O Mistério da Libélula

 

Mensagem de amor do além

 

Histórias de fantasmas não são nenhuma novidade no mundo do cinema. De “O Morro dos Ventos Uivantes” (“Wuthering Heights”,EUA,1939) a “Sexto Sentido” (“The Sixth Sense”,EUA,1999), passando por “Os Fantasmas se Divertem” (“Beetlejuice”,EUA,1988) e “Além da Eternidade” (“Always”,EUA,1989), muitos sustos e risadas já foram provocados pelos espíritos, explícitos ou subtendidos. Mas, o que acontece quando um falecido tenta se comunicar com seus entes queridos através de terceiros? E, quando os intermediários não são médiuns, mas pessoas à beira da morte? Essa é a curiosa situação apresentada por “O Mistério da Libélula” (“Dragonfly”,EUA,2002), filme estrelado por Kevin Costner.

O personagem de Costner é Joe Darrow, um médico cuja esposa morrera em um acidente na selva sul-americana, sem que seu corpo jamais tivesse sido encontrado. Em meio à dor e à confusão da perda, ele começa a perceber que fatos estranhos estão ocorrendo ao seu redor, principalmente com os pacientes terminais. A trama combina elementos de mistério, suspense e amor, com um toque de horror, prendendo a atenção do espectador para um final totalmente inesperado.

Além de diversão, “O Mistério da Libélula” traz uma mensagem para que se possa entender a dor da perda de um ente querido, preocupa-se com a própria mortalidade ou com o que possa existir após a morte.

O roteiro brinca com a desconfiança do espectador, fazendo-o enxergar os fatos sempre através da ótica de Joe, ora confuso pelos acontecimentos estranhos, ora descobrindo “evidências” de que estes acontecimentos seriam truques. Esses eventos misteriosos – objetos que se movem, sinais de pacientes que sobreviveram a experiências quase fatais e vozes estranhas, terminam convencendo-o de que sua mulher está tentando entrar em contato com ele.

Mas, o filme prossegue num crescente de situações cada vez mais emocionantes, culminando em uma jornada ao interior da selva amazônica, em busca do espírito da mulher amada. É curioso como a história transita do gênero suspense para aventura e romance, sem que haja uma transição brusca.

Apesar das limitações de Costner, este parece ser o papel perfeito para ele. Confuso e atormentado, o personagem vaga pela vida em busca de respostas às suas perguntas. É o personagem ideal para um ator que não muda de expressão, quaisquer que sejam os filmes em que atua. Infelizmente, a ótima Kathy Bates, ganhadora do merecido Oscar de Melhor Atriz, em 1991, por “Louca Obsessão” (“Misery”,EUA,1990), fica restrita a um papel secundário.

Uma curiosidade sobre este filme é que o ator cogitado inicialmente era Harrison Ford, que o recusou porque queria ficar um ano afastado das telas. Além disso, Ford já teve a sua cota com o sobrenatural em “Revelação” (“What Lies Beneath”,EUA,2000), ao lado de Michele Pffeifer.

“O Mistério da Libélula” foi produzido com um orçamento de 60 milhões de dólares, relativamente baixo para os padrões de Hollywood. O filme arrecadou apenas 30 milhões de dólares nos Estados Unidos e, curiosamente, atraiu um público maior aqui no Brasil, com 472 mil pagantes e um milhão e meio na Espanha!

O diretor Tom Shadyac já vinha de várias comédias bem conhecidas, como “Ace Ventura: Um Detetive Diferente” (“Ace Ventura: Pet Detective”,EUA,1994), “O Professor Aloprado” (“The Nutty Professor”,EUA,1996) e “O Mentiroso” (“Liar,Liar”,EUA,1997). Ele também dirigiu o drama “Patch Adams, o Amor é Contagioso” (“Patch Adams”,EUA,1998), e voltaria às comédias com “Todo Poderoso” (“Bruce Almighty”,EUA,2003) e “A Volta do Todo Poderoso” (“Evan Almighty”,EUA,2007).

Para quem gosta de mídia física, este filme foi lançado em DVD com o formato de tela original de cinema, e a trilha sonora remasterizada em Dolby Digital 5.1, tanto em inglês como em português. A edição americana trouxe a trilha sonora também em DTS, cenas deletadas, Making Of, e um documentário com a escritora Betty Eadie, sobre sua experiência no limiar da morte. É possível que o filme esteja disponível em um dos muitos serviços de streaming à disposição do espectador.

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