado pela Editora Panda, o livro tem quase 500 páginas de bom humor, com 3000 erros encontrados em 116 produções, de “Titanic” a “Matrix”. A brincadeira já começa na capa, com a caricatura de Russel Crowe em “O Gladiador”, formando um jogo de sete erros.

Filmes românticos

Sempre que me pedem sugestão de títulos românticos, titubeio, pois romantismo, como o humor, é uma percepção muito pessoal. Mas, vamos arriscar alguns títulos: “As Pontes de Madison”, com Meryl Streep e Clint Eastwood, “Harry & Sally: Feitos um Para o Outro”, com Billy Crystal e Meg Ryan, “Sintonia de Amor”, com Tom Hanks e Meg Ryan, “O Casamento do Meu Melhor Amigo”, com Julia Roberts e Cameron Diaz, “Dirty Dancing”, com Patrick Swayze e Jennifer Grey, “Uma Carta de Amor”, com Kevin Costner e Paul Newman, “Sabrina”, as duas versões, a de Audrey Hepburn, e, a de Harrison Ford, “A Força do Destino”, com Richard Gere e Debra Winger, “Caminhando nas Nuvens”, com Keanu Reeves, e, para fechar a lista, “9 ½ Semanas de Amor”, com Mickey Rourke e Kim Basinger. Bom romance!

Filme recomendado: “Heróis Fora de Órbita”

Alenígenas versus alienados…

É sempre curioso, ver o mundo do entretenimento dissecar a si mesmo, principalmente, quando mostra o seu lado mais ridículo. E, quando a coisa é feita com inteligência, fica melhor ainda. De lambuja, vem com uma aura de saudosismo que os adolescentes dos anos sessenta e setenta irão adorar. Estou falando de “Heróis fora de órbita”.

Os “heróis”, a quem o título se refere, são os integrantes de uma antiga série de ficção científica que fizera sucesso vinte anos antes – referência mais clara a “Jornada nas estrelas”, impossível. Assim como o universo trekkiano, o elenco principal da “Galaxy Quest” era formado pelo intrépido capitão Taggart, a tenente Madison, o alienígena Dr. Lazarus ( o Spock-equivalente), o sargento Chen, e, o piloto Laredo.

O grupo, agora, sobrevivia apenas de apresentações nas convenções de fãs da série, com a venda de fotos autografadas, e, outros souvenirs. Curiosamente, os fãs sabiam muito mais detalhes sobre a série dos que os próprios atores, que ainda precisavam lidar com os próprios conflitos pessoais.

No meio dessa situação de desesperança e tédio, surge um grupo de estranhos fãs, que pedem a ajuda do capitão Taggart. Em meio a uma monumental ressaca, o ator imagina tratar-se apenas de mais um grupo de fanáticos, e, embarca com eles, numa cópia perfeita da antiga nave do seriado.

Sem ter a menor noção da realidade que vivia, o pretenso Taggart desafia o líder dos alienígenas invasores (com forma de réptil, obviamente), e, manda abrir fogo contra os inimigos. Só quando retorna à Terra, numa viagem alucinante, é que tem a noção de que a coisa é mais séria do que imagina.

Convencendo o antigo grupo a embarcar com ele, todos descobrem que aquele grupo de simpáticos extraterrestres captava as transmissões do seriado, julgando que fossem registros históricos – e construíram toda uma sociedade baseados nesses programas!

O filme prossegue no embate, dos aliens bonzinhos, ajudados pela turma do “Galaxy Quest”, contra os malvados lagartões, chefiados pelo impiedoso Sarrris. Como todo bom filme de aventura espacial, são revisitados todos os chavões do gênero, sempre mantendo a comicidade, como pano de fundo. Algumas situações curiosas acontecem, como os heróis terem que pedir ajuda aos fãs, para sair de uma enrascada.

O elenco está fantástico, principalmente Tim Allen, no papel do comandante fanfarrão, Alan Rickman como o spockiano Dr. Lazarus, e, uma irreconhecível Sigourney Weaver, loura e peituda, num papel que, em nada, lembra a heroína da série Alien.

O filme brinca também com o papel da televisão na nossa sociedade, criando mitos e costumes, ditando modas e crenças. Talvez os alienígenas bonzinhos, que acreditam em tudo o que a televisão mostra, não estejam tão distantes do nosso universo, afinal. Quantos de nós não moldamos a maneira de pensar e agir conforme o padrão global?

A versão em DVD de “Heróis fora de órbita” traz formato de tela widescreen, áudio em inglês, português e espanhol DD 5.1, legendas em inglês, espanhol, português e cantonês. Como extras, um Making Of com dez minutos de duração, trailer de cinema, e, mais dez minutos de cenas deletadas (tudo sem legendas, sorry).

O filme é apresentado como uma paródia aos filmes de ficção científica. Mas, além de ser uma comédia deliciosa, traz também uma visão rápida do mundo dos trekkers, como são denominados os fãs da série “Jornada nas estrelas”. Como é diversão para todas as idades, junte mulher, sogra, avó, meninos, cachorro, e, papagaio, e, dê boas risadas! Não esquecendo a pipoca e o guaraná, obviamente.