Escritores da Liberdade

 

A mestra da mudança

 

Já se passou mais de meio século desde que Sidney Poitier deixou muita gente com os olhos cheios d’água em “Ao Mestre, com Carinho” (“To Sir, with Love”,EUA,1967). De lá para cá, vários filmes mostraram professores lidando com alunos problemáticos. Então qual é a novidade em “Escritores da Liberdade” (“Freedom Writers”,EUA,2007), estrelado por Hilary Swank?

O filme já seria interessante pelo simples fato de retratar acontecimentos reais, vividos em uma escola da Califórnia, pouco tempo depois da convulsão civil ocasionada pela prisão de um motorista negro, Rodney King, em 1992, que resultou em 54 mortes e mais de duas mil pessoas feridas.

Mas, alguns conceitos universais, conhecidos mas pouco utilizados, podem ser observados no filme, que irá interessar não só o pessoal da educação, como também administradores de empresas e outros profissionais que lidam com pessoas.

Erin Gruwell (Hilary Swank) era uma jovem professora de inglês, entusiasmada e inexperiente, quando chegou a uma escola secundária em Long Beach, Califórnia. Graças a uma experiência de integração racial, as escolas eram obrigadas a manter alunos de diferentes grupos étnicos. O problema é que esses grupos não apenas se detestavam como viviam em constante disputa territorial.

Para Erin, jovem branca de classe média, foi um choque de realidade deparar com uma sala em permanente estado der conflito, com alunos violentos, alguns em liberdade condicional, muitos deles mal sabendo ler.

Sem saber nada da vida daqueles garotos, Erin teve uma boa ideia. Ela entregou um caderno para que cada um fizesse um diário, escrevendo o que quisesse. Ao ler o que eles escreveram, ela fica chocada com a crueza e falta de perspectiva dos adolescentes. Decidida a mudar aquele quadro, Erin vai à luta, tendo que comprar livros de seu próprio bolso, pois a escola não queria emprestar os da biblioteca.

Um dos momentos mais interessantes ocorre quando alguém faz uma caricatura sarcástica de um jovem negro. Extremamente irritada, Erin faz um paralelo com a dominação nazista e a perseguição aos judeus, e fica chocada quando descobre que quase nenhum sabia nada sobre Hitler e o Holocausto.

Mais uma vez, ela transformou a crise em oportunidade, e levou os garotos para o Museu do Holocausto, para assistir “A Lista de Schindler”, fazendo-os perceber que não eram as pessoas em pior situação no mundo.

Quando os garotos leem “O Diário de Anne Frank”, resolvem escrever cartas para Miep Gies, a mulher que escondeu a família de Anne Frank, e conseguiram trazê-la para uma visita à escola.

Erin teve que enfrentar a direção da escola para realizar seus projetos, e sacrificou o próprio casamento devido à extrema dedicação aos alunos. Os diários dos alunos são transformados em um livro, que deu início a uma ONG, denominada “Freedom Writers” que procura repetir a experiência de Erin em outras escolas americanas.

“Escritores da Liberdade” é uma bela lição de vida, que salienta que a mudança é uma questão de atitude e de projeto de vida. Quem conseguir o DVD ou Blu-Ray terá acesso a pequenos documentários contam a história por trás do filme, inclusive com a participação da própria Erin Gruwell. Existem vários vídeos sobre o tema no Youtube. O filme está disponível na plataforma Amazon Prime Video.