Come True

 

Pesadelo sem fim

 

Ninguém duvida que uma das indústrias mais afetadas pela pandemia da covid foi a do cinema. Não apenas as salas de exibição permaneceram fechadas a maior parte de 2020, como a própria produção dos filmes e séries foi muito prejudicada. Mesmo assim, alguns filmes ainda saíram para o mercado, como é o caso da produção canadense “Come True” (CAN,2020), ainda sem título em português.

A priori, fica um pouco difícil classificar o gênero deste filme, horror, suspense, ficção-cientifica. A verdade é que vai aparecendo um pouco de tudo, de bicho-papão a vampiro, passando por alienígena. Mas, o final surpreendeu até a mim, mesmo com décadas de espectador.

A história é vista – literalmente – através da ótica de Sarah Dunne (Julia Sarah Stone), uma adolescente que fugiu de casa por problemas de relacionamento com a mãe e que tem problemas de sono.

Na verdade, ela vive tombando de sono, cochilando na sala de aula, na biblioteca e até na lavanderia. O problema de Sarah é que ela sofre com pesadelos estranhos e assustadores, que quase sempre fazem com que desperte muito assustada.

Sem ter um lugar para morar, e com estes problemas de sono, a solução parece vir através de um anúncio em um café. Uma universidade está fazendo uma pesquisa sobre sono e paga para as pessoas dormirem com monitoramento. Para a jovem parece ser um presente dos céus.

Mas, alguma coisa é percebida nesta pesquisa. Os cientistas descobriram uma maneira de digitalizar os sonhos e o mais estranho é que uma estranha figura parece estar presente em todos os participantes da pesquisa – ao mesmo tempo!

Sarah fica cada vez mais assustada com o que se passa em seus sonhos, principalmente quando Jeremy (Landon Liboiron), o responsável pela pesquisa, explica os verdadeiros objetivos da mesma.

A situação fica cada vez mais preocupante quando Sarah entra em um estado de sonambulismo que a leva em direção ao mundo assustador de seus sonhos, que parece se tornar cada vez mais real.

“Come True” é um filme que pode se dizer que representa bem o atual estado do cinema em tempos de pandemia. É um filme sem grandes aparatos técnicos, elenco reduzido, locações em prédios públicos de Edmonton, na província de Alberta, e com um roteiro bem adaptado para aproveitar bem esses recursos.

Ainda assim, muitas cenas são muito interessantes do ponto de vista visual, principalmente as cenas dos sonhos com caminhadas infindáveis em corredores estranhos repletos de corpos em posições assustadoras.

Não espere uma história convencional, como disse antes, o filme traz elementos de vários gêneros e brinca com a nossa expectativa até os segundos finais. A história é sustentada principalmente pela atuação da jovem e talentosa atriz Julia Sarah Stone, que tem uma aparência bem diferente do padrão hollywoodiano. Experimentem.