John Carter: Entre Dois Mundos

Herói de dois mundos

 

Apesar de ter visto mais de uma vez o trailer do filme “John Carter: Entre Dois Mundos” (“John Carter”, EUA, 2012), só ao ler a sinopse foi que identifiquei a história na qual o filme é baseado. O livro “A Princesa de Marte” foi escrito em 1912 por Edgar Rice Burroughs, escritor americano mais conhecido como o criador do personagem Tarzan.

O fato de o filme ser baseado em uma história de Burroughs para mim já seria um tremendo incentivo. Afinal de contas, a coleção completa de Tarzan figura na minha biblioteca, livros esses comprados por meu pai antes mesmo que eu tivesse nascido. Mas, sempre fico um pouco receoso, pois algumas adaptações para o cinema são verdadeiros desastres.

Para não criar um suspense desnecessário, vou parafrasear Júlio Cesar: vim, vi e gostei. A história levada às telas pode não estar rigorosamente fiel ao livro, mas o espírito dos livros de Burroughs foi mantido, e ficou ainda melhor adornado com os melhores efeitos especiais que nossa tecnologia poderia oferecer.

 claro que muitas liberdades poéticas foram tomadas, e não há nenhuma fundamentação científica para os fatos narrados. Mas, devemos lembra que cinema antes de tudo é entretenimento. Para informações mais fieis à realidade, é melhor assistir os documentários da Discovery, ou National Geographic.

Somos levados, no início do filme, para Marte, onde os habitantes (iguaizinhos a nós) se batem pelo controle do planeta. A pacífica cidade de Helium é ameaçada pelos belicosos habitantes de Zodanga, uma cidade móvel, que destrói tudo por onde passa. Enquanto a princesa Dejah Thoris (Lynn Collins) busca uma poderosa força que ajudará a reconstruir o planeta, seu pai, Tal Hajus (Thomas Haden Church) é obrigado a capitular perante Sab Than (Dominic West), o soberano de Zodanga.

A vitória de Sab Than não é sem motivo. Ele foi o lado escolhido por uns seres misteriosos, que lhe entregam uma arma que emite um poderoso raio azul. Esses seres são comandados por Matai Shang (Mark Strong), que tem suas próprias razões para essa escolha.

Enquanto isso, na Terra, numa área desértica do estado do Arizona, John Carter (Taylor Kitsch), um veterano da Guerra Civil, procura sem sucesso uma mina de ouro. Ele é assediado pelo novo exército dos Estados Unidos a integrar suas fileiras, o que ele recusa a todo custo.

Ao fugir da prisão, perseguido tanto por soldados quanto pelos apaches, Carter encontra uma estranha caverna com o ouro que tanto sonhara. Contudo, ao enfrentar um desconhecido que o ameaça dentro da caverna, ele é transportado por um portal indo cair no planeta Marte.

Lá, ele é encontrado por Tars Tarkas (voz de Willem Dafoe), um ser enorme e de cor verde, com quatro braços e aparência de inseto. Tars fica impressionado com a força e a capacidade de Carter em dar pulos enormes, graças à baixa gravidade do planeta.

Levado para a tribo de Tars, Carter fica aos cuidados de Sola (voz de Samantha Morton), que lhe dá de beber um “líquido das palavras”, e assim o terráqueo pode se comunicar com os marcianos.

Sua relação com os novos amigos é comprometida com a chegada da princesa Dejah, que fugia de Sab Than. Com a ajuda de Tars, Carter consegue fugir com Dejah e Sola, em busca de um misterioso lugar, onde pode ser encontrada uma poderosa fonte de energia, capaz de reverter o curso da guerra. O filme segue um ritmo muito semelhante aos dos livros de Burroughs, com idas e vindas, capturas e lutas, com um clímax grandioso, e um final surpreendente.

Um espetáculo à parte são as locações utilizadas, a maioria no estado de Utah, que parecem mesmo ser um cenário de Marte, e não da Terra. Destaque para a passagem em cânion, e para uma rocha moldada como uma pirâmide invertida.

Em se tratando de uma produção dos estúdios Disney, não é surpresa o tom de fantasia, embalado em um pacote de efeitos gráficos espetacular. A maioria dos filmes que usa esses efeitos o faz em cenas noturnas, onde é mais fácil disfarçar as imperfeições. “John Carter: Entre Dois Mundos”, contudo, tem um grande número de cenas diurnas, o que deve ter tornado o processo bem mais difícil – e caro.

“John Carter: Entre Dois Mundos” retoma uma tradição dos estúdios Disney de levar às telas clássicos de grandes escritores, como Júlio Verne, Conan Doyle, e agora, Edgar Rice Burroughs.

Este é um filme divertido, ideal para toda a família, sem restrição devido a excesso de violência ou desvirtuação de valores. É um ótimo exemplo de cinema como simples e boa diversão. Disponível na plataforma Disney+.